quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

BRASIL: RJ: NITERÓI: 
Igreja de São Francisco Xavier (Niterói) - 
Church of  Saint Francis Xavier

1 – Localização:
Niterói. Praias da Baía. São Francisco. Av. Quintino Bocaiuva s/n. (22°55'18.92"S, 43° 5'39.45"O)
2 – História:
A primitiva capela foi construída em pedra e cal entre os anos de 1662 e 1696, pelos Jesuítas em terras da Fazenda do Saco, originalmente de propriedade de Mateus Antunes, que havia adquirido a propriedade dos herdeiros de Martim Paris, em 1659, e vendido aos padres da Companhia de Jesus. Seu projeto tem autoria atribuída ao jesuíta Irmão Lourenço Gonçalves, tendo em vista as similaridades encontradas nas características arquitetônicas da ermida com outras obras de autoria comprovada daquele construtor que, neste período, se encontrava no Rio de Janeiro. Como na capela também havia um sino de bronze datado de 1573, alguns historiadores sustentam que ela foi fundada no ano de 1572 e sua fundação seria atribuída ao Padre José de Anchieta.
 “[...] [capela] de São Francisco Xavier do Saco, distante por terra, ¾ de legoas [5km], fundada pelos PP. Jesuitas, de quem foi a Fazenda, em que ela se acha.” (Araújo, 1794)
[...] de S. Francisco Xavier , feita sobre o mar do mesmo Saco de Jurujuba pelos Padres Jesuítas (Senhores que eram da Fazenda , onde se acha) em annos pouco anteriores ao de 1696 , segundo mostrava a inscripçaõ gravada com essa Era na frente do armário da Sacristia. Depois do exterminio dos proprietários teve Capellaõ privativo, com jurisdicçaõ parochial, até se vender a Fazenda, á cujo comprador passou também a Capella.” (Araújo, vol. 3, pg. 183-184)
Em 1730, o Ouvidor Manuel da Costa Mimoso realizou o tombamento das terras da Fazenda do Saco, a pedido do padre-reitor Antônio Cardoso, do Colégio dos Jesuítas. Feitas as medições, fincou o peão de terras, próximo à subida do outeiro (este se conserva até hoje neste lugar). Em 1759 os jesuítas foram expulsos do Brasil e seus bens foram confiscados pela coroa e vendidos em leilão público. A partir de então, a fazenda de gado do Saco de São Francisco passou por vários proprietários. Em 1779 foi interdita por uso indevido, mas foi reaberta em 1789.
“Na Visita de 1.779 ficou Interdita pela indecência em que a conservava João Luiz Antunes, que servindo-se deste Templo como de um Armazem até guardava nele os tijolos da sua Olaria por cuja causa foi mandada recolher á Matriz a Imagem daquele Santo. Por falecimento daquele administrador índigno, ficando o seu Testamenteiro o Cap. Filipe Antonio Barboza, e principal credor aos bens do mesmo, com melhor Religião conservou a mesma Capela na decência precisa, e lhe fez os reparos, de que necessitava: depois do que, sendo Visitada por Ordem de V. Excia., foi-lhe concedido o seu antigo uso, por Despacho de 29/10/1.789, e pelo tempo de dois anos: mas obrigando-se o mesmo Barbosa á prestar anualmente a quantia de 6$Rs., do produto da mesma Fazenda, como patrimonio interino, durante o tempo da sua administração, até poder fazer-se patrimonio estável; foi-lhe concedido por despacho de 31/3/1.795, o absoluto uso da mesma Capela.” (Araújo, 1794)
Ela tinha pia batismal e 1 altar.
“Nela há Pia Batismal, e Ambulas para os Santos Oleos, de estanho, e perfeitas, mas sem exercício. [...] Tem só um Altar.” (Araújo, 1794)
Em 1869 o templo e as terras adjacentes foram desapropriadas pela coroa, que vendeu a capela e suas alfaias ao governo da Província do Rio de Janeiro, destinando-se parte da área para a construção de uma praça pública e do cemitério local. A igreja foi reformada em 1873. Por ocasião da Proclamação da República, o governador do Rio de Janeiro, através da Portaria de 08/05/1891, entregou a capela e seu patrimônio às autoridades eclesiásticas, passando a ser subordinada à Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Jurujuba, até 1913. Em 1929 ela foi entregue à congregação de Don Orione. Sua fachada foi amplamente alterada, no final do século XIX, tendo sido restaurada a sua fisionomia original, em 1937, pelo IPHAN. A Igreja de São Francisco Xavier é matriz da paróquia homônima e ele é festejado em 3 de dezembro.

