domingo, 24 de agosto de 2014


BRASIL: RJ: RIO DE JANEIRO: 
Fortaleza de São Sebastião do Morro do Castelo - 
 Fortress of Saint Sebastian at Castle Hill


Fortaleza de São Sebastião do Castelo, depois Forte de São Januário 
1 – Localização: 
Município do Rio de Janeiro. Ap 1.1. Centro. Morro do Castelo. Localizava-se no noroeste do dito morro, cerca do ponto de cruzamento da avenida Nilo Peçanha e Avenida Graça Aranha (-22.906409, -43.175297)
2 – Histórico: 
Sua primitiva estrutura remonta à transferência da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, do sopé do morro Cara de Cão para o alto do morro do Descanso (1567), quando o governador Mem de Sá (1567-68) iniciou a construção de uma muralha para a defesa do núcleo urbano, e de um Reduto sob a invocação de São Januário (Reduto de São Januário, 1572), dominando o ancoradouro dos Padres da Companhia de Jesus, (atual praça XV de Novembro), no centro histórico do Rio de Janeiro. Situava-se no lado norte do Morro do castelo a mais de 40 metros de altura, em um ponto correspondente ao cruzamento das atuais avenidas Nilo Peçanha e Graça Aranha. Tinha à sua direita a entrada da barra e à esquerda o interior da baía de Guanabara. Era uma construção modesta, de grande fragilidade em caso de ataque direto. Essas primitivas estruturas, trincheiras e muralhas em taipa de pilão, pedra e cal, estacada e entulho, serão reforçadas ao tempo do governo de Cristóvão de Barros (1573-1575), só sendo concluídas ao tempo do primeiro governo de Martim Correa de Sá (1602-08), que mandou erguer uma grande praça de armas com frente em semicírculos e tendo no fundo uma alta torre para depósito de pólvora.
“O monte de S. Sebastião he o mais elevado dos tres cabeços altos , que se divisam no principio da Cidade , o qual se coroou com a Fortaleza dedicada ao Santo Padroeiro : domina sobre o mar da enseiada , sobre a Cidade , e por toda sua circumferençia : o fogo despedido dos canhoens por qualquer dos sitios ali eminentes, sam temerosíssimos.” (Araújo, vol. 1, pg. 133)
"Derrubada a mata espessa que o vestia, aí construiu Mem de Sá os edifícios do Forte de São Sebastião, origem do nome que tomou o monte, [...]. Cercou a cidade de muros e fosso, localizando-lhe as portas no local onde mais tarde foi o Beco da Música". (Coaracy, 1955)
[...] fundou Martim Correa de Sá ( primeiro desse nome ) uma Fortaleza na eminência do altíssimo monte , que chamam do Castello. Se á sua custa , como referiu Moreri no seu Diccionario , não consta hoje : despresada porém essa obra antigua (cujas paredes subsistem ainda no fundo da Casa que foi da Pólvora , onde em nossos dias próximos , se collocou o Telegrafo , ou Postigrafo ) se construiu outra Praça mais ampla , e regular , dentro da qual e no meio de um espaçoso pateo , todo lageado , foi edificada por Ordem positiva uma sistema famosíssima , e mui alta , que a C. R. de 25 de Setembro de 1711 approvou , e a sua despeza , mandando ao mesmo tempo ir a planta da obra.” (Araújo, vol. 7, pg. 124-125)
“O reducto ou forte de S. Januario teve principio, naturalmente, nas fortificações fundadas por Mem de Sá, e das quais nos falla, vagamente, Gabriel Soares de Sousa.”(Fazenda, pg. 95)
[...] o governador Martim de Sá fez construir uma fortaleza na eminencia do monte, com grande circumferencia, diz Rocha Pita, e feita em um semicírculo pela parte da cidade, e pela outra fechada com a torre da polvora. Esta obra de defesa foi cerca de cem annos depois despresada, e ahi se collocou em tempos muito mais proximos o telegrapho, tendo sido antes de 1711 construída outra praça mais ampla e mais regular, dentro da qual, e no meio do um espaçoso palco, se abrio uma profunda e famosa cisterna.” (Macedo, vol.2, pg. 214-215)
Esse conjunto defensivo encontra-se identificado no mapa de Jacques de Vau de Claye ("Le vrai pourtrait de Geneure et der cap de Frie par Jqz de vau de Claye", 1579), tendo como estruturas principais "le fort de hault" (o forte do alto), artilhado com duas peças, defendendo a enseada da Glória, uma bateria com uma peça, cobrindo o lado oposto (atual praça XV de Novembro), e "le fort de la [ilegível]", depois Forte de São Tiago da Misericórdia, artilhado com duas peças. Esta primitiva muralha da cidade, com um perímetro de 1.408 metros, e o Forte de São Tiago, encontram-se cartografados por João Teixeira Albernaz, o velho ("Capitania do Rio de Janeiro", 1631). Martim de Sá, em maio de 1624, com a invasão holandesa à Bahia, temendo também um ataque ao Rio de Janeiro, começou a fortificar a cidade com trincheiras
