BRASIL: RJ: RIO DE JANEIRO:
Morro do Castelo -
Morro do Castelo -
Castle Hill
1 - Localização:
Era um antigo morro que foi demolido em
1921-1922 e situava-se no centro da Cidade do Rio de Janeiro, no local da atual
Esplanada do Castelo, entre a Avenida Rio Branco (oeste), Rua Santa Luzia
(oeste), Rua da Misericórdia (leste) e São José (norte). Seu centro seria cerca
de -22.907445, -43.173513.
2 - Histórico:
Denominado inicialmente de Morro do Descanso,
segundo alguns devido a árdua conquista que os portugueses tiveram para
ocupá-lo, e depois Morro de São Januário, do Alto da Sé, do Alto de São
Sebastião e por último de Morro do Castelo.
“O morro do Castello não se chamou, nem havia
razão para ser chamado do Castello nos primeiros tempos. O padre Simão de
Vasconcellos, fallando da fundação do collegio dos jesuítas na cidade de S.
Sebastião do Rio de Janeiro, não dá nome ao sitio onde se estabeleceu o
collegio, e a carta regia da rainha regente , que permittio tal fundação, diz
apenas « um segundo collegio na capitania de S. Vicente » ; e assim o diz,
porque o Rio de Janeiro estava dentro dos limites dessa capitania. Morro de S.
Sebastiào foi sem duvida o primeiro nome que recebeu o monte, berço primitivo
da capital do império do Brasil, e assim se encontra elle designado em algumas
memorias documentos antigos ; donde lhe veio tal denominação é tão claro que
nem tomo o trabalho de explicar. Quando começou esse morro a chamar-se do
Castello, não sei bem, mas é de suppôr que fosse no primeiro quartel do século
decimo sétimo, depois que o governador Martim de Sá fez construir uma fortaleza
na eminencia do monte [...]” (Macedo, 1863, vol. 2, pg. 214)
Depois de batidos os franceses e seus aliados
indígenas, os portugueses, sob o comando de Mem de Sá, acharam por bem que
a cidade ficasse instalada em plano elevado, num dos morros fronteiros
à ilha de Villegagnon e que permitisse a construção de bastiões que
defendessem a cidade e seu ancoradouro, a ilha, e que também vigiassem a
entrada da baía da Guanabara. O
sítio mais conveniente, segundo Mem de Sá, deveria estar em uma elevação, pois
era naquele momento, o ponto mais salubre na planície encharcada e de melhor
observação para a defesa da recém-fundada cidade de São Sebastião do Rio de
Janeiro. Nele foi reinstalada,
em janeiro de 1567, a cidade
inicialmente fundada por Estácio de Sá na entrada da baía da
Guanabara, no sopé do morro Cara de Cão (1º
de março de 1565), no contexto da expulsão definitiva dos franceses da região. Os primeiros moradores começaram a
abandonar a praia entre o Morro Cara de Cão e o Pão de Açúcar, local de
fundação da cidade, e ocuparam o Morro do Descanso. Assim nasceu a cidade,
delimitada e espremida em um morro com feições quase insular.
“[...] e por
o sitjo onde estacio de saa hedefiquou não ser que pera majs que pera se
defender em tenpo de guerra / com parecer dos capitais e doutras pesoas que no
dito Rjo de Janeiro estauão escolhi hum sitio que pareçia mais conviniente para
hedefiquar nelle a çidade de são sebastião o qual sityo era de hum grande mato
espeço cheo de muitas arvores e grosa em que se leuou assaz de trabalho em as
cortas e alinpar o dito sitio e hedefiquar huma çidade grande serquada de
trasto de vinte pallmos de larguo e outros tamtos de alltura toda serquada de
muros por sima com muitos baluartes e fortes cheo dartilheria / E fiz a Jgreja
dos padres de Jhezu onde agora Residem telhada e bem comsertada / e a see de
tres naves tambem telhada e bem comsertada fiz a casa da camara sobradada
telhada e grande / a cadea / as casas dos almazeins e pera a fazenda de sua
alteza sobradadas e telhadas e com varamdas / dey orden e fauor ajuda com que
fizesem outras muitas casas telhadas e sobradadas [...]” (Silva, 1570, pg. 135-136)
“[...] se escolheo hum çityo que parreçeo majs conveniente pera hedefiquaar
nella a çidade desão sbastião ho quoall sitio hera de mato espesso e muitas
arvores grosaas em que ouue muito trabalho e se fez huma çidade grande serquada
de trrasto de vinte ou quinze pallmos de llargo e outros quinzee pallmos
dalltura serquada de muro por syma com seus balluartes fortes e artelharia e
mandara fazer a Jgreja dos padres de Jhesu ondee agora Residem e telhada de
telha / E asym mandou fazer a see de três navees e casa dos allmazeens telhadas
hee casas da cadeia sobradadas telhadas de telha e suas varandas segundo sua
llembrança e que he verdade que o dito governador dera hordem pera se fazerem
outras muitas casas de telha aos moradores e sabe que o dito governador mandara
pera dita çidade do Rjo vjr muitos moradores e gados vaquuns pera se pouoar a
dita capitania [...]” (Silva], 1570, pg. 176-177)
“O monte de S. Sebastião he o mais elevado dos tres
cabeços altos , que se divisam no principio da Cidade , o qual se coroou com a
Fortaleza dedicada ao Santo Padroeiro : domina sobre o mar da enseiada , sobre
a Cidade , e por toda sua circumferençia : o fogo despedido dos canhoens por
qualquer dos sitios ali eminentes, sam temerosíssimos. [...] Sobre o segundo cabeço fundaram os Jezuitas a sua
Casa Conventual : e no terceiro se edificou a Igreja 1.ª da Cidade sob a
dedicação de S. Sebastião.” (Araújo, vol. 1, pg. 133)
Por que o Castelo foi o morro escolhido, já que existiam outras
opções (Glória, São Bento, Pasmado e Viúva)? Segundo Lysia Bernades
(1995), atendendo a função escolhida, o Morro do Castelo era o que apresentava
as melhores condições. Com uma altitude em torno de 60 metros, o Morro tinha um
topo relativamente plano que permitia construções. Todos os outros morros
citados tinham vista para a baía de Guanabara, entretanto, o Castelo era o
único que tinha uma vista ampla da sua entrada, além da proximidade com a ilha
de Villegagnon), onde os franceses haviam fundado a França Antártida. O Morro
do Castelo estava cercado por pântanos e lagoas, sendo portanto, um promontório
quase insular, dificultando o seu acesso, logo facilitando a sua defesa. Além
disso, a vertente oeste, voltada para o interior, era protegida pela aldeia dos
índios Temiminós, aliados dos portugueses e inimigos dos Tamoios. O Morro tinha
uma fonte de água doce, que contribuiu para a escolha de Mem de Sá e, sua
inclinação favorecia o escoamento dos detritos. Os portugueses jogavam o lixo
nas ruas e as águas das chuvas tratava de levá-lo encosta abaixo.
