quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

BRASIL: RJ: SÃO GONÇALO: 
Igreja Matriz de São Gonçalo do Amarante - 
 Church of Saint Gonçalo of Amarante

1 – Localização:
1º. Distrito Centro. Centro. Rua Coronel Moreira César, s/nº (-22°49'41.33"S, - 43°3'10.95"O)
2 – Histórico:
Em 6 de abril de 1579 (a data é polêmica), o nobre Gonçalo Gonçalves, “O Velho” recebeu, do governador da Capitania do Rio de Janeiro, a sesmaria do Suassunhão localizada às margens do rio Imboaçu (entre o rio São Lourenço e a atual praia das Pedrinhas), com o dever de construir uma capela e um povoado no período de três anos. Isto o tornou o grande sesmeiro e proprietário de terras da região. Renomeou a terra para São Gonçalo e mandou construir uma capela em homenagem ao santo com seu nome e padroeiro de sua cidade natal, em Portugal, na fazenda da Bica, na margem direita do rio Imboaçu, próxima ao Morro da Coruja, depois Morro da Matriz, São Gonçalo de Amarante. Presume-se que o local tenha sido onde hoje está a Igreja Matriz de São Gonçalo, no bairro Zé Garoto, que seria o marco original da cidade. Ele também ergueu o casarão da fazenda, entre 1579 e 1601, às margens do atual rio Imboaçu. Alguns autores relatam que a primeira capela foi construída em Guaxindiba e que, depois de demolida, foi transferida para o local atual, outros consideram que a Capela em Guaxindiba é posterior. Gonçalo Gonçalves, “O Velho” tinha dois filhos: Gonçalo Gonçalves o “moço” e Leonor Gonçalves (fundadora, junto com o marido, da Igreja da Candelária no centro do Rio de Janeiro). Antônio Lopes Siqueira, genro de Gonçalo Gonçalves ainda cooperou com a doação de terras para o aumento do cemitério e construção de casas, em frente à igreja, núcleo primeiro de habitações da sede da paróquia.
Monsenhor Pizarro afirma que a primitiva capela foi fundada cerca de 1629, com o termo de S. Gonçalo, por Gonçalo Gonