BRASIL: RJ: RIO DE JANEIRO:
Fortaleza de São Sebastião do Morro do Castelo -
Fortress of Saint Sebastian at Castle Hill
Fortaleza de São Sebastião do Castelo, depois Forte de São Januário
1 – Localização:
Município do Rio de Janeiro. Ap
1.1. Centro. Morro do Castelo.
Localizava-se no noroeste do dito morro, cerca do ponto de cruzamento da avenida Nilo Peçanha e Avenida Graça Aranha
(-22.906409, -43.175297)
2 – Histórico:
Sua primitiva
estrutura remonta à transferência da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro,
do sopé do morro Cara de Cão para o alto do morro do Descanso (1567), quando o
governador Mem de Sá (1567-68) iniciou a construção de uma muralha para a
defesa do núcleo urbano, e de um Reduto sob a invocação de São Januário (Reduto
de São Januário, 1572), dominando o ancoradouro dos Padres da Companhia de
Jesus, (atual praça XV de Novembro), no centro histórico do Rio de Janeiro.
Situava-se no lado norte do Morro do castelo a mais de 40 metros de altura, em
um ponto correspondente ao cruzamento das atuais avenidas Nilo Peçanha e Graça
Aranha. Tinha à sua direita a entrada da barra e à esquerda o interior da baía
de Guanabara. Era uma construção modesta, de grande fragilidade em caso de
ataque direto. Essas primitivas estruturas, trincheiras e muralhas em taipa de
pilão, pedra e cal, estacada e entulho, serão reforçadas ao tempo do governo de
Cristóvão de Barros (1573-1575), só sendo concluídas ao tempo do primeiro
governo de Martim Correa de Sá (1602-08), que mandou erguer uma grande praça de armas com
frente em semicírculos e tendo no fundo uma alta torre para depósito de
pólvora.
“O monte de S. Sebastião he o mais elevado dos tres
cabeços altos , que se divisam no principio da Cidade , o qual se coroou com a
Fortaleza dedicada ao Santo Padroeiro : domina sobre o mar da enseiada , sobre
a Cidade , e por toda sua circumferençia : o fogo despedido dos canhoens por
qualquer dos sitios ali eminentes, sam temerosíssimos.” (Araújo, vol. 1, pg. 133)
"Derrubada a mata espessa que o vestia, aí
construiu Mem de Sá os edifícios do Forte de São Sebastião, origem do nome que
tomou o monte, [...].
Cercou a cidade de muros e fosso, localizando-lhe as portas no local onde mais
tarde foi o Beco da Música". (Coaracy, 1955)
“[...]
fundou Martim Correa de Sá ( primeiro desse nome ) uma Fortaleza na eminência
do altíssimo monte , que chamam do Castello. Se á sua custa , como referiu
Moreri no seu Diccionario , não consta hoje : despresada porém essa obra
antigua (cujas paredes subsistem ainda no fundo da Casa que foi da Pólvora ,
onde em nossos dias próximos , se collocou o Telegrafo , ou Postigrafo ) se
construiu outra Praça mais ampla , e regular , dentro da qual e no meio de um
espaçoso pateo , todo lageado , foi edificada por Ordem positiva uma sistema
famosíssima , e mui alta , que a C. R. de 25 de Setembro de 1711 approvou , e a
sua despeza , mandando ao mesmo tempo ir a planta da obra.” (Araújo, vol. 7, pg. 124-125)
“O reducto ou forte de S.
Januario teve principio, naturalmente, nas fortificações fundadas por Mem de
Sá, e das quais nos falla, vagamente, Gabriel Soares de Sousa.”(Fazenda, pg. 95)
“[...]
