1 –
Localização:
Niterói. Praias da Baía. São Francisco.
Av. Quintino Bocaiuva s/n. (22°55'18.92"S, 43° 5'39.45"O)
2
– História:
A primitiva capela foi
construída em pedra e cal entre os anos de 1662 e 1696, pelos Jesuítas em terras da
Fazenda do Saco, originalmente de propriedade de Mateus Antunes, que havia
adquirido a propriedade dos herdeiros de Martim Paris, em 1659, e vendido aos
padres da Companhia de Jesus. Seu projeto tem autoria
atribuída ao jesuíta Irmão Lourenço
Gonçalves, tendo em vista as similaridades encontradas nas características
arquitetônicas da ermida com outras obras de autoria comprovada daquele construtor
que, neste período, se encontrava no Rio de Janeiro. Como na capela também havia
um sino de bronze datado de 1573, alguns historiadores sustentam que ela foi
fundada no ano de 1572 e sua fundação seria atribuída ao Padre José de
Anchieta.
“[...] [capela] de São Francisco Xavier do Saco, distante por terra, ¾ de legoas [5km], fundada pelos
PP. Jesuitas, de quem foi a Fazenda, em que ela se acha.” (Araújo, 1794)
“[...]
de S. Francisco Xavier , feita sobre o
mar do mesmo Saco de Jurujuba pelos Padres Jesuítas (Senhores que eram da
Fazenda , onde se acha) em annos pouco anteriores ao de 1696 , segundo mostrava
a inscripçaõ gravada com essa Era na frente do armário da Sacristia. Depois do
exterminio dos proprietários teve Capellaõ privativo, com jurisdicçaõ
parochial, até se vender a Fazenda, á cujo comprador passou também a Capella.” (Araújo,
vol. 3, pg. 183-184)
Em 1730, o
Ouvidor Manuel da Costa Mimoso realizou o tombamento das terras da Fazenda do
Saco, a pedido do padre-reitor Antônio Cardoso, do Colégio dos Jesuítas. Feitas
as medições, fincou o peão de terras, próximo à subida do outeiro (este se
conserva até hoje neste lugar). Em 1759 os jesuítas foram expulsos do Brasil e seus
bens foram confiscados pela coroa e
vendidos em leilão público. A partir de então, a fazenda de
gado do Saco de São Francisco passou por vários proprietários. Em 1779 foi
interdita por uso indevido, mas foi reaberta em 1789.
“Na Visita de 1.779 ficou Interdita pela indecência em que a conservava João Luiz Antunes, que
servindo-se deste Templo como de um Armazem até
guardava nele os tijolos da sua Olaria por cuja causa foi mandada recolher á Matriz a Imagem daquele Santo. Por falecimento
daquele administrador índigno, ficando o seu Testamenteiro o
Cap. Filipe Antonio Barboza, e principal credor aos bens do mesmo, com melhor
Religião conservou a mesma Capela na
decência precisa, e lhe fez os reparos, de que necessitava: depois do que,
sendo Visitada por Ordem de V. Excia., foi-lhe concedido o seu antigo
uso, por Despacho de 29/10/1.789, e pelo tempo de dois anos: mas obrigando-se o
mesmo Barbosa á prestar anualmente a quantia
de 6$Rs., do produto da mesma Fazenda, como patrimonio interino, durante
o tempo da sua administração, até poder fazer-se patrimonio estável; foi-lhe
concedido por despacho de 31/3/1.795, o absoluto uso da mesma Capela.” (Araújo, 1794)
Ela tinha pia batismal e 1 altar.
“Nela há Pia
Batismal, e Ambulas para os Santos Oleos, de estanho, e perfeitas, mas sem exercício.
