BRASIL: RJ: RIO DE JANEIRO:
Complexo Jesuítico do Morro do Castelo
Jesuitic Compex on Castle Hill
1 – Localização:
Município do Rio de Janeiro. Ap
1.1. Centro. Morro do Castelo. Localizava-se no nordeste do dito morro.
Aproximadamente na atual praça do expedicionário (-22.906517, -43.172205)
2 – Histórico:
A igreja primitiva começou a
ser construída pelos jesuítas em 1567, como igreja do Bom Jesus dos Perdões,
nomeada assim pela imgem do Cristo crucificado, conhecida como Senhor Bom Jesus
dos Perdões, que está no atual Colégio Santo Inácio (Botafogo). Ficava na parte
leste do morro, ao lado do Colégio dos Jesuítas. Em 1585 construíu-se uma nova
igreja no mesmo local da anterior, em pedra e cal, projetada pelo Jesuíta Francisco Dias. Esta igreja foi inaugurada em 1588.
“[...] a
igreja é pequena, de taipa velha. Agora se começa a nova de pedra e cal,
todavia tem bons ornamentos com uma custódia de prata dourada para as
endoenças, uma cabeça das Onze Mil Virgens, o braço de São Sebastião com outras
relíquias, uma imagem da Senhora de São Lucas.” (Cardim, LXXVIII)
Em 1619, instalaram-se em seus
altares, 17 grandes estátuas de madeira vindas de Portugal. Em 1621, com a canonização de Santo Inácio, a
igreja foi rededicada a ele. O governador Duarte de Correa Vasqueanes
(1645-1648) aí foi enterrado. Em 21 de setembro de 1711 o Morro do castelo com o Colégio dos Jesuítas
e a Igreja de Santo Inácio foram conquistados pelo corsário francês
Duguay-Troin, sendo ambos saqueados pelos franceses.
“[...] voltaram ao Colégio achando saqueados a despensa e a
coroa de ouro de Nossa Senhora e o diadema de ouro de S. Francisco Xavier, e a
cruz de prata, e a lâmpada.” (Padre Estanislau de Campos in De Lagrange, pg. 111)
Com a expulsão dos Jesuítas e
posterior transformação do Colégio em Hospital Militar, a igreja virou capela
do dito hospital. Em 1922, o Morro do Castelo é arrasado e o antigo prédio do
colégio e sua igreja foram demolidos.
A forma simplificada da igreja
visava, sobretudo, sua funcionalidade, ou seja, o templo jesuítico deveria ser
erguido rapidamente, planejado de forma a abrigar um grande número de fieis e
permitir que toda a assembleia presente tivesse uma boa visualização do altar
onde eram realizadas as missas. No entanto, mesmo semdo uma igreja integrada ao
colégio, ela não era uma exclusividade da instituição, sendo usada para as
atividades religiosas da cidade. Ela tinha uma fachada austera e suas paredes
eram caiadas.
Alguns elementos remanescentes
da antiga Igreja de Santo Inácio do Morro do Castelo foram salvos e levados
para a Igreja do Colégio Santo Inácio (Botafogo) e para a Igreja de Nossa
Senhora do Bonsucesso, ao lado da Santa Casa de Misericórdia (Centro). Estão
hoje no Colégio Santo Inácio as imagens de madeira do período setecentista
do Cristo Crucificado, de São João Evangelista e da Virgem Maria, talhadas para
a Igreja Nova dos Jesuítas (inacabada). Já na igreja de Nossa Senhora do
Bonsucesso (Igreja da Misericórdia) estão os três belos altares de talha de
madeira dourada e policromada (um altar de Santo Inácio e os outros dois
altares de Nossa Senhora da Conceição). Eles foram salvos à última hora de
total destruição, quando do desmonte do morro do Castelo, graças à oportuna
intervenção do então provedor da Santa Casa, Dr. Miguel Joaquim Ribeiro de
Carvalho, e do engenheiro da mesma casa, Dr. Miguel Calmon Du Pin e Almeida.
Eles se acham-se em perfeito estado de conservação, muito embora todos eles
tenham sido discretamente repassados com retoques de pintura e verniz.
Lúcio Costa acredita que os 3
altares foram talhados em Portugal, mas outros acham que foram talhados no
Brasil pelo Jesuíta Jorge Esteves, que viveu no Colégio de 1574 a 1639. Parece
mais verossímil que, muito embora fabricados com madeira do país, tivessem
vindos já prontos da metrópole, pois a análise dessa madeira, feita pelo
Instituto Tecnológico de São Paulo, revelou tratar-se de freijó ou louro
amarelo, espécie vegetal abundante na bacia amazônica e desconhecida aqui.
Teria sido, na verdade, inadmissível que, dispondo à mão de material de
primeira ordem, fossem os padres do Colégio do Rio de Janeiro recorrer à
importação de madeiras de tão longe. Ao passo que a hipótese de os altares
terem sido feitos em Portugal fica fortalecida quando se considera que esse
comércio era feito, então, diretamente do extremo norte do país com a
metrópole, utilizando-se os reinóis dessa madeira inclusive na execução de
obras de marcenaria e de talha destinadas aos trópicos, pois que a experiência
já desaconselhara o emprego das espécies europeias para esse fim.
Possivelmente a imagem de
Santo Inácio seria a recebida em 1725 e que teria sido lavrada no Brasil. No
altar de Santo Inácio atualmente está o Sacrário e as imagens de São Francisco
Xavier e São Francisco Borja. O Sacrário tem forma hexaédrica com colunas
inteiramente lavradas em cada um dos vértices e é provavelmente posterior ao
retábulo do altar-mor e não pertencia ao mesmo. A imagem de São Francisco Borja
também provavelmente pertencia à igreja demolida, já a de São Francisco Xavier,
possivelmente não. As imagens de Santo Inácio, São Francisco Borja e as duas de
Nossa Senhora da Conceição datam das primeiras décadas do seiscentismo, sendo
as Santo Inácio e São Francisco Borja representantes de um maneirismo arcaico e
as duas de Nossa Senhora da Conceição são mais próximas do barroco.