o governador Martim de Sá fez construir uma fortaleza na eminencia do monte,
com grande circumferencia, diz Rocha Pita, e feita em um semicírculo pela parte
da cidade, e pela outra fechada com a torre da polvora. Esta obra de defesa foi
cerca de cem annos depois despresada, e ahi se collocou em tempos muito mais
proximos o telegrapho, tendo sido antes de 1711 construída outra praça mais
ampla e mais regular, dentro da qual, e no meio do um espaçoso palco, se abrio
uma profunda e famosa cisterna.” (Macedo, vol.2, pg. 214-215)
Esse conjunto defensivo encontra-se identificado no mapa de Jacques de
Vau de Claye ("Le vrai pourtrait de Geneure et der cap de Frie par
Jqz de vau de Claye", 1579), tendo como estruturas principais
"le fort de hault" (o forte do alto), artilhado com duas
peças, defendendo a enseada da Glória, uma bateria com uma peça, cobrindo o
lado oposto (atual praça XV de Novembro), e "le fort de la [ilegível]",
depois Forte de São Tiago da Misericórdia, artilhado com duas peças. Esta
primitiva muralha da cidade, com um perímetro de 1.408 metros, e o
Forte de São Tiago, encontram-se cartografados por João Teixeira Albernaz,
o velho ("Capitania do Rio de Janeiro", 1631). Martim de Sá, em maio
de 1624, com a invasão holandesa à Bahia, temendo também um ataque ao Rio de
Janeiro, começou a fortificar a cidade com trincheiras
“Com
despeza da sua fazenda construiu mais regularmente ou de novo os Fortes de
Santa Cruz [no local onde posteriormente foi ereta a
Igreja de Santa Cruz dos Militares], e de S. Tiago; e o de S. Sebastião
deveu-lhe o seu primeiro fundamento.” (Araújo,
vol. 2, pg. 214)
“O seu
Successor Martim Corrêa de Sá, herdando todas as virtudes heroicas de seus
progenitores, creadores deste vasto Imperio, levantou as Fortalezas de Santa
Cruz, S. Tiago, e S. Sebastião, feitas unicamente de barro e madeira, para
constituir defensavel e segura a sua Capital.” (Lisboa,
vol. 1, pg. 348)
Em 1662 o Governador
Pedro de Melo (1662-1666) faz-lhe
consertos. Durante o século XVII, o forte não conheceu grandes melhorias, o que
foi incentivado pela relativa tranqüilidade que a cidade desfrutava, sem
ataques e maiores problemas.
Em 1707 havia sido o forte escolhido para servir de depósito da pólvora da
cidade (a pólvora vinha de Portugal e só em tempos posteriores foi ela
fabricado no Brasil); nessa fortaleza permaneceu a guarda da pólvora até que o
conde da Cunha (1763-1767) a removeu para ailha de Santa Barbara.
“Poucos annos antes era a polvora
depositada em varios pontos da cidade. principalmente no trapiche de Francisco
da Motta, hoje da Ordem: mas em 1705 o govunador chamou a attençãoda metropole
para o perigo a evitar, visto como o bairro daPrainha já apresentava grande
número de habitações.Pela determinação de 7 de Novembro de 1707, havia sidoo
forte de São Januario escolbido para o competente deposito.Nesse ponto
permaneceu a guarda desse material de guerra atéque o conde da Cunha o removeu
pam a ilha de Sancta Barbara.A polvora. vinha do Reino. Só em tempos
posteriores foi ella fabricado no Brasil.” (Fazenda, pg. 96)
Tudo mudou depois das invasões francesas de 1710 e 1711, onde a
precariedade e desorganização da defesa acabou deixando a cidade em maus
lençóis, capitulando e tendo de pagar resgate para recobrar sua liberdade.
Quando da invasão docorsáriofrancêsJean-François Duclerc (agosto de 1710), o Forte de São Sebastião recebeu-o no antigo largo da Ajuda (Praça Marechal
Floriano, Cinelândia) com uma carga de tiros de artilharia de pequeno calibre,
mas com pouco efeito.
“Acossado o Exercito [de Duclerc] com
choques repetidos, mais se apressava por entrar a Cidade, na esperança de
conseguir ahi o remate da sua feliz campanha pelo bom effeito das armas, cujos
echos atroavam o âmbito da povoação, sem que as descargas inutilmente
disparadas da Fortaleza de S. Sebastião, quando se aproximava à Igreja de N.
