1 – Localização:
Município do Rio de Janeiro. Ap 3.3. Irajá. Praça Nossa Senhora da Apresentação,
272 (-22.831593, -43.326485)
2 – Histórico:
Em 1613, o Jesuíta
Gaspar da Costa ergueu uma capela em Irajá, num
pequeno outeiro, no vale central da antiga Fazenda Irajá, produtora de açúcar. Segundo o Padre Antônio Freitas a
igreja foi construída pela
comunidade com um custo de 10
contos de réis, no entanto, segundo documentos existentes na Torre de Tombo
Portugal, a construção do templo foi feita pelo governo com custo de 11 contos
de réis e não diretamente com recursos dos fazendeiros.
“Esta Igreja fundou o Doutor o Padre Gapar da
Costa, que foy o primeyro Vigario della, he esta Paroquia Vigayria, & sem
Vigario pago por El Rey, por serem dele os dízimos.” (Santa Maria, 1722, Tomo X, Livro III, Título XXXV, pg. 191)
“[...] tendo os seus moradores
feito a sua custa a mesma Igreja.” (Araújo, 1794)
“[...],
nem consta que S.M. haja feito contribuição alguma, ou aplicação, pois se vê,
que até a mesma Igreja foi fundada a custa dos Povos moradores: só da Real
Fazenda se dá ao pároco 200$rs. ao Coadjuctor 25$rs., e para o guizamento 23$920rs.” (Araújo, 1794)
Em 30 de dezembro de 1644
é criada a terceira freguesia da capitania do Rio de Janeiro, a de Nossa
Senhora de Irajá por Don Antônio de Marins Loureiro. O filho de Gaspar foi seu
primeiro vigário.
“Foi criada esta Freguesia pelo
Revmo. Prelado desta Capitania o Doutor Antonio de Marins Loureiro, em atenção
aos graves, incomodos, que sentia o povo, pela notável distância que havia deste logar a
esta cidade, não podendo o Revdo. Pároco da Freguesia de S. Sebastião, e o
de Nossa Senhora da Candelária que foram as primeiras estabelecidas nesta Capitania socorrer prontamente com
os Santos Sacramentos ao povo, e almas
circunvizinhas, e sujeitas pelo reconcavo desta Cidade; e por essa mesma causa
era de necessidade, que morressem muitas pessoas sem nenhum dos mesmos Sacramentos, tendo então a seu cargo as duas ditas
Freguesias mais de 20.000 almas; sendo também os caminhos intratáveis, e
intransitáveis [...] Para
este fim fez o dito Administrador e Prelado um instrumento de testemunhas, e aos párocos existentes Manoel da
Nobrega [não
é o famoso padre Jesuíta do século XVI], da Matriz de São Sebastião, e João Manoel de Melo da Igreja da Candelária, fez
notificar para a divisão das novas paróquias e conforme a Disposição do Direito
Canônico [...] erigiu esta Paróquia no Campo de Irajá em o dia 30 de dezembro do ano
de 1.644, [...]”
(Araújo, 1794)
“O Prelado
Antonio de Marins Loureiro , [...] depois de notificar os Párocos Manoel da Nóbrega ,
que era da Freguezia de S. Sebastião , e Joaõ Manoel de Mello , da Candellaria
, para a divisão de seus territórios , tendo erigido em Parochia a Capella
Curada de S. Antonio de Sá , criou ao mesmo tempo na Capella dedicada à N. Senhora da Apresentação , e fundada pelo Padre Gaspar da Costa no
Campo de Irajá outra Igreja Parochial à 30 do mez de Dezembro de 1644.”(Araújo, 1820, vol.3, pg.
7-8)
“Creou esta freguezia o
prelado António de Marins Loureiro em 30 de dezembro de 1044 e cofirmou-a D.
João IV pelo alvará de 10 de fevereiro de 1047, ordenando que fosse de natureza
collativa e se consignasse ao pároco a côngrua de 200$000.” (Azevedo, vol. 2, pg. 491)
A criação da paróquia
foi confirmada por D. João IV, em seu Alvará de 10 de fevereiro de 1647.
