BRASIL: RJ: RIO DE JANEIRO:
Igreja de São Sebastião do Morro do Castelo -
Igreja de São Sebastião do Morro do Castelo -
Church of Saint Sebastian of Castle Hill
1 – Localização:
Município do Rio de Janeiro. Ap
1.1. Centro. Morro do Castelo.
Localizava-se no sul do dito morro, aproximadamente na quadra entre as Rua
Aderbal Madruga, Rua da Imprensa, Rua Araújo Porto Alegre, e Avenida Presidente
Antônio Carlos, onde atualmente fica o edifício do Tribunal Regional do
Trabalho. (-22.908831,
-43.173008)
1 – Localização:
Município do Rio de Janeiro. Ap 1.1. Centro. Morro do Castelo. Localizava-se no sul do dito morro, aproximadamente na
quadra entre as Rua Aderbal Madruga, Rua da Imprensa, Rua Araújo Porto Alegre,
e Avenida Presidente Antônio Carlos, onde atualmente fica o edifício do
Tribunal Regional do Trabalho.(-22.908831, -43.173008)
2 – Histórico:
Em 1565 o padre Gonçalo de Oliveira funda uma
casa-igreja de pau-a-pique coberta de palha com a invocação de São Sebastião na
cidade fundada por Estácio de Sá no morro Cara de Cão. Com a mudança da cidade
para o Morro do Castelo, Salvador Correia de Sá (1568-1572) deu início à
construção de uma capela dedicada a São Sebastião em 1568, na parte sul do
Morro, feita de grossa taipa.
“Com a fundação da Cidade sob o Titulo de S,
Sebastião do Rio de Janeiro, teve origem a do primeiro Templo dedicado ao mesmo
Santo Mártir por Estacio de Sá, construindo-lhe na Villa Velha uma Casa de páo
à pique, e coberta de palha, que Salvador Corrêa de Sá substituiu, levantando
num monte da nova Cidade outro edifício mais decente, e de grossa taipa [“parede feita de terra piçarrenta, ou barro de certa
qualidade calcado à piloens de ponta acunhada entre dous tabooens. parallelos,
à cuja distancia he proporcionada a grossura da parede”], como
permittiam as circunstancias do tempo, para se adorar alli o Supremo Autor das
Conquistas, e ministrar os tantos Sacramentos aos povoadores portuguezes, cujo
numero, à maneira de plantas novas, e bem cultivadas, crescia cada dia, e
pulava com o dos Cathecumenos.” (Araújo,
vol. 2, pg. 37-38)
A capela era simples e ornada com as imagens e
paramentos trazidos da vila fundada no Morro Cara de Cão. Em 1569 a Igreja de São Sebastião foi
elevada a matriz da cidade do Rio de Janeiro. Em
1572, com o fim do mandato de Salvador Correia de Sá, as
obras da igreja são suspensas. Em 1578, no segundo mandato de Salvador Correia
de Sá, reiniciaram-se as obras da igreja, que só foi concluída em 1583; neste
mesmo ano se trasladou para aí os restos mortais de Estácio de Sá.
“Ausentando-se porém o fundador, por ter
finalisado o seu primeiro governo no anno de 1572, ficou suspensa a obra,
atéque entrando elle a governar de novo em 1578 foi concluida no anno de I583,
como perpetuou o Epitáfio gravado sobre a sepultura de Estacio de Sá....” (Araújo, vol. 2, pg. 38)
Em 19 de julho de 1576 foi criado a prelazia do
Rio de Janeiro, separando-se da de Salvador, com sede na Igreja de São
Sebastião.
“Sendo assas incommodo , e mesmo difficil o
recurso prompto dos negocios ecclesiasticos ao Bispo da Bahia, à proporçaõ que
na Cidade nova, e nos lugares mais remotos ao Sul da Capitania crescia o Povo;
por motivo taõ urgente , e à instancias d'ElRei D. Sebastião , desanexou o
Santissimo Padre Gregório XIII. , por Breve de 19 de Julho de 1576 , o
território do Rio de Janeiro , criando nelle uma Prelazia com Jurisdicçaõ
Ordinaria, e independente do Bispo Diocesano do Brasil [...]” (Araújo, vol. 2, pg. 53-55)
Com o correr dos anos, deslocando-se a população
para a várzea, o Morro do Castelo foi se despovoando, ficando a Igreja de São Sebastião em lugar distante e praticamente esquecida pelo povo
carioca. Além disto a vizinha Igreja de Santo Inácio muito mais rica, atraía os
seus fiéis, em detrimento da matriz. Só os atos litúrgicos obrigatórios da
paróquia eram ainda ali efetuados, ficando a igreja progressivamente abandonada. A falta de
fiéis, levou os padres a recrutar os escravos para assistir as missas. No
século XVI, as mulheres só saiam de casa para ir à missa, e a movimentação no
morro ficava por conta dos dias de procissão.
Em 1603-1604 o Governador Martim de Sá, reparou
a Igreja da Sé. Segundo Monsenhor Pizarro, o prelado Matheus da Costa Aborim:
“Naõ satisfeito com a doaçaõ de quatro Sinos, e um
precioso ornamento à Igreja Matriz de S. Sebastião, que em vida lhe fizera,
mostrou em sua morte os dezejos efficazes de ser útil à mesma Igreja,
legando-lhe um ornamento branco com quatro capas iguaes um Orgaõ, uma Imagem do
Santo Padroeiro, e uma relíquia do mesmo conservada n'um braço de prata.”
(Araújo, vol. 2, pg. 120)
Já o Governador do Rio de
Janeiro, Martim de Sá
(1623-1632), em seu segundo governo:
“Na Igreja Matriz de S. Sebastião
instituiu uma Capella, ou Altar onde collocou a Imagem de N. Senhora da Cabeça,
com faculdade do Prelado Aborim, entre o arco cruzeiro, e o altar da Senhora do
Rosário, sito da parte do Evangelho; é para subsistência do seu ornato , e
festejo annual , fez-lhe patrimonio por Escritura de 24 de Abril de 1616”. (Araújo, vol. 2, pg. 214-215)
A irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São
Benedito tinha desde 1630 um altar na igreja de São Sebastião. Em 1634 foi
criada a 2ª freguesia do Rio de Janeiro, na Igreja de Nossa Senhora da
Candelária, separando-se da de São Sebastião.