“Com despeza da sua fazenda construiu mais regularmente ou de novo os Fortes de Santa Cruz [no local onde posteriormente foi ereta a Igreja de Santa Cruz dos Militares], e de S. Tiago; e o de S. Sebastião deveu-lhe o seu primeiro fundamento.” (Araújo, vol. 2, pg. 214)
“O seu Successor Martim Corrêa de Sá, herdando todas as virtudes heroicas de seus progenitores, creadores deste vasto Imperio, levantou as Fortalezas de Santa Cruz, S. Tiago, e S. Sebastião, feitas unicamente de barro e madeira, para constituir defensavel e segura a sua Capital.” (Lisboa, vol. 1, pg. 348)
Em 1662 o Governador Pedro de Melo (1662-1666) faz-lhe consertos. Durante o século XVII, o forte não conheceu grandes melhorias, o que foi incentivado pela relativa tranqüilidade que a cidade desfrutava, sem ataques e maiores problemas.
Em 1707 havia sido o forte escolhido para servir de depósito da pólvora da cidade (a pólvora vinha de Portugal e só em tempos posteriores foi ela fabricado no Brasil); nessa fortaleza permaneceu a guarda da pólvora até que o conde da Cunha (1763-1767) a removeu para ailha de Santa Barbara.
“Poucos annos antes era a polvora depositada em varios pontos da cidade. principalmente no trapiche de Francisco da Motta, hoje da Ordem: mas em 1705 o govunador chamou a attençãoda metropole para o perigo a evitar, visto como o bairro daPrainha já apresentava grande número de habitações.Pela determinação de 7 de Novembro de 1707, havia sidoo forte de São Januario escolbido para o competente deposito.Nesse ponto permaneceu a guarda desse material de guerra atéque o conde da Cunha o removeu pam a ilha de Sancta Barbara.A polvora. vinha do Reino. Só em tempos posteriores foi ella fabricado no Brasil.” (Fazenda, pg. 96)
Tudo mudou depois das invasões francesas de 1710 e 1711, onde a precariedade e desorganização da defesa acabou deixando a cidade em maus lençóis, capitulando e tendo de pagar resgate para recobrar sua liberdade. Quando da invasão docorsáriofrancêsJean-François Duclerc (agosto de 1710), o Forte de São Sebastião recebeu-o no antigo largo da Ajuda (Praça Marechal Floriano, Cinelândia) com uma carga de tiros de artilharia de pequeno calibre, mas com pouco efeito.
Acossado o Exercito [de Duclerc] com choques repetidos, mais se apressava por entrar a Cidade, na esperança de conseguir ahi o remate da sua feliz campanha pelo bom effeito das armas, cujos echos atroavam o âmbito da povoação, sem que as descargas inutilmente disparadas da Fortaleza de S. Sebastião, quando se aproximava à Igreja de N. Senhora da Ajuda [Cinelândia], lhe embaraçasse a marcha pela rua do Parto [Rua Miguel Couto] à Praça do Carmo [Praça XV], onde fizeram alto.” (Araújo, vol. 1, pg. 31)
Finalmentefoi o primeiro encontro taõ valerosamentedisputado, que soffrendo hum grande fogode huma, e outra parte, se augmentoueste com os tiros de artilharia de bala miúda doForte de S. Sebastião, que estava ao cargode José Correa de Castro...”. (Araújo, vol. 1, pg. 41)
Reconstruída a partir de1710por determinação do governador da capitania, Francisco de Castro Morais (1710-1711), a sua artilharia foi reforçada com peças oriundas da Fortaleza de São João. Desse modo, ao tempo da invasão do corsário francês René Duguay-Trouin (Setembro de 1711), encontrava-se artilhada com apenas cinco peças deferroebronzede diferentes calibres, sob o comando do capitão José Correa de Castro, ao passo que o Reduto de São Januário contava com onze peças e o Forte de São Tiago com outras cinco. Nas narrativas de Chancel de Lagrange sobre a tomada do Rio de Janeiro, em 1711, o forte foi denominado pelos franceses de Forte Vermelho e, diferente do que citou Barretto, ele mencionava a presença de 10 peças de artilharia:
o de São Sebastião ou o Castelo, que cognominamos o Forte Vermelho ou dos Jesuítas, fica no alto de uma colina que denomina a cidade, a várzea, o ancoradouro e a barra. É quadrado em sua configuração, possuindo um fosso e dez peças de poderosos canhões de ferro fundido, de sorte que passa por ser um dos elementos de maior eficácia na defesa local.” (De Lagrange, pg. 57)
A fortaleza trocou tiros com os franceses mas sem grandes danos para nenhum dos lados.