3 – Descrição:
A igreja tinha uma orientação geral
norte-sul, com frente virada para o norte, com maior eixo no sentido
ântero-posterior. A igreja media 25m de
comprimento por 11m de largura e 9m de altura. O teto era de duas águas. Como
era típico das construções jesuíticas, a igreja ocupava um canto (direito) da
quadra do Colégio. O colégio se extendia à sua esquerda e a igreja nova em
construção à sua direita. A igreja se dividia em nave central e torre sineira.
A igreja tinha na altura da nave uma porta central única de verga reta com
sobreverga em frontão triangular e data de 1567 e com uma cercadura de granito
nacional, de risco severo, de fins do século XVI; na altura do coro há 3
janelas retangulares de verga reta. Esta fachada da nave tem em cada
extremidade um cunhal e no alto há um frontispício maneirista severo, marcado
pelo traço de Terzi; o tímpano liso possuía um óculo central. No alto do
frontispício havia uma cruz. Entre os cunhais da fachada da nave e da torre
sineira, havia uma seção estreita e alta, que ia até a altura do entablamento
do frontão, e possuía 3 janelas verticais, uma acima da outra. A torre sineira
iniciava-se em uma altura do terreno um pouco mais baixa que a nave e tinha em
cada extremidade um cunhal. Possuía no primeiro andar uma porta de verga reta
com sobreverga em arco e de cada lado uma janela de verga reta; acima da porta
havia uma janela de verga reta no segundo e terceiro andar; mais no alto havia
um relógio. A torre terminava em cima da altura dos cunhais com um campanário
que possuía de cada lado da torre duas janelas em arco, com sinos em cada
janela; algumas destas janelas em arco tinham a parte de cima do arco fechada.
A torre terminava em um teto piramidal com uma rosa dos ventos no topo;
posteriormente foi instalado 3 pináculos na em cada lado do topo. As paredes
direita, esquerda não eram quase visíveis devido às estruturas adjacentes
(Colégio e Igreja Nova), a não ser a torre proeminente.
O teto não possuía forro. O
interior era atíptico, simples e sem capela-mor, reduzido a um grande salão
retangular, sendo suprimidos os transeptos e as capelas laterais, sendo,
portanto, do 1º tipo de igrejas jesuíticas na classificação de Lúcio Costa. Os
limites da capela-mor propriamente dita estavam circunscritas ao altar-mor e a
dois altares laterais colocados à cabeceira e nos flancos do presbitério,
considerando-se como nave o espaço restante até o nártex. Essa nave possuía no
lado esquerdo um púlpito elevado e um altar de Nossa Senhora da Conceição. A
nave do lado direito possuía um altar de Santo Inácio (anterior) e outro de
Nossa Senhora da Conceição (posterior). Estes três belos altares de talha de
madeira dourada e policromada, pertecem à 1ª fase dos altares brasileiros (fins
do século XVI e primeira metade do século XVII).
O altar-mor era em arco
rodeado com colunas e tendo ao fundo uma pintura de uma paisagem. No frente da
pintura ficava, no centro, um cristo crucificado e uma imagem de santa de cada
lado. De cada lado do altar-mor, na parede posterior, havia uma porta de verga
reta e acima uma pintura.
O retábulo do altar de Santo
Inácio possuía na base um Sacrário hexaédrica e dourado com colunas
inteiramente lavradas em cada um dos vértices e com pinturas em painéis entre
as mesmas. Ao diante do Sacrário ficam 4 castiçais dourados. Ao lado do
retábulo ficam de um lado a imagem de São Francisco Borja e do outro São
Francisco Xavier. O retábulo possui um arco central circundado de cada lado por
duas colunas com capitéis coríntios e
fustes estriados diagonalmente, e tendo no terço inferior cartelas ricamente
ornamentadas. Encima das colunas fica um entablamento e no alto um frontão em
volutas de desenho caprichoso. Neste há 3 pinturas, sendo a central, de Nossa
Senhora, enquadrada entre mainéis; no topo há um pináculo. No centro do altar,
acima do Sacrário, fica a imagem de Santo Inácio.
O retábulo dos altares de Nossa
Senhora da Conceição possuem um arco central circundado de cada lado por duas colunas com capitéis coríntios e fustes estriados
diagonalmente, e tendo no terço inferior cartelas ricamente ornamentadas. Entre
as duas colunas coríntias de cada lado ficam 3 nichos, um acima do outro, sendo
que os dois superiores de cada lado possuem uma pequena imagem cada. Encima das
colunas fica um entablamento e no alto um frontão em volutas de desenho
caprichoso. Neste há 3 pinturas, sendo a central enquadrada entre mainéis; no
topo há um pináculo. No centro do altar, fica uma imagem de Nossa Senhora da Conceição.
4 – Visitação:
Impossível, pois a igreja foi demolida junto com
o Morro do Castelo em 1921-1922 .
5 – Bibliografia:
CARDIM, Fernão. Tratados da terra e gente do Brasil.
2ª ed., 1939 (escrito cerca de 1585)
DE LAGRANGE, Louis Chancel. A tomada do Rio de Janeiro em 1711
por Duguay-Trouin. Rio de Janeiro: Departamento de Imprensa Nacional, 1967.
AZEVEDO, Moreira de. Rio de Janeiro. Sua
história, monumentos, homens notáveis, usos e curiosidades. Vol. 1. Rio de
Janeiro: B. L. Garnier, 1877.
FAZENDA, José Vieira. Antiqualha e
memorias do Rio. RIHGB, vol.
140, 1921.
COSTA, Lúcio. Arquitetura
dos jesuítas no Brasil. Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional, Rio de Janeiro, n. 5, p. 105-169, 1941.