[...] Tem só um Altar.” (Araújo, 1794)
Em 1869 o templo e as terras
adjacentes foram desapropriadas pela coroa, que vendeu a capela e suas
alfaias ao governo da Província do Rio de Janeiro, destinando-se parte da área para a construção de uma
praça pública e do cemitério local. A igreja foi reformada em 1873. Por ocasião da Proclamação da República, o governador
do Rio de Janeiro, através da Portaria de 08/05/1891, entregou a capela e seu
patrimônio às autoridades eclesiásticas, passando a ser subordinada à Paróquia de Nossa
Senhora da Conceição de Jurujuba, até 1913. Em 1929 ela foi entregue à
congregação de Don Orione. Sua fachada
foi amplamente alterada, no final do século XIX, tendo sido restaurada a sua
fisionomia original, em 1937, pelo IPHAN. A Igreja de São Francisco Xavier é
matriz da paróquia homônima e ele é festejado em 3 de dezembro.
Entre os bens
históricos da igreja destacam-se: 1 púlpito de madeira do século XVIII, 1
Sacrário de madeira policromada do século XIX e Imagem de São Francisco Xavier
de madeira policromada do século XVIII. São Lourenço é festejado em 10 de
agosto e a Igreja é subordinada à Diocese de Niterói.
3 – Descrição:
A
Igreja de São Francisco localiza-se em uma colina baixa com uma orientação
geral quase leste-oeste, com frente para oeste e maior comprimento no sentido
ântero-posterior, em direção à Baía de Guanabara. Ela é um interessante
exemplar da arquitetura religiosa rural, típica dos padres jesuítas. Seu
aspecto lembra a maioria de nossas capelas coloniais: paredes grossas, portas
pesadas de reduzidas dimensões, bem como as janelas, denunciando um estilo
barroco. Pelo estilo barroco-jesuítico da construção, as obras provavelmente
ficaram a cargo dos próprios religiosos. Ela foi construída em alvenaria de
pedra e cal, com paredes maciças. A igreja é envolvida nos lados e atrás por um
claustro. De acordo com a classificação do
arquiteto Lúcio Costa, esta igreja é do 2º tipo, que se caracteriza por
possuir perfeitamente diferenciadas a nave e a capela-mor propriamente dita, a
qual tem largura e pé-direito menores que a nave, da qual é separada pelo arco
cruzeiro; no entanto é diferente das outras igrejas por possuir um “claustro”
envolvendo a lateral e os fundos da igreja. O telhado é em duas águas para a
igreja e em quatro águas para o claustro. A fachada anterior compõe-se de uma
porta única central de madeira de folha dupla e verga reta e de cada lado duas
janelas. A fachada é coroada por uma simplificação de frontão triangular. No
centro do frontão, na altura do coro há uma janela central retangular igual às
demais. À esquerda da nave, há uma torre sineira de pequena altura com
campanário, arrematada por volutas encimada por uma cruz disposta entre o corpo
da nave e a casa dos padres (claustro), a qual envolve toda a edificação
religiosa. A parede lateral direita apresenta duas portas e três janelas. A
parede lateral esquerda apresenta uma porta e quatro janelas. A parede
posterior apresenta uma porta central e duas janelas retangulares de cada lado.
Todas as janelas dos quatro lados são do tipo guilhotina com caixilhos de vidro
e verga reta. A cobertura é em duas águas em telha capa-e-canal. Na parede
lateral esquerda e na posterior há um relógio de sol com as insígnias da
Companhia de Jesus.