“Abrangeu a Matriz de S. Sebastião, como única, toda a redondeza da Cidade,
e suas circunvisinhanças: mas estentendo-se o povo, à proporção que as terras
se cultivavam, foram-se diminuindo os seus limites com as novas Parochias, por
quem se repartiu o território. Em 1634 deu sitio sufficientissimo à Freguezia
da Candellaria, dentro da Cidade: em Janeiro de 1751 accommodou as de S. Jozé,
e de Santa Rita; no anno de 1762 a de S. Francisco Xavier do Engenho Velho e no
de 1814 largou espaçoso território à de Santa Anna do Campo.” (Araújo, vol. 2, pg. 43)
Ao lado da igreja ficava o mosteiro construído
em 1650. Em 1659 o bispo Manuel de Souza Almada, devido ao mal estado de
conservação da igreja, tenta transferir a Sé para a igreja de São José, mas a
Câmara e outras autoridades protestam; no entanto, ele transfere o sacrário, a
pia batismal e o batistério para a Igreja de São José.
“Despovoado quasi o monte , onde
habitáram os moradores primeiros da Cidade , por se passarem à occupar a
planície próxima ao mar , e sendo naõ só muito incommodo o recurso aos Santos
Sacramentos , porém a sua administraçaõ mais trabalhosa , existindo a Pia
Baptismal , e o Sacrário na Matriz de S. Sebastião , situada naquella eminência
; se determinaraõ , que servisse de Matriz a Capella do Santo [Igreja de São José], como serviu
desde antes do anno 1661, até o de 1734, no qual, mudada a Sé Cathedral
para a Igreja de Santa Cruz , se transferia também para ella o Sacrário , e a
Pia baptismal.” (Araújo,
vol. 5, pg. 65)
Em 1676, quando foi criado o Bispado do Rio de
Janeiro, a Igreja de São Sebastião passou a ser a Catedral da cidade.
“[...] d. Pedro, a quem o Brasil deveu não
poucos cuidados, conseguio do papa Innocencio XI a bulla Romani pontificis
pastoralis solicitudo, de 16 de Novembro de 1676, determinando a elevação do
bispado da Bahia a arcebispado, e das prelazias do Rio de Janeiro e Pernambuco
a bispados. « Por territorio do bispado do Rio de Janeiro forão demarcados os
limites desde a capitania do Espirito-Santo até ao Rio da Prata, correndo a
costa do mar, e nessa correspondência toda a terra central a topar com a do
domínio hespanhol, não obstante qualquer outra separação ou desmembrarão da
provincia do Rio de Janeiro anteriormente feita, &c. »” (Macedo, pg. 238)
Em 1700 os pardos instituíram uma irmandade de
Nossa Senhora da Conceição na igreja de São Sebastião, que mudaram em 1729 para
sede própria. Em 1703 a igreja estava semiabandonada e era alvo de invasões e
roubos (foram roubados uma caldeira de prata, o cofre do Sacrário e diversos
castiçais) e estava em lugar ermo e impróprio, tendo o bispo Don Francisco de
São Jerônimo solicitado sua transferência da Sé para outra igreja.
“[...] a necessidade de mudar-se a Sé
desta Cidade, e Diocese , do Outeiro , e sitio , onde está situada, para outra
nova Igreja na Cidade, que se edificasse , assim para ser mais bem assistida, e
frequentada dos Capitulares , e moradores, nos Officios Divinos, como por
evitar as indecencias, sacrilégios, e roubos, a que está exposta, na soledade,
e desamparo em que está , como já se exprimentou duas vezes, uma no furto dos
castiçaes , outra no furto do Cofre , onde se recolhe o Santíssimo Sacramento ,
causa por que não tem a Sé Sacrário com o Santíssimo dentro em si , como devia
ter , e são obrigadas á terem as Igrejas Cathedraes ; e outro sim pelo
incommodo dos moradores, perigo das criancas que vão a bautisar, e indecencia,
com que se fazem as Procissoens , sahindo com o Santíssimo por entre valos,
azinhagas , e passos , em que se arrisca cahir o Sacerdote , e ainda o
Bispo , com a Custodia que leva nas maons ; e finalmente acbar-se a mesma Sé,
por sua antiguidade , ameaçando ruina ; [...]” .” (Araújo, vol. 6, pg. 41-42)
“[...] huma destas noites , aos
estrondos que a Sentinella sentiu , com medo se afastou mais para um telhal, e
pela manhãa se achou huma porta travessa sobreposta , e menos a caldeira de
prata de agua benta , de que nasceu mandar eu commungar as partículas Sagradas
, recolher o Cofre , e ficar o Sacrário da Sée sem Sacramento : e assim o devia
eu ter mandado fazer a mais tempo : e quando o Thesoureiro recolhe a prata , e
se não segura com a Sentinella , mal fazia eu de dar por seguro o Sacrário com
a Sentinella , e nesta Cidade.” (Araújo, vol. 6, pg. 37-38)
Em 30 de setembro de 1733 a Sé foi transferida
para a Igreja da Santa Cruz dos Militares devido a seu péssimo estado da igreja
do morro do Castelo, o que inviabilizava continuar abrigando a Sé.
