sábado, 2 de maio de 2015

BRASIL: RJ: RIO DE JANEIRO: 
Hotel Pharoux - Pharoux Hotel

1 – Localização:
         Município do Rio de Janeiro. Ap 1.0. Centro. Avenida Alfredo Agache (22.903609, -43.172576). O Hotel Pharoux ficava na Avenida Alfredo Agache, em frente do Museu da justiça.
2 – Histórico:
        Louis Dominique Pharoux, um francês de Marselha, lutou ao lado de Napoleão e depois decidiu exilar-se no Brasil, por razões políticas, e reconstruir sua vida. Após conhecer melhor o Rio de Janeiro decidiu construir um novo hotel, oferecendo serviços em nível compatível com os padrões europeus. Na verdade, o Rio de Janeiro era muito mal servido quanto a hotéis. Fora algumas exceções, as hospedagens eram pouco mais que pousadas pulguentas. Em 1816 ele fundou o hotel, inicialmente, na Rua da Quitanda, não passando de uma Hospedaria e casa de Pasto, mas em 1838, o hotel transfere-se para a Rua Fresca (depois Rua Clapp, atualmente englobada pela Avenida Alfredo Agache), esquina do Largo do Paço (Praça XV), com os fundos dando diretamente para o mar na praia de Don Manuel, e ressurge refinado, confortável, trazendo para a corte um glamour europeu.
"Mudança de Casa". “Luiz Pharoux tem a honra de participar ao respeitável público desta corte, que ele acaba de transferir a sua hospedaria da Rua da Quitanda para a Rua Fresca número 3, em frente ao mar." (O Jornal do Comércio, 12 de Fevereiro de 1838)
Não está clara a data de construção do edifício, certamente antes de 1838. Nos fundos havia um cais de desembarque, que acabou sendo conhecido como Cais Pharoux. Além de boas acomodações, o público foi imediatamente conquistado pela excelente cozinha e pelos vinhos franceses de qualidade. O Hotel Pharoux foi o primeiro hotel do Brasil "moderno", o primeiro hotel com um padrão de qualidade razoável, e o primeiro comparável ao de hotéis europeus. O hotel ficou famoso pela excelência da cozinha, pela exuberância cordial do proprietário e pela qualidade dos vinhos e bebidos; nesta época no Brasil quase só se consumia os vinhos portugueses, mas no hotel se introduziram os vinhos franceses. O hotel Pharoux tinha um requinte nada usual para os padrões da época. Ele tinha salas para jantares que comportavam mais de oitenta pessoas, com cardápio sofisticado ao gosto de Paris; o rico mobiliário e seus banhos eram um atrativo a mais. Destacavam-se os móveis franceses, os espelhos florentinos e a alvura das suas toalhas brancas.
O hotel foi usado por Dom Pedro I para encontros amorosos com Régine de Saturville, mulher do judeu Lucien de Saterville, joalheiro da Rua do Ouvidor. Acusado de contrabando, Lucien voltou para a França e deixou Régine no Rio, deixando o caminho livre para o Imperador mulherengo. Em 1839, chegava em viagem de instrução a corveta francesa L'Orientale, que funcionava como uma escola flutuante, trazendo vários professores, e, dentre eles, um padre chamado Combes. Quando estava hospedado no Pharoux, Combes fez demonstrações da recém-descoberta daguerreotipia, e tirou aquela que talvez tenha sido a primeira fotografia no Brasil, retratando o Largo do Paço e adjacências. Alguns anos depois, em 1843, se instalou no mesmo local o primeiro atelier fotográfico, iniciativa de dois ingleses, Morand e Smith. O hotel Pharoux começou a ser desativado em 1858, e depois que o proprietário Louis Dominique Pharoux voltou para a França em 1864, o prédio foi ocupado pela Casa de Saúde N. Sra. da Glória. Luiz Pharoux morre na França, em 1867, sem nunca haver conseguido plantar as arvores defronte ao hotel, indeferidas pela municipalidade. Depois virou Casa de Saúde Dr. Catta Pretta & Werneck, um dos primeiros hospitais particulares do Rio, e até sua demolição foi propriedade dos descendentes deste médico. O Hotel Pharoux tinha paredes cinzentas, mas foi modernizado, e o velho restaurante, juntamente com a cavalariça, que ocupavam o andar térreo, cederam seu lugar a vendedores de ostras e a uma casa de flores de penas, funcionando nos andares de cima o hospital particular. Após um período de abandono lá se fixou, no pavimento superior, o Hotel Real que nem de longe lembrava o luxuoso Pharoux; no andar térreo estavam situados um grande armazém de comestíveis e várias lojas de diferentes espécies. Em 1958, anunciou-se o desaparecimento do prédio, para a construção do Elevado da Perimetral e em 1959 o hotel foi efetivamente demolido.
3 – Descrição:
            O hotel tinha uma orientação geral noroeste-sudeste, com maior eixo transverso, e frente para sudeste e fundos em direção ao mar (nordeste). O hotel tinha o formato retangular e possuía 4 andares, sendo este último andar menor que os outros. No seu lado mais extenso havia 11 portas no primeiro andar; no segundo andar havia 11 portas que dava para varandas com balaustrada metálica; no terceiro andar havia 11 portas que davam para uma varanda contínua; o quarto andar só tinha 3 portas com varanda e 4 janelas. O telhado era 4 águas, com telhas. Havia clarabóias e uma pequena cúpula no teto. O lado mais estreito tinha a fachada dividida em duas seções de 3 andares com uma clarabóia no teto de cada seção. Na seção mais a externa havia no primeiro andar 3 portas em arco e no segundo e terceiro andar havia 4 portas retangulares que davam para uma varanda contínua. Na seção mais interna havia no primeiro andar 4 portas em arco e no segundo e terceiro andar havia 5 portas retangulares que davam para uma varanda contínua.
4 – Visitação:
            Impossível, foi demolido em 1959 para a construção do Viaduto da Perimetral.
5 – Bibliografia:
http://fragmentosarqueologicos.blogspot.com.br/p/historia-do-rio-de-janeiro.html
CRULS, Gastão. Aparência do Rio de Janeiro. 3ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1965.
GERSON, Brasil. História das Ruas do Rio, Rio de Janeiro: Editora Lacerda, 5ª. ed., 2000.