A
igreja possui uma nave única. Logo após a entrada há um vestíbulo com uma porta
de cada lado, ficando em um dos lados a pia batismal. Esta pia batismal foi
feita em barro cozido pelos índios com forte influência da cerâmica tamoia;
assemelha-se a uma urna funerária indígena, com decoração em relevo de toscas
cabeças de anjo em duas fileiras superpostas. Na parede direita há uma janela
na altura do segundo andar. Na parede esquerda há um púlpito de madeira do
século XVIII, composto por grossos balaústres de madeira torneada, hoje
destituído de acesso (não há porta nos fundos do púlpito); há também uma janela
na altura do segundo andar. Logo acima da entrada, no segundo andar, fica o
coro. Logo após o arco cruzeiro fica a capela-mor, que tem uma porta para cada
lado. O retábulo do altar-mor de madeira consta de uma moldura com uma pintura
de caráter arquitetônico, incluindo quatro colunas jônicas e, no centro, uma
imagem de São Francisco Xavier, de madeira laminada em ouro do século XVIII,
destacando-se o rico e delicado desenho da estola. Estranhamente, São Francisco
Xavier apresenta uma aparência jovem, diferentemente da iconografia clássica do
mesmo. Segundo alguns, isto se deve ao fato de que na época havia um costume de
se construir as imagens sem a cabeça. Elas seriam colocadas depois do santo
pronto e poderia ter acontecido um engano e terem colocado a cabeça de outro
santo no lugar; segundo outros, ela retrata o santo quando ele era jovem. À
direita da nave e da capela-mor, fica uma série de cômodos de serviço, tendo um
deles uma escada para o segundo andar. O púlpito de madeira e a escada são
originais. Na sacristia existe um armário de jacarandá embutido na parede com a
data de 1696 gravada parte superior da madeira. Em toda volta das paredes
laterais e posterior da igreja, há um claustro, que se separa da parede
esquerda e posterior da nave/capela-maior por um estreito corredor. Nos fundos
da igreja, o claustro apresenta três arcos, para o corredor que o separa dos
fundos da capela-mor. Nas paredes do claustro após os arcos e nas laterais há
portas e janelas. O sino de bronze datado de 1573 foi roubado junto com uma
imagem esculpida em pedra-sabão atribuída a Aleijadinho; o sino de bronze
foi refundido em 1948. Completando o conjunto de relíquias existentes, pode-se
ressaltar o marco de pedra da medição das terras, fincado em 1730, com
inscrições e insígnias dos jesuítas, à subida do outeiro, e hoje parcialmente
danificado. Havia uma gruta de Nossa Senhora de Lourdes, que foi demolida
em 1982 pelo então prefeito da cidade.
4 –
Visitação:
De seg a sex, das 9h às 18h. Sab, das 9h às 12h. Telefone:
(21) 2711-1670
5 – Bibliografia:
ARAÚJO,
José de Souza Azevedo Pizarro e. Visitas Pastorais de Monsenhor Pizarro ao recôncavo do Rio de Janeiro. Arquivo da Cúria e da Mitra do Rio de
Janeiro (ACMRJ), Rio de Janeiro, 1794.
ARAÚJO,
José de Souza Azevedo Pizarro e. Memórias
Históricas do Rio de Janeiro e das Províncias anexas à Jurisdição do Vice-Rei
do Estado do Brasil, vol. 2. Rio de Janeiro: Impressão Régia, 1820.
Excelente pesquisa. Parabéns!!!
ResponderExcluirExcelente obra que foi bem finalizada com muita categoria. Parabéns
ResponderExcluirparabéns linda obra permaneceu com muitas disputas hj podermos ver e SÓ imaginar a fé desses homens através dessas fotos
ExcluirTinha uma gruta na frente da igreja a imagem de dessa Santa dentro da gruta que foi removida. Em 1957 minha tia quando lá esteve comigo disse. Essa santa dentro da gruta é de N.S de Lourdes. Foi demolida. O nome dessa santa está certo ?
ResponderExcluirOlá, paz e bem, fui batizado na Igrejinha e servi lá quase minha vida toda, meu tataravô que construiu a gruta e doou a imagem mas ela foi profanada com sexo e pichaçoes a gruta tinha um altar abençoado pelo santo são Luis Orione, meu tataravô faleceu, sem saber que a sua gruta foi destruída, era um homem de fé e caridade, e teve aparoção de Nossa Senhora, ele disse, estou vendo a Virgem Maria, depois de um tempo morreu logo após a aparição, a Virgem maria levou a alma dele
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