BRASIL: RJ: DUQUE DE CAXIAS:
Fazenda São Bento: Casa Grande e Capela Nossa Senhora do Rosário -
Fazenda São Bento: Casa Grande e Capela Nossa Senhora do Rosário -
Farm of Saint Benedict: Manor and Church of Our Lady of Rosary
1 – Localização:
Município de Duque de Caxias, 2º. Distrito, São Bento, Rua Benjamin da Rocha Junior, s/nº (-22°43'27",
-43°18'30")
2 – Histórico:
Em 1565 o Ouvidor-mor
Cristóvão Monteiro recebeu a sesmaria de Aguassu (Iguaçú), às margens do rio
Iguaçu, instalando aí a fazenda Aguassú, que foi o marco inicial da colonização
no Vale do Rio Iguaçú. Em 1591, Jorge Ferreira doou aos beneditinos uma
ilha no Rio Iguassú e mais trezentas braças pelo sertão adentro. Em 1596 a
marquesa Ferreira, filha de Jorge Ferreira e viúva do Ouvidor-mor Cristóvão
Monteiro, também doou terras, com fazenda, uma roça e pomares. A fazenda dava
início ao processo de colonização do Vale do Rio Iguaçú. O primeiro
engenho da fazenda, construído em 1611, funcionou ininterruptamente por trinta
e cinco anos e sua produção era enviada para o Reino. A atividade econômica que incentivou a ocupação da
região foi a do cultivo da cana-de-açúcar, mas com a fundação dos engenhos de
Campos, Camorim e Vargem Pequena, em terras mais produtivas e que exigiam menor aplicação de recursos em trabalhos de
infraestrutura, o engenho de Iguaçu foi se tornando obsoleto e anti-econômico.
Mais tarde seria desativado. Com o abandono dos canaviais, as terras de São
Bento passaram a ser utilizadas, durante algum tempo, como pasto. Cerca de 1686
foi criada a Freguesia de Santo Antônio de Jacutinga, passando a Capela de
Nossa Senhora do Rosário a lhe ser dependente.
Já no início do século XVIII, foram diversificadas suas atividades passando a haver ali uma
promissora lavoura de mandioca para a produção de farinha. O
milho, o feijão, a farinha de mandioca e o arroz
tornaram-se, também, importantes produtos durante esse período e abasteceram a
cidade do Rio de Janeiro, assim como a lenha retirada da região. Desde os
primeiros tempos, a olaria de Iguassú forneceu tijolos, ladrilhos e telhas para
as obras da própria fazenda e, principalmente, para a construção do mosteiro do
Rio de Janeiro. Embarcações grandes e pequenas conduziram o produto da olaria
até aos cais de São Bento. O mosteiro ofereceu tijolos e telhas para a
construção do grande quartel das tropas da cidade do Rio de Janeiro. Quando da
invasão francesa de 1711, a fazenda ofereceu todo o mantimento de carne,
farinha e feijão para o sustento dos fugitivos da cidade do Rio de Janeiro e
que vieram acampar nas terras de Iguassú. Dias após a invasão, chegou, sob o
comando do governador de Minas, Antônio de Albuquerque, uma tropa com 6.000
homens em armas. Todos ficaram alojados na fazenda e em terras adjacentes que
seriam mais tarde a Vila de Iguassú, e terras da Fazenda do Brejo, hoje Belford
Roxo. No século XVIII, as terras passaram para as mãos da irmandade de Nossa Senhora
do Rosário dos Homens Pretos, subordinada à Igreja de Nossa Senhora da Piedade
de Iguassú.
Um novo engenho, movimentado por animais, seria
inaugurado em 1870 e teria como finalidade aumentar a produção de farinha. O terreno foi desapropriado em 1921 para sediar uma
colônia agrícola. Em 1932, quando pertenciam ao governo federal, parte
das terras da fazenda foram incorporadas aos projetos varguistas para a
colonização da região. Lá, o governo instalou o Núcleo Colonial de São Bento e
incentivou sua ocupação por migrantes das mais variadas regiões do Brasil.
A capela foi erguida entre 1645 e 1648 pelos primeiros monges
beneditinos e recebeu os nomes de Nossa Senhora da Purificação, da Candelária
ou das Candeias. Com a criação da Irmandade do Rosário dos Pretos, passou a ser
denominada Nossa Senhora do Rosário de Iguaçú. Mesmo com essa denominação, é
identificada como Igreja de São Bento. A Imagem da capela de Nossa Senhora do Rosário é atribuída a Simão da
Cunha e data de 1761. Era subordinada à
Freguesia de Santo Antônio de Jacutinga.