Senhora da Ajuda [Cinelândia], lhe embaraçasse a marcha pela rua do
Parto [Rua Miguel Couto] à Praça do Carmo [Praça XV], onde
fizeram alto.” (Araújo, vol. 1, pg. 31)
“Finalmentefoi
o primeiro encontro taõ valerosamentedisputado, que
soffrendo
hum grande fogode huma, e outra parte, se
augmentoueste com os tiros de artilharia de bala miúda doForte de S. Sebastião,
que estava ao cargode José Correa de Castro...”. (Araújo, vol. 1, pg. 41)
Reconstruída a partir de1710por determinação do governador da capitania, Francisco de Castro Morais (1710-1711), a sua artilharia foi reforçada com peças oriundas da Fortaleza de São João. Desse modo, ao
tempo da invasão do corsário francês René Duguay-Trouin (Setembro de 1711), encontrava-se artilhada com apenas cinco peças
deferroebronzede diferentes calibres, sob o comando do capitão José Correa de
Castro, ao passo que o Reduto de São Januário contava com onze peças e o Forte
de São Tiago com outras cinco. Nas narrativas de Chancel de Lagrange sobre a
tomada do Rio de Janeiro, em 1711, o forte foi denominado pelos franceses de
Forte Vermelho e, diferente do que citou Barretto, ele mencionava a presença de
10 peças de artilharia:
“o de São Sebastião ou o Castelo, que
cognominamos o Forte Vermelho ou dos Jesuítas, fica no alto de uma colina que
denomina a cidade, a várzea, o ancoradouro e a barra. É quadrado em sua
configuração, possuindo um fosso e dez peças de poderosos canhões de ferro
fundido, de sorte que passa por ser um dos elementos de maior eficácia na
defesa local.” (De Lagrange, pg. 57)
A fortaleza trocou tiros com os
franceses mas sem grandes danos para nenhum dos lados.
“[...]
e en trese do dito
[setembro de 1711] puseraõ todos os navios en hum cordão da Ponta das Baleas
até San Chriatovaõ, e logo fizeraõ huma bateria na mesma fortaleza da ilha (que
nos a fizemos para nosso mal) e fizeraõ outras, huma junto da Ponta de San
Bento, e outra para o meio da ilha com seus morteiros para as bombas, e en
quatorze comesaraõ atirar para a fortaleza de San Sebastião com balas, e bombas
da qual se retirou a pólvora para o Collegio, e Sé por amor das bombas [...]”(Araújo, vol. 1, pg. 54)
“Na
Ilha das Cobras trabalhava o inimigo de noite , e de dia , fazendo ataques , e
assentando artilharia , e morteiros para bombas. Em Saõ Bento , onde era Cabo o
Bocaje , se pozeraõ algumas peças de contrabataria ; e da mesma sorte na
Fortaleza da Sé de S. Sebastião , que governava José Correa , Governador que
foi de S. Thomé. Foraõ passando os dias , que vaõ até sexta feira, sem mais
operação , que peças vão , e peças vem , e de mistura algumas bombas ; porém
sem morte de gente.”(Araújo, vol. 1, pg. 62)
“[...]
achando os inimigos a ilha [das Cobras], e seo Forte sem
guarnição, na manhan do dia seguinte treze de Setembro [Duguay-Trouin] a
occupou, montando-lhe logo trinta e duas peças de artilharia, que havia tirado
da náo Barroquinha, que o mesmo inimigo havia livrado do incêndio, e quatro
morteiros, com que começou a bater, naõ só a Fortaleza de S. Sebastião, que
serve de Castello à Cidade, e onde está o Armazém da pólvora [...]”(Araújo, vol. 1,
pg. 78)
“Amanheceo o dia desanove do
mesmo mez [setembro], locando o inimigo a arvorada com toda a artilharia, tanto
das baterias que tinha em terra, como de huma Náo de linha, que avisinhou ao
Mosteiro de S. Bento, desparando quantidade de balas, e bombas; naõ só contra a
Fortaleza de S. Sebastião, mas avulsas, e sem ponto fixo para toda a Cidade sem
cessar, até as tres horas do dia seguinte vinte de Setembro, sem fazerem mais
algum damno [...]”.(Araújo,
vol. 1, pg. 83)
O Morro do Castelo é bombardeado pelos
franceses.
