BRASIL: RJ: CACHOEIRAS DE MACACU: Igreja de São José da Boa Morte (São José da Boa Morte) -
Church of Saint Joseph of Good Death
1 – Localização:
Município de Cachoeiras de
Macacu (RJ), 3º Distrito, Guapiaçu, (-22°34'45.47",
-42°51'55.83")
2 – História:
A Capela de São José da Boa
Morte foi construída em pau-a-pique por volta de 1734 pelo povo e Irmandade de
São José da Boa Morte. Atribuiu-se erradamente, durante longo tempo, sua
construção à catequização jesuíta, mas, na verdade, sua construção, como citado
abaixo, foi feita pelo povo e Irmandade de São José da Boa Morte (irmandade
fundada oficialmente em 1766). Era subordinada à Freguesia de Santo Antônio do
Cacerebu e ao Município de Santo Antônio de Sá (Porto das Caixas, Itaboraí)
“[...]
[capela] de São José da Boa Morte
sita em Aguapehy-Asú [Guapiaçú].
Por não me serem apresentados os seus documentos, não pude saber em que tempo
foi eréta; mas constou- me, que fôra por autoridade do Ilmo. Sr. D. Fr. Antonio
de Guadalupe [1725-1740],
em Provisão sua. O seu uso é por autoridade de V. Excia., facultando-o
anualmente á Irmandade que alí há, do mesmo Santo. [...] consta também, que a Irmandade dita, e Povo fizeram esta
Capela, que é de pau a pique, e se conserva necessitada de reforma [...]
Das regalias de Curada está gozando esta Capela [...] e nela se
fazem todas as funções paroquiais, tendo para isto um atual Capelão. Os
ornamentos, e mais alfaias achei perfeitas, e muito novas. A Pia Batismal, que
é de madeira, estava sã; e os vasos, ou Ambulas dos Santos Oleos conservam-se á
muito anos sem palhetas para os respectivos Ministérios [...]
Aquí há uso de Sepulturas, e se fazem todos os Sacramentos. Dista da Matriz por
terras 6 legoas; e pelo rio, 5 ditas.” (Araújo,
1794)
“[...]
a [capela] de S. Jozé da Boa Morte , levantada
pelo Povo residente em Aquápeyassú, [Guapiaçú] distante seis legoas [39,5km], no anno de 1734. Por
decadentes as paredes de páo à pique [...].” (Araújo, 1820, vol. 2, pg. 192-193)
Em 1758 a capela recebeu a pia
batismal de madeira.
[1745-1773], o uso de Pia Batismal, pela
Provisão de 3/10/1.758, á instâncias dos Aplicados [...]” (Araújo, 1794)
(Araújo, 1820, vol. 2, pg. 192-193)
Em 1768 foi benzido seu
cemitério.
“[...]
Pelo mesmo Senhor [Bispo D. Antônio do
Desterro] foi concedido
também o ter Cemitério, que consta fôra benzido em setembro de 1.768 [...]. Por outra Provisão de 10 de
novembro de 1.772 foi concedido á mesma Irmandade dita o uso de mais 6
Sepulturas além de outras 6 que lhe foram permitidas á princípio, talvez pelo
seu Compromisso para os filhos dos Irmãos da mesma Irmandade [...]” (Araújo, 1794)
Possuía
uma irmandade de São José da Boa Morte, com compromisso de 1766.
“[...] há outra
mais [irmandade], de S. José da Boa
Morte, eréta por autoridade do Exmo. Sr. D. Fr.
Antonio do Desterro na Capela do mesmo termo, fundada em Aguapehy-Asú, com Compromisso aprovado pela Provisão
da Mesa da Consciência em data de 7/7/1.766.” (Araújo, 1794)
Até a data visita de Monsenhor
Pizarro em 1794, as obras da nova capela de pedra e cal não tinham avançado
muito, posto que até 1833 a igreja era constituída apenas por sua capela-mor.