“[...] e en trese do dito [setembro de 1711] puseraõ todos os navios en hum cordão da Ponta das Baleas até San Chriatovaõ, e logo fizeraõ huma bateria na mesma fortaleza da ilha (que nos a fizemos para nosso mal) e fizeraõ outras, huma junto da Ponta de San Bento, e outra para o meio da ilha com seus morteiros para as bombas, e en quatorze comesaraõ atirar para a fortaleza de San Sebastião com balas, e bombas da qual se retirou a pólvora para o Collegio, e Sé por amor das bombas [...](Araújo, vol. 1, pg. 54)
“Na Ilha das Cobras trabalhava o inimigo de noite , e de dia , fazendo ataques , e assentando artilharia , e morteiros para bombas. Em Saõ Bento , onde era Cabo o Bocaje , se pozeraõ algumas peças de contrabataria ; e da mesma sorte na Fortaleza da Sé de S. Sebastião , que governava José Correa , Governador que foi de S. Thomé. Foraõ passando os dias , que vaõ até sexta feira, sem mais operação , que peças vão , e peças vem , e de mistura algumas bombas ; porém sem morte de gente.”(Araújo, vol. 1, pg. 62)
“[...] achando os inimigos a ilha [das Cobras], e seo Forte sem guarnição, na manhan do dia seguinte treze de Setembro [Duguay-Trouin] a occupou, montando-lhe logo trinta e duas peças de artilharia, que havia tirado da náo Barroquinha, que o mesmo inimigo havia livrado do incêndio, e quatro morteiros, com que começou a bater, naõ só a Fortaleza de S. Sebastião, que serve de Castello à Cidade, e onde está o Armazém da pólvora [...](Araújo, vol. 1, pg. 78)
“Amanheceo o dia desanove do mesmo mez [setembro], locando o inimigo a arvorada com toda a artilharia, tanto das baterias que tinha em terra, como de huma Náo de linha, que avisinhou ao Mosteiro de S. Bento, desparando quantidade de balas, e bombas; naõ só contra a Fortaleza de S. Sebastião, mas avulsas, e sem ponto fixo para toda a Cidade sem cessar, até as tres horas do dia seguinte vinte de Setembro, sem fazerem mais algum damno [...]”.(Araújo, vol. 1, pg. 83)
O Morro do Castelo é bombardeado pelos franceses.
No domingo 20 de setembro, desde a alvorada, recomeçaram nossos canhões, com o Le Mars amarrado a atirar contra a cidade e suas fortificações, sèriamente danificando o Mosteiro de S. Bento e sua bateria...Destruiu o bombardeio grande número de casas na cidade, atingindo, também, o Castelo; o que compeliu, então, ao restante da população a, açodadamente, abandoná-la [...](De Lagrange, pg. 69)
No entanto, por ordens do mesmo governador, a fortaleza não ofereceu grande resistência ao invasor, sendo evacuada, juntamente com a cidade.
[...] mandou o dito Governador [Francisco de Castro Morais ] pelo Ajudante Manoel de Macedo Pereira hum recado a José Correa de Castro, Governador que foi de S. Thomé, e nesta occasiaõ tinha a seo Cargo a Fortaleza de S. Sebastião, que largasse a dita Fortaleza [...]”. (Araújo, vol. 1, pg. 86)
O Morro do Castelo é tomado pelo corsário francês René Duguay-Trouin em 1711, que o transforma em seu alojamento
“Escalamos, em seguida o morro, até o Colégio da Companhia, um dos mais grandiosos edifícios existentes nesta parte das Índias, composto de duas soberbas igrejas. Aí estabelecemos um alojamento.” (De Lagrange, pg. 71)
Em 1713, o antigo baluarte cederia lugar a uma construção muito maior e mais sólida, que recebeu o nome de Forte de São Januário. Dentre as melhorias introduzidas, construiu-se na praça de armas uma torre para depósito da pólvora. Por sua semelhança com estruturas medievais, acabou recebendo a alcunha popular de castelo, o que acabou finalmente mudando o nome do morro de São Januário para aquele de Castelo. Em 1718, contava com 24 canhões, sendo 4 de bronze. Em 1735, servia de paiol de pólvora da cidade. Sob os governos do Vice-rei Marques do Lavradio (1769-1778) e Conde de Resende (1790-1801), a fortificação foi melhorada e ampliada e o primeiro expulsou de perto da fortaleza que sem título de posse construíam moradias perto da fortaleza.
[...] marquez de Lavradio (vulgo o Gravata). que em comêço tambem de govêrno fez o mesmo, no morro do Castello, onde perto das fortificações arruinadas haviam da noite para o dia. espertalhões sem titulo de dominio levantado moradias. Era tal o estado de abandono da antiga e primitivasede da cidade, que desertores, negros fugidos e quilombolas alli se acoutavam, graças aos densos e curados capoeirões.” (Fazenda, pg. 95)
[...] a indifferença dos antecessores de Lavradio fez, do antigo morro do Descanço, morro de S . Sebastião, alto da cidade, monte da Sé Velha, um Jogar temeroso e desprezado, e foi esse vicerei, além de muitos serviços prestados ao Rio de Janeiro, quem levantou os derrocados muros do forte de S. Januario, no morro do Castello, que tambem por isso tomou o nome desse sancto, principalmente na parte comprehendida entre os fundos da igreja de S. Sebastião (hoje Cova da Onça), ladeira do Poço do Porteiro [Ladeira do Seminário] e toda a aba que cai para a Ajuda e Sancta Luzia.” (Fazenda, pg. 95)
“Reformadas pelo Marquez de Lavradio, estão ambas desmantelladas, servindo a primeira [São Sebastião] para os signaes telegráficos da barra a para cidade, e a outra [São Januário] de habitação particular.” (Souza, pg. 110)
Esta fortificação apresentava planta na forma de um polígono retangular com dois baluartes pequenos nos vértices protegendo o portão de acesso no meio, um pequeno revelim externo defronte desse portão e outro, de maiores proporções cobrindo a vertente da antiga praia do Cotovelo (ao final da rua da Misericórdia). O calabouço, prisão de escravos, foi para aí transferida do Forte São Tiago para o Forte São Sebastião, ao lado esquerdo do portão. Em 1775 foi instalado Telégrafo Semafórico que existiu até a demolição do morro. O vice-rei Don Luís de Vasconcellos (1778-1790) transferiu para o forte a oficina de fogos artificiais de guerra; removido, posteriormente, o laboratório para Campinho, foram concedidos para habitação de militares os predios ali existentes.
“Luiz de Vasconcellos [...] Foi este ultimo vice-rei quem passou da praia de Sancta Luzia a officina de fogos artificiaes de guerra para o antigo reducto, oficina que por algum tempo ahi permaneceu até ser transferida para o Campinho.” (Fazenda, pg. 97)
“Removido o laboratorio, foram concedidos para habitação de familias de militares os predios ahi existentes. Nos relatorios dos ministros da Guerra figuram, ainda hoje, essas casas como proprios nacionaes a cargo desse ministerio.” (Fazenda, pg. 98)
“Mais tarde, foi o calabouço [prisão onde eram castigados os escravos] transferido para o Morro do Castello dentro da fortaleza de S. Sebastião, ao lado esquerdo do portão, em cuja parte superior está a data 1713.” (Fazenda, pg. 99)
A fortaleza foi desarmada provavelmente ao tempo do Período Regencial em 1831. Durante a Questão Christie (1862-1865) foram feitos novas reformas na fortificação. Foram instalados duas baterias no Morro. As baterias eram formadas pela bateria do Hospital (armada com um canhão Bange) e a bateria do Pau de Bandeira (armada com um canhão Whitworth de 70 e outro de 32 libras). Este conjunto ficou conhecido como Forte do Castelo, na época sob o comando do Capitão Borges Fortes. Durante a Revolta da Armada contra Floriano Peixoto (1893-1894), evacuaram-se os moradores do Morro do castelo, construíram-se barricadas com sacos de areia e instalou-se no alto um grande canhão. Após a revolta da Armada as baterias perderam suas funções e seus canhões foram esquecidos até serem transferidos para Bahia, em 1917, no contexto da guerra dos Canudos; o canhão Withworth de 32 libras ficou conhecido como a célebre “matadeira”. A partir de 1895 abrigou uma Estação Semafórica, destinada à comunicação, por bandeirolas, da Fortaleza de Santa Cruz da Barra, do movimento de embarcações na barra da baía de Guanabara.