“No domingo 20 de setembro, desde a
alvorada, recomeçaram nossos canhões, com o Le Mars amarrado a atirar contra a
cidade e suas fortificações, sèriamente danificando o Mosteiro de S. Bento e
sua bateria...Destruiu o bombardeio grande número de casas na cidade,
atingindo, também, o Castelo; o que compeliu, então, ao restante da população
a, açodadamente, abandoná-la [...]” (De Lagrange, pg. 69)
No entanto, por ordens do mesmo governador, a fortaleza não ofereceu grande
resistência ao invasor, sendo evacuada, juntamente com a cidade.
“[...]
mandou o dito Governador [Francisco de Castro Morais ] pelo Ajudante Manoel de Macedo Pereira hum recado a José Correa de Castro, Governador
que foi de S. Thomé, e nesta occasiaõ tinha a seo Cargo a Fortaleza de S.
Sebastião, que largasse a dita Fortaleza [...]”.
(Araújo,
vol. 1, pg. 86)
O Morro do Castelo é tomado pelo corsário
francês René Duguay-Trouin em 1711, que o transforma em seu alojamento
“Escalamos, em seguida o morro, até o Colégio
da Companhia, um dos mais grandiosos edifícios existentes nesta parte das
Índias, composto de duas soberbas igrejas. Aí estabelecemos um alojamento.” (De Lagrange, pg. 71)
Em 1713, o antigo baluarte cederia lugar a uma construção muito maior e
mais sólida, que recebeu o nome de Forte de São Januário. Dentre as melhorias
introduzidas, construiu-se na praça de armas uma torre para depósito da
pólvora. Por sua semelhança com estruturas medievais, acabou recebendo a
alcunha popular de castelo, o que acabou finalmente mudando o nome do morro de
São Januário para aquele de Castelo. Em 1718, contava com 24 canhões, sendo 4
de bronze. Em 1735, servia de paiol de pólvora da cidade. Sob os governos do
Vice-rei Marques do Lavradio (1769-1778) e Conde de Resende (1790-1801), a fortificação foi melhorada e ampliada e o
primeiro expulsou de perto da fortaleza que sem título de posse construíam
moradias perto da fortaleza.
“[...]
marquez de Lavradio (vulgo o Gravata). que em comêço tambem de govêrno fez o
mesmo, no morro do Castello, onde perto das fortificações arruinadas haviam da
noite para o dia. espertalhões sem titulo de dominio levantado moradias. Era
tal o estado de abandono da antiga e primitivasede da cidade, que desertores,
negros fugidos e quilombolas alli se acoutavam, graças aos densos e curados
capoeirões.” (Fazenda, pg. 95)
“[...]
a indifferença dos antecessores de Lavradio fez, do antigo morro do
Descanço, morro de S . Sebastião, alto da cidade, monte da Sé Velha, um Jogar
temeroso e desprezado, e foi esse vicerei, além de muitos serviços prestados ao
Rio de Janeiro, quem levantou os derrocados muros do forte de S. Januario, no
morro do Castello, que tambem por isso tomou o nome desse sancto,
principalmente na parte comprehendida entre os fundos da igreja de S. Sebastião
(hoje Cova da Onça), ladeira do Poço do Porteiro [Ladeira do Seminário] e toda
a aba que cai para a Ajuda e Sancta Luzia.” (Fazenda, pg. 95)
“Reformadas pelo Marquez de Lavradio, estão ambas desmantelladas,
servindo a primeira [São Sebastião] para os signaes telegráficos da barra a para cidade,
e a outra [São Januário] de habitação particular.” (Souza, pg. 110)
Esta fortificação apresentava planta na forma de um polígono
retangular com dois baluartes pequenos nos vértices protegendo o portão de
acesso no meio, um pequeno revelim externo defronte desse portão e
outro, de maiores proporções cobrindo a vertente da antiga praia do Cotovelo
(ao final da rua da Misericórdia). O calabouço, prisão de escravos, foi para aí
transferida do Forte São Tiago para o Forte São Sebastião, ao lado esquerdo do
portão. Em 1775 foi instalado Telégrafo Semafórico que existiu até a demolição
do morro. O vice-rei Don Luís de Vasconcellos (1778-1790) transferiu para o forte
a oficina de fogos artificiais de guerra; removido, posteriormente, o
laboratório para Campinho, foram concedidos para habitação de militares os
predios ali existentes.