“Despovoado aquelle lugar , com
facilidade principiaram á apparecer o latrocínio, o sacrilégio , e os de mais
insultos , que sem o menor medo , nem receio das sentinellas ahi postas de
vigia ao Templo , se commeteram repetidas vezes : e para evitar maiores
desacatos, deliberou o Il. Bispo D. Francisco de S. Jerónimo representar á
ElRei os factos anteriormente praticados com tanta impiedade , por Carta do
anno de 1702 , pedindo-lhe ao mesmo tempo a mudança da Sé (em rasão da
decadência actual do Templo) para a Capella de S. Jozé, cuja Irmandade nem
obstava , nem defendia o ingresso do Corpo Capitular , como pelo contrario
difflcultavam os Militares do Terço Velho da Praça , recusando o uso da Igreja
de Santa Cruz , á que o mesmo R. Bispo dirigia as suas vistas , por mais apta ,
cujo intento motivou o recurso a El Rei , nas suplicas que lhe fizeram sobre
esse assumpto.” (Araújo, vol. 6, pg. 35)
“[...] deliberou o Cabido, precedendo o
Consenso do Prelado , levar a Imagem do Santo Padroeiro para o novo Templo na
noite de 23 de Fevereiro de 1734 , quasi á furto [...]” (Araújo, vol. 6, pg. 47)
“Querendo por tanto El-Rei , que pela
mudança da Sé não se perdesse a memoria da Cathedral antiga de S. Sebastião ,
determinou no Alvará sobredito, que 1.ª se erigisse alli uma Confraria do
Santo, para ter cuidado da sua decência ; 2.º. que houvesse um Capellão
effectivo , com obrigação de celebrar Missa no Altar mor todos os dias por si ,
ou por outro Sacerdote , em beneficio das almas dos Senhores Reis de Portugal :
3.º que ao Capellão se daria a Congrua, como pelo Soberano fosse consignada, e
á Fabrica da Igreja : 4.º que no dia 27 de Janeiro de cada um anuo , no qual se
solemniza a Oitava do mesmo Santo Padroeiro , depois de satisfeitos os Officios
Divinos, e Cantada a Missa Conventual na Cathedral nova , fosse obrigado o
Cabido , acompanhado de todo Clero , sem exceção do Regular , á fazer uma
procissão solemne á Igreja antiga , onde se cantaria outra Missa igualmente
solemne: e por ultimo recomendou muito ao Bispo , e ao Cabido , que a manhãa ,
ou o dia todo da procissão fosse de Guarda.” (Araújo, vol. 6, pg. 49)
O Bispo do Rio de Janeiro Dom Frei Antônio de
Guadalupe (1725-1740) obteve graças reais à igreja.
“[...] fixando as vistas nos interesses, e felicidade
da Santa Igreja Cathedral, por que tanto se desvelou , naõ foi descuidado em
suplicar á El Rei algumas graças, até obter da Grandeza do mesmo Soberano as
dadivas de ricos ornamentos, e de um Orgaõ bellissimo, com que ficou provida a
Sé”. (Araújo, vol. 4, pg. 155)
Devido aos conflitos do Bispo com a Irmandade de
Santa Cruz dos Militares, que administrava a dita igreja, em 1737 a Sé passou
para a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, na atual Rua
Uruguaiana, onde ficou até 1808. Também
a irmandade de Nossa Senhora da Conceição se mudou da igreja de São Sebastião
para a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Houve também uma
confraria de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, que depois criaram igreja
própria.
“Na Igreja Matriz de S. Sebastião haviam posto
os Pretos devotos da Mãi de Deos uma Imogem da invocação do Rozario, aquém
tributavam obsequiosos cultos , cuja perpetuidade pretenderam firmar, creando
uma Confraria antes do anno 1639, e unindo-lhe a de S. Benedicto , fizeram de
ambas luna só Corporação sob o titulo de irmandade de N. Sra. do Rozario, e S.
Benedicto , que o Prelado Administrador Manoel de Souza e Almada approvou em
Provisão de 22 de Março de 1669.” (Araújo, vol. 6, pg. 61)
A igreja foi reformada em 1792 pelo Vice-rei
Conde de Resende (1790-1801).
“Arruinado o Templo, pela mudança que houve da
Corporação Capitular estabelecida nessa Casa, desamparo quasi total do povo
habitante no lugar, e muito mais por não se consignarem reditos para o seu
reparo; ia à desapparecer, se o 5.º Vice-Rey do Estado, Conde de Rezende, não
tomasse à seu piedoso zelo a reforma interior do edificio, por conta de grandes
esmolas do Povo, augmentando-lhe outras obras, e deixando-o com suficiente
aceio”. (Araújo, vol. 2, pg.
38)
“[...] a Igreja de S. Sebastião, onde se
fundara a Matriz 1.ª da Cidade , e teve o primeiro assento a Sé Cathedral ,
cujo Templo reedificou , e ampliou o Vice-Rei Conde de Rezende , no anno de
1792 com esmolas adquiridas do Povo ; [...]” (Araújo, vol. 5, pg. 72)
“Permittindo El-Rei D. João V. no Alvará de 30
de Setembro de 1733 , que por justos motivos se mudasse a Igreja Cathedral da
antiga , e decadente Casa dedicada à S. Sebastião, ordenou tambem , que
conservado-se o Templo, para não se perder com elle a sua memoria, se
estabelecesse alli uma Capellania perpetua , e se erigisse finalmente uma
Irmandade do mesmo Santo, para velar, e vigiar sobre o trato da Igreja. Não se
cumprindo por então o Alvará na parte relativa à essa erecção , foi executado
pelo Conde [de Resende], á título de sua particular
devoção ao Santo Sebastião , pois que renovando o Templo , e reedificando as
casas annexas de Sacristia , á custa de esmolas pedidas ao povo , de novo fez
erigir a Irmandade , que ...constava durar no anno de 1716, mas não existia.” (Araújo, vol. 5, pg. 261-262)
“[...] a erecção da Irmandade de S.
Sebastião [...], cuja organisação executou o Vice Rei Conde de
Rezende, reedificando ao mesmo tempo , á custa de esmolas pedidas ao povo , o
decadente Templo 1.º da Cidade.” (Araújo, vol. 6, pg. 52)
“Em uma cidade em que se contam ricas, poderosas
e florescentes confrarias, não ha uma com a invocação desse martyr, a não ser a
modesta liga de S. Sebastião, estabelecida na egreja dos Capuchinhos, e
luctando com todas as difficuldades. A irmandade, da qual era mordomo Francisco
Velho, continuou, ao que parece, até 1716, e depois desappareceu. Em 1733 d.