[...] dessas fortalezas restão pois unicamente vestígios, e no leito da primeira que se construira no Castello, vê-se hoje um jardim modesto que em letras de verde relva se annuncia dedicado ao bello sexo pelo director do telegrapho alli levantado...Com effeito, o telegrapho do Castello com seu jardinzinho e seu pateo, suas ruas e sua fonte, e sobretudo com a sua feliz situação avassallando a cidado do Rio do Janeiro e a magnifica bahia de Nictheroy, é um dos mais frequentados e estimados passeios da capital, e principalmente aos domingos e dias feriados não ha tarde em que uma multidão festiva, ruidosa de contentamento, o attrahida pelo mais formoso panorama, não vá aproveitar-se das innocentes c suavíssimas delicias que lhe facilita o sempre obsequiador coronel Gabizo, alli no throno dos seus estados telegraphicos.(Macedo, vol.2, pg. 215)

No interior do velho forte construíram-se casas e as paredes foram tomadas pela vegetação. Desapareceu em 1922 com o desmonte do morro do Castelo.
3 – Descrição: 
          A fortaleza tinha uma orientação geral quase leste-oeste, com portão principal no lado oeste e maior eixo neste sentido. Ela tinha a forma de um polígono retangular com dois baluartes pequenos nos vértices nordeste e sudeste, com uma guarita encima de cada uma das pontas; os baluartes protegiam o portão de acesso no meio meio da muralha leste, havendo um pequeno revelim externo defronte desse portão. A porta de entrada tinha a forma de um arco, tendo no alto um frontão, com volutas barrocas e era ladeado em ambos os lados por cunhais. O lado oeste possuía uma guarita nos cantos noroeste e sudoeste, com um revelim externo de maiores proporções que o anterior.
4 – Visitação: 
           Impossível, foi demolido com o arrasamento do Morro do castelo em 1921-1922.
5 – Bibliografia:
DE LAGRANGE, Louis Chancel. A tomada do Rio de Janeiro em 1711 por Duguay-Trouin. Rio de Janeiro: Departamento de Imprensa Nacional, 1967
ARAÚJO, José de Souza Azevedo Pizarro e. Memórias Históricas do Rio de Janeiro e das Províncias anexas à Jurisdição do Vice-Rei do Estado do Brasil, vol. 1, 2 e 7. Rio de Janeiro: Impressão Régia, 1820.
LISBOA, Bathasar da Silva. Annaes do Rio de Janeiro. Vol. 1. Rio de Janeiro: Seignot-Plancher e cia, 1834.
MACEDO, Joaquim Manoel de. Um passeio pela cidade do Rio de Janeiro, vol 2. Rio de Janeiro: Typografia de Candido Augusto de Mello, 1863.
AZEVEDO, Moreira de. Rio de Janeiro. Sua história, monumentos, homens notáveis, usos e curiosidades. Vol. 1. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1877.
SOUZA, Augusto Fausto de. Fortificações no Brazil. RIHGB, vol 48, 1885.
FAZENDA, José Vieira. Antiqualha e memorias do Rio. RIHGB, vol. 140, 1921.
COARACY, Vivaldo. Memória da Cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1955.
CRULS, Gastão. Aparência do Rio de Janeiro. 3ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1965.
COARACY, Vivaldo. O Rio de Janeiro do Século XVII. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1965.
FERREZ, Gilberto. Organização da Defesa: Fortificações. RIHGB, vol. 288, 1970.
GERSON, Brasil. História das Ruas do Rio. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Lacerda, 2000.
RIOS, Adolfo Morales de los. Evolução Urbana e Arquitetônica do Rio de Janeiro, nos séculos XVI e XVII (1576-1699). RIHGB, vol. 288, 1970.
NONATO, José Antônio; SANTOS, Núbia Melhem. Era uma vez O Morro do Castelo. Rio de Janeiro: IPHAN, 2000.
FRAGOSO, Augusto Tasso. Os Franceses no Rio de Janeiro3ª ed. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora,  2004.
http://www.jblog.com.br/rioantigo.php?itemid=18233

Reduto da Sé ou de São Januário depois Bateria de São Januário (1572, 1713)
O governador Mem de Sá (1567-68) iniciou a construção de uma muralha para a defesa do núcleo urbano, e de um Reduto (Bateria da Sé, 1572), na parte sul do Morro do Castelo, por sobre a praia de Santa Luzia. Essa primitiva estrutura era formada de trincheiras e muralhas em taipa de pilão, pedra, óleo de baleia e cal, estacada e entulho. Ele era artilhado com uma peça, como ilustrado no mapa de Jacques de Vau de Claye ("Le vrai pourtrait de Geneure et der cap de Frie par Jqz de vau de Claye", 1579), que registra a cidade do Rio de Janeiro e suas defesas. Após a invasão do corsário francês Jean-François Duclerc (Agosto de 1710), por ordem do governador da capitania do Rio de Janeiro, Francisco de Castro Morais (1710-1711), em 1711, o reduto de São Januário foi reconstruído pelo capitão Francisco Dias da Luz, em taipa de pilão e paliçada, e a sua artilharia reforçada com onze peças, ao tempo da invasão do corsário francês René Duguay-Trouin (Setembro de 1711). Uma fonte francesa coeva, entretanto, indica que se encontrava artilhado com dez peças.