COARACY, Vivaldo. Memória da Cidade do
Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1955.
COARACY, Vivaldo. O Rio de Janeiro do Século XVII.
Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1965
CRULS, Gastão. Aparência do Rio de
Janeiro. 3ª ed. Rio
de Janeiro: ed. José Olympio Editora, 1965
LACOMBE, Luís Lourenço. Ordens Religiosas, Irmandades e
Confrarias. RIHGB, vol. 288, 1970.
GERSON, Brasil. História das Ruas do Rio.
5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Lacerda, 2000.
NONATO, José Antônio; SANTOS, Núbia Melhem. Era uma vez O Morro do Castelo.
Rio de Janeiro: IPHAN, 2000.
TIRAPELI, Percival. Igrejas Barrocas do Brasil. São
Paulo: Metalivros, 2008
Church of Saint Ignace: Brazil, State of Rio de Janeiro, Municipality of Rio de Janeiro, Downtown
It was a jesuitic church erected on Castle Hill, and it stayed annex to the Jesuitic College. It was the 2nd church in the city and was demolished en 1921-1922, with the destruction of Castle Hill.
Colégio de Santo Inácio do Morro do Castelo (1567, 1765, 1768, 1813, 1895)
1 – Localização:
Município do Rio de Janeiro. Ap 1.1.
Centro. Morro
do Castelo. Localizava-se no nordeste do dito morro.
2 – Histórico:
Em 1566 o padre Ignacio de
Azevedo, visitador da Companhia de Jesus, junto com os padres Luís de Grana,
José de Anchieta, Antonio Roiz e Leonardo del Valle, foram ao Rio de Janeiro,
onde acharam mais apropiado aí fundar um novo colégio, que o rei Don Sebastião
mandara fundar, do que em São Vicente e São Paulo. No alto do Morro do Castelo
já havia uma igreja de taipa e os padres mandaram fazer umas casas sobradadas
de pedra e barro, para lhes servir de aposento. Logo após o padre Inácido de
Azevedo partiu, deixando o Padre Manuel da Nóbrega como 1º reitor do Colégio do
Rio de Janeiro. Os Jesuítas mandaram vir de Portugal todo o material para a
construção do Colégio. O Colégio era voltado, sobretudo, para a catequese dos índios nativos. Aí faleceram os
padres jesuítas Antonio Roiz (1568) e Manuel da Nóbrega (1570), que foi o
primeiro Provincial do Brasil e aí foi sepultado. Nele moraram os padres José
de Anchieta, Manoel da Nóbrega, Gonçalo de Oliveira (2º reitor), Gouveia,
Fernão Cardim e Simão de Vasconcelos. O padre Ignacio de Azevedo determinou em
1568, sendo Provincial o padre Luís de Grana, que o 2º Colégio no Brasil, que o
rei dotava com 2.500 ducados para 50 pessoas, se fizesse no Rio de Janeiro,
para onde se mudou o começo do Colégio que estava em São Vicente; no entanto
com o assassínio do padre Ignacio de Azevedo e seu grupo de jesuítas por
piratas franceses em 1570, não ocorreu o esperado aumento do Colégio. Em 1573
chega como novo Provincial Ignacio de Tolosa junto com os padres Luís de Grana,
Brás Lourenço e outros, aumentando o número de religiosos no Colégio para 5
padres e 7 irmãos; em 1574 seu número aumento para 6 padres e 11 irmãos.
“Os padres têm aqui o melhor sítio da cidade.
Têm grande vista com toda esta enseada defronte das janelas: têm começado o
edifício novo, e têm já 13 cubículos de pedra e cal que não dão vantagem aos de
Coimbra, antes lha levam na boa vista. São forrados de cedro” (Cardim, LXXVIII)
“Transferida por Mem de Sá a séde
da povoação, em Março de 1567, para o morro, depois do Castello, obtiveram
desse 3º governador geral sitio, onde pudessem levantar casa para cincoenta
congregados. A liberalidade do cardeal d. Henrique e de d. Sebastião não se fez
esperar: donativos,esmolas, ascustas, os processos e as multas,tudo era
applicado na construcçãodo “mosteiro de Jesus”. Auxiliados pelo braço dos
indígenasdas duas aldeias de S. Lourenço e São Barnabé, foi facil aNobrega e a
seus companheiros irem, pouco e pouco, levantandoedificio de pedra e cal,
substituindo as primeiras e ligeiras construcõesde taipa de mão.” (Fazenda,
pg. 310)
“Para andamento das obras do collegio
construíram os Jesuitas na praia da Piassaba (hoje rua da Misericordia),
engenhoso apparelho por onde eram levados ao alto do morro os materiaes e os
productos da lavoura dos engenhos e fazendas.Ainda hoje existe nesta cidade a
travessa do Guindaste, pouco distante do local em que esteve esse elevador,
cujos vestigiossão notados nos fundos dos predios ns. 106 e 110 da rua da
Misericordia. De uma pedreira perto tiravam o necessario para dar á construcção
do collegio essa solidez, que aindahoje é admirada. Sua vastidão era tal, que
em 1759 residiamsó na casa da cidade 97 membros da Companhia, sem contar
osnoviços, serviçaes, sacristãe, operarios e escravos. Segundo a informação
escripta por Anchieta. em 1585, já estava concluido «um quarto do edificio e
parte do outro, os cubiculos que estão feito,são 12 a 12 assobradados e
forrados demadeira de cedro. a egreja é pequena e velha e as officinas,ainda
que estão bem accommodadas, são mui velhas. Sempre se faz algo no edificio,
ainda que devagar, por nãohaver tanta commodidade de cal e officiaes e por não
se pagarem166 ducados que o rei d. Sebastião lhe deu de esmolas para asobras,
etc.” (Fazenda, pg. 311)
“[...]