Para a defesa, Mem de Sá construiu uma cidadela
murada e fortificada, com fossos, muros e baluartes e um conjunto de três
fortes: o Baluarte da Sé (futuro reduto de São Januário) e a Fortaleza de São
Januário (depois de São Sebastião), localizados no morro, e a Bateria de
Santiago (futuro Forte de São Tiago da Misericórdia), na ponta da Piaçava (na
altura do atual Museu Histórico Nacional). Essa, apontava para o mar, dividindo
as praias de Santa Luzia (atual rua Santa Luzia) e da Piaçava (atual Praça XV).
Esta última fortaleza acabou por ser responsáveis pelas diversas denominações
deste morro, como Morro de São Januário, de São Sebastião e finalmente do
Castelo.
Mem de Sá também mandou construir, logo no
primeiro ano de ocupação, além das fortificações acima, a primitiva Casa da
Câmara e a da Cadeia (primeiro
sobrado da cidade e equivalente à
assembleia legislativa municipal e prisão pública), a Casa do Governador
(equivalente à Prefeitura Municipal), os Armazéns da Fazenda Real, a Igreja de
São Sebastião, a Igreja e o Colégio dos Jesuítas (1568) e casas para os
primeiros moradores. Em 1568, Mem de Sá retornou à Bahia e deixou o Governo com
seu sobrinho Salvador Correia de Sá (1569-1572). Na Igreja de São
Sebastião foi instalada a primeira Sé Catedral da cidade, e junto à
qual estava o marco de pedra da fundação da cidade, trazido do primitivo
estabelecimento no sopé do morro Cara de Cão, assim como os restos mortais
do fundador, Estácio de Sá. Inicialmente havia 600 pessoas, os fundadores
que vieram com Estácio e Mem de Sá, frades,
monges, burocratas, soldados, índios catequizados, franceses e poucas mulheres.
A parede das casas era inicialmente de adobe,
taipa ou alvenaria de pedra e depois de tijolo. A madeira, proveniente do
próprio morro, foi, a princípio, empregada em bruto e, a seguir, esquadrada. As
coberturas, primeiro de sapé, passam a ser de telhas de canal de tipo romano
(ou semicilíndricas), trazidas de São Vicente. Uma das primeiras olarias, sem
contar com a de Villegagnon, no delta do rio Carioca, situava-se no Morro do
Castelo, na parte voltada para a entrada da barra.
No final do século XVI, com o rápido
crescimento da cidade, a população começava a descer o Morro do Castelo e a ocupar a chamada Várzea,
área plana compreendida entre os outros três morros (morro de São
Bento, morro de Santo Antônio e morro da Conceição) que
delimitavam, junto com o do Castelo, a cidade no período colonial. A partir do
século XVII, a Colina passou a perder influência diante do comércio marítimo
crescente, que transformou o porto e as imediações da atual praça XV em centro
administrativo e econômico do Rio colonial.
Em 1612, a Câmara comprou terras a Antônio
Martins de Palma, na altura da atual rua da Assembléia para ali edificar o
futuro açougue da cidade, que era serviço público e municipal e ficava até
então no Morro de Castelo. Em 1617, mediante contribuição dos moradores da
cidade, dos Jesuítas e do administrador eclesiástico, foi iniciado o calçamento
de pedrada Ladeira da Misericórdia e do largo fronteiro à matriz. Em 1624 a testada em frente do Colégio
de Santo Inácio é fortificada a pedido do governador Martim de Sá, temendo que
os Holandese que invadiram a Bahía, também invadissem o Rio de Janeiro. Neste
mesmo ano a Câmara do Rio decidiu se mudar para a rua da Misericórdia,
iniciando as obras em 1636. Em 1672 a Casa de Câmara e Cadeia já tinha sido
transferida para um novo edifício na rua da Misericórdia.
Com o êxodo da elite rumo à planície, a
decadência do Morro do Castelo tornou-se inevitável. No século XVII, o morro
abrigava uma população marginal e, apesar de guardar relíquias históricas, era
desprezado pela maioria dos cariocas.
O Morro do Castelo é tomado pelo corsário
francês René Duguay-Trouin em 21 de setembro de 1711, que o transforma em seu
alojamento.