“Em defensa das entradas desde o interior da Gavia até a Cidade , em meio de cujo caminho fica o desembarque franco na Enseiada de Botafogo , acha-se era meio do monte ( pela parte do Convento da Ajuda por onde se vai á Igreja de S. Sebastião , e fora assento primeiro da Cathedral , que porisso se intitula Sé Velha ) outro Reducto dedicado á S. Januário, onde se estabeleceu o Laboratório dos Fogos artificiaes. Ignora-se o autor, e o anno d'essa obra, que se presume erecta depois da primeira entrada dos Franceses, passando pela estrada visinha , que hoje se diz Rua dos Barbonios : entretanto conhecem todos a importancia da sua conservação pela vantagem do sitio , que cobre o desembarque nas praias de Santa Luzia á de N. Senhora da Gloria. O Vice Rei Marquez fortificou-o de novo, fazendo-o mais defensável.” (Araújo, 1820, 126-127)
O Morro do Castelo é tomado pelo corsário francês René Duguay-Trouin em 1711, que o transforma em seu alojamento.
“Escalamos, em seguida o morro, até o Colégio da Companhia, um dos mais grandiosos edifícios existentes nesta parte das Índias, composto de duas soberbas igrejas [...] Ordenou ele [Duguay-Trouin], em seguida, que fôsse uma companhia tomar posse da fortaleza de Santa Luzia e de uma bateria rasa [provavelmente este Reduto da Sé], perto da Catedral.” (De Lagrange, pg. 69, 71)
Em 1713 a bateria foi reconstruída.
“Pouco mais ou menos nesta mesma época [1713], isto é, logo depois do ataque da cidade do Rio do Janeiro pelos franceses commandados por Duclerc, levantou-se um reducto que cobria o desembarque nas praias de Santa Luzia [Rua Santa Luzia], e de Nossa Senhora da Gloria [Praia da Glória], e como fosse dedicado a S. Januario, deu-se a essa parte do monte que fica da igreja de S. Sebastião, ou Sé-Velha, para o lado do convento da Ajuda [Cinelândia] o nome de S. Januario ; mas houve por isso mesmo não pouca gento que chamasse indistintamente todo o morro ora do Castello, ora d e S. Januario.” (Macedo, vol. 2, pg. 215)
“Depois das invasões francezas foi elevada uma outra, mais para o sul, afim de bater a pria de Santa-Luzia, e deu-se-lhe o nome de São-Januário.” (Souza, pg. 110)
No governo do Marques do Lavradio (1769-1778) foi ampliada.
“Reformadas pelo Marquez de Lavradio, estão ambas desmantelladas, servindo a primeira [São Sebastião] para os signaes telegráficos da barra a para cidade, e a outra [São Januário] de habitação particular.” (Souza, pg. 110)
Sob o governo do Vice-rei Conde de Resende (1790-1801), foi novamente reparada e reforçada. Em 1885, esta estrutura, desmantelada, servia de residência particular. Em 1922, desapareceu com a demolição do Morro do Castelo.
Bibliografia
ARAÚJO, José de Souza Azevedo Pizarro e. Memórias Históricas do Rio de Janeiro e das Províncias anexas à Jurisdição do Vice-Rei do Estado do Brasil, vol. 7. Rio de Janeiro: Impressão Régia, 1820.
MACEDO, Joaquim Manoel. Um passeio pela cidade do Rio de Janeiro, vol 2. Rio de Janeiro: Typographia de Candido Augusto de Mello, 1863.
SOUZA, Augusto Fausto de. Fortificações no Brazil. RIHGB, vol 48, 1885.
COARACY, Vivaldo. O Rio de Janeiro do Século XVII. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1965
CRULS, Gastão. Aparência do Rio de Janeiro. 3ª ed. Rio de Janeiro: ed. José Olympio Editora, 1965.
DE LAGRANGE, Louis Chancel. A tomada do Rio de Janeiro em 1711 por Duguay-Trouin. Rio de Janeiro: Departamento de Imprensa Nacional, 1967
GERSON, Brasil. História das Ruas do Rio5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Lacerda, 2000.