os Jesuítas tiveram açougue, na portaria do collegio [...]” (Fazenda, pg. 312)
“No coração da cidade deu Mem de Sá
sitio, onde os padres escolherão, para fundação de um collegio, e logo em nome
de S. A. o sereníssimo rei D. Sebastião, de saudosa memoria, príncipe liberal,
lhe applicou dote de renda neccssaria para sustento de até cincoenta
religiosos, que aceitou e agradeceu em nome de toda a companhia o P. visitador
Ignacio de Azevedo.” (Macedo, vol. 2, pg. 219)
Em 1581 houve uma ameaça de
nova invasão do Rio de Janeiro pelos franceses, com a chegada de uma frota
francesa de 3 navios, em um momento crítico, quando quase todos os homens
válidos haviam saído com o governador Salvador de Sá para guerrear os índios
alhures. Então, Dona Inês de Sousa, esposa do Governador, as mulheres e os
alunos do Colégio, puseram grandes chapéus militares e foram para as muralhas
das fortalezas fazer número, enganando com sucesso os franceses. Em 1587 o
Colégio foi expandido.
Em 1710 os alunos também
ajudaram a repelir a invasão do corsário francês Duclerc:
“Entretanto o Capitão Bento de
Amaral Grugel, seguido da sua Companhia de Estudantes, se dirigiu ao sitio da
Lagoa da Seutinella, por onde o exercito inimigo buscava o monte sobredito do
Desterro [Morro de Santa
Tereza]; e accommettendo-o com intrepidez denodada, à pesar de serem as
forças disparadas, e o corpo dos combatentes indisciplinado em manobras
militares, derrotou muita parte dos contrários”. (Araújo, vol.1, pg. 30-31)
O Morro do Castelo é tomado pelo corsário
francês René Duguay-Trouin em 1711, que transforma o Colégio em seu alojamento.
“No domingo 20 de setembro, [...]
Escalamos, em seguida o morro,
até o Colégio da Companhia, um dos mais grandiosos edifícios existente nesta
parte das Índias, composto de duas soberbas igrejas. Aí estabelecemos um
alojamento [...]” (De Lagrange, pg. 71)
De acordo com o
padre Serafim Leite, os jesuítas aí instalaram um observatório em 1730. Em
1759 o Marquês de Pombal expulsou os Jesuítas do Império Português, sendo seus
bens confiscados pela coroa.
O Conde da Cunha (1763-1767)
decidido a mudar a sede do governo dos Vice-Reis do Palácio do Terreiro do
Carmo (Praça XV), devido à grande quantidade de mosquitos (no 1º andar havia
uma prisão, que não primava pela higiene) e à barulhada da vizinha Quitanda dos
Negros, iniciou em 1763 grandes obras de reforma no antigo Colégio dos Jesuítas
para adaptá-lo a esta nova função e o renomeou de Palácio São Sebastião. No
entanto, as obras foram suspensas quando este deixou o cargo em 1767; entre as
obras houve a fusão de 2 andares para se formar um de mais altura e se abriu amplas
janelas, no lugar das pequenas originais.
“[...] cede-lo [o Governo] ao
Successor inesperado [Conde de Azambuja], que o surprendeu entretido da nova obra da
Casa de residência para os Governadores no antigo Collegio dos Jesuítas , approvada
por C. R. [Carta Régia] de
19 de Outubro de 1766.” (Araújo,
vol. 5, pg. 185)
“Não havendo mais logar para guardar
delinquentes, o vice-rei, no pavimento terreo de sua residência, mandou fazer
prisões com a disposição com incomodo e sacrificio da guarda. Ora, o accumulo
de gente pouco asseiada produzia um fedor terrível euma verdadeiro praga de
mosquitos que não deixavam o condepregar olho. O mephitismo produziu molestias
em pessoas dafamilia. Alem dessas causas, outra havia que augmentava a
insalubridade da hoje praça Quinze de Novembro - as cabanas da quitanda -
estabelecidas no hoje largo da Assembléa frequentadopelos pretos e pretas.” (Fazenda, pg. 119)
“Em virtude da carta régia de 23 de Julho de
1766, permittiu d. José, em razião das queixas do conde da Cunha, a mudança da
casa dos vice-reis para o Collegio dos Jesuitas, pertencente então aos bens da
Coroa, sendo as despezas feitas á custa não da Fazenda Real, mas do producto da
arrematação dos bens sequestrados aos padres, cousa que ia, sendo feita com
muita lentidão, pela falta de arrematantes. A egreja ficaria separada sem
haver, para nova residencia do Govêrno da colônia, communicação alguma, que não
fosse ade uma tribuna alta e vedada com grades de ferro, para dela poderem os
vice- reis assistir ás missas e offtcios divinos.A mesma egreja e as suas
sacristias, casas de fabrica e asdas mesas de quaesquer confrarias, que nella
houvesse, permaneceriam sob a administração do bispo ou ordinario como então
diziam. Ellas deveriam ficar independentes da casa do Govérno, tendoportas para
a egreja e para a rua. armazens e casos de aluguel adjacentes seriam
conservados e administrados pelo fisco. Oconde não perdeu tempo e, dando no
antigo Collegio o titulo dePalacio de S. Sebastião, metteu hombros ás obras. Ja
em 8 deMarço de 1767, explicando a demora do traba1ho, asseverava tersido
preciso apear 2 andares para nelleformar um somente, afim de que tivesse:
bastante altura: as Os paredes estavam presentementefeitas e se trabalhava nos
madeiramentos, e haviam se abertoamplas janellas. Sendo muito ingrime a antiga
ladeira e não dando transito a carruagens, pois havia sido feita para redes, o
vice-rei mandoufazer um novo caminho para o lado de Sancta Luzia, afim de sua
traquitana poder, com facilidade subir o morro.” (Fazenda, pg. 118)
“Já não é a mesma a architectura externa:
grandes e rasgadas janellas substituiram as pequenas aberturas, por onde
penetrava a luz, desde o tempo em que o conde da Cunha pretendeu mudar para o
alto a residencia dos representantes do rei.” (Fazenda, pg. 309)
“Com a, queda dos, Jesuitas, confiscados seus
bens, o Conde da Cunha tinha recebido ordem para formar da casa que os padres
tinhão no alto da cidade e outeiro do Castello dela o Palacio da residência do
Vice-Rei: conhecendo-se no Ministerio, que a casa era má e que se devião abrir
as salas e accomodações decentes, e precisos reparos, destinou a mesma, para
hospital militar sem que desde então se fizessem uteis regulamentos [...]” (Lisboa, vol. 5, pg. 246-247)
O Conde de Azambuja (1767-1769)
seu sucessor lá se instalou até fins de 1768, quando retornou à antiga
residência dos governadores. O Conde de Azambuja (1767-1769), em fins de 1768,
instalou o Hospital Real Militar e Ultramar no edifício do antigo Colégio dos
Jesuítas. Nele foram acomodados os enfermos da Marinha e do Exército que
estavam mal instalado nas casas (enfermarias) junto à base do Morro de São
Bento, na rua dos Quartéis da Armada. Nele eram tratado os militares doentes e
seus dependentes.