(Araújo, 1820, vol. 2, pg. 192-193)
“[...]
esta Capela, que é de pau a pique, e se conserva necessitada de reforma. Em
razão dessa mesma necessidade, á muito que se deu princípio á uma nova Capela
com paredes de pedra e cal: mas tendo parado essa obra até o presente,
constou-me, que agora se dava presa á continuá-la, havendo juntos em cofre
800$Rs.” (Araújo, 1794)
Em 1834 a freguesia
de Santo
Antônio do Cacerebu foi desmembrada com a criação da freguesia de São José
da Boa Morte, passando a Igreja de São José da Boa Morte a ser sede da nova
freguesia, o que motivou a demolição da antiga capela e sua ampliação em pedra
e cal, com tijolos maciços. Costuma-se afirmar que, durante as “febres de
Macacu”, entre 1831 e 1835, o povo para lá se dirigia para ter uma "boa
morte", daí provindo o nome de São José da Boa Morte; isto é falso como
comprova o fato de Monsenhor Pizarro citar a “Capela de São José da Boa Morte”
nas suas visitas pastorais já em 1794. Em 1877 a sede do Município de Santo
Antônio de Sá passou para Santana de Japuíba, ficando então a Freguesia de São José da Boa Morte dependente de Cachoeiras
de Macacu. A região de São José da Boa Morte
entrou em decadência e em 1904 a sede do distrito mudou-se para Subaio.
Posteriormente a igreja foi abandonada e entrou em ruínas. O padroeiro era São
José, pai de Jesus, comemorado a 19 de março.
3 – Descrição:
A igreja atualmente
encontra-se em ruínas. Ela possui uma orientação geral noroeste-sudeste, com
frente para noroeste e eixo maior no sentido ântero-posterior. A parede
anterior (noroeste) possui uma porta no primeiro andar e três janelas (coro?)
no segundo. A moldura das portas e janelas é trabalhado com cantaria; o portal
em cantaria é do tipo verga recurva, sem sobreverga ou portada; as janelas
possuem verga em arco abatido. Na parte de cima da fachada há uma cimalha que
marca a base do frontão triangular; não se vê decoração no tímpano, mas ele
parece possuir um óculo central. A fachada anterior possui um cunhal da cada
lado, correspondendo aos cantos do frontão; logo acima de cada um dos cunhais
parece haver um pináculo quebrado Na parte esquerda da parede anterior ficam as
ruínas da torre sineira. A parede lateral direita (sudoeste) possui uma porta
na nave; a parte posterior desta parede apresenta-se recuada para dentro,
correspondendo à capela-mor, tendo uma outra porta na fachada. A parede lateral
esquerda (nordeste) está parcialmente desabada, mas se podem se ver várias
portas (duas na altura da sacristia e uma no meio da fachada; parte da fachada
está faltando). A parede posterior (sudeste) não tem aberturas á exceção do que
devia ser uma janela na sacristia. As portas e janelas das paredes laterais são
de verga curva.
No interior há a nave e uma
capela-mor, que é um pouco mais baixa e estreita que o corpo da nave, além de
vários cômodos em ruína à esquerda da nave. Na nave pode-se ver uma porta e um
recesso para um altar lateral à direita; há também uma porta e dois recessos
para altares laterais no primeiro andar e uma porta no segundo andar (entrada
para o púlpito?) na esquerda. Separando a nave da capela-mor há um arco
cruzeiro. A capela-mor tem uma porta na parede direita e duas na esquerda (a
posterior dá na sacristia?); na metade do seu comprimento, o piso torna-se um
pouco mais elevado; no alto da parede posterior há uma pequena janela. À
esquerda da nave provavelmente ficavam a sacristia e outros cômodos para uso do
padre; eles tem as paredes menos espessas e mais baixas que a da nave central.