“Esta criação assim como a das
outras mais Freguesias, de que falarei em seu lugar foi confirmada pela
Magestade do Sr. Rey. D. João IV, em seu Alvará de 10 de fevereiro de 1647; e
ao seu Pároco
foi mandado dar sustentação, e manutença outro tanto ordenado, como tinham os Vigários das Igrejas referidas e as mais das
mesmas Capitanias da sua Real Fazenda,
procedida dos Dízimos das mesmas Capitanias. Por esta relação bem se conhece,
que a Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação de Irajá é uma das duas mais
antigas do Reconcavo.” (Araújo, 1794)
“Confirmando El Rei D. Joaõ IV. essa nova Matriz ,
pelo Alvará de 10 de Fevereiro de 1647 e mandando , que se erigisse de natureza
Collativa , consignou ao Pároco a Côngrua annual de 200 reis. Construido o
Templo existente com paredes de pedra , e cal , foi ornado o seu interior por
sete Altares, no maior dos quaes se conserva perpetuamente o SS. Sacramento em
Sacrário.” (Araújo, 1820, vol.3, pg. 8)
Os capitães
João Pereira de Lemos, Bento Luíz de Oliveira Braga, Francisco Soares de Melo,
e Eugênio de Paiva Ferreira contribuíram com as suas esmolas avultadas para a
renovação da igreja
“Quem fosse o Senhor do
terreno, ignora-se mais é bem provável, que pertence ao mesmo, de quem foi ou em
que se acha fundada a casa de residência do Revdo. Pároco. [...] A custa do desvelo e católico zêlo do
Cap. João Pereira de Lemos, que associado a
sí ao Cap. Bento Luíz de Oliveira Braga, ao Cap. Francisco Soares de Melo, e
ao, falecido hoje, Eugênio de Paiva Ferreira, e cada um destes e os seus
lavradores, que contribuiram com as suas
esmolas avultadas, foi esta Igreja renovada em todo o seu material, principalmente no seu madeiramento por
todo o Corpo, e Capela Mór, fazendo-se-lhe também boa Sacristia,
Consistório, e Tribunas, que não tinham antes; e nesta obra se gastaram mais de
4$000 Cruzados: Não está contudo concluída por lhe faltar o zêlo da maior parte
dos Fregueses, e não haver quem concorra para o resto das despesas. Por esta
mesma causa ainda se conservam sem reboques as mesmas paredes no seu exterior de todos o Corpo da Igreja.” (Araújo, 1794)
Entre 1701 e 1731 foi construída a atual igreja, por
diligência do Padre João de Barcellos Machado.
“[...] o Padre Joaõ de Barcellos Machado , por diligencias
de quem se construiu a Igreja Matriz que subsiste, correndo os annos de 1701 à
1731.”(Araújo,
1820, vol.3, pg. 10)
“[...] o templo que subsiste foi construído com paredes de
pedra e cal pelo vigário João de Barcellos Machado em 1701 a 1731.” (Azevedo, vol. 2, pg. 492)
Em 1710, a Inquisição
surpreendeu vários cristãos-novos no seu interior, prendendo-os. Entre os
presos estavam os pais de Antônio José da Silva, o Judeu, (1705-1739),
advogado, escritor e autor teatral, morto pela Inquisição em Lisboa.
A
igreja foi reformada de 1742/1743 a 1747.
“Pelos anos de 1.743 á 47 se
reformou o retabulo, e Arco da Capela Mór, fêz-se a torre e o frontespício, reformou-se todo o Corpo da
Igreja, e se puzeram novos Sinos, sendo Vigário Colado e Fabriqueiro o R.
Francisco de Araújo Macedo. Este mesmo mandou
fazer a caixa de prata para as Ambulas, que se conservam na Casa do Batistério,
os dois Relicários para o Sagrado Viático, e a caldeira de prata, que tudo pesou 200 Marcos, e 41 gramas.” (Araújo, 1794)
“[...] o Padre Francisco
de Araújo Macedo...A' este Pároco he devedor o Templo parochial da
reforma que teve o Arco da Capella mor , e o Corpo da Igreja ; em cuja frente
se fez a nova torre , correndo os annos de 1742 à 47. A' sua custa proveu a
Parochia de Ambulas de prata n’uma caixa do mesmo metal para o uso do
Baptistério ; de dous Relicários para o Sagrado Viatico , e d' uma Caldeira
também de prata , para Agua benta : o que tudo pesou 12 marcos e 41 oitavas.” (Araújo, 1820, vol.3, pg.