“...o conde da Cunha logo ao ter noticia da vinda de seu
sucessor não quis mais saber do palacio de S. Sebastião, nem se importou com o
mao cheiro nem com os mosquitos! Deixou-se ficar na antiga casa, e na nova
aboletou o conde de Azambuja d. Antonio Rolim de Moura, primeiro e unico
vice-rei que residiu, por algum tempo, no antigo Collegio. Ao tomar o bastão
(17 de Novembro de 1767) escreveu logo ao Govêrno ser a antiga casa dos
Jesuitas impropria para residencia dos vice-reis; estava em um alto afastado do
centro da cidade e das outras repartições publicas: o caminho feito pelo seu
antecessor era incommodo, pois, para descer o pequebote (carro de quatro rodas)
de S. Ex. era preciso ser lavado por meio de cordas. Preferiu vir para a antiga
casa de Bobadella e lembrar a vantagem de transferir para o morro do Castello o
Hospital dos soldados, pois o que servira (na rua hoje do Conselheiro Saraiva)
era pequeno, e tal o accúmulo de enfermos, que em uma mesma cama se tractavam
dous e tres soldados com molestias diversas! Ora ahi está como os borrachudos,
productores hoje da febre amarella et reliqua, foram causa de um melhoramento
útil, a fundação do Hospital Militar juncto á egreja de S. lgnacio - edificio
que ainda hoje presta muitos bons serviços e está em risco, apezar da solida
construcção, de desabar, si continuarem asimprudentesexcavações de seus
alícerces, em procuro de riquezas sonhadasdesde o tempo de d. João VI, quando
os inglezes pretenderam, segundo é fama, arrazar o morro, contentando-se comos
lucros provindos do ouro e pedrarias escondidas desde 1759!” (Fazenda, pg. 121)
“[...]
e mudou do centro da Cidade, o Hospital Real para a Casa do
Collegio , que seu antecessor [Conde da Cunha] preparava com o destino de servir á residência
dos Vice-Reis.” (Araújo,
vol. 5, pg. 189)
“[...] Rua dos Quartéis da Armada...mas , sendo
impróprio o local para esse edifício , fundado na fralda do morro de S. Bento ,
cuja barreira impedia a entrada de ventos favoráveis á saúde, e alémdisso era
cercado de Casas , que o faziam extremamente abafado ; tudo concorria para o
notável incommodo dos enfermos , e mesmo para o fermento de epidemias , que
mais , ou menos afligiam os habitantes de sua visinhança , d'onde , com
facilidade , se communicavam ao povo da Cidade. D'alli trasladou o Vice Rei
Conde de Azambuja o Hospital para a Casa que fora do Collegio Jesuitico ,
destinada. por seu antecessor Conde de Cunha para actual residoncia dos
Governadores : sendo porém benéfica a situação , e análoga ao fim da
salubridade dos enfermos, não he contudo favorável aos habitantes da Cidade
esse estabelecimento ; porque os ventos quotidianos e soprados do Sueste , Sul
, e Sudueste , purificando aquella Casa das malignidades continuas , introduzem
os miasmos ou vapores inficionados por entre a povoação : e he sem questão ,
que da época da referida mudança se principiou á contar a das moléstias mais
frequentes que hoje atacam os habitantes do centro , não sentindo os dos sítios
retirados d'ella os mesmos damnos. A bem do melhor curativo dos Enfermos , e da
R. Fazenda do Hospital creou o Alv. de 2 de Março de 1812 uma Junta denominada
= Direcção Medica Cirurgica e Administrativa do Hospital Militar da Corte do
Rio de Janeiro.” (Araújo, vol. 7, pg. 284-285)
Quando a Família Real chegou
ao Brasil, em 1808, o frei Custódio de Campos Oliveira, foi investido nas
funções de Cirurgião-mor dos Reais Exércitos e Armada de Portugal. Ele procurou
reformular toda a sistemática administrativa mal implantada no Hospital,
melhorando as instalações, nomeando novos cirurgiões e auxiliares, e criando
uma Botica junto ao Hospital. Em 1808 foi, também, criada a Escola Anatômica,
Cirúrgica e Médica, embrião da furura Faculdade de Medicina do RJ, pelo médico
da Real Câmara, Dr. José Correia Picanço, Barão de Goiana. Foi, portanto, fundador
do ensino médico no Rio de Janeiro, cujas aulas eram ministradas no Hospital
Militar. A Escola Anatômica, Cirúrgica e Médica foi inicialmente administrada
por frei Custódio. O Hospital, apesar de grande movimento,
funcionou, por algum tempo, com quatro profissionais (dois cirurgiões e dois
médicos) e, em média, com doze enfermeiros e pessoal de administração, que não
chegava a cinco, afora dois capelães. Em 1813 o Tenente-Coronel
Engenheiro Henrique Isidoro Xavier de Brito realizou grandes reformas nas
instalações do hospital. Em 1813, com os novos estatutos, a Escola passou
a receber a designação de Academia Médico-Cirúrgica e, em 1832, recebeu o nome
de Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Entre 1813 e 1832 seus cursos
foram transferidos para acomodações do Hospital da Santa Casa da Misericórida,
na praia de Santa Luzia. Em 1822, frei Custódio retorna a Portugal acompanhando