“Luiz de Vasconcellos [...]
Foi este ultimo vice-rei quem passou da praia de Sancta Luzia a officina de
fogos artificiaes de guerra para o antigo reducto, oficina que por algum tempo
ahi permaneceu até ser transferida para o Campinho.” (Fazenda, pg. 97)
“Removido o laboratorio, foram
concedidos para habitação de familias de militares os predios ahi existentes.
Nos relatorios dos ministros da Guerra figuram, ainda hoje, essas casas como
proprios nacionaes a cargo desse ministerio.” (Fazenda, pg. 98)
“Mais tarde, foi o calabouço [prisão onde eram
castigados os escravos] transferido para o Morro do Castello dentro da
fortaleza de S. Sebastião, ao lado esquerdo do portão, em cuja parte superior
está a data 1713.” (Fazenda, pg. 99)
A fortaleza foi
desarmada provavelmente ao tempo do Período
Regencial em 1831. Durante a Questão Christie (1862-1865) foram
feitos novas reformas na fortificação. Foram instalados duas baterias no Morro.
As baterias eram formadas pela bateria do Hospital (armada com um canhão Bange)
e a bateria do Pau de Bandeira (armada com um canhão Whitworth de 70 e outro de
32 libras). Este conjunto ficou conhecido como Forte do Castelo, na época sob o
comando do Capitão Borges Fortes. Durante a Revolta da Armada contra Floriano
Peixoto (1893-1894), evacuaram-se os moradores do Morro do castelo,
construíram-se barricadas com sacos de areia e instalou-se no alto um grande
canhão. Após a revolta da Armada as baterias perderam suas
funções e seus canhões foram esquecidos até serem transferidos para Bahia, em
1917, no contexto da guerra dos Canudos; o canhão Withworth de 32 libras ficou
conhecido como a célebre “matadeira”. A partir de 1895 abrigou uma Estação Semafórica,
destinada à comunicação, por bandeirolas, da Fortaleza de Santa Cruz da
Barra, do movimento de embarcações na barra da baía de Guanabara.
“[...]
dessas fortalezas restão pois unicamente vestígios,
e no leito da primeira que se construira no Castello, vê-se hoje um jardim
modesto que em letras de verde relva se annuncia dedicado ao bello sexo pelo
director do telegrapho alli levantado...Com
effeito, o telegrapho do Castello com seu jardinzinho e seu pateo, suas ruas e
sua fonte, e sobretudo com a sua feliz situação avassallando a cidado do Rio do
Janeiro e a magnifica bahia de Nictheroy, é um dos mais frequentados e
estimados passeios da capital, e principalmente aos domingos e dias feriados
não ha tarde em que uma multidão festiva, ruidosa de contentamento, o attrahida
pelo mais formoso panorama, não vá aproveitar-se das innocentes c suavíssimas
delicias que lhe facilita o sempre obsequiador coronel Gabizo, alli no throno
dos seus estados telegraphicos.” (Macedo, vol.2, pg. 215)
No interior do
velho forte construíram-se casas e as paredes foram tomadas pela vegetação.
Desapareceu em 1922 com o desmonte do morro do Castelo.
3 – Descrição:
A
fortaleza tinha uma orientação geral quase leste-oeste, com portão principal no
lado oeste e maior eixo neste sentido. Ela tinha a forma de um polígono
retangular com dois baluartes pequenos nos vértices nordeste e sudeste, com uma
guarita encima de cada uma das pontas; os baluartes protegiam o portão de
acesso no meio meio da muralha leste, havendo um pequeno revelim externo defronte desse portão. A
porta de entrada tinha a forma de um arco, tendo no alto um frontão, com
volutas barrocas e era ladeado em ambos os lados por cunhais. O lado oeste
possuía uma guarita nos cantos noroeste e sudoeste, com um revelim externo de maiores proporções que o
anterior.