Pharoux Hotel: Brazil, State of Rio de Janeiro, Municipality of Rio de Janeiro, dowtown
       It was the first good hotel of Rio de Janeiro, funded in 1816, and transfered to its main location in 1838. In 1864 it was transformed in a hospital and 1959 the building was demolished.
Vista de satélite, antes da demolição do Viaduto da Perimetral. 1. Palácio da Justiça; 2. EMERJ 3. Museu Naval; 4. Igreja de São José; 5. Palácio Tiradentes (Local da antiga Casa de Câmara e Cadeia); 6. Paço Imperial; 7. Convento do Carmo; 8. Antiga Catedral Imperial; 9. Arco dos Teles; 10. Local da antiga Secretaria do Ministério da Viação e Obras; 11. Local do antigo Hotel Pharoux; 12. Estação das barcas;13. Local do antigo Mercado Municipal
Parte do mapa do Centro do Rio, P.S. Souto, 1817. Vê-se à esquerda o Morro de Santo Antônio, no centro o Morro do Castelo, à direita a Ponta do Calabouço com o Arsenal de Guerra e o Forte São Thiago. Delá saía em diagonal a extinta Rua da Misericórdia, indo até a Praça XV. Junto ao mar, vê-se, destacando-se o Hotel Pharoux.
Parte do mapa do Centro do Rio, A.M.Mc Kinney, Roberto Leeder, 1858. Vê-se no centro o Morro de Santo Antônio, à direita o Morro do Castelo, e na extrema direita a Ponta do Calabouço com o Arsenal de Guerra e o Forte São Thiago. Delá saía em diagonal a extinta Rua da Misericórdia, indo até a Praça XV (Largo do Paço). Formando o lado sudeste da praça, vê-se o Hotel Pharoux marcado com um "X"