a família real a Portuguesa. O edifício era impróprio para este fim, sendo
penoso e perigoso conduzir os doentes, principalmente os cirúrgicos para o alto
do morro em ladeiras íngrimes e com calçamento irregular. Além disto, a
manutenção era precária e as instalações estavam em más condições. Diante de tal situação surgiu o decreto da Regência, de 17
de fevereiro de 1832, extinguindo os Hospitais Militares e criando os Hospitais
Regimentais, transferindo o hospital militar do alto do Morro do Castelo para a
Praça da República. Em 1836, a Faculdade de Medicina retornou para o antigo Colégio dos Jesuítas no Morro do Castelo, permancendo o ensino das
cadeiras de clínica médica e cirúrgica nas enfermarias da Santa Casa da
Misericórdia. Devido a problemas nos mesmos, em 1844 foi
criado o Hospital Militar da Guarnição da Corte com sede novamente no
antigo Colégio dos Jesuítas no Morro do Castelo. Este funcionava em
"[...] quatro salas ou Enfermarias, uma pequena para
os Oficiais, outra para cirurgia e duas para medicina, isto é, clínica; durante
o ano abriram-se mais três destinadas, duas para as enfermidades especiais e
contagiosas, como sarna e bexiga, e outra para os presos. Quando o governo
fundou o Hospital manifestou a intenção de dar um local apropriado para a
Escola de Medicina que ocupava salas para as aulas, gabinete de química,
física, biblioteca e secretaria, em detrimento de novas salas para o Hospital.
A remoção da Escola conviria a ambas as partes; a Escola se vê constrangida e
mal acomodada dando parte de suas lições em uma casa alugada da Santa Casa da
Misericórdia e o Hospital precisando de mais Enfermarias. A princípio, a botica
existia fora do Hospital e ia-se buscar os remédios na Rua de São Pedro da
Cidade Nova; a distância prejudicava um pronto atendimento. Volverão-se
os annos, e em uma época bem recente, resolvendo o governo do império
estabelecer hospitaes regimentaes, desapparecerão as enfermarias do antigo
collegio, que em 1832 recebeu a nova escola de medicina fundada pelo benemerito
e illustre Nicoláo Pereira de Campos Vergueiro, ministro do império do terceiro
ministério da regencia permanente. E estavão muito a gosto e a commodo os
lentes e osestudantes de medicina alli, naquelle ninho dos filhos deLoyola,
quando em 1845 forão despedidos pelo governo, que é o proprietário da casa, e
que de novo instituiu nesse edificio o hospital militar, emquanto a pobre escolade
medicina anda de Herodes para Pilatos e aindanão tem casa sua.” (Macedo, vol. 2, pg. 225)
Em 1844, tendo em vista a
reorganização do Hospital Militar, a Faculdade foi alojada em três locais
diferentes: no Hospital Militar, no sobrado da praia de Santa Luzia e na Santa
Casa. Em 1851 aEscola Anatômica, Cirúrgica e Médica é transferida e todo o edifício do antigo Colégio dos Jesuítas
ficou sendo ocupado pelo Hospital que, com o passar dos anos, foi sofrendo
modificações, com ampliações e criação de novas dependências. No entanto, o
imóvel ia sofrendo desgaste progressivo e um relatório de 1872 informava que
"Das nove enfermarias nenhuma é digna desse
nome, a não ser a quarta, que é alta e espaçosa. A primeira, destinada aos
oficiais, é uma antiga sala dividida em acanhados aposentos por meio de biombos
de madeira. Cada compartimento tem uma janela, que deita para o pátio central,
e uma porta, que comunica com um estreito corredor, no qual existem três
janelas, que se abrem para uma viela estreita e úmida. Pelo lado do pátio a
sala é parte do dia castigada do sol, que a aqueceintoleravelmente; pelos
fundos recebe o ar úmido e impuro. A sétima, úmida, escura e pouco ventilada. A
oitava, estabelecida em longo e estreito corredor, que termina em uma sala, sotoposta
aos grossos e espessos arcos de uma abóbada, é também baixa, pouco ventilada e
escassa de luz. O arejamento do edifício é, por outro lado, excessivo.
Recebendo os ventos dos três pontos cardeais assinalados, o ar cruza-se pelos
longos e sombrios corredores e chega às salas baixas, levando de envolta as
emanações das latrinas, quase sempre obstruídas, e aí se conserva represado em
virtude das poucas e estreitas janelas que existem".
Em 1890 o Hospital Militar da Guarnição da
Corte é transformado em Hospital Central do Exército. O Diretor do Hospital
Central do Exército, Coronel Médico José Porfírio de Melo Matos (1890-1898),
devido ao precário estado do prédio, decidiu em 1893 transferir os doentes para
o Palácio Leopoldina, no Engenho Velho, onde permaneceu até 14 de outubro de
1894, sendo depois, removido para o Palácio Isabel (atual Palácio Guanabara).
Após pequenas reparações, em 27 de janeiro de 1895 o Hospital volta para o antigo
Colégio dos Jesuítas no Morro do Castelo.