NONATO, José Antônio; SANTOS, Núbia Melhem. Era uma vez O Morro do Castelo. Rio de Janeiro: IPHAN, 2000.

Fortress of Saint Sebastian (Saint January) of Castel Hill: Brazil, Rio de Janeiro State, Municipality of Rio de Janeiro, downtown
        It was a fortress erected over the Castel Hill to defend the city. After the conquest of Rio de Janeiro by the french pirate Duguay-Troian in 1711, it was reformated and expanded, In 1831 it was abandoned and was demolished in 1822 with the rasing of Castel Hill. 
Maquete mostrando o Morro do Castelo e, a noroeste, a Ponta do Calabouço. Escala 1/770. No extremo noroeste o Forte de São Thiago. No centro o Colégio dos Jesuítas e a Igreja de Santo Inácio. À sudeste o Forte de São Thiago e lá trás a Igreja de São Sebastião, tendo à sua esquerda a bateria de São Januário
    
Vista do satélite google. Em amarelo a área aproximada do Morro do Castelo. 1. Antiga localização da Fortaleza de São Sebastião; 2. Antiga localização da Igreja de Santo Inácio e Colégio dos Jesuítas; 3. Antiga localização da Igreja de São Sebastião. 4. Santa Casa da Misericórdia; 5.  Igreja da Misericórdia (Nossa Senhora do Bonsucesso); 6. Forte de São Tiago (atualmente parte do Museu Histórico Nacional); 7. Igreja de Santa Luzia; 8. Antiga localização do Seminário São José; 9. Antiga localização dç Convento da Ajuda; 10. Antiga localização das Portas da Cidade
Detalhe do mapa Centro do Rio de Janeiro, João Massé, 1713. A. Fortaleza de São Sebastião; B. Reduto de São Januário; C. Igreja de santo inácio e Colégio dos Jesuítas; D. Igreja da Misericórdia (Nossa Senhora do Bonsucesso)
E. Forte de São Tiago (atualmente parte do Museu Histórico Nacional).
Detalhe do mapa do Rio de Janeiro, 1750. Misericórdia: Santa casa de Misericórdia no Rio de Janeiro; Colégio dos
Jesuítas: Igreja de santo Inácio e Colégio dos Jesuítas. Forte São Tiago: área do atual Museu histórico Nacional.
Observe que a Rua Santa Luzia era ao lado da praia, antes do aterro da região.
Detalhe do mapa do Rio de Janeiro, 1767. Castelo: Forte São Sebastião; Colégio dos Jesuítas: Igreja de Santo Inácio
 e Colégio dos Jesuítas. Sé Velha: Igreja de São Sebastião. Palácio: Paço Imperial (Praça XV); Carmo: Igreja de Nossa
Senhora do Carmo; Misericórdia: Santa Casa de Misericórdia (Rua Santa Luzia); São José: Igreja de São José;
Rua do Parto: Rua São José; Rua da Cadeia: Rua da Assembléia; Rua do Cano: Rua 7 de Setembro.

Detalhe do Mapa Centro do Rio de Janeiro, Francisco João Roscio, 1769. C. de São Sebastião: Fortaleza de São Sebastião; Sé Velha: Igreja de São Sebastião; Calhabouço: Forte de São Tiago (atualmente parte do Museu Histórico Nacional). Logo ao sudeste da Fortaleza, Igreja e Colégio dos Jesuítas; Conv. Ajuda: Convento da Ajuda (atual Cinelândia); Santa Luzia: Igreja de Santa Luzia; Observe a muralha da cidade.
Detalhe do mapa Centro do Rio de Janeiro, Luis dos Santos Vilhena, 1775. 3. Convento da Ajuda (atual Cinelândia);
4. Seminário de São José (local do museu de Belas Artes); 5. Igreja de Nossa Senhora da Lapa;  6. Igreja de São Sebastião; 7. Igreja de Santo Inácio e Colégio dos Jesuítas; 8. Fortaleza de São Sebastião.
Detalhe do mapa de José Correia Rangel de Bulhões, 1796. 1. Igreja de santo Inácio e Colégio dos Jesuítas; 2. Fortaleza de São Sebastião; 3. Igreja de São Sebastião. 4. Reduto de São Januário; 5. 5. Forte de São Tiago Observe as ladeiras de acesso ao morro: Ladeira do Seminário (sul), Ladeira da Misericórdia (nordeste) e Ladeira do Colégio (noroeste)
Detalhe do mapa centro do RJ, 1808-1812. Observe as cotas de altitude com 2 cumes, um junto à Fortaleza de São Sebastião e outro junto à  Igreja de São Sebastião. Observe duas das ladeiras de acesso ao morro: Ladeira do Seminário (sul) e Ladeira da Misericórdia (nordeste). 4.  Fortaleza de São Sebastião; 5. Forte de São Tiago (Ponta sudeste do mapa); 9. Igreja de santo Inácio e Colégio dos Jesuítas; Igreja de São Sebastião no cume sudoeste do mapa.