João V. querendo que continuassem a venerar o glorioso padroeiro, ordenou se
constituisse uma confraria na Sé Velha; nada foi conseguido. Em tempos do conde
de Resende, pôde este restaurar a antiga egreja de S. Sebastião, procurou
angariar devotos para uma confraria, e apezar de vice-rei e manda-Chuva, essa
corporação não teve estabilidade!” (Fazenda, 138)
Em 1808, com a chegada ao Brasil de D. João, passou a Catedral para
a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, na Rua 1º de março; aí permaneceu até
ser transferida para a Avenida Chile em 1976, onde ainda encontra-se
localizada. Em 1842 a igreja abandonada foi entregue aos Capuchinhos Italianos
que a reformaram, mantendo as 3 naves, e construíram anexo o convento dos
Capuchinhos.
“Em 1842 foi entregue este templo aos capuchos
italianos, que reedificárão-no com o auxilio do governo.” (Azevedo, 126)
“Chegando ao Rio de Janeiro em 1842 alguns frades desta
ordem, derão-lhes o governo e o bispo a igreja de S. Sebastião no Castello; ali
depois de reconstruírem a igreja, edificarão seu hospício, e por meio de
concessões e artifícios jesuíticos conseguirão apossar-se da praça chamada da
Sé Velha, para cerca do seu convento.” (Azevedo, pg. 130)
“O governo imperial offereceu á escolha dos
barbadinhos recem-chegados diversas igrejas, mas frei Fidélis preferio a todas
a de S. Sebastião do Castello, e a 18 de Agosto de 1842 recebeu não somente
essa igreja, mas ainda o terreno adjacente medido e demarcado [...]” (Macedo, vol. 2, pg. 324)
“Simples em seu aspecto exterior, a igreja de S.
Sebastião do Castello apresentava na frente uma porta principal e duas lateraes
: sobre a primeira uma janella e um oculo davão luz ao coro; duas torres
formavão os ângulos da frente da igreja ; das portas lateraes uma olhava para o
Castello [direito], a outra para a barra do Rio de
Janeiro [esquerdo]. Perto
da porta principal e do lado do Castello via-se erguido um frade de pedra, como
o povo chama, tendo em uma de suas faces gravadas as cinco chagas e na outra
uma cruz. Era tradição, mas tradição que me parece não ter fundamento, que
debaixo dessa pedra fora sepultado o primeiro soldado que morrera nas pelejas
do dia 20 de Janeiro de 1567. No fundo ligava-se ao templo uma pequena casa que
era a sacristia. Em seu interior o templo pertencia em sua architeclura á ordem
toscana; havia tres naves, no meio elevavão-se cinco pilares octangulares, de
cada lado com as suas bases forradas de madeira, as paredes lateraes erão de
trinta palmos [6,6m], as
do meio, que erão sustidas por arcos assentados sobre os pilares, tinhão
quarenta palmos [8,8m].
Corria em todo o corpo da igreja uma pequena cimalha de madeira. Os altares
erão cinco, dous de cada lado e o principal. Do lado do Evangelho [esquerdo], no primeiro havia
um painel de Nossa Senhora de Belém que representava a adoração dos Reis Magos;
no segundo estava S. André Avelino, que, por muito estragrado, frei Fidélis fez
substituir por outro painel em que se vião S. Francisco de Assis, Santo Antonio
e S. Affonso de Ligori. Os altares do outro lado pertencião a S. João Baptista
e a S. Januario. Os altares erão singelos e sem obra de talha. Antigamente, e
ainda no século actual, o povo do Rio de Janeiro era muito devoto de S.
Januario, a quem se festejava com pompa todos os annos, e igualmente de Nossa
Senhora de Belém, que era honrada com especialidade em todo o oitavario do
Natal. O arco cruzeiro da igreja era de extrema singeleza, tendo apenas algum
trabalho de talha: no altar-mór o retábulo era em parle dourado e em parte
pintado de amarello ; pouco trabalho de talha nelle havia, e apenas se notavão
dous anjos de seis palmos [1,2m] de altura. Sobre o throno do
altar-mór estava um nicho onde se via o padroeiro S. Sebastião, tendo a imagem
quatro palmos [0,88m] de altura. No meio do arco cruzeiro
da capella-mór vião-se a coroa de Portugal e as armas e o escudo do Brasil. No
presbyterio da capella-mór, ao pé dos degráos, que são tres e erão de pedra do
paiz, estava (e estará) a sepultura de Estácio de Sá, da qual já em outro
passeio dei conta, e por consequência julgo-me dispensado de tornar a faze-lo
neste. Fóra da grade do altar-mór havia algumas pedras sopulcraes, umas tendo
inscripção e outras não. Uma daquellas estava ao lado da Epistola [direita] e rezava deste modo :
Francisco d'Alvarenga deitado jaz aqui neste crucifixo e seja resuscitado daqui
donde está sepultado em o dia derradeiro. Outra, que era de pedra de Lisboa e
estava do lado do Evangelho [esquerda],
rezava: A S De Francisco de Caldas e de sua mulher Helena de Souza e seus
Herdeiros. Outra pedra sepulcral estava na capella-mór do lado do Evangelho, e
tinha inscripção ; esta porém tão consumida pelo tempo que não foi possivcl
entende-la ou decifra-la bem. Limita-se ao que deixo escripto tudo quanto posso
dizer a respeito da antiga igreja de S. Sebastião do Castello. Em 1842
achava-se esta igreja em verdadeiro estado de quasi abandono e de evidente
ruina : o capim e as hervas crescião em torno do templo e ameaçavão
conquista-lo ; o madeiramento do tecto, as cimalhas, os altares da santa casa
de S. Sebastião, a casa toda emfim, achavão-se podres, e expostos a cahir ao
impulso das tempestades. O cruel esquecimento em que se deixava uma igreja
histórica, a mais antiga do Rio de Janeiro, o tecto sagrado que se dedicara ao
padroeiro da cidade, e que encerrava em seu seio os restos do primeiro fundador
da Sebastianopolis, dava testemunho publico da nossa incúria por tudo quanto
não é positivo e material. Muito longe teria eu de ir se quizesse descrever
esse estado de ruina a que chegara a igreja de S. Sebastião do Castello: basta
dizer que os concertos necessários erão taes que exigião uma completa reparação
do templo. E foi assim que os capuchinhos italianos receberão esta igreja , que
aliás fora a da sua propria escolha : e enquanto esperavão recursos para, se
lhes fosse possivel, tratarem de realizar obras importantes, occupárão-se logo
de apanhar as goteiras por onde a chuva inundava todo o templo e de remendar um
pouco o arruinado tecto, e logo depois, auxiliados pelos meios pecuniários que
lhes subministrou o governo imperial, e pelas esmolas do povo, construirão um
modesto hospicio, onde se asylárão, mudando-se, enfim, de duas pequenas casas
vizinhas da igreja , e que pertencião e pertencem a S. Sebastião.” (Macedo, pg. 326-329)
Em 10 de novembro de 1861, um temporal fez
estalar o madeiramento do teto e abalou e fendeu as paredes, o que motivou a
transferência das imagens para a sacristia. Em 21 de dezembro de 1861 os
Capuchinhos iniciaram a reforma da igreja.