Em janeiro de 1902, em virtude de um terrível
temporal que desabara sobre a cidade e danificara o velho hospital, a 1ª
Enfermaria do Hospital Central do Exército foi transferida para um dos
pavilhões recém concluídos nas novas instalações em Benfica. Em 22 de junho de
1902, com apenas três pavilhões concluídos, o Hospital Central do Exército foi
transferido para seu endereço atual em Benfica, zona norte do Rio. Em 1914 o
edifício do Colégio
foi transformado em Hospital Infantil São Zacarias, que durou até 1922, quando o Colégio dos Jesuítas foi demolido
com o arrasamento do Morro do Castelo.
3 – Descrição:
O Colégio tinha uma orientação geral
leste-oeste, com frente virada para o norte, com maior eixo no sentido leste-oeste. O teto era de quatro águas e abobadado; as paredes
eram grossas. Como era típico das construções jesuíticas, o Colégio tinha a
forma de uma quadra, com a Igreja de Santo Inácio ocupando um canto (direito)
da quadra do Colégio. No entanto, a fachada anterior se estendia bem além da
quadra, em uma projeção transversal, que, devido ao desnível do terreno tinha
na sua ponta esquerda mais andares do que na direita. À direita do Colégio se
estendia a Igreja de Santo Inácio. Havia, também, outras construções ligadas ao
Colégio naquela região. O Colégio tinha 200m de comprimento e quatro andares
com numerosas celas. Era uma construção assobradada, de linhas classicizantes e
grande volumetria. No peíodo final o Colégio possuía um andar próximo à torre
sineira da Igreja de Santo Inácio (direita) e quatro andares na ponta esquerda.
Na fachada anterior, o andar inferior, que ia até metade desta fachada, não
possuía portas ou janelas nesta fachada; no segundo andar, que também ia até
metade desta fachada, possuía uma porta e oito janelas, todas de verga reta; o
terceiro andar, que atingia dois terços da fachada, tinha duas portas e dez
janelas todas de verga reta; o quarto andar, que ocupava toda a fachava e
estava no nível da igreja, era dividido em 4 segmentos por cinco cunhais; o
segmento mais à direita tinha uma porta e uma janela de verga curva, o 2º
segmento tinha quatro janelas de verga curva; o 3º segmento tinha oito janelas
de verga curva; o segmento mais à esquerda, um pouco mais baixo e menor que os
outros, tinha duas janelas de verga reta. A fachada esquerda da estreita
projeção transversa do Colégio possuía no primeiro andar uma porta de verga
reta, no segundo e terceiro andares duas janela de verga reta e no quarto andar
uma porta e duas janelas de verga reta. Atrás da fachada anterior mais estensa,
junto à igreja, ficava a estrutura em quadrado do Colégio, com grande pátio
central e com altura aparente de 3 andares, janelas e portas de verga reta nas
outras 3 faces e teto 4 águas.
4 – Visitação:
Impossível, pois o Colégio foi demolida junto
com o Morro do Castelo em 1921-1922 .
5 – Bibliografia:
ARAÚJO, José de Souza Azevedo Pizarro e. Memórias Históricas do Rio de
Janeiro e das Províncias anexas à Jurisdição do Vice-Rei do Estado do Brasil. vol. 2, 4, 5 e 7. Rio de Janeiro:
Impressão Régia, 1820.
LISBOA, Balthasar da Silva. Annaes do Rio de Janeiro. Vol.
1 e 5. Rio de Janeiro: Seignot-Plancher e cia, 1834.
AZEVEDO, Moreira de. Rio de Janeiro. Sua
história, monumentos, homens notáveis, usos e curiosidades. Vol. 1. Rio de
Janeiro: B. L. Garnier, 1877.
MACEDO, Joaquim Manoel de. Um passeio pela cidade do Rio de
Janeiro, vol 2. Rio de Janeiro: Typographia de Candido Augusto de Mello,
1863.
MANUSCRIPTO DE LA BIBLIOTHECA NACIONAL DE ROMA. Historia de la fundacion del
Collegio del Rio de Henero y sus residências. Anais da Biblioteca Nacional,
vol XIX, pg. 122-137, 1987.
FAZENDA, José Vieira. Antiqualha e
memorias do Rio. RIHGB, vol.
140, 1921.
COSTA, Lúcio. Arquitetura
dos jesuítas no Brasil. Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional, Rio de Janeiro, n. 5, p. 105-169, 1941.
COARACY, Vivaldo. Memória da Cidade do
Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1955.
COARACY, Vivaldo. O Rio de Janeiro do Século XVII.
Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1965
CRULS, Gastão. Aparência do Rio de
Janeiro. 3ª ed. Rio
de Janeiro: ed. José Olympio Editora, 1965
DE LAGRANGE, Louis Chancel. A tomada do Rio de Janeiro em 1711
por Duguay-Trouin. Rio de Janeiro: Departamento de Imprensa Nacional, 1967
LACOMBE, Luís Lourenço. Ordens Religiosas, Irmandades e
Confrarias. RIHGB, vol. 288, 1970.
GERSON, Brasil. História das Ruas do Rio.
5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Lacerda, 2000.
NONATO, José Antônio; SANTOS, Núbia Melhem. Era uma vez O Morro do Castelo.
Rio de Janeiro: IPHAN, 2000.
College of Saint Ignace: Brazil, State of Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Downtown
It was a college erected by the jesuits on Castle Hill, annex to its church. Nobrega was its first rector. In 1759, with the expulsion of the Jesuits from Brazil, it became briefly Governor`s Palace and then, military hospital until 1921-1922 when it was demolished with the destruction of Castle Hill.
Igreja Nova dos Jesuítas do Morro do Castelo
(1744-1759, 1846)
1 – Localização:
Município do Rio de Janeiro. Ap 1.1.
Centro. Morro
do Castelo. Localizava-se no nordeste do dito morro.