“Passando
mais adiante, & seguindo as margens do Rio Guaguasù [Iguaçu], se
vè o Santuário, & Casa de nossa Senhora do Rosario. Está este Santuario em
huma fazenda dos Religiosos filhos do Patriarca São Bento, & esta Igreja fundou
hum Religioso da mesma Ordem Benedictina, pessoa entre os seus Religiosos
grave, & de grande respeyto, que seria Prelado da mesma Ordem, & venerável
por letras, & virtudes, & depois dos seus governos como verdadeyro
Monge se retiraria àquella fazenda, & mandaria fazer aquella Casa, que
dedicou á Senhora do Rosario, de quem era devoto, & para que todos a
buscassem lhe levantaria aquella Casa, aonde se ocupava em a louvar, &
servir em quanto viveo. Alli se vão a encomendar á Mãy de Deos os moradores
vesinhos. Esta Senhora está colocada no Altar mòr da sua Capella, & he de
escultura de madeyra.” (Santa Maria, 1722, Tomo X, Livro III, Título
XXXXIX, pg. 204-205)
“De N.
Sra. do Rosario, na Fazenda do Mosteiro
de S. Bento. Por quem, em que ano fosse ereta, ignorei.... Acha-se
asseada, e bem paramentada. Tem Pia Batismal [...]; e na mesma Capela se enterram os cadáveres
por faculdade do mesmo Pároco. Dista da Matriz para o Nascente 3 leguas [20km]”
(Araújo, 1794)
“De N.
Senhora do Rosario, fundada na Fazenda dos Padres Benedictinos por um Religioso
da mesma Ordem, cujo nome ignorou, ou calou o Padre Santa Maria , tratando d'ella
no Santuário Marianno [...] Ahi se conserva uma Pia Baptismal , por concessaõ do Ordinário.” (Araújo, 1820, vol. 3, pg. 165)
Em 1993, a capela desabou; posteriormente foi
reformada e encontra-se em bom estado. A capela é subordinada à Diocese de
Duque de Caxias. Nossa Senhora do Rosário é comemorada a 7 de outubro.
O arquiteto da fazenda foi
frei Manoel do Rosário, que no período de 1660 a 1663 construiu o Engenho de
Iguassú, e que fez de sobrado as casas de vivenda. Foi, no entanto, o frei
Manuel do Espírito Santo que tomou a resolução de construir uma casa grande
nova, anexa à capela, em forma de mosteiro, com
pátio, entre 1754 e 1757. O convento serviu para abrigar
padres em descanso ou afastados do sacerdócio.
3 –
Descrição:
A
capela apresenta uma orientação geral norte-sul e frente virada para norte, com
maior comprimento no sentido ântero-posterior. O telhado é em telhas e duas
águas. A parede da frente apresenta frontão triangular encimado por uma cruz, com
uma porta no primeiro andar de verga reta e duas janelas no segundo de verga
ligeiramente curva, e uma torre sineira delgada com dois sinos à direita e
tendo no alto um pináculo à direita e à esquerda. A parede direita apresenta
três janelas no segundo andar da nave e uma janela no primeiro andar da capela
maior, que é mais recuada que a nave. A parede posterior não tem aberturas e o
lado esquerdo apresenta uma porta no primeiro andar e uma janela no segundo
andar, na capela-mor; o lado esquerdo da nave é contíguo à Casa Grande da
fazenda. Não consegui acesso ao interior, mas em fotos se vê um piso decorado,
um arco cruzeiro e uma capela-mor, com uma pintura no local do altar-mor.
Possuía uma bela imagem de Nossa Senhora do rosário, datada de 1761, além de
Santa Gertrudes (sec. XVIII) e São Bento (sec. XVIII). Faz parte do acervo um
lavabo de pedra do século XVII, duas pias de água benta do século XVII, um
fragmento de mesa do altar de madeira policroma do século XVIII e 3 fragmentos
de sacrário de madeira entalhada e policromada do século XIX.