“No domingo 20 de setembro, desde a
alvorada, recomeçaram nossos canhões, com o Le Mars amarrado a atirar contra a
cidade e suas fortificações, sèriamente danificando o Mosteiro de S. Bento e
sua bateria...Destruiu o bombardeio grande número de casas na cidade,
atingindo, também, o Castelo; o que compeliu, então, ao restante da população
a, açodadamente, abandoná-la...Escalamos, em seguida (21 de setembro) o morro, até o Colégio
da Companhia, um dos mais grandiosos edifícios existente nesta parte das
Índias, composto de duas soberbas igrejas. Aí estabelecemos um alojamento. [...] Ordenou ele [Duguay-Trouin], em seguida, que fôsse uma companhia tomar posse da
fortaleza de Santa Luzia e de uma bateria rasa, perto da Catedral.” (De
Lagrange, pg. 69, 71)
Com a expulsão da Ordem dos Jesuítas em 1759,
durante o governo de Marques de Pombal, as propriedades jesuíticas no Morro do
Castelo foram doadas à Santa Casa de Misericórdia. Desde o século XVIII, o
Morro do Castelo foi alvo de inúmeros pareceres técnicos ligados aos campos da
medicina e da engenharia. Segundo esses pareceres, o arrasamento dessa Colina
era vital para a melhoria do clima e da circulação dos ventos na área central
do Rio de Janeiro. O Morro contribuía segundo os técnicos, com a propagação das
epidemias que assolavam os cariocas e amedrontavam os estrangeiros.
Até o governo de Don Fernando José de Portugal
e Castro (1801-1806), o morro do Castelo ainda guardava residências de ricos e
altos funcionários da colônia. Em 1811 ocorre o famoso episódio conhecido como
“Águas do Monte”, ou seja, a grande enxurrada, após 7 dias de chuva, que
provocou desabamentos de encostas do morro, com numerosas vítimas. A aba do
morro que olha para a ilha das Cobras, desabou em grande parte, causando a
total destruição de quase todas as casas do antigo Beco do Cotovelo. Passada a
crise, temendo novo desabamento, Don João VI mandou arrasar parte da muralha do
antigo forte São Sebastião. O episódio das “Águas do Monte”, também concorreu
para incentivar os defensores da idéia do desmonte. A partir de meados do
século XIX, o desmatamento das encostas foi quase total, havendo frequentes
desabamentos nas chuvas de verão.
Desses desmoronamentos houve dous principaes que a
memoria do povo conserva alé hoje tristemente lembrados. O primeiro occorreu em
Abril de 1759 ; mas nem causou desgraças tão lamentaveis, nem foi tão considerável
como o segundo: o povo teve entãomenos terror do desmoronamento do morro do que
da inundação extraordinária da cidade. ... O segundo e terrível desmoronamento
do morro do Castello aconteceu em Fevereiro de 1811.No dia 10 de Fevereiro
desse anno, pelas onze horasda manhã, começou a cahir uma violenta chuva, (que
continuouincessante por sete dias. As ruas e casas ficarãoinundadas : a rua da
Valla [Rua
Uruguaiana] conservou-se durante lodo esse tempo com cinco palmos d’agua , e
no campo deSanta Anna (hoje da Acclamação [Praça da República])
navegavão canôas. Opríncipe regente ordenou que se conservassem abertasas
igrejas, onde, apezar da inundação, rezavão os padrese os fíeis. É fácil
comprehender o susto da popupulação, que fallava tremendo, em um novo diluvio.
E peior do que tudo isso, em um desses tristíssimos eamargurados dias correu
uma das abas do morro doCastello, ficando soterradas muitas casas na rua da
Misericórdia, e no becco, hoje rua do Cotovello, e morrendo sepultadas em vida
famílias inteiras.A esta inundação formidável deu-se então o nome deagua do
monte, essas duas palavras agua do monteresumirão também nas conversações
populares a historiatoda do fatal desabamento. A família real portugueza já
estava nesse tempo noRio de Janeiro, e o príncipe regente, receioso de
maioresdesgraças em alguma nova agua do monte, mandou arrazar uma muralha que
havia no Castello, sobranceiraá cidade.” (Macedo, 1863, pg. 228-230)
Em 11 de janeiro de 1822, o general português Jorge de Avilez, em
resposta à recusa e Don Pedro I embarcar de volta para Portugal (Dia do Fico,
09 de janeiro), como ordenado pelas Cortes de Lisboa, sai dos quartéis com a
guarnição portuguesa e ocupa o Morro do Castelo, que domina a cidade, tomando
atitude e disposições hostis, para forçar o Príncipe a seguir de volta para
Portugal. Durante esta mesma noite reuniram-se no Campo de Santa Ana (Praça da
República) a pouco numerosa tropa brasileira, e alguns mil patriotas, e ao
amanhecer do dia 12, entrou no campo a artilhada montada que estava no forte da
Praia Vermelha. Com isto, na manhã do dia 12, o general português, estando em
inferioridade numérica, apesar de serem tropas de melhor qualidade, e não
podendo ficar entrincheirado no morro devido à falta de água e suprimentos,
optou por embarcar para Niterói e dali, ameaçado pelas tropas brasileiras, voltou
para Portugal.
“Em 11 de
janeiro de 1822, o general Jorge de Avilez sahe dos quartéis com a guarnição
portugueza e occupa o monte do Castello da cidade do Rio de Janeiro, tomando
attitude e disposições hostis. O acontecimento do dia 9 de Janeiro [Dia do
Fico] enthusiasmara tanto os brazileiros, quanto irritára as tropas lusitanas,
que em numero de dous mil homens guarneciam a cidade. O general Avilez, comandante
dessa divisão, conspirava para, em caso de reluctancia do príncipe D. Pedro,
obrigar este a embarcar e a sahir do Brazil, conforme as ordens das cortes.