A igreja não possui teto, a parede externa esquerda está quase toda
desmoronada, assim como o local da torre sineira e o piso não é visível, sendo
o chão coberto por terra e mato. Em volta da igreja havia o antigo cemitério,
podendo ainda se ver algumas lápides no chão. As ruínas ocupam uma área de
aproximadamente 150 m². Nas ruínas pode-se visualizar perfeitamente as duas
etapas de construção. A capela-mor de pedra e cal é a parte mais antiga; já a
nave, a torre e a sacristia, feitas de tijolo, a mais moderna. Fontes
históricas relatam que anteriormente o piso era de mármore (a sacristia tinha,
no entanto, piso francês), as paredes internas eram revestidas até meia altura
em cerâmica azul e as janelas eram bem trabalhadas, com motivos dourados.
4 – Visitação:
A igreja encontra-se em ruínas a beira da
estrada. Ela pode ser visitada a qualquer hora.
5 – Bibliografia:
ARAÚJO, José de Souza Azevedo
Pizarro e. Visitas Pastorais de Monsenhor
Pizarro ao recôncavo do Rio de
Janeiro. Arquivo da Cúria e
da Mitra do Rio de Janeiro (ACMRJ), Rio
de Janeiro, 1794.
ARAÚJO, José de Souza Azevedo
Pizarro e. Memórias Históricas
do Rio de Janeiro e das Províncias anexas à Jurisdição do Vice-Rei do Estado do
Brasil, vol. 2. Rio de Janeiro: Impressão Régia, 1820.
REZNIK, L. et al. Patrimônio cultural no leste fluminense: história e memória de Itaboraí,
Rio Bonito, Cachoeiras de Macacu, Guapimirim, Tanguá. Rio de Janeiro: EdUERJ,
2013.
http://www.ferias.tur.br/informacoes/6875/cachoeiras-de-macacu-rj.html
http://www.monumentosdorio.com.br/monu/br/rj/010.htm
http://www.cachoeirasdemacacu.rj.gov.br/secretarias/meio-ambiente/projetos/Plano-de-Manejo-pedra-colegio/Modulo-3.pdf
http://mapadecultura.rj.gov.br/cachoeiras-de-macacu/ruinas-da-igreja-sao-jose-da-boa-morte/
https://www.youtube.com/watch?v=XvoTImTEVbo
https://www.youtube.com/watch?v=AerDV34ler4
http://mapadecultura.rj.gov.br/cachoeiras-de-macacu/ruinas-da-igreja-sao-jose-da-boa-morte/
http://www.citybrazil.com.br/rj/cachoeirasmacacu/atracoes-turisticas/atrativos-culturais
http://www.inepac.rj.gov.br/index.php/bens_tombados/detalhar/67Church of Saint Joseph of Good Death: Brazil, Rio de Janeiro State, City of Cachoeiras de Macacu
It is an nineteenth century church located in São José da Boa Morte, City of Cachoeiras de Macacu, currently in ruins. It originated in the Chapel of St. Joseph of the Good Death built in wattle-and-daub around 1734 by the people and the Brotherhood of St. Joseph. Before 1794, it was started a new chapel of stone and lime. In 1834 with the creation of the parish of São José da Boa Morte and its elevation to parish church, the old chapel was demolished and another one was built of stone and lime, with solid bricks. It is currently abandoned and in ruins. The roof and the bell tower collapsed and bush invaded the floor.
Imagem do Google Earth |
Imagem do Google Earth. Detalhe |
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Frente. À direita ruínas de onde ficava a torre sineira (foto do autor) |
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Frente. Ruínas de onde ficava a torre sineira (foto do autor) |
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Parede direita, altura da nave (foto do autor)
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Parede esquerda, na altura da sacristia (foto do autor) |
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Cômodo à esquerda da nave, visto da sacristia (poteriormente). À frente, por onde entra a luz, há a ruína da torre sineira (foto do autor) |
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Sacristia, vista do cômodo da foto anterior (anterior) A porta da direita dá para a capela-mor e a da esquerda para o exterior (foto do autor) |
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