A Casa
Grande da fazenda apresenta uma orientação geral norte-sul e frente virada para
norte. O telhado é em telhas e duas águas. A casa tem a forma de um L deitado
com maior comprimento no sentido transverso (frente) e o lado menor formando o
lado esquerdo. Tem sua parede direita colada à da nave da igreja. O teto é
quatro águas. A casa é provida de alpendres e o varandão é o que há de mais
atrativo na casa grande da fazenda. A sua parede da frente apresenta no primeiro
andar três portas e seis óculos e no segundo andar duas portas em cada extremo,
dando para uma varandinha, e seis janelas no meio, todas de verga ligeiramente
curva. A parede lateral esquerda é a mais bela com um amplo varandão nos dois
andares com colunas. No primeiro andar, oito arcos formam a varanda, no segundo
andar existe uma coluna circular com beiral corrido e simples, muito bem
acabado, em cima de cada pilar do arco do primeiro andar, formando nova
varanda. A parede posterior em forma de L apresenta uma varanda no primeiro
andar com várias portas e várias janelas no segundo. Atualmente a Casa grande
está em estado precário, apoiada por escoras de madeira. O piso do segundo
andar (interior) não existe mais.
4 –
Visitação:
No
horário comercial pode-se visitar o lado exterior do casarão e da igreja. Tel.
2653-7681
5 – Bibliografia:
- SANTA MARIA, Agostinho de. Santuário Mariano. Tomo X, Lisboa:
Oficina de Antonio Pedrozo Galram, 1722
- ARAÚJO,
José de Souza Azevedo Pizarro e. Visitas Pastorais de Monsenhor Pizarro ao recôncavo do Rio de Janeiro. Arquivo da Cúria e da Mitra do Rio de
Janeiro (ACMRJ), Rio de Janeiro, 1794.
- ARAÚJO,
José de Souza Azevedo Pizarro e. Memórias
Históricas do Rio de Janeiro e das Províncias anexas à Jurisdição do Vice-Rei
do Estado do Brasil, vol. 2. Rio de Janeiro: Impressão Régia, 1820.
- ANDRADE, E.R., et al. A História da Baixada Fluminense. O Mosteiro de São Bento. S/d.
- Revista Pilares da História, III, nº 4, 2004,
pg, 55 e 56
- Revista Pilares da Historia,
IX, nº 10, 2010
Farm of Saint Benedict: Manor and Church of Our Lady of Rosário: Brazil, State of Rio de Janeiro, City of Duque de Caxias
The farm of Saint Benedict was built in the period 1660-1663 as the Farm Iguassú. There it was first cultivated sugarcane, but, since the eighteenth century maiz, beans, manioc flour and rice were planted. From earliest times, the Farm Iguassú provided bricks and tiles for the construction of the farm and the monastery of St. Benedict of Rio de Janeiro. In the eighteenth century, the lands passed into the hands of the brotherhood of Our Lady of the Rosary of Black Men, subject to the Church of Our Lady of Mercy of Iguassú. The engine was being gradually turn off. The land was expropriated in 1921 to host an agricultural colony. The chapel was built between 1645 and 1648 by the first Benedictine monks as Our Lady of Candeias. With the creation of the Brotherhood of Rosary of the Blacks, its name was changed to Our Lady of the Rosary of Iguassú. The main house was built between 1754 and 1757 attached to the chapel, with the shape of a monastery with courtyard.
The farm of Saint Benedict was built in the period 1660-1663 as the Farm Iguassú. There it was first cultivated sugarcane, but, since the eighteenth century maiz, beans, manioc flour and rice were planted. From earliest times, the Farm Iguassú provided bricks and tiles for the construction of the farm and the monastery of St. Benedict of Rio de Janeiro. In the eighteenth century, the lands passed into the hands of the brotherhood of Our Lady of the Rosary of Black Men, subject to the Church of Our Lady of Mercy of Iguassú. The engine was being gradually turn off. The land was expropriated in 1921 to host an agricultural colony. The chapel was built between 1645 and 1648 by the first Benedictine monks as Our Lady of Candeias. With the creation of the Brotherhood of Rosary of the Blacks, its name was changed to Our Lady of the Rosary of Iguassú. The main house was built between 1754 and 1757 attached to the chapel, with the shape of a monastery with courtyard.
Imagem Google Earth |
Imagem Google Earth. Detalhe |
Capela e Casa Grande. fachada anterior (foto do autor)
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Casa Grande, fachada anterior (foto do autor)
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Casa Grande, lado esquerdo |
Casa Grande, lado esquerdo, década de 1910
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Casa Grande, lado esquerdo, estado atual (foto do autor) |
Casa Grande, lado esquerdo, estado atual (foto do autor) |
Casa Grande, fundos. É o mesmo arco da foto anterior. (foto do autor) |
Casa Grande, fundos (foto do autor) |
Casa Grande, fundos (foto do autor)
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Casa Grande, fundos (foto do autor)
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