Entre os bens históricos da igreja destacam-se: 1 púlpito de madeira do século XVIII, 1 Sacrário de madeira policromada do século XIX e Imagem de São Francisco Xavier de madeira policromada do século XVIII. São Lourenço é festejado em 10 de agosto e a Igreja é subordinada à Diocese de Niterói.

3 – Descrição:
A Igreja de São Francisco localiza-se em uma colina baixa com uma orientação geral quase leste-oeste, com frente para oeste e maior comprimento no sentido ântero-posterior, em direção à Baía de Guanabara. Ela é um interessante exemplar da arquitetura religiosa rural, típica dos padres jesuítas. Seu aspecto lembra a maioria de nossas capelas coloniais: paredes grossas, portas pesadas de reduzidas dimensões, bem como as janelas, denunciando um estilo barroco. Pelo estilo barroco-jesuítico da construção, as obras provavelmente ficaram a cargo dos próprios religiosos. Ela foi construída em alvenaria de pedra e cal, com paredes maciças. A igreja é envolvida nos lados e atrás por um claustro. De acordo com a classificação do arquiteto Lúcio Costa, esta igreja é do 2º tipo, que se caracteriza por possuir perfeitamente diferenciadas a nave e a capela-mor propriamente dita, a qual tem largura e pé-direito menores que a nave, da qual é separada pelo arco cruzeiro; no entanto é diferente das outras igrejas por possuir um “claustro” envolvendo a lateral e os fundos da igreja. O telhado é em duas águas para a igreja e em quatro águas para o claustro. A fachada anterior compõe-se de uma porta única central de madeira de folha dupla e verga reta e de cada lado duas janelas. A fachada é coroada por uma simplificação de frontão triangular. No centro do frontão, na altura do coro há uma janela central retangular igual às demais. À esquerda da nave, há uma torre sineira de pequena altura com campanário, arrematada por volutas encimada por uma cruz disposta entre o corpo da nave e a casa dos padres (claustro), a qual envolve toda a edificação religiosa. A parede lateral direita apresenta duas portas e três janelas. A parede lateral esquerda apresenta uma porta e quatro janelas. A parede posterior apresenta uma porta central e duas janelas retangulares de cada lado. Todas as janelas dos quatro lados são do tipo guilhotina com caixilhos de vidro e verga reta. A cobertura é em duas águas em telha capa-e-canal. Na parede lateral esquerda e na posterior há um relógio de sol com as insígnias da Companhia de Jesus.
A igreja possui uma nave única. Logo após a entrada há um vestíbulo com uma porta de cada lado, ficando em um dos lados a pia batismal. Esta pia batismal foi feita em barro cozido pelos índios com forte influência da cerâmica tamoia; assemelha-se a uma urna funerária indígena, com decoração em relevo de toscas cabeças de anjo em duas fileiras superpostas. Na parede direita há uma janela na altura do segundo andar. Na parede esquerda há um púlpito de madeira do século XVIII, composto por grossos balaústres de madeira torneada, hoje destituído de acesso (não há porta nos fundos do púlpito); há também uma janela na altura do segundo andar. Logo acima da entrada, no segundo andar, fica o coro. Logo após o arco cruzeiro fica a capela-mor, que tem uma porta para cada lado. O retábulo do altar-mor de madeira consta de uma moldura com uma pintura de caráter arquitetônico, incluindo quatro colunas jônicas e, no centro, uma imagem de São Francisco Xavier, de madeira laminada em ouro do século XVIII, destacando-se o rico e delicado desenho da estola. Estranhamente, São Francisco Xavier apresenta uma aparência jovem, diferentemente da iconografia clássica do mesmo. Segundo alguns, isto se deve ao fato de que na época havia um costume de se construir as imagens sem a cabeça. Elas seriam colocadas depois do santo pronto e poderia ter acontecido um engano e terem colocado a cabeça de outro santo no lugar; segundo outros, ela retrata o santo quando ele era jovem. À direita da nave e da capela-mor, fica uma série de cômodos de serviço, tendo um deles uma escada para o segundo andar. O púlpito de madeira e a escada são originais. Na sacristia existe um armário de jacarandá embutido na parede com a data de 1696 gravada parte superior da madeira. Em toda volta das paredes laterais e posterior da igreja, há um claustro, que se separa da parede esquerda e posterior da nave/capela-maior por um estreito corredor. Nos fundos da igreja, o claustro apresenta três arcos, para o corredor que o separa dos fundos da capela-mor. Nas paredes do claustro após os arcos e nas laterais há portas e janelas. O sino de bronze datado de 1573 foi roubado junto com uma imagem esculpida em pedra-sabão atribuída a Aleijadinho; o sino de bronze foi refundido em 1948. Completando o conjunto de relíquias existentes, pode-se ressaltar o marco de pedra da medição das terras, fincado em 1730, com inscrições e insígnias dos jesuítas, à subida do outeiro, e hoje parcialmente danificado. Havia uma gruta de Nossa Senhora de Lourdes, que foi demolida em 1982 pelo então prefeito da cidade.
4 – Visitação:
De seg a sex, das 9h às 18h. Sab, das 9h às 12h. Telefone: (21) 2711-1670
5 – Bibliografia:
ARAÚJO, José de Souza Azevedo Pizarro e. Visitas Pastorais de Monsenhor Pizarro ao recôncavo do Rio de Janeiro. Arquivo da Cúria e da Mitra do Rio de Janeiro (ACMRJ), Rio de Janeiro, 1794.
ARAÚJO, José de Souza Azevedo Pizarro e. Memórias Históricas do Rio de Janeiro e das Províncias anexas à Jurisdição do Vice-Rei do Estado do Brasil, vol. 2. Rio de Janeiro: Impressão Régia, 1820.