“Tal era o estado de ruina em que ficára a antiga
igreja, que em consequência do temporal, que cahio sobre a cidade, em 10 de
novembro de 1861, estalou o madeiramento do tecto, e ficarão as paredes
abaladas e fendidas. Em 2 de dezembro de 1861 transferirão-se as imagens para a
sacristia, e no dia 21 começárão as obras de reedificação ; elevarão-se as
torres, abrirão-se as janelas laterais no corpo da igreja e na capella mór,
levantou-se o côro, transformárao-se em columnas os pilares que dividirão as
naves do interior do templo; fizerão-se de novo os forros, os assoalhos, portas
e grades; construirão-se 2 capellas fundas, pelo que ficou a igreja tendo nove
altares, em vez de sete; preparou-se um pulpito, e ornou-se o templo com obras
de talha [...] Ha o
portico de granito, uma janella e um oculo no côro, e um frontão recto; as
torres tem uma porta no primeiro pavimento, e só uma tem pináculo de fórma
pyramidal. O átrio é cercado com gradil de ferro, e junto ao cunhal da igreja,
vê-se enterrado no chão um marco de pedra mármore de 4 palmos de altura [90cm]; tendo em uma face as quinas
portuguesas, e em outra a cruz de Christo. [...] Interiormente é o templo dividido em três naves, com
boas imagens, tendo desapparecidos um S. Sebastião e um Santo Avelino, pintados
por Manoel da Cunha, os quaes ornavão os altares [...] Na capella
mór ha um altar no tecto, e lateralmente quatro, sendo três pintados por
Leandro Joaquim, os quaes representão a Senhora de Belem, S. João, e S.
Januario, vendo-se no fundo deste ultimo quadro os navios francezes, que vierão
atacar o Rio de Janeiro em 1710.” (Azevedo,
pg. 126-127)
“Com effeito, no dia 21 de Novembro de 1861
desenfreou-se uma tremenda borrasca, ao impeto da qual sentio-se abalar a velha
igreja, que estremeceu em suas cansadas paredes. S. Sebastião susteve ainda
nesse dia a sua casa, mas força foi reconhecer que ella não tardaria muito
tempo a cahir. A imprensa periódica da capital registrou este facto: o
padre-mestre frei Caetano insistiu em seus pedidos, que o governo dessa vez
attendeu, e pondo-se logo mãos á obra que devia restaurar o templo,
trasladarão-se nos primeiros dias de Dezembro desse mesmo anno as sagradas
imagens, com toda a solemnidade, fazendo-se uma procissão, na qual levou o
Santíssimo Sacramento o Exm. Sr. bispo de Goyaz, então recentemente sagrado, e,
desmanchando-se a igreja arruinada , continuárão entretanto os capuchinhos a
officiar em uma capella provisória preparada na sacristia.” (Macedo, pg. 330-331)
“O templo não mudou em relação á ordem architectonica;
soffreu, porém, modificação em algumas de suas disposições. A igreja antiga era
muito baixa e escura , e, encontrando-se nella paredes rachadas e desaprumadas,
que tiverão de levantar-se de novo, houve ocasião de se corrigir esses
defeitos. As paredes lateraes tinhão trinta palmos [6,6m], e tem agora quarenta de altura [8,8m]; as do meio tinhão
quarenta [8,8m], e se
elevão hoje a mais de cincoenta [11m];
as da capella-mór erão de trinta palmos [6,6m],
e passarão a ter quarenta e oito [10,5m];
a da frente da igreja não excedia a qarenta e cinco [10m], e excede agora a
sessenta [13,2m]. O templo
era, como disse, escuro: o coro recebia luz por uma janella e um oculo, e as
naves dos altares lateraes por cinco clara-boias collocadas no telhado uma sobre
cada arco. A maior altura que as novas obras derão ás paredes permittio que se
rasgassem quatro janellas de cada lado do corpo da igreja, duas de cada lado da
capella-mór, e mais duas aos lados do camarim ; ao todo quatorze janellas, e
todas de cantaria. A torre do lado direito [o
lado esquerdo, olhando-se a frente da igreja] estava
rachada desde cima até os alicerces ; foi concertada, ficando sem obelisco,
para não aggravar mais os alicerces, e ajuntando-se-lhe um gigante do lado do
mar, para dar-lhe mais segurança , e sobre o gigante construio-se uma escada,
por onde se sóbe ao coro e á mesma torre. A outra do lado esquerdo [o lado direito, olhando-se a
frente da igreja], tambem concertada e caiada, perdeu um gallo que pousava
sobre ella, e que teve de ceder o poleiro a um S. Miguel de cobre : ignoro se o
gallo, por ter descido do poleiro, declarou-se em opposição a S. Miguel ; é
este um problema que deve ser resolvido pelos nossos políticos. Na frente da
igreja corre uma cimalha, e por cima do telhado, entre as duas torres,
levanlou-se uma cruz de cantaria que tem nove palmos [1,8m] de altura : por baixo dessa mesma
cimalha ha um oculo de dezaseis palmos [3,5m] de circumferencia, e conservou-se
metade da janella do coro. No interior da igreja levantou-se o coro á altura de
trinta palmos [6,6m],
poz-se-lhe uma grade de balaustres, deu-se-lhe uma fôrma mais graciosa e alguns
ornamentos de obra de talha. A igreja tem, como dantes, tres naves ; mas os