4 – Visitação:
Impossível,
foi demolido com o arrasamento do Morro do castelo em 1921-1922.
5 – Bibliografia:
DE LAGRANGE, Louis Chancel. A tomada do Rio de Janeiro em 1711 por Duguay-Trouin. Rio de Janeiro: Departamento de Imprensa Nacional, 1967
ARAÚJO,
José de Souza Azevedo Pizarro e. Memórias
Históricas do Rio de Janeiro e das Províncias anexas à Jurisdição do Vice-Rei
do Estado do Brasil, vol. 1, 2 e 7. Rio de Janeiro: Impressão Régia, 1820.
LISBOA, Bathasar da Silva. Annaes do Rio de Janeiro. Vol. 1. Rio
de Janeiro: Seignot-Plancher e cia, 1834.
MACEDO, Joaquim Manoel de. Um passeio pela cidade do Rio de Janeiro,
vol 2. Rio de Janeiro: Typografia de Candido Augusto de Mello, 1863.
AZEVEDO, Moreira de. Rio de Janeiro. Sua história,
monumentos, homens notáveis, usos e curiosidades. Vol. 1. Rio de Janeiro:
B. L. Garnier, 1877.
SOUZA, Augusto Fausto de. Fortificações no Brazil. RIHGB,
vol 48, 1885.
FAZENDA, José
Vieira. Antiqualha e memorias
do Rio. RIHGB, vol. 140, 1921.
COARACY, Vivaldo. Memória
da Cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1955.
CRULS, Gastão. Aparência do Rio de Janeiro. 3ª ed. Rio
de Janeiro: José Olympio Editora, 1965.
COARACY, Vivaldo. O Rio de Janeiro do Século XVII. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1965.
FERREZ, Gilberto. Organização da Defesa:
Fortificações. RIHGB, vol. 288, 1970.
GERSON, Brasil. História
das Ruas do Rio. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Lacerda, 2000.
RIOS, Adolfo
Morales de los. Evolução
Urbana e Arquitetônica do Rio de Janeiro, nos séculos XVI e XVII (1576-1699). RIHGB, vol. 288, 1970.
NONATO, José Antônio; SANTOS, Núbia Melhem. Era uma vez O Morro do Castelo. Rio de Janeiro: IPHAN, 2000.
FRAGOSO, Augusto Tasso. Os
Franceses no Rio de Janeiro. 3ª ed. Rio de
Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 2004.
http://www.jblog.com.br/rioantigo.php?itemid=18233
Reduto da Sé ou de São Januário depois Bateria de
São Januário (1572, 1713)
O governador Mem de Sá (1567-68)
iniciou a construção de uma muralha para a defesa do núcleo urbano, e de um
Reduto (Bateria da Sé, 1572), na parte sul do Morro do Castelo, por sobre a
praia de Santa Luzia. Essa primitiva estrutura era
formada de trincheiras e muralhas em taipa de pilão, pedra, óleo de baleia e cal, estacada e entulho. Ele era artilhado com uma peça, como
ilustrado no mapa de Jacques de Vau de Claye ("Le vrai
pourtrait de Geneure et der cap de Frie par Jqz de vau de Claye",
1579), que registra a cidade do Rio de Janeiro e suas defesas. Após a invasão
do corsário francês Jean-François Duclerc (Agosto
de 1710), por ordem do governador da capitania do Rio de
Janeiro, Francisco de Castro Morais (1710-1711), em 1711, o reduto de
São Januário foi reconstruído pelo capitão Francisco Dias da Luz, em taipa de
pilão e paliçada, e a sua artilharia reforçada com onze peças, ao tempo da
invasão do corsário francês René Duguay-Trouin (Setembro
de 1711). Uma fonte francesa coeva, entretanto, indica que se encontrava
artilhado com dez peças.