10)
A igreja era bem situada e de bom tamanho.
“Ela não deixa de ser aprazível pelo lugar da sua
situação, que é na chapada de um morrete de
pequena elevação.” (Araújo, 1794)
“O comprimento dela desde a
porta principal té o Arco é de 105 palmos [23m]; e a largura de 40 ditos [9m] do Arco té
Capela Mór tem 63 palmos [14m]
de comprimento,
e 27 [6m] ditos de largura.” (Araújo, 1794)
Tinha 7 Altares com o Maior; neste se conservava o
Sacrário, e a Imagem da Padroeira (Nossa Senhora da Apresentação) do Menino Deus, do Espírito Santo, de São Sebastião e de Santo Antônio. Do lado esquerdo, no 1º estava a
Imagem de São Miguel; no 2º a de São Jerônimo, onde se colocou também
a da Nossa Senhora das Dores, do Senhor Morto e de Santa Bárbara; no 3º a da Nossa Senhora da Lapa, e nele a de
Santa Ana com a da Virgem Maria menina e a de São Joaquim;
no lado direito, no 1º a Nossa Senhora do Rosário; no 2º a de São Miguel da
Lapa; no 3º o de Santa Escolástica. Havia, também as imagens de de São Domingos, ambas e de Nossa Senhora do Amparo, em seu próprios Altares.
“A Imagem
da Senhora he muyto fermosa, &
tem muytos devotos, os quaes a servem, 7 lhe fazem a sua festividade, em o seu
dia de vinte 7 hum de novembro, & este dia he muyto solemne, 7 se solemniza
com muyta grandeza, & concurso. [...] A Senhora do Rosario está em Capella particular [...]” (Santa Maria, 1722, Tomo X, Livro III,
Título XXXV, pg. 191-192)
“Tem 7 Altares com o Maior. Neste
se conserva o Sacrário, e a Imagem da Padroeira: da parte do Evangelho [esquerda] no 1º
está a Imagem de S. Miguel; no 2º a de S. Jeronimo, onde se colocou também a da Sra. das Dores; no 3º a da Sra. da
Lapa, e nele a de S. Ana: da parte da Epístola [direita], no 1º a
Senhora do Rosário; no 2º a de São Miguel da Lapa; no 3º o de Santa
Escolástica. Este, e o da Senhora da Lapa foram posteriormente acrescentados
para que na sua creação só houverão 4 Altares laterais. Todos eles axei bem ornados ainda que algumas das suas alfaias
tivessem necessidade de reforma: só o de Santa Escolástica tendo o seu
retábulo pronto para ornar ainda não está pregado os retábulos dos mais estão em bom uso.” (Araújo, 1794)
“Construido
o Templo existente com paredes de pedra , e cal , foi ornado o seu interior por
sete Altares, no maior dos quaes se conserva perpetuamente o SS. Sacramento em
Sacrário.” (Araújo, 1820, vol.3, pg. 8-9)
“No altar ultimo d’esta Igreja, do lado do Evangelho [esquerda], se acha a Imagem de S. Jerónimo , onde
também foi collocada a de Santa Escolástica , por disposição testamentária de
Prudência de Castilhos , que fallecida a 10 de Junho de 1713 declarou na Verba
do seu testamento [...] Declaro
, que tenho uma imagem de Santa Escolástica , a quem tenho particular devoção ;
e dezejando que seja venerada com a decência possivel , quero , e fie minha ultima
vontade , que a dita imagem de Santa Escolástica se leve para a Igreja
Parochial de N. Senhora da Apresentaçaõ , minha Freguezia , e se ponha no altar
de [S. Jerónimo] , e que todos os mezes do anno in perpetuum se diga uma Missa
à honra da dita Santa Escolástica por minha alma ; para o que deixo da minha
Fazenda duzentos mil reis [...]
e para algum ornato da dita imagem.” (Araújo, vol. 3, pg. 8-9)
No
ultimo altar do lado do Evangelho [esquerdo]
collocarão-se as imagens de S. Jeronymo e de Santa Escolastica, sendo esta
ultima ahi depositada por disposição testamentária de Prudência de Castilho
que, perecendo era 10 de junho de 1703, pedio se venerasse nesse altar a
referida imagem e se rezasse todos os mezes uma missa em seu louvor e por alma
della instituidora, legando para esse fim 200$000. Diz o monsenhor Pizarro que
se cumpriu algum tempo esta disposição, mas que depois cahio por não haverem os
parochos exigido aquella verba, talvez por ignorarem sua existência. (Azevedo, vol. 2, pg. 492)
Tinha um Sacrário sofrível e pia batismal de
pedra.