pilares, que em duas ordens se erguião e que erão octangulares, são agora
redondos, fingindo columnas de mármore. Os altares elevarão-se ao numero de
nove, tres de cada lado, mais dous em duas capellas aos lados do altar-mór e
este : cada um dos primeiros tem um arco singelo, as capellas os seus
zimborios. Na altura de trinta palmos [6,6m] corre uma cimalha de madeira de
ambos os lados da capella-mór, e chega até o fundo da igreja : por baixo da
cimalha daquela a parede é forrada até o chão com taboas de cedro, tendo
columnas que descem até o soalho e correspondem ao risco do forro : então estas
devem mostrar-se quatro painéis cercados de obra de talha ; os painéis serão de
Nossa Senhora de Belém, de S. João Baptista, de S. Januario e de S. André
Avelino, que conservarão a memoria dos antigos que esta vão nos altares. O arco
cruzeiro recebeu ornamentos de obra de talha, e por cima delle vé-se a arca
santa, na parte superior da qual se mostra Nossa Senhora, sendo este grupo
cercado de nuvens, no meio das quaes aparecem cabeças de cherubins, e os dous
anjos da antiga igreja ajoelhados aos lados da arca. As portas lateraes e os
dous portões da principal são novos e aquellas mais altas que as antigas. A
igreja será dividida por grades com balaustres, que fecharão os altares, a
capella-mór e as capellas laleraes. Opportunamente a igreja terá um páteo
cercado de grades de ferro e com dous portões tambem de ferro [...] O padre-mestre frei Fidélis
mandou vir da Italia para a igreja de S. Sebastião duas imagens de santas, a de
Santa Verônica Juliani, capuchinha, e Santa Philomena, virgem e martyr ; e,
vendo que muitos fieis tomavão por ellas grande devoção, lembrou-se de
instituir duas irmandades que se occupassem do culto destas santas ; bem
depressa, porém, as irmandades e os religiosos barbadinhos acharão-se em
desaccordo, e de modo tão positivo e desagradável que o prefeito e
commissario-geral, frei Fabiano de Scandiano, poz termo ás desavenças
despedindo e mandando com Deos aquellas corporações. (Macedo, pg. 332-335)
Ali depois de reconstruírem a igreja, edificaram
seu convento.
“O hospício tem dous pavimentos havendo no primeiro a
sala do refeitorio e sete cellas, e no segundo doze cellas, e a sala do relogio.”
(Azevedo, pg. 130)
“Por traz da igreja está o hospício dos frades capuchos
italianos, conhecidos vulgarmente pelo nome de Barbadinhos.” (Azevedo, pg. 128)
Os capuchinhos construíram do lado de fora da
igreja uma gruta artificial de Nossa Senhora de Lourdes onde se pagavam
promessas e se penduravam ex-votos. O mosteiro e o convento foram fechados em 3
de novembro de 1920 devido às obras de demolição do Morro do Castelo.
Do lado externo da igreja, junto a um dos
cunhais existia implantado no chão um marco de mármore de forma prismática, com
base quadrada e 90 cm de altura, tendo em uma das faces as quinas portuguesas e
na outra uma cruz da ordem de Cristo; acredita-se que este seja o marco de
fundação da cidade. Quando o morro do Castelo foi arrasado, em 1922, esteve
colocada por algum tempo no centro da Esplanada do Castelo, justamente no ponto
que corresponderia à sua localização exata no alto do morro. Mais tarde foi levado
para a instalação provisória dos capuchinhos à rua Conde de Bonfim e depois
para a igreja de São Sebastião na rua Haddock Lobo.
A igreja de São Sebastião dos capuchinhos na
Tijuca abriga vários objetos históricos e artísticos importantes da igreja de
São Sebastião original. Os mais importantes datam dos primórdios da cidade: o
marco de pedra da fundação da cidade com o escudo português esculpido, a imagem original de São Sebastião
da igreja antiga (atualmente no altar-mor da igreja nova) e a lápide tumular de Estácio
de Sá, fundador da cidade. A lápide é dotada do brasão esculpido
em alto-relevo do fundador e uma inscrição comemorativa. A inscrição indica que
esta foi mandada fazer por Salvador Correia de Sá, primo de Estácio, em
1583. O translado dos restos do fundador para a igreja ocorreu em 1931 e foi um
grande evento na cidade. Na década de 1960 a Prefeitura do Rio de janeiro
encomendou ao arquiteto Lúcio Costa um monumento que foi construído no Aterro
do Flamengo, nas imediações da Avenida Rui Barbosa, especialmente para abrigar
o Marco de Fundação e os restos com a lápide de Estácio de Sá, mas ele está
vazio pois os frades capuchinhos se recusam a entrega-los à Prefeitura.
3 – Descrição:
A igreja tinha uma direção geral oeste-sudoeste
- leste-noroeste, com frente para leste-noroeste e maior comprimento
ântero-posterior. O teto era de telha em duas águas, em vários níveis. O ádro
era cercado com grade de ferro. A fachada anterior da frente da igreja tinha
mais de 13,2m de altura e era dividida em 3: nave central e torres sineiras.