Church of  Saint Francis Xavier: Brazil, State of Rio de Janeiro, City of Niterói
         The original chapel was built of stone and mortar between the years 1662 and 1696 in the Jesuitic Farm of Saco. In 1759 the Jesuits were expelled from Brazil and their property was confiscated by the crown, and sold at public auction. In 1869 the chapel and adjacent lands were expropriated by the Crown and sold to the government of Rio de Janeiro Province. After the proclamation of Republic, the governor of Rio de Janeiro gave the chapel to the church authorities, becoming subject to the Parish of Our Lady of Conception of Jurujuba until 1913. It is an example of rural religious architecture of the Jesuits. On the left side wall and the back there is a sunclock with the insignia of the Society of Jesus. The church has a single nave. The baptismal font was made in baked clay by Indians. The pulpit is ancient and made of wood. The altar consists of a wooden frame with a beautiful allegorical painting and an image of St. Francis Xavier in wooden laminated in gold. Strangely, St. Francis Xavier has a youthful appearance, unlike its classical iconography. In the sacristy there is a wood cabinet built into the wall with the date 1696 engraved. All around the side and back walls of the church, there is a cloister. Near the church, there is a stonemark of measuring land, dated 1730, with inscriptions and emblems of the Jesuits.
Vista do satélite google
Mapa (foto do autor)