“O Sacrário, achei com sofrível asseio, e é doirado
por dentro. As Ambulas dos Santos Oleos são
de prata, e a sua caixa: [...]
A Pia Batismal é de pedra mármore, e acha-se perfeitamente recolhida entre grades [...]” (Araújo, 1794)
Tinha muitas imagens.
“Prata:1 Píxide de prata, antiga, e
doirada. 2
Relicários doirados. 1 Custodia, cujo pé serve de Cálice separadamente, obra antiga. 1 Turíbulo. 1 Naveta. 1 Caldeirinha p/ água benta. 1 Lâmpada. 1 Caixa, em que se guardam as
Ambulas dos Santos Oleos. 1 Dita em que separadamente se conserva a Ambula dos
Santos Oleos. Imagens:1 da Senhora da Apresentação. 1 Do Menino Deus. 1 Do Espírito Santo. 1 De São Sebastião. 1 De Santo Antonio. Todas no
Altar Maior. 1
De São Miguel - no seu Altar. 1 Da Senhora das Dores. 1 Do Senhor Morto. 1 De Santa Bárbara. 1 De São Jerônimo. Estas no
Altar da Senhora das Dores. 1 Da Senhora da Lapa. 1 De Santa Ana, com a da Virgem
Santa em forma de menina. 1 De São Joakim. Esta no Altar da Senhora da Lapa. 1 De Nossa Senhora do Rosário. 1 De São Domingos. Ambas em seu
próprio Altar. 1 Da Senhora do Amparo, em seu próprio Altar. 1 De Santa
Escolástica, em seu próprio Altar.” (Araújo, 1794)
Possuía 7 irmandades.
“Há nesta
Igreja muytas Irmandades, & entre ellas, duas do Rosario, huma de brancos,
& outra de pretos, & cada huma destas Irmandades faz a sua festa
particular com muyta grandeza, & concurso, & fervorosa devoção. No dia
em que se faz a festa principal da Senhora do Rosario he em a primeyra Dominga
de Outubro; neste dia concorre innumeravel povo ; porque toda aquella povoação
he devotíssima da Senhora do Rosario [...] Os pretos fazem a sua festa em outro dia, que se me não declarou, mas
nelle procuram não serem excedidos dos brancos , porque também entram com
emulação.” (Santa Maria, 1722, Tomo X, Livro III, Título XXXV, pg. 191-192)
“Hão nesta Paroquia 7 Irmandades:
1ª do SSmo. Sacramento. Esta vive tão esquecida do seu primeiro fervor, das suas
obrigações que só me constou se ajuntava em corporação pela Semana Santa [...] A Irmandade
do SSmo. foi erecta a requerimento do Revdo. Vigário Gaspar da Costa, pelo
Revmo. Prelado Administrador Antonio de
Mariz Loureiro em Provisão de 21 de junho de 1.647. 2ª da
Senhora d´Apresentação Padroeira que se conserva amortecida, mas a instâncias minhas procurão revivê-las alguns
Irmãos zelosos que ainda existem. 3ª A de S. Miguel quase extinta. 4ª A
da Senhora do Rosário nos mesmos termos; ou ao menos esquecida dos seus
deveres. 5ª de São Benedicto, anexa a do Rosário. 6ª A da Senhora da Lapa,
inteiramente decadente e anexa também a do Rosário. [...] 7ª a da Sra. do Amparo morta de todo.” (Araújo, 1794)
O pároco tinha casa própria.
“N'esta
Freguezia tem os Párocos casa própria de residência , e um pequeno passal.” (Araújo, 1820, vol.3, pg.