“Em defensa das entradas desde o
interior da Gavia até a Cidade , em meio de cujo caminho fica o desembarque
franco na Enseiada de Botafogo , acha-se era meio do monte ( pela parte do
Convento da Ajuda por onde se vai á Igreja de S. Sebastião , e fora assento
primeiro da Cathedral , que porisso se intitula Sé Velha ) outro Reducto
dedicado á S. Januário, onde se estabeleceu o Laboratório dos Fogos
artificiaes. Ignora-se o autor, e o anno d'essa obra, que se presume erecta
depois da primeira entrada dos Franceses, passando pela estrada visinha , que
hoje se diz Rua dos Barbonios : entretanto conhecem todos a importancia da
sua conservação pela vantagem do sitio , que cobre o desembarque nas praias de
Santa Luzia á de N. Senhora da Gloria. O Vice Rei Marquez fortificou-o de novo, fazendo-o mais defensável.” (Araújo, 1820, 126-127)
O Morro do Castelo é tomado pelo
corsário francês René Duguay-Trouin em 1711, que o transforma em seu alojamento.
“Escalamos, em seguida o morro, até o Colégio da Companhia, um dos mais
grandiosos edifícios existentes nesta parte das Índias, composto de duas
soberbas igrejas [...] Ordenou ele [Duguay-Trouin], em
seguida, que fôsse uma companhia tomar posse da fortaleza de Santa Luzia e de
uma bateria rasa [provavelmente este Reduto da Sé], perto da Catedral.” (De Lagrange, pg. 69, 71)
Em 1713 a bateria foi
reconstruída.
“Pouco
mais ou menos nesta mesma época [1713], isto é, logo depois do ataque da cidade do Rio do Janeiro pelos
franceses commandados por Duclerc, levantou-se um reducto que cobria o desembarque
nas praias de Santa Luzia [Rua Santa Luzia], e de Nossa Senhora da Gloria [Praia da Glória], e como fosse dedicado a S. Januario,
deu-se a essa parte do monte que fica da igreja de S. Sebastião, ou Sé-Velha,
para o lado do convento da Ajuda [Cinelândia] o nome de S. Januario ; mas houve por isso mesmo não pouca gento que
chamasse indistintamente todo o morro ora do Castello, ora d e S.
Januario.” (Macedo, vol.
2, pg. 215)
“Depois
das invasões francezas foi elevada uma outra, mais para o sul, afim de bater a
pria de Santa-Luzia, e deu-se-lhe o nome de São-Januário.” (Souza, pg.
110)
No governo do Marques do Lavradio
(1769-1778) foi ampliada.
“Reformadas
pelo Marquez de Lavradio, estão ambas desmantelladas, servindo a primeira [São Sebastião]
para os signaes telegráficos da barra a
para cidade, e a outra [São Januário] de
habitação particular.” (Souza, pg. 110)
Sob o governo do Vice-rei Conde
de Resende (1790-1801), foi novamente reparada e reforçada. Em 1885, esta
estrutura, desmantelada, servia de residência particular. Em 1922, desapareceu
com a demolição do Morro do Castelo.
Bibliografia
ARAÚJO,
José de Souza Azevedo Pizarro e. Memórias
Históricas do Rio de Janeiro e das Províncias anexas à Jurisdição do Vice-Rei
do Estado do Brasil, vol. 7. Rio de Janeiro: Impressão Régia, 1820.
MACEDO, Joaquim Manoel. Um passeio pela cidade do Rio de Janeiro,
vol 2. Rio de Janeiro: Typographia de Candido Augusto de Mello, 1863.
SOUZA, Augusto Fausto de. Fortificações
no Brazil. RIHGB, vol 48, 1885.
COARACY, Vivaldo. O Rio de Janeiro do Século XVII. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1965
CRULS, Gastão. Aparência do Rio de Janeiro. 3ª ed. Rio
de Janeiro: ed. José Olympio Editora, 1965.
DE LAGRANGE, Louis
Chancel. A tomada do Rio de Janeiro em
1711 por Duguay-Trouin. Rio de Janeiro: Departamento de Imprensa Nacional,
1967
GERSON, Brasil. História
das Ruas do Rio. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Lacerda, 2000.