Havia 4 cunhais, um em cada canto e dois no meio da fachada, separando a nave
central das torres sineiras; acima de cada cunhal havia um pináculo. A nave central
tinha uma grande porta em arco, tendo acima uma janela retangular deitada, na
altura do coro, e mais acima um óculo de 3,5m de circumferencia. Terminava com
uma cimalha que também encimava as torres sineiras. Acima havia um frontão
triangular e no topo uma cruz de cantaria que tinha 1,8m de altura. As torres
sineiras tinham apenas uma porta em arco cada e a torre direita terminava,
acima do entablamento, com um teto piramidal (a torre esquerda não tinha o teto
piramidal) sobre o qual havia um São Miguel de cobre; não havia sinos na
fachada anterior. As torres sineiras não se destacavam na fachada frontal por
terminarem na mesma altura que a nave central. O templo tinha quatro janelas de
cada lado do corpo da igreja, duas de cada lado da capela-mór, e mais duas aos
lados do camarim; ao todo, quatorze janelas, e todas de cantaria. A fachada
direita apresentava inicialmente uma torre sineira, com duas janelas em arco no
alto, delimitada por cunhais em cada canto, tendo sobre cada um deles um
pináculo. O segundo segmento tinha dois níveis: o mais baixo e externo tinha
8,8m; e o mais interno e alto se elevava a mais de 11m. O mais externo,
correspondendo à nave lateral, tinha dois cunhais e uma porta de verga reta com
sobreverga em frontão; o nível mais interno, correspondendo à nave central,
possuía quatro janelas retangulares deitadas. No final desta fachada ficava
transversalmente o convento, cuja primeira seção tinha 2 andares e em cuja
fachada anterior havia no primeiro andar duas portas de verga reta e no segundo
andar três janelas de verga reta; na lateral havia uma janela de verga reta no
segundo andar. A segunda seção possuía só um andar e tinha uma porta de verga
reta no meio e em cada um dos lados da porta, uma janela de verga reta na
fachada anterior. Após este tramo transversal, o convento continuava, em dois
andares, sendo que em dois planos diferentes, com cerca de 9 janelas de verga
reta no primeiro andar mais externo e 6 janelas de verga reta no segundo andar,
mais interno. A fachada esquerda tem na primeira seção a torre sineira, sem
teto piramidal e sem abertura para sinos, tendo alto uma voluta e daí descendo
uma seção em diagonal (uma escada por onde se sobia ao coro e à torre), com
várias janelas em diferentes níveis; depois há uma seção média semelhante à da
fachada direita, mas tendo em parte dela uma pequena projeção de apenas um
andar e depois há uma projeção de dois andares com mais de 5 janelas. A fachada
posterior é constituída basicamente do convento, com nove janelas no segundo
andar e outras tantas portas ou janelas no primeiro andar.
A igreja possuía, no interior, 3 naves,
separados por quatro arcos ornamentados sobre colunas redondas de fuste liso,
fingindo colunas de mármore. O coro tinha altura de 6,6m e era cervado de grade
de balaústres e possuía alguns ornamentos de obra de talha. Os altares elevavam-se ao
numero de nove, tres de cada lado, na altura dos 3 arcos mais posteriores da
nave, mais um em uma capela de cada lado do altar-mor e por último o altar-mor;
cada um dos primeiros tinha um arco singelo, as capelas e os seus zimbórios.
Alguns dos altares laterais tinham uma coluna coríntia acanelada de cada lado e
no topo um frontão triangular. Na segunda coluna direita da nave ficava o
púlpito com sua cobertura. O arco cruzeiro tinha ornamentos de obra de talha, e
por cima dele via-se a arca santa, na parte superior da qual se mostrava Nossa
Senhora, sendo este grupo cercado de nuvens, no meio das quais apareciam
cabeças de querubins, e os dois anjos da antiga igreja ajoelhados aos lados da
arca.
A capela-mor era mais baixa e estreita que a
nave (10,5m de altura) e tinha de cada lado do altar-mor uma porta de verga
reta; havia um painel no teto. Na altura de de 6,6m corria uma cimalha de
madeira de ambos os lados da capela-mor, que chegava até ao fundo da igreja;
por baixo da cimalha, a parede era forrada até o chão com tabuas de cedro,
tendo duas colunas que desciam até o assoalho e correspondiam ao risco do
forro. Entre estas colunas havia, de cada lado, 2 painéis cercados de obra de
talha; os painéis eram de Nossa Senhora de Belém, de São João Baptista, de São
Januario (no fundo deste quadro estavam pintados os navios franceses, que
vieram atacar o Rio de Janeiro em 1710) e de São André Avelino, que conservaram
a memoria dos antigos que estavão nos altares. Os quadros que representavam a
Senhora de Belém, São João e São Januário, foram pintados por Leandro Joaquim
no século XVIII. O altar-mor era em arco com uma coluna coríntia acanelada de
cada lado e com um ornamento corniforme no topo; no centro do altar ficava uma
imagem grande de São Sebastião.
4 – Visitação:
Impossível a igreja foi demolida junto com o
Morro do Castelo em 1921-1922
5 – Bibliografia:
ARAÚJO, José de Souza Azevedo
Pizarro e. Memórias Históricas
do Rio de Janeiro e das Províncias anexas à Jurisdição do Vice-Rei do Estado do
Brasil. vol. 2, 4, 5 e 6. Rio
de Janeiro: Impressão Régia, 1820.
MACEDO, Joaquim Manoel de. Um passeio pela cidade do Rio de
Janeiro, vol 2. Rio de Janeiro: Typographia de Candido Augusto de Mello,
1863.
AZEVEDO, Moreira de. Rio de Janeiro. Sua
história, monumentos, homens notáveis, usos e curiosidades. Vol. 1. Rio de
Janeiro: B. L. Garnier, 1877.
FAZENDA, José Vieira. Antiqualha
e memorias do Rio. RIHGB,
vol. 140, 1921.
COSTA, Lúcio. Arquitetura
dos jesuítas no Brasil. Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional, Rio de Janeiro, n. 5, p. 105-169, 1941.
COARACY, Vivaldo. Memória da Cidade do Rio de Janeiro. Rio de
Janeiro: José Olympio Editora, 1955.
COARACY, Vivaldo. O Rio de Janeiro do Século XVII.
Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1965
CRULS, Gastão. Aparência
do Rio de Janeiro. 3ª ed. Rio de Janeiro: ed. José Olympio Editora, 1965
GERSON, Brasil. História
das Ruas do Rio. 5ª. ed. Rio de Janeiro: Editora Lacerda, 2000.
Church of Saint Sebastian of Castle Hill: Brazil, State of Rio de Janeiro, City of Rio de Janeiro, downtown
It was the first church erected in Rio de Janeiro, between 1568 and 1572, over the Castel Hill. It was the first parish church and, in 1676, the first cathedral of Rio de Janeiro. When the city grew in foodplain, this church entered in a long decadence. In 1734 the cathedral seat was transfered to another church. In 1861 started a great reform of this church, but it was demolished in 1822 with the rasing of Castel Hill.