[...] Aturdido no primeiro momento pelo—Fico—do príncipe, de quem não esperava
resolução tão positiva, Avilez contemporisou inutilmente um dia, e na tarde do
dia 11 á frente de suas tropas, ocupou o monte do Castello, que domina a
cidade, assestou artilharia em todas as ladeiras de subida, ostentando-se
ameaçador. A nova bernarda [pronunciamento militar] da divisão portugueza era ainda
em sentido liberal, mas anti-brazileiro. Durante a noute de 11 reuniram-se no
campo de Sant-Anna (hoje praça da Acclamacão) a pouco numerosa tropa do paiz, e
alguns mil patriotas, e ao amanhecer do dia 12, entrou no campo a artilhada montada
que estava na Praia Vermelha, e que veio puchada por cavallos e bestas das cavalariças
do príncipe. Admira como no correr da noute os officiaes brasileiros podessem
ir tirar armamentos e munições bellicas do arsenal de guerra aos pés do monte
do Castello dominado por Avilez; mas o certo é que no dia 12 amanheceu assim
bem armado e disposto a combater o pequeno exercito que se improvisára. Inferiores
em numero, as tropas lusitanas, eram com tudo aguerridas e bravas; mas Jorge de
Avilez não ousou tomar a responsabilidade de combate, cujo êxito não era seguro
para os seus batalhões, e não podendo também manter-se com eles no monte do
Castello, onde naquelle tempo nem agoa havia, desceo e dirigio-se para a praia
de D. Manoel, e ahi apenando todas as faluas que encontrou (e eram muitas então)
passou-se para o outro lado da bahia, e occupou a Armação, e logo depois a
Praia Grande, chegando suas guardas avançadas até o lugar chamado Sant'Anna. O
príncipe D. Pedro mandou reunir, sob o comando do general Curado, governador
das armas do Rio de Janeiro, as forças brazileiras que acamparam no campo do
Brandão
[Niterói], pouco distante de Sant'Anna,
marchando também para ali as milícias dos districtos visinhos. No entanto,
prepararam-se os navios que deviam levar para Portugal aquellas tropas
portuguesas conforme determinara D. Pedro, compromettendo-se Avilez a obedecer”
(Macedo, 1877, pg. 21-24)
O Morro do Castelo passou no final da sua
história oficial, por um processo de turistificação. No século XIX,
a Sé era alvo de procissões no dia de São Sebastião. Joaquim Manuel de
Macedo em Um Passeio pela Cidade do Rio de Janeiro (1862),
publicou uma espécie de guia turístico da cidade onde elege oito áreas de
visitação na cidade. Há um destaque especial para o Morro do Castelo:
“[...] com efeito, o telégrafo do Castelo, com seu jardinzinho e seu pátio e
sua fonte, e sobretudo, com a sua feliz situação, avassalando a cidade do Rio
de Janeiro e a magnífica baía de Niterói, é um dos mais frequentados e
estimados passeios da capital, principalmente aos domingos e feriados (...)”. “Subir o Morro do Castelo, percorrê-lo,
estudar, embora muito rapidamente, a sua história e descer enfim desse velho e
desprezado capitólio da cidade do Rio de Janeiro, sem ter parado, por alguns
minutos ao menos, diante do antigo Colégio dos Jesuítas, fora ao mesmo que ir a
Roma e não visitar o papa”. (Macedo, 1867)
Mesmo com o abandono do Castelo, o Morro ainda
possuiu por muito tempo, função estratégica. O telégrafo e o Observatório
Astronômico são exemplos da refuncionalização do Morro do Castelo não só com
fins científicos, mas também com fins militares. Do morro se davam os avisos de
incêndios na cidade. Além disso, a fortaleza de Santa Cruz, localizada na
entrada da Baía, passava para o Morro do Castelo, através de sinalizações com
bandeiras, o tipo e a nacionalidade do navio que estava entrando no porto. Do
Morro do Castelo, as informações eram passadas à sede do governo, na Praça XV.
Em 1846 foi
criado o Observatório Astronômico no Morro do Castelo, adaptando-se para seu uso
parte da estrutura inacabada da igreja nova e do Colégio dos Jesuítas. Durante
a Revolta da Armada contra Floriano Peixoto (1893-1894), evacuaram-se os
moradores do Morro do castelo, construíram-se barricadas com sacos de areia e
instalou-se no alto um grande canhão. No século XIX, as várias tentativas para
o seu arrasamento foram frustradas. Para facilitar a comunicação entre Botafogo
e Laranjeiras com a área portuária, foi alargada a estreita passagem entre a
rua da Ajuda e a Misericórdia, em frente à Igreja de Santa Luzia.
Foram feitos cortes no Morro do castelo em 1904
para a abertura da Avenida Central, hoje Rio Branco, e para as construções da
Biblioteca Nacional, do Museu Nacional de Belas Artes e do Supremo Tribunal
Federal. Na Revolta da Chibata (1910), houve a morte de 2 crianças, vítimas da
explosão de uma granada, as quais foram enterradas no cemitério do Cajú. O Observatório Astronômico no Morro do
Castelo foi mudado em 1918 para o Morro de São Januário, em São Cristóvão.