Parte do mapa do centro do rio, João Rocha Fragoso, 1874 (mesma numeração do primeiro mapa): 2 e 3. Lugar dos futuros Museu Naval e EMERJ; 4. Igreja de São José; 5. Casa de Câmara e Cadeia (local do futuro Palácio Tiradentes); 6. Paço Imperial; 7. Convento do Carmo; 8. Antiga Catedral Imperial (ao norte a igreja da Ordem terceira); 9. Arco dos Teles; 10. Secretaria do Ministério da Viação e Obras; 11. Hotel Pharoux; 12. Local da futura Estação das barcas; Local do antigo Mercado Municipal
Parte do mapa do Centro do Rio, 1848-1906. Vê-se no centro o Morro do Castelo, e na direita a Ponta do Calabouço com o Arsenal de Guerra e o Forte São Thiago. Delá saía em diagonal a extinta Rua da Misericórdia, indo até a Praça XV. Formando o lado sudeste da praça, vê-se o Hotel Pharoux.
Parte do mapa do Centro do Rio, 1906. Vê-se no centro o Morro de Santo Antônio, à direita o Morro do Castelo, e na extrema direita a Ponta do Calabouço com o Arsenal de Guerra e o Forte São Thiago. Delá saía em diagonal a extinta Rua da Misericórdia, indo até a Praça XV (Largo do Paço). no litoral na parte sul há uma área quadrada escura, o Mercado Municipal e logo ao norte o Hotel Pharoux.
Parte de uma pintura de Adolphe Hastrel, 1841, mostrando o Hotel Pharoux
(lado NE) junto ao mar. À direita, no fundo, a antiga Catedral Imperial e a
Igreja da Ordem Terceira; à frente, o Chafariz do Mestre Valentim.
Parte de uma pintura de Abraham-Louis Buvelot, 1842, mostrando o Hotel
Pharoux (lado NE) 
junto ao mar. À direita, o Paço Imperial a antiga Catedral
Imperial e a Igreja da Ordem Terceira; à frente, o Chafariz do Mestre Valentim.
Parte de uma pintura de Daniel Parish Kidder, 1836-1842, mostrando o Hotel
Pharoux (lado NE) 
junto ao mar. À direita, o Paço Imperial a antiga Catedral Imperial
e a Igreja da
 Ordem Terceira; à frente, o Chafariz do Mestre Valentim.
Pintura de Friedrich Pustkow, 1850, mostrando à esquerda o Hotel Pharoux (lado NW) junto ao mar e à sua direita, ao fundo, a Igreja de São José. No centro o Chafariz do Mestre Valentim e na extrema direita o Paço Imperial. Ao fundo o Morro do Castelo com a Igreja de Santo Inácio.
Pintura de Friedrich Pustkow, 1850, mostrando ao fundo o Morro do Castelo com a Igreja de Santo Inácio. Em frente, à direita o Hotel Pharoux (lados NW e NE) junto ao mar e na extrema direita a Catedral Imperial. 
Hotel Pharoux (lados NW e NE), pintura de Sebastien Auguste Sisson, 1850-62
Vista do centro do alto do Morro do Castelo, Joseph Alfred Martinet, 1852. À direita a baía e a Ilha das Cobras. Junto ao mar, o hotel Pharoux, perto da Praça XV. Seguindo o litoral vê-se as duas torres da Igreja do convento de São Bento. No centro, vê-se a torre da Igreja de São José e depois a da catedral Imperial.
Vista Tomada do morro do Castelo para a Rua Direita (1º de Março), Louis Aubrun, 1854. À direita a baía e a Ilha das Cobras. Junto ao mar, o hotel Pharoux, perto da Praça XV. Seguindo o litoral vê-se as duas torres da Igreja do convento de São Bento. No centro, vê-se a a Praça XV com o Chafariz do Mestre Valentim. À esquerda, a torre da Igreja de São José e depois as da catedral Imperial.
Hotel Pharoux (lados NW e SW), Revert Henrique Klumb, c. 1870
Hotel Pharoux (lados NE), Revert Henrique Klumb, c. 1870. Observe que aqui
está o nome do Hotel Waltz
Lado sul da Praça XV, 1890, à esquerda a Estação das Barcas; no centro o
Hotel Pharoux (lado NW) e à direita, a antiga Secretaria do Ministério da
agricultura; à sua frente o coreto.
Lado sul da Praça XV, 1900, à esquerda o Hotel Pharoux (lado NW) e à direita,
a antiga Secretaria do Ministério da agricultura; à sua frente o coreto.
Região da Misericórdia, 1900. À sudoeste uma das torres e parte do Mercado 
Municipal. No centro, no mesmo alinhamento, vários edifícios, sendo o mais
esquerdo o Hotel Pharoux. Atrás há oa EMERJ, o Museu Naval e o Ministério 
da Viação (em forma de H). Atrás dele a Casa de Câmara e Cadeia e a sua
direita parte do Paço Imperial.

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