2 – Histórico:
Em 1744 iniciou-se a construção de uma nova
igreja pelos jesuítas sendo as obras interrompidas em 1759 com a expulsão dos
mesmos do Brasil por ordem do Marques de Pombal. Com a expulsão dos Jesuítas
suas propriedades foram confiscadas pela coroa portuguesa, ficando a parte já
construída abandonada até 1846.
“...o arco cruzeiro, as capellas fundas, as columnas de
pedra, capiteis de marmore, ruínas monumentaes do novo remplo, que os Jesuitas
projetavam levantar, quando foram feridos pelo decreto de expulsão, e nas quaes
mão mysteriosa havia em grandes caracteres negros inscripto: ainda depois de
destruída, Babylonia é grande!” (Fazenda, pg. 310)
Em 1846 o Observatório Astronômico foi
transferido para o Morro do Castelo, com sede na estrutura inacabada da nova
igreja dos Jesuítas e parte do convento dos Jesuítas; grandes obras de
adaptação foram feitas. Esta transferência para o Morro do castelo gerou muitas
controvérsias, pois, segundo a visão de alguns militares, ela deveria ter sido
feita para o Morro da Conceição. A justificativa se devia à precária situação
geológica do Morro do Castelo. A instabilidade do terreno aliada às enxurradas
e desmoronamentos causados pelas chuvas de verão e pelo tráfego humano e de carretas,
tornando o solo instável, ainda mais acelerado com o desmatamento, e a própria
inadequação das instalações do edifício à sua nova função, dificultavam as
pesquisas científicas. O Observatório servia para dar o sinal indicativo do
tempo médio, regular os cronômetros das repartições da marinha e guerra e
publicar diariamente os fatos meteorológicos observados. As publicações do
Observatório foram inicialmente redigidas em francês, língua de seu primeiro
diretor, Soulier de Sauve; ao Observatório frequentemente ia de visita o
Imperador Don Pedro II, amante da astronomia. Em 1871 Emmanuel Liais ao assumir
o encargo de reorganizar o Observatório, solicitou sua transferência para um
local melhor, pedido reiterado em 1886 pelo novo diretor, Luís Cruls, pai de
Gastão Cruls, um dos autores da bibliografia abaixo. Em 1922 a Igreja Nova dos
Jesuítas dos Jesuítas foi demolida com o arrasamento do Morro do Castelo e o
Observatório foi transferido para o Morro de São Januário, em São Cristóvão,
onde permanece até hoje.
“Alem do hospital militar, o antigo collegio dos
jesuítas hospeda ainda o imperial observatório astronomico, que foi creado por
decreto n. 457 e regulamento de 22 de Julho de 1846, e que se acha estabelecido
sobre a abobada e muralhas da igreja começada por aquelles padres, [...]” (Macedo, vol. 2, pg. 226)
Pouca coisa restou desta
igreja. Para a igreja do Colégio Santo Inácio, em Botafogo, foram levados os 3
belos portais de pedra Lioz portuguesa e o grupo escultório de madeira do
Calvário, com o Cristo Crucificado, São João Evangelista e a Virgem Maria. O
frontispício com a inscrição IHS (In Hostia Santa) está no Museu Histórico
Nacional e alguns de capitéis jônicos estão no no Museu da Geodiversidade do
CCMN, no campus da UFRJ (Ilha do Fundão).
3 – Descrição:
A igreja tinha uma orientação geral norte-sul,
com frente virada para o norte, com maior eixo no sentido ântero-posterior. Ela
tinha grandes dimensões com 3 naves com portais de mármore de Lioz. A parede
posterior da Capela-mor, em continuação à nave central, era em arco abatido e
seria destinada ao altar-mor. Nas naves laterais ladeadas por pilastras
compósitas se abririam as tribunas. A nova igreja localizar-se-ia à direita da
antiga, englobando o espaço ocupado pela passagem contígua à torre e pela igreja
de Santo Inácio, estendendo-se além da largura desta para o lado esquerdo até a
nova torre, e no comprimento também avançaria até a nova sacristia nos fundos.
4 – Visitação:
Impossível, pois a igreja foi demolida junto com
o Morro do Castelo em 1921-1922 .
5 - Bibliografia
MACEDO, Joaquim Manoel. Um passeio pela cidade do Rio de
Janeiro, vol 2. Rio de Janeiro: Typ. de Candido Augusto de Mello, 1863.
FAZENDA, José Vieira. Antiqualha e
memorias do Rio. RIHGB, vol.
140, 1921.
COARACY, Vivaldo. Memória da Cidade do Rio
de Janeiro. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1955.
CRULS, Gastão. Aparência do Rio de
Janeiro. 3ª ed. Rio
de Janeiro: ed. José Olympio Editora, 1965
LACOMBE, Luís Lourenço. Ordens Religiosas, Irmandades e
Confrarias. RIHGB, vol. 288, 1970.
GERSON, Brasil. História das Ruas do Rio.
5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Lacerda, 2000.
NONATO, José Antônio; SANTOS, Núbia Melhem. Era uma vez O Morro do Castelo.
Rio de Janeiro: IPHAN, 2000.
Jesuitic New Church: Brazil, State of Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Downtown
It was a church, which was being erected by the jesuits on Castle Hill, annex to its old church, when, the works ceased in 1759 with the expulsion of the Jesuits from Brazil, In 1846, it was adapted to host the National Observatory and in 1921-1922 it was demolished with the destruction of Castle Hill.
Detalhe do mapa Centro do Rio de Janeiro, João Massé, 1713. A. Fortaleza de São Sebastião; B. Reduto de São Januário;
C. Igreja de santo inácio e Colégio dos Jesuítas; D. Igreja da Misericórdia (Nossa Senhora do Bonsucesso)
E. Forte de São Tiago (atualmente parte do Museu Histórico Nacional).
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Ainda não li tudo, o que farei mais tarde. Entre muitos dos artigos sobre o Morro do Castelo, este resume, ao que parece, boa parte das histórias sobre o berço da Cidade do Rio de Janeiro. Parabéns!
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