Desde o tempo de Dom João VI Morro do
Castelo era considerado
prejudicial à saúde dos cariocas porque dificultava a circulação dos ventos e
impedia o livre escoamento das águas. Ao longo dos séculos foi
gradativamente considerado inviável para o progresso e urbanismo da cidade. A reforma urbana promovida por Pereira
Passos (1902-1906), ao remodelar o Rio Antigo, deixou o morro do Castelo fora
do processo de modernização urbana. Tendo como referência o estilo de vida
francês, o modelo parisiense foi utilizado para consolidar a passagem da cidade
atrasada para a cidade moderna. Além da remoção dos cortiços e a expulsão da
população pobre do centro do Rio, o não tratamento paisagístico no Morro do
Castelo gerou um forte contraste de paisagens, alimentando ainda mais o
sentimento republicano de aversão ao estilo urbano português. Passos não
arrasou fisicamente a Colina, mas contribui para a sua condenação, pois
consolidou na cidade uma atmosfera de apologia à modernidade, além de
supervalorizar os terrenos vizinhos ao morro, fortalecendo ainda mais os
discursos a favor da demolição. O centro da cidade foi, deste modo, a área onde
Passos buscava a superação das feições coloniais da cidade velha, comparadas
com a doença e o atraso.
Assumindo em 1920, o prefeito engenheiro Carlos
Sampaio tinha como objetivo sanear a cidade e prepará-la para as comemorações
do 1° Centenário de Independência do Brasil, realizando obras de
saneamento e embelezamento que culminariam numa exposição internacional no
local do arrasamento do Castelo. A
desculpa era ser um espaço proletário, repleto de velhos casarões e cortiços,
no centro da cidade e ser necessário para a montagem da Exposição
Comemorativa do Centenário da Independência do Brasil. Higienizar e modernizar a cidade
significavam sobretudo, eliminar os lugares infectos e sórdidos, o desmazelo, a
imundície e as residências coletivas (cortiços e cabeças de porco) em que
habitava a maioria da população. Com o arrasamento do Castelo e do bairro da
Misericórdia, localizado no sopé do morro, desapareceram da área central da
cidade mais duas áreas residenciais pobres que haviam resistido à reforma
Passos.
O arrasamento do morro do Castelo iniciou-se em
novembro de 1920, com a instalação de uma máquina escavadora que foi utilizada
na demolição do morro do Senado, na área que corresponde hoje a atual rua
México. Os recursos que
foram aplicados na demolição foram vultosos, necessitando a emissão de papel
moeda e de empréstimos externos. O ritmo dos trabalhos era bastante lento no
início do desmonte. Até dezembro de 1921, apenas 10% do morro havia sido
removido. Entretanto, com a negociação de um novo empréstimo de 12 milhões de
dólares, o equivalente a 93.600 mil contos e com a transferência das obras para
a Kennedy &Co., o uso intensivo da força hidráulica acelerou o ritmo do
desmonte. Por outro lado, os custos aumentavam proporcionalmente à aceleração
do desmonte. Em suma, ao longo do período das obras de demolição, o ritmo como
as técnicas empregadas variaram de acordo os fluxos de investimentos.
As obras do desmonte pararam durante a
Exposição. O mandato de Carlos Sampaio finalizou a 15/11/22. Nos dois últimos
meses o ritmo de demolição foi acelerado apesar das controvérsias sobre as
tentativas de evitar o desaparecimento do Hospital São Zacharias e do Complexo Jesuítico.
O governo de Carlos Sampaio foi comparado muitas vezes com a administração de
Pereira Passos, pois marcou para sempre a paisagem carioca. Entretanto, o
arrasamento do Morro custou uma fortuna para a cidade. Somente com banqueiros
americanos e holandeses, a prefeitura contraiu uma dívida externa próxima de 24
milhões de dólares. O total gasto pela Prefeitura em desapropriações foi de
15.600 contos. Assim, ao sair do governo, Carlos Sampaio deixou a prefeitura do
Distrito Federal praticamente falida. E mais, o morro levaria anos até ser
completamente destruído.
Foram demolidos quatrocentos e sessenta
prédios, cuja desapropriação ocorreu sem nenhuma reclamação. Das 408
edificações existentes no morro em 1921, que abrigavam aproximadamente 4.200
pessoas, 338 tinham um pavimento. Só a chácara da Floresta, um conjunto de
casas, vilas e cortiços, situado na face do morro fronteira à Avenida Rio
Branco, tinha 1.043 moradores. Para os residentes do Morro do castelo, o
desmonte do morro produziu um impacto extraordinário, forçando a mudança de
residência. Suas terras foram
usadas para aterrar parte da Urca, da Lagoa Rodrigo de Freitas, do
Jardim Botânico e outras áreas baixas ao redor da Baía da Guanabara.
A lenda do morro do Castelo refere-se
a um fabuloso tesouro oculto em galerias secretas em suas
entranhas pelos Jesuítas em tempos coloniais. Por ser uma ordem rica, os jesuítas
talvez tivessem guardado os seus tesouros nas galerias, gerando lendas e
curiosidades entre a população carioca. A expulsão dos jesuítas do Morro do
Castelo gerou muitas lendas na população. Tesouros teriam sido enterrados nos
seus lendários subterrâneos durante o rápido despejo dessa Ordem. É
interessante frisar que essa lenda foi absorvida inclusive pelas classes
dirigentes, a ponto que as possíveis riquezas lá encontradas serviriam como
garantia às empresas que estivessem a serviço do desmonte. Essa visão, aceita
por grande parte da população, acabou contribuindo para legitimar o
arrasamento. Originada talvez à
época das invasões francesas de 1710 e 1711, tal crença
ganhou força a partir da expulsão da Ordem do Brasil, em 1759, por
determinação do Marquês de Pombal. A lenda foi explorada em fins
do século XIX por nomes consagrados na literatura
Brasileira como Machado de
Assis, Joaquim Manuel de Macedo e Lima Barreto.