10)
“O vigário tem casa própria de residência com um terreno
annexo , ignorando-se o titulo da fundação.” (Azevedo, vol. 2, pg. 492)
“[...]
um legado estabelecido por Prudência de
Castilho, na quantia de 200$rs. Este dinheiro foi recolhido ao Cofre
Eclesiástico [...] o Rev. Francisco de Araújo Macedo, para se cumprir por
Legado da testadora:
e querendo este segurar o dito dinheiro, para que não sucedesse faltar o
cumprimento do mesmo Legado, requereu ao Exmo. Sr. Bispo D. Frei Antônio do Desterro houvesse de lhe tomar em venda, que pretendia
fazer as casas, que tinha de residência ao pé da Matriz, com 100 braças [110m] de terra em quadra, dos que possuia, e em
que estavam situadas as mesmas casas, muito suficientes para residência dos
Párocos futuros... Deste modo vemos, que os
párocos desta Igreja não padecem o
mesmo mal, que a maior parte dos do Reconcavo sofrem, pela falta de casa, e de reduto para as suas bestas. [...]
A casa de residência dos Párocos,
hé própria[...]”
(Araújo, 1794)
A igreja era alicerçada
sobre a base de granito e foi construída com paredes de espessura de 0,80 metros,
altura de 7 metros, largura de 10 metros e comprimento de 40 metros; as paredes
eram de pedras empilhadas, coladas com cal e óleo de baleia. O peso da
estrutura é tanto que existem arrimos (espécie de suporte), para manter as
paredes de pé. Além dessa igreja, somente o Convento do Carmo, no Centro Rio,
conserva essa característica até hoje. Mas
em 1877 a igreja estava em mal estado.
“O corpo desta igreja matriz está em ruinas e abandonado
para o culto que se executa na capella-mór.” (Azevedo, vol. 2, pg. 492)
Tinha 8 capelas
filiais.
“1ª de Nossa Senhora d´Apresentação, na distância de ½ legoa para ESE. [...] 2ª de Nossa Senhora da Conceiçam no
Engenho do Senhor Mestre de Campo, Inácio Manoel de Lemos Mascarenhas
Castelbranco, em distância de 1 legoa para o rumo
de E., [...]. 3ª de Nossa Senhora da Penha, em distância de 1. ¼ de
legoa, pouco mais ou menos para o mesmo rumo, [...] 4ª A de Nossa Senhora da Ajuda, da chamada Fazenda Grande, de que é
Senhor, José Pereira Dias, [...] 5ª No chamado Engenho Novo, [...] em distância de mais de 2 legoas para o
W. [...] 6ª A de São João Batista em Sacupema [...] em distância de 1. ½ legoa, para o SSW. [...] 7ª A que existe na Fazenda chamada dos
Afonsos, em que está um F. Mesquita, distante 2 legoas pouco mais ou menos,
para o rumo de SSW. [...] 8ª A que existe no lugar
chamado Inhomocu, distante mais de 2 legoas para o W. [...].” (Araújo, 1794)
Os limites da freguesia
eram:
“Tem de extensão
esta Freguesia, 3 legoas pouco mais ou menos consideradas tanto no seu
comprimento como em largura: porque para a parte de S. vai a finalisar com a
Freguesia de S. Tiago de Inhaúma com 1. ½ legoa: com outra tanta distância
divide-se pelo SW. com a de Nossa Senhora do Loreto de Jacarepaguá, pela
estrada geral: pelo rumo do WSW. Termina com
duas legoas, pouco mais, com a de Nossa Senhora do Desterro do Campo
Grande: pelo W. vai a terminar em pouco mais de 1. ½ legoa com a de São João de
Merití, pela ponte do Rio chamado "Mirití", junto ao mar, ou águas salgadas.” (Araújo,
1794)
“Limita-se , ao Norte , com a Freguezia de
S. Joaõ de Mirití em pouco mais 1 ½ legoa , na Ponte do Rio Miriti , próximo ao
mar: à Leste , chega com 2 legoas , mais ou menos , de distancia ao mar , comprehendendo
a Ilha de Marçal de Lima , sita na boca do Rio Miriti : ao Sul , finaliza com a
Freguezia de S. Tiago de Inhaúma, em 1 ½ legoa : noutra extensão semelhante se encontra
, ao Sudoeste , com a Freguezia de N. Senhora do Loreto, e S. Antonio de
Jacarépaguá : e no rumo de Oeste, ou Oessudoeste , termina em 2 legoas com a Freguezia
de N. Senhora do Desterro de Campo Grande. Nesse circulo comprehende 350 , ou pouco
mais Fogos, e 4.600 Almas sugeitas á Sacramentos.” (Araújo, 1820, vol.3, pg. 10-11)
A rainha D. Tereza
Cristina, esposa de D. Pedro II, doou à Igreja uma cômoda de três peças para
guardar paramentos e três bancos que pertenciam a Capela Real.