Detalhe do mapa Centro do Rio de Janeiro, Luis dos Santos Vilhena, 1775. 1. Forte de São Tiago (atualmente parte do Museu Histórico Nacional), na extrema esquerda do mapa; 2. Santa Casa de Misericórdia (Rua Santa Luzia); 3. Igreja de Nossa senhora do Bonsucesso (da Misericórdia); 6. Igreja de Santo Inácio e Colégio dos Jesuítas (Observe saindo à sua direita a ladeira do Colégio); 7. Fortaleza de São Sebastião; 8. Convento de Santa Teresa; 9. Igreja de São José; 11. Palácio dos Governadores (Paço Imperial); 12. Convento do armo (extrema direita da foto); 13. Praça XV de Novembro.
Mapa da Fortaleza de São Sebastião, Padre Diego Soares, 1730. Observe os baluartes nos dois extremos da muralha do lado esquerdo (lado leste) da foto e o portão principal entre eles. Em cada um dos baluartes há uma  guarita, além  de outros 3 nos cantos do lado direito da foto (lado oeste). Observe, também, umas casas construídas dentro da fortaleza.
Vista desde a Igreja da Glória, detalhe de pintura de Jean Baptiste Debret, antes de 1861. Vê-se no centro o Morro do Castelo com a Fortaleza de São Sebastião e à esquerda a Igreja de Santo Inácio e o Colégio dos Jesuítas ,
Vista do Covento de São Bento, detalhe de pintura de Jean Baptiste Debret, antes de 1861. Vê-se o Morro do Castelo com a Fortaleza de São Sebastião à esquerda e a Igreja de São Sebastião no centro. Logo abaixo a Igreja de Santa Luzia e na extrema direita a Ponta do Calabouço,
Morro do Castelo visto do Morro de Santo Antônio. Detalhe de pintura de Desmons Iluchar, 1855. Vê-se ao fundo o Morro do Castelo: à direita e a Igreja de São Sebastião e à esquerda a Fortaleza de São Sebastião.
Morro do Castelo, detalhe de pintura de Jan F. Schütz, século XIX. Vê-se o Morro do Castelo com a Fortaleza de São Sebastião à direita e a Igreja de Santo Inácio e o Colégio dos Jesuítas à esquerda

Morro do Castelo. Restos da muralha, cerca de 1920

Fortaleza de São Sebastião, 1920. Observe o baluarte sudeste com a ruína da
guarita e o portão no centro da muralha.
Fortaleza de São Sebastião, 1920. Parte da muralha e casas.
 Fortaleza de São Sebastião, pintura de Gustavo Dall'Ara,
 fins sec XIX-início sec XX
Fortaleza de São Sebastião, Augusto Malta, 1914. Observe o baluarte sudeste
com a ruína da guarita e o portão no centro da muralha.

Fortaleza de São Sebastião, 1921. Observe o baluarte sudeste e o portão
no centro da muralha tendo no alto um frontão decorado com volutas.
Sobre o baluarte vê-se arbustos crescendo e mais adiante um casarão.
Fortaleza de São Sebastião, Julio Ferrez, 1920. Observe o portão no centro da
muralha, com  com porta em arco e tendo no alto um frontão decorado
Fortaleza de São Sebastião, antes de 1922. Observe o portão no centro da
muralha, com  com porta em arco e tendo no alto um frontão decorado
Fortaleza de São Sebastião. Caixa d'água, Augusto Malta, 1922
Casas no interior do abandonado Forte de São Sebastião. Augusto Malta, 1922
Telégrafo semafórico pintado pelo médico anônimo da Fragata francesa
Vênus, 1837.
Telégrafo do Morro do Castelo, pintura de Pieter Godfred Bertichen, cerca de 1856. Vê-se o  telégrafo semafórico e na extrema direita, na borda do morro as torres sineiras da Igreja de São Sebastião.
Telégrafo semafórico, Eliseu Visconti, 1903


Interior da Fortaleza de São Sebastião, antes de 1922,
vendo-se o Mastro do telégrafo semafórico
Morro do Castelo Augusto Malta, 1920. Telégrafo
semafórico

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