Lima Barreto cobriu, como repórter, para o Correio da Manhã em 1905,
por ocasião das obras para a abertura da Avenida Central (atual
Avenida Rio Branco), pelo Prefeito Pereira Passos, a descoberta de
um túnel e salas abobadadas de alvenaria de pedra seca, pertencentes à
galeria descoberta:
“[...] a turma de trabalhadores das obras da Avenida Central que, sob a direção
do engenheiro Dr. Dutra de Carvalho Filho, procede à destruição do morro do
Seminário, fez na madrugada de hoje, pouco antes de 1 hora, uma surpreendente
descoberta. Na fralda do morro, já cortado numa grande parte,
apareceu sob a picareta, dos trabalhadores a boca de uma galeria [...] Vai se verificar, finalmente, que fundo de
verdade tem a tradicional versão da existência de tesouros naquele morro.” (Jornal do Commércio de
27/04/1905).
Com a descoberta desse túnel em 1905, as antigas
histórias retomaram força, tendo mesmo surgido um mapa das galerias e
um inventário do tesouro, que dava conta de 67 toneladas de ouro além
de uma imagem em tamanho natural de Santo Inácio de Loyola, também em
ouro, com olhos de brilhantes e dentes
de pérolas. Seis anos mais tarde,
as informações do mapa seriam confirmadas nas páginas da Revista
Ilustrada, que, em Julho, publicou uma reportagem sobre os subterrâneos do
morro do Castelo, visitada pelo repórter Pires
do Rio em companhia de um fotógrafo, que acessaram as galerias a partir de
uma cisterna do antigo Colégio
dos Jesuítas, percorrendo-a até a antiga praia de Santa Luzia (atual
rua de Santa Luzia). A rede seria integrada por outros três túneis, que
partiriam de um salão de pedra, popularmente referido como "Sala dos
Concílios", um em direção à ladeira da Misericórdia (cujo troço
inicial subsiste até hoje), outro em direção à Rua da Quitanda e o último em
direção à atual Av. Rio Branco. Estas duas últimas seriam ligadas por outro
túnel, totalizando assim cinco vias. O repórter de 1911 não
conseguiu, entretanto, apurar nenhum vestígio do precioso ouro. O governo deixou exposta para
visitação pública uma pequena amostra do que seria supostamente a rede de
galerias subterrâneas. Pesquisadores, atualmente, acreditam que os túneis
realmente existiram, embora sem conexão com o suposto tesouro. Documentos do século XIX resgatam informações
curiosas como a denúncia de um morador contra um vizinho que escavava nos
fundos da casa, na esperança de encontrar algumas das moedas de ouro dos
Jesuítas, ou o pedido manuscrito do bacharel mineiro Nominato de Assis, que, em 1863,
tentou junto ao Marquês de Olinda, então presidente do Conselho de
Ministros do Império, um emprego ou uma concessão para fazer escavações no
morro. Posteriormente, em 1875, o pernambucano
Trajano de Martins conseguiria licença para realizar as escavações: um dos
financiadores do empreendimento foi o Barão de Drummond. As modernas
hipóteses para a finalidade dessas galerias são: a) seriam utilizadas para o
deslocamento dos religiosos, de um ponto a outro da antiga cidade, em caso de
perigo; b) serviriam como rede de abastecimento de água potável para
o Colégio dos Jesuítas, o Seminário São José e a Fortaleza de
São Sebastião do Castelo; e c) serviriam como depósitos de víveres.
3 – Descrição:
Essa elevação fazia parte de um conjunto de vários morros cristalinos (São Bento, Providência, Senado, Conceição e Santo Antônio) que estavam encravados na planície encharcada e isolados dos maciços litorâneos. Composto por rochas gnáissicas bastante desgastadas pelo intemperismo químico, o Castelo ocupava uma área de 184.000m2. Sua altitude era de 63m, e seus limites eram as atuais Avenida Rio Branco (antiga Avenida Central), ruas Santa Luzia, Misericórdia e São José. Apresentava a forma de um rim, voltando sua convexidade para a entrada da baía. Possuía dois cumes, um mais baixo, ao sul, onde se situava a Igreja de São Sebastião, e outro mais elevado, ao norte, onde ficava a Fortaleza de São Sebastião.
Essa elevação fazia parte de um conjunto de vários morros cristalinos (São Bento, Providência, Senado, Conceição e Santo Antônio) que estavam encravados na planície encharcada e isolados dos maciços litorâneos. Composto por rochas gnáissicas bastante desgastadas pelo intemperismo químico, o Castelo ocupava uma área de 184.000m2. Sua altitude era de 63m, e seus limites eram as atuais Avenida Rio Branco (antiga Avenida Central), ruas Santa Luzia, Misericórdia e São José. Apresentava a forma de um rim, voltando sua convexidade para a entrada da baía. Possuía dois cumes, um mais baixo, ao sul, onde se situava a Igreja de São Sebastião, e outro mais elevado, ao norte, onde ficava a Fortaleza de São Sebastião.