Em 1902 o Governo do Distrito Federal
confiscou o cemitério que ficava nos fundos da igreja e pertencia à
irmandade. Em 1926 a Matriz foi pintada e reformada, a custa de esmolas e
donativos angariados pelo Padre Januário Tomei, então Vigário, que não se
limitou a pedir entre os seus paroquianos, quase todos pobres, mas estendeu o
seu apelo a outras freguesias. Em 1946, sob a orientação do Padre Juan Luís
Garrido a igreja passou por uma fundamental reforma interna. O teto
original em abóboda de madeira, que estava completamente roído pelo cupim, foi
trocado por cimento, por um
plafond de concreto, no mesmo feitio arcado do anterior, perdendo a
simplicidade barroca. O chão, que era de largas e compridas pranchas, e também
se achava apodrecido, foi cimentado e recebeu novo piso.Durante esta reforma
verificou-se, por uma viga retirada do coro assim como, pela escada que dá
acesso ao presbitério que, tanto a capela-mor como o coro foram construídos
muitos anos após ter sido levantada a nave. Na vigatraz, aberta a canivete, em
algarismos que autenticam a sua antiguidade, a data de 1695; e os degraus, que
são de madeira, por sua vez indicam que ali foram colocados posteriormente,
pois são colados na coluna que forma o arco cruzeiro. Se fossem construídos na
mesma ocasião, seriam de pedra, como o próprio arco.Também no século XX os
altares originais de madeira foram tirados e substituídos por embutidos de
alvenaria, restando, no entanto, um deles no museu da igreja, seu número foi
reduzido para apenas para 2 altares laterais de cada lado. Até 1993,
havia, onde atualmente existe um jardim e um altar, o
cemitériodairmandade, em que não havia sepultamento desde a década de
1940. Os sinos atuais, foram construídos a partir das peças do
antigo, inaugurado pelo pároco Jan Kaleta em 8 de
novembro de 1989. Em fins do século XX os altares de madeira
originais foram retirados e substituídos por altares embutidos de alvenaria,.
A igreja de Nossa
Senhora da Apresentação em
Irajá é uma das igrejas mais antiga ainda existente na cidade. Apesar das
reformas, a igreja ainda mantém relíquias, como
o altar-mor, o sacrário e a pia batismal, assim como as imagens da Nossa Senhora da
Apresentação, de Nossa Senhora das Dores e do Senhor Morto, feitos em madeira há quatro séculos. Sob o altar,
encontram-se enterrados alguns benfeitores, como Honório Gurgel, o que deu nome ao bairro e era dono
das terras. O diferencial da
Igreja de Nossa Senhora da Apresentação está em suas paredes, que são as mesmas
há 400 anos, bem como a pia batismal e o portal, datado de 1613. Em todo o
Brasil, a Paróquia de Nossa Senhora da Apresentação é a única igreja de
invocação mariana com esta denominação, a qual tem profunda ligação com o
Templo de Jerusalém, pois refere-se à apresentação de Maria aos Sacerdotes do
Templo para a formalização de sua maioridade religiosa, passando a ser
reconhecida como uma mulher adulta. A sua festa é 21 de novembro.