Maquete mostrando o Morro do Castelo e, a noroeste, a Ponta do Calabouço. Escala 1/770. No extremo noroeste o Forte de São Thiago. No centro o Colégio dos Jesuítas e a Igreja de Santo Inácio. À sudeste o Forte de São Thiago e lá atrás a Igreja de São Sebastião, tendo à sua esquerda a bateria de São Januário
Maquete mostrando o Morro do Castelo e, a noroeste, a Ponta do Calabouço. Escala 1/770. No alto do morro o Colégio dos Jesuítas e a Igreja de Santo Inácio e atrás a Igreja de São Sebastião., À direita o Forte de São Sebastião. |
Detalhe do mapa Centro do Rio de Janeiro, João Massé, 1713. A. Fortaleza de São Sebastião; B. Reduto de São Januário; C. Igreja de santo inácio e Colégio dos Jesuítas; D. Igreja da Misericórdia (Nossa Senhora do Bonsucesso) E. Forte de São Tiago (atualmente parte do Museu Histórico Nacional).
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Detalhe de outro quadro do Centro visto da Ilha das Cobras, Eugene Ciceri, 1852. À esquerda, Santa Tereza com o Convento de Santa Tereza. Em seguida a Lapa onde se aparece atrás do casario os Arcos da Lapa. Depois há a Igreja de Santa Luzia com a Praia de Santa Luzia (atual rua Santa luzia). O grande edifício com cúpula na praia é a Santa Casa da Misericórdia. Depois temos a Ponta do Calabouço com o Forte de São Tiago (atual Museu Histórico Nacional). No alto do Morro do Castelo, à esquerda Igreja de São Sebastião e, à direita, a Igreja de Santo Inácio e o Colégio dos Jesuítas; na extrema direita a Fortaleza de São Sebastião com o semáforo.
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Detalhe do quadro do Centro de Louis-Julien Jacottet, 1861. Em primeiro plano a Praia de Santa Luzia (atual rua Santa luzia). À esquerda a Igreja de Santa Luzia, ao centro a Santa Casa da Misericórdia, à direita a Ponta do Calabouço. No alto do Morro do Castelo, à esquerda Igreja de São Sebastião e, à direita, a Igreja de Santo Inácio e o Colégio dos Jesuítas |
Morro do Castelo, pintura de Georg Heinrich. No alto a Igreja de São Sebastião vista de trás. Observe as duas torres bem nítidas, antes da reforma de fins do século XIX e a ausência do Convento dos Capuchinhos. |
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Morro do Castelo, após 1861. Observe a Igreja de são Sebastião vista pelo lado direito, após a reforma, de fins do século XIX., já com o Convento dos Capuchinhos |
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Morro do Castelo, após 1861. Observe no alto a Igreja de São Sebastião vista de frente, após a reforma, com as torres sineiras apagadas após a reforma de fins do século XIX.
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Morro do Castelo, 1907. Observe no alto a Igreja de São Sebastião vista de frente, após a reforma, com as torres sineiras apagadas após a reforma de fins do século XIX. |
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Morro do Castelo, 1909. Observe no alto a Igreja de são Sebastião vista pelo lado direito, após a reforma, com as torres sineiras apagadas após a reforma de fins do século XIX. |
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Ladeira do Seminário, Augusto Malta, 1920. Observe no alto a Igreja de São Sebastião
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Morro do Castelo, 1921. Observe no alto a Igreja de São Sebastião vista de frente, após a reforma, com as torres sineiras apagadas após a reforma de fins do século XIX. |
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Morro do Castelo, durante a demolição, 1922. Observe no alto a Igreja de São Sebastião vista pelo lado esquerdo, já semidemolida. |
Morro do Castelo, durante a demolição, Augusto Malta, 1922. Observe no alto a Igreja de São Sebastião vista pelo lado direito. |
Morro do Castelo, durante a demolição, Augusto Malta, 1922. Observe no alto a Igreja de São Sebastião vista pelo lado esquerdo.
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Igreja de São Sebastião, 1861-1922. Frente e lado direito. |
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Igreja de São Sebastião, Augusto Malta, 1922. Frente e lado direito. |
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Igreja de São Sebastião, Augusto Malta, 1922. Frente e lado esquerdo
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Igreja de São Sebastião, Gustavo Dall'Ara, 1885-1922. Lado direito |
Igreja de São Sebastião. Lado direito, Augusto Malta, 1920 |
Igreja de São Sebastião. Lado direito, 1921. Dita última missa na Igreja.
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Morro do Castelo. Igreja de São Sebastião. Lado direito |
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Igreja de São Sebastião, Julio Ferrez, 1920. Lado direito |
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Igreja de São Sebastião. Lado direito |
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Igreja de São Sebastião, Augusto Malta. Lado direito |
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Igreja de São Sebastião, Julio Ferrez, 1921. Lado direito e chafariz do Castelo.
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Igreja de São Sebastião. Interior. Nave e Capela-mor, Augusto Malta, 1921. Observe os 4 arcos sobre colunas, ricamente decorados, que separavam a nave central das laterais e o púlpito à direita em uma coluna.
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Igreja de São Sebastião. Interior. Nave e Capela-mor, 1921 |
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Igreja de São Sebastião. Interior. Nave e Capela-mor. Observe a rica decoração em talha, os 4 arcos que separam a nave central das laterais e a rica decoração.
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Igreja de São Sebastião. Interior. Capela-mor, Augusto Malta, 1922. Observe a rica decoração em talha, os 4 quadros nas laterais da Capela-mor.
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Igreja de São Sebastião. Interior. Capela-mor, Augusto Malta, 1921. Observe a rica decoração em talha, os quadros nas laterais e a imagem de São Sebastião no altar-mor.
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Igreja de São Sebastião. Lápide de Estácio de Sá e Marco da cidade atrás. Acima a urna dele |
Igreja de São Sebastião. Lápide de Estácio de Sá |
Igreja de São Sebastião. Marco da Cidade |
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Igreja de São Sebastião. Marco da Cidade |
Igreja de São Sebastião. Marco da Cidade antes de 1922. Vê-se-o cercado por um gradil ao lado do cunhal da igreja. |
Convento dos Capuchinhos. Interior. Sacristia, Augusto Malta, 1921
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