O acesso ao
morro do Castelo inicialmente era feito pela Ladeira da Misericórdia,
primeira via pública da cidade e ligava o Morro à praia do lado da Ponta do Calabouço. Posteriormente, com a expansão urbana e a
consequente descida para a várzea, o Morro do Castelo passou a ter três
acessos, surgindo
as Ladeira do Castelo ou do cotovelo e a Ladeira
da Ajuda ou Poço do Porteiro ou Ladeira do Seminário. A Ladeira do Castelo, alcançava a planície pela Rua
São José. A ladeira da Ajuda, ligava a parte oeste do Morro nas proximidades da
atual rua México. Essa última foi destruída na primeira intervenção ocorrida em
1906 para a construção da Avenida Central. No alto do morro havia (1) a Rua do
Castelo, que seria um prolongamento da Ladeira da Misericórdia, e ia até a
Fortaleza de São Sebastião; (2) a Travessa do Castelo, que ligava a Rua do
Castelo à Praça do Castelo; (3) Praça do Castelo; (4) a Travessa São Sebastião
que ligava a Rua e Largo do Castelo à Igreja de São Sebastião; (5) a praça de
São Sebastião e o (6) Largo da Sé Velha.
As principais
estruturas encontradas no morro eram: (1) Fortaleza de São Sebastião onde
posteriormente se instalou um telégrafo semafórico (noroeste), (2) Igreja de
Santo Inácio, Colégio dos Jesuítas e Igreja nova dos Jesuítas (não completada),
onde se instalaram o Hospital Militar, a Academia de Medicina e o Observatório
Nacional (noroeste) e (3) Igreja de São Sebastião, primeira Sé do RJ (sul)
4 - Visitação:
Impossível, pois o Morro do
Castelo foi demolido em 1921-1922. Ver postagens: (1) Fortaleza de São Sebastião; (2) Complexo
Jesuítico do Morro do Castelo (Igreja de Santo Inácio, Colégio dos Jesuítas e
Igreja nova dos Jesuítas); (3) Igreja de São Sebastião.
5 – Bibliografia:
SILVA, Fernão da. Instrumento dos Serviços de Men de Sá. 1570 (Anais da Biblioteca
Nacional, vol XXVII, pg. 129-218, 1905)
MACEDO, Joaquim Manoel de. Um passeio pela
cidade do Rio de Janeiro. vol 2. Rio de Janeiro: Typographia de Candido
Augusto de Mello, 1863.
MACEDO, Joaquim Manuel de. Ephemerida historica do Brasil. Rio de Janeiro, Typographia do
Globo, 1877.
AZEVEDO, Moreira de. Rio de Janeiro. Sua história,
monumentos, homens notáveis, usos e curiosidades. Vol. 1. Rio de Janeiro:
B. L. Garnier, 1877.
FAZENDA, José Vieira. Antiqualha e memorias do Rio de
Janeiro. RIHGB, vol. 140, 1921.
COARACY, Vivaldo. Memória da Cidade do Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1955.
COARACY, Vivaldo. O Rio de Janeiro do Século
XVII. Rio de Janeiro: José Olympio Editora,
1965
CRULS, Gastão. Aparência do Rio de Janeiro. 3ª
ed. Rio de Janeiro: ed. José Olympio Editora, 1965
DE LAGRANGE, Louis Chancel. A
tomada do Rio de Janeiro em 1711 por Duguay-Trouin. Rio de Janeiro:
Departamento de Imprensa Nacional, 1967
FERREZ, Gilberto. Organização da Defesa:
Fortificações. RIHGB, vol. 288, 1970.
GERSON, Brasil. História
das Ruas do Rio. 5ª ed. Rio de
Janeiro: Editora Lacerda, 2000.
NONATO,
José Antônio; SANTOS, Núbia Melhem. Era uma vez O Morro do Castelo. Rio
de Janeiro: IPHAN, 2000.
I
- Ladeira da Misericórdia
A Ladeira do Descanso
ou Misericórdia situava-se no lado norte do Morro do Castelo e iniciava-se na
praça em frente à Igreja dos Jesuítas e terminava na então Rua da Misericórdia,
atual largo da Misericórdia. Foi a primeira via pública da cidade e ligava o
Morro à praia do lado da Ponta do Calabouço. Foi aberta certamente em 1567 quando da transferência para o morro do Castelo, da
cidade fundada por Estácio de Sá. Foi a primeira via calçada na cidade, em
1617. Em 1878, quando foram cadastrados e renumerados todos os imóveis da
cidade, a Ladeira da Misericórdia tinha onze prédios. Após a demolição do Morro
do Castelo (1922), restou, ao lado da Igreja de Nossa Senhora de
Bonsucesso. Apesar de terminar abruptamente, ainda apresenta o seu calçamento
original. Ao seu lado os Jesuítas construíram um tosco plano inclinado (o
chamado Guindaste) pelo qual levavam os materiais de construção pesados.
Bibliografia
COARACY, Vivaldo. Memória da Cidade
do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1955.
CRULS, Gastão. Aparência do Rio de Janeiro. 3ª ed. Rio
de Janeiro: José Olympio Editora, 1965.
GERSON, Brasil. História
das Ruas do Rio. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Lacerda, 2000.
NONATO, José Antônio; SANTOS, Núbia Melhem. Era uma vez O Morro do Castelo. Rio de Janeiro: IPHAN, 2000.