3 – Descrição:
Apresenta orientação geral norte-sul, com
frente virada para o norte, com maior eixo no sentido ântero-posterior. A
fachada anterior é dividida em corpo e torre sineira à esquerda. O teto é de
telhas em duas águas. A parte central (nave) apresenta uma porta em verga curva
com sobreverga e no segundo andar (coro) três janelas em verga curva com
sobreverga; nos dois cantos há cunhais. Acima fica uma cimalha que suporta um
frontão triangular, com tímpano liso, tendo no centro um óculo cruciforme; no
telhado, no canto direito, há um pináculo. À esquerda fica a torre sineira, que
tem uma seteira no primeiro e segundo andar. No alto ela tem duas janelas em
arco em cada face, cada uma com um sino; no topo há uma cúpula e um pináculo em
cada canto. Nos cantos da torre sineira há cunhais. A parede lateral direita é
dividida em três segmentos por muros laterais transversos de sustentação. No
trecho mais anterior há uma porta de verga reta; no muro há um altar com uma
imagem de Nossa Senhora. No espaço em frente à imagem há uma base quadrangular
com uma grande cruz em cima. O segundo trecho, entre os dois muros transversos,
tem também uma porta de verga reta. O trecho após o segundo muro (mais
posterior) compreende o grosso do comprimento da igreja, sendo dividido em 3
seções por dois cunhais: no primeiro trecho há uma porta e uma janela de verga
reta no primeiro andar e duas janelas de verga reta no segundo andar; no trecho
central há uma porta de verga reta no primeiro andar e uma janela de verga reta
no segundo andar; no trecho final há uma janela de verga reta no primeiro e no
segundo andar. A parede lateral tem na sua parte mais anterior a torre sineira,
depois uma porta de verga reta e em seguida um pequeno muro transverso de
sustentação, também seguido de uma porta de verga reta. Depois a parede se
projeta um pouco para fora e tem uma estrutura semelhante ao trecho final da
parede do outro lado, com a diferença que o trecho correspondente ao setor após
o segundo cunhal está coberto pela construção de um anexo moderno, onde fica o
museu da igreja. Anexos modernos também cobrem a maior parte da parede
posterior da igreja.
O interior possui nave única. Logo acima da
entrada fica o coro com suas três janelas para a face anterior da igreja. O
teto da entrada (piso do coro) é pintado com 3 painéis. O teto da nave é
abobadado e possui 4 painéis e algumas inscrições em latim (Tu gloria
Jerusalem, Tu laetitia
Israel [Tu alegria Israel], Tota pulchra es Maria [Toda
bela és Maria], etc.). Nas paredes laterais há quadros das estações da via
sacra e no alto das paredes laterais e no arco-cruzeiro há, também, pequenos
quadros circulares. Atualmente cada lado possui duas portas de verga reta para
o exterior e dois altares laterais. Na parede esquerda, logo após a entrada há
um nicho com a pia batismal de pedra. A capela-mor tem de cada lado, no
primeiro andar, duas portas de verga reta e, no segundo andar, duas portas de
verga reta abrindo cada uma para um balcão com balaustrada; há, também, dois
painéis pintados em cada lado. O teto da capela-mor é abobadado e possui
pinturas. Na frente do altar fica o sacrário e acima um crucifixo. O altar-mor
tem, em ambos lados, duas belas coluna coríntias acaneladas. O belo altar-mor
tem no alto a imagem de Nossa Senhora da Apresentação de Irajá. Embaixo do
altar há o Cristo morto. À direita da nave fica um cômodo com bancos,
confessionário, imagens (inclusive São Jorge em um nicho) e um altar com um
grande Jesus crucificado ladeado por anjos. No lado esquerdo há a sacristia com
várias imagens e móveis antigos de madeira. No anexo há um museu com um dos
altares originais em madeira, além de vestes do padre e imagens, inclusive um
São José deitado. Atrás da igreja fica a Santa Casa e o cemitério de Irajá.
4 – Visitação:
A igreja abre às 7:00hs. Tel. 2471-9014
5 – Bibliografia:
- SANTA MARIA, Agostinho de. Santuário Mariano. Tomo X, Lisboa:
Oficina de Antonio Pedrozo Galram, 1722
- ARAÚJO,
José de Souza Azevedo Pizarro e. Visitas
Pastorais de Monsenhor Pizarro ao recôncavo
do Rio de Janeiro.Arquivo da Cúria e da Mitra do Rio de Janeiro
(ACMRJ), Rio de Janeiro, 1794.
- ARAÚJO,
José de Souza Azevedo Pizarro e. Memórias Históricas do Rio de Janeiro e das
Províncias anexas à Jurisdição do Vice-Rei do Estado do Brasil, vol. 3. Rio
de Janeiro: Impressão Régia, 1820.
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