NONATO, José Antônio; SANTOS, Núbia Melhem. Era uma vez O Morro do Castelo. Rio de Janeiro: IPHAN, 2000.Fortress of Saint Sebastian (Saint January) of Castel Hill: Brazil, Rio de Janeiro State, Municipality of Rio de Janeiro, downtown
Detalhe do Mapa Centro do Rio de Janeiro, Francisco João Roscio, 1769. C. de São Sebastião: Fortaleza de São Sebastião; Sé Velha: Igreja de São Sebastião; Calhabouço: Forte de São Tiago (atualmente parte do Museu Histórico Nacional). Logo ao sudeste da Fortaleza, Igreja e Colégio dos Jesuítas; Conv. Ajuda: Convento da Ajuda (atual Cinelândia); Santa Luzia: Igreja de Santa Luzia; Observe a muralha da cidade.
|
Detalhe do mapa de José Correia Rangel de Bulhões, 1796. 1. Igreja de santo Inácio e Colégio dos Jesuítas; 2. Fortaleza de São Sebastião; 3. Igreja de São Sebastião. 4. Reduto de São Januário; 5. 5. Forte de São Tiago Observe as ladeiras de acesso ao morro: Ladeira do Seminário (sul), Ladeira da Misericórdia (nordeste) e Ladeira do Colégio (noroeste) |
Detalhe do mapa centro do RJ, 1808-1812. Observe as cotas de altitude com 2 cumes, um junto à Fortaleza de São Sebastião e outro junto à Igreja de São Sebastião. Observe duas das ladeiras de acesso ao morro: Ladeira do Seminário (sul) e Ladeira da Misericórdia (nordeste). 4. Fortaleza de São Sebastião; 5. Forte de São Tiago (Ponta sudeste do mapa); 9. Igreja de santo Inácio e Colégio dos Jesuítas; Igreja de São Sebastião no cume sudoeste do mapa. |
Detalhe do mapa Centro do Rio de Janeiro, Luis dos Santos Vilhena, 1775. 1. Forte de São Tiago (atualmente parte do Museu Histórico Nacional), na extrema esquerda do mapa; 2. Santa Casa de Misericórdia (Rua Santa Luzia); 3. Igreja de Nossa senhora do Bonsucesso (da Misericórdia); 6. Igreja de Santo Inácio e Colégio dos Jesuítas (Observe saindo à sua direita a ladeira do Colégio); 7. Fortaleza de São Sebastião; 8. Convento de Santa Teresa; 9. Igreja de São José; 11. Palácio dos Governadores (Paço Imperial); 12. Convento do armo (extrema direita da foto); 13. Praça XV de Novembro. |
Mapa da Fortaleza de São Sebastião, Padre Diego Soares, 1730. Observe os baluartes nos dois extremos da muralha do lado esquerdo (lado leste) da foto e o portão principal entre eles. Em cada um dos baluartes há uma guarita, além de outros 3 nos cantos do lado direito da foto (lado oeste). Observe, também, umas casas construídas dentro da fortaleza.
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Fortaleza de São Sebastião, 1920. Observe o baluarte sudeste com a ruína da guarita e o portão no centro da muralha.
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Fortaleza de São Sebastião, Augusto Malta, 1914. Observe o baluarte sudeste com a ruína da guarita e o portão no centro da muralha. |
Fortaleza de São Sebastião, 1921. Observe o baluarte sudeste e o portão no centro da muralha tendo no alto um frontão decorado com volutas. Sobre o baluarte vê-se arbustos crescendo e mais adiante um casarão. |
Fortaleza de São Sebastião, Julio Ferrez, 1920. Observe o portão no centro da muralha, com com porta em arco e tendo no alto um frontão decorado
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Casas no interior do abandonado Forte de São Sebastião. Augusto Malta, 1922 |
Telégrafo semafórico pintado pelo médico anônimo da Fragata francesa Vênus, 1837. |
Telégrafo do Morro do Castelo, pintura de Pieter Godfred Bertichen, cerca de 1856. Vê-se o telégrafo semafórico e na extrema direita, na borda do morro as torres sineiras da Igreja de São Sebastião. |
Telégrafo semafórico, Eliseu Visconti, 1903 |
Interior da Fortaleza de São Sebastião, antes de 1922, vendo-se o Mastro do telégrafo semafórico
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