II - Ladeira do Seminário, Ladeira da Ajuda, da Mãe do Bispo ou Poço do
Porteiro
A ladeira do
Seminário era um antigo logradouro da
cidade do Rio de Janeiro, desaparecida
com o arrasamento do Morro do Castelo em 1922. Principiava
na antiga rua da Ajuda, onde fica a
Biblioteca Nacional, e terminava na Travessa São Sebastião, próximo a matriz. Ficava no lado
sul do morro e era a mais longa das 3 ladeiras. Primitivamente denominada de
Ladeira do Poço do Porteiro e Ladeira da Ajuda, mais tarde, com a fundação do Seminário São José, passou a ser denominada Ladeira do
Seminário. Em 1878, quando da nova
renumeração dos imóveis e terrenos da cidade, possuía 63 prédios. A Ladeira foi
feita para atender à necessidade de buscar água e ficava na face oposta do
Morro em relação à Ladeira da Misericórdia, na encosta sul em direção ao Rio
Carioca, que era o único manancial de água potável então conhecido. Ficou
conhecida como Ladeira do Poço do
Porteiro, porque o porteiro da Câmara, Mestre Vasco, cavou um poço em
seu terreno. Desta Ladeira esgueirava uma trilha que passava entre duas lagoas,
a Lagoa de Santo Antônio,
no Largo que depois veio a chamar-se da Carioca, que se estendia até quase onde fica hoje o Teatro Municipal e a Lagoa do Boqueirão da Ajuda, ocupando
o atual Passeio Público até os Arcos (este caminho deu origem à Rua dos Barbonos, atual
Rua Evaristo da Veiga). A ladeira foi destruída na primeira intervenção
ocorrida em 1906 para a construção da Avenida Central.
Bibliografia
COARACY, Vivaldo. Memória da Cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1955.
CRULS, Gastão. Aparência do Rio de Janeiro. 3ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1965.
GERSON, Brasil. História das Ruas do Rio. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Lacerda, 2000.
NONATO, José Antônio; SANTOS, Núbia Melhem. Era uma vez O Morro do Castelo. Rio de Janeiro: IPHAN, 2000.
III - Ladeira do Castelo, do Carmo, do Cotovelo ou do Colégio
A Ladeira
do Castelo ficava na parte oeste do Moro do castelo e alcançava a planície pela
Rua São José. Terminava, no alto, na praça em frente ao Colégio, diante da
Ladeira da Misericórdia.
Bibliografia
COARACY, Vivaldo. Memória da Cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1955.
CRULS, Gastão. Aparência do Rio de Janeiro. 3ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1965.
GERSON, Brasil. História das Ruas do Rio. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Lacerda, 2000.
Castle Hill: Brazil, State of Rio de Janeiro, City of Rio de Janeiro, dontown
It was a low mountain in downtown Rio, where the city was refounded in 1567. After some years the population descended to the foodplain and the mountain was semi-abandoned. Its main structures were (1) Fortress of Saint Sebastian, which later recieved a semaphoric telegraph; (2) Church of Saint Inácio, the College of Jesuits and the New Church of the Jesuits (não finished), which received the Militar Hospital, the Medicine Academy and the National Observatory; and (3) Church of Saint Sebastian, Rio's first cathedral. It was demolished in 1921-1922 and nothing exist anymore from the mountain and its buildings.
Detalhe do mapa Centro do Rio de Janeiro, João Massé, 1713. A. Fortaleza de São Sebastião; B. Reduto de São Januário; C. Igreja de Santo Inácio e Colégio dos Jesuítas; D. Igreja da Misericórdia (Nossa Senhora do Bonsucesso) E. Forte de São Tiago (atualmente parte do Museu Histórico Nacional).
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Detalhe do mapa do Rio de Janeiro, 1750. Misericórdia: Santa casa de Misericórdia no Rio de Janeiro; Colégio dos Jesuítas: Igreja de santo Inácio e Colégio dos Jesuítas. Forte São Tiago: área do atual Museu histórico Nacional. Observe que a Rua Santa Luzia era ao lado da praia, antes do aterro da região.
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Detalhe do mapa do Rio de Janeiro, 1767. Castelo: Forte São Sebastião; Colégio dos Jesuítas: Igreja de Santo Inácio e Colégio dos Jesuítas. Sé Velha: Igreja de São Sebastião. Palácio: Paço Imperial (Praça XV); Carmo: Igreja de Nossa Senhora do Carmo; Misericórdia: Santa Casa de Misericórdia (Rua Santa Luzia); São José: Igreja de São José; Rua do Parto: Rua São José; Rua da Cadeia: Rua da Assembléia; Rua do Cano: Rua 7 de Setembro.
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Detalhe do Mapa Centro do Rio de Janeiro, Francisco João Roscio, 1769. C. de São Sebastião: Fortaleza de São Sebastião; Sé Velha: Igreja de São Sebastião; Calabouço: Forte de São Tiago (atualmente parte do Museu Histórico Nacional). Logo ao sudeste da Fortaleza, Igreja e Colégio dos Jesuítas; Conv. Ajuda: Convento da Ajuda (atual Cinelândia); Santa Luzia: Igreja de Santa Luzia; Observe a muralha da cidade.
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Detalhe do mapa de José Correia Rangel de Bulhões, 1796. 1. Igreja de santo Inácio e Colégio dos Jesuítas; 2. Fortaleza de São Sebastião; 3. Igreja de São Sebastião. 4. Reduto de São Januário; 5. Forte de São Tiago Observe as ladeiras de acesso ao morro: Ladeira do Seminário (sul), Ladeira da Misericórdia (nordeste) e Ladeira do Colégio (noroeste)
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Detalhe do mapa do Rio de Janeiro, François Froger, 1695. Observe à esquerda o Morro do Castelo e à direito em baixo a Praça XV. D. Igreja de Santo Inácio e Colégio dos Jesuítas; F. Igreja de São Sebastião
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Material de altíssima qualidade. Muito bem organizado. Texto e imagens perfeitamente apresentados. Me auxiliou muito em trabalho de pesquisa que estou fazendo sobre a Rua Sta. Luzia, antes e depois do M. Castelo.
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