Saco de São Francisco. Ao fundo a  Igreja de São Francisco Xavier, 1910

Saco de São Francisco. Ao fundo a  Igreja de São Francisco Xavier
Igreja, lado esquerdo, 1928
Fim da Praia de São Francisco com a Igreja no alto, 1950
Igreja durante a restauração de 1937, fachada anterior
Frente, antes de 1950. Observe a  fachada anterior antes das reformas. A porta
tem uma sobreverga com pináculos. Em cima dela há outra porta com uma
balaustrada.  A torre sineira à esquerda e sua correspondente direita é cercada
de cunhais e têm na altura do topo do corpo um entablamento. Na torre
direita há uma porta em vez de janela. A torre sineira esquerda termina em
um teto piramidal com pináculos. A fachada anterior é mais alta, aparentemente
por uma platibanda que esconde o teto e termina com cunhais com pináculos
 encima.
fachada anterior após a restauração
Frente, década de 1950
Frente, 1960
Frente, 1970
Frente, foto antiga
Frente (foto do autor)
Frente (foto do autor)
Parede direita (foto do autor)
Parede direita (foto do autor)
Parede direita (foto do autor)
Parede esquerda (foto do autor)
Parede esquerda (foto do autor)
Parede esquerda. Relógio solar (foto do autor)
Fundos (foto do autor)
Fundos (foto do autor)
Fundos. Relógio de sol. (foto do autor)
Vestíbulo, olhando para a direita (foto do autor)
Vestíbulo, olhando para a esquerda (foto do autor)
Nave, olhando para a entrada. Observe o púlpito à esquerda (foto do autor)
Nave, parede direita (foto do autor)

Nave, parede direita (foto do autor)

Nave, parede direita e capela-mor (foto do autor)
Nave, parede esquerda. Observe o púlpito de madeira do século XVIII
 (foto do autor)

Nave, parede esquerda (foto do autor)
Nave, lado esquerdo (foto do autor)
Nave, lado esquerdo (foto do autor)

Cômodo à direita. Armário de 1696 (foto do autor)

Cômodo à direita (foto do autor)
Nave e altar-mor (foto do autor)

Nave e altar-mor (foto do autor)
Nave e altar-mor, vistos da porta de entrada
 (foto do autor)

Pia batismal de barro (foto do autor)

Capela-mor, década de 1950
Capela-mor (foto do autor)
Capela-mor (foto do autor)
Capela-mor (foto do autor)
Capela-mor (foto do autor)
Altar-mor. Imagem de São Francisco jovem 
(foto do autor)

Altar-mor. Imagem de São  Francisco Xavier, século XVIII
Fundos, claustro (foto do autor)
Fundos, claustro (foto do autor)
Fundos, claustro (foto do autor)
Fundos, claustro (foto do autor)
Passagem entre o lado esquerdo e o claustro
 (foto do autor)

Marco de terreno de 1730 (foto do autor)




5 comentários:

  1. Excelente obra que foi bem finalizada com muita categoria. Parabéns

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    1. parabéns linda obra permaneceu com muitas disputas hj podermos ver e SÓ imaginar a fé desses homens através dessas fotos

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  2. Tinha uma gruta na frente da igreja a imagem de dessa Santa dentro da gruta que foi removida. Em 1957 minha tia quando lá esteve comigo disse. Essa santa dentro da gruta é de N.S de Lourdes. Foi demolida. O nome dessa santa está certo ?

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    1. Olá, paz e bem, fui batizado na Igrejinha e servi lá quase minha vida toda, meu tataravô que construiu a gruta e doou a imagem mas ela foi profanada com sexo e pichaçoes a gruta tinha um altar abençoado pelo santo são Luis Orione, meu tataravô faleceu, sem saber que a sua gruta foi destruída, era um homem de fé e caridade, e teve aparoção de Nossa Senhora, ele disse, estou vendo a Virgem Maria, depois de um tempo morreu logo após a aparição, a Virgem maria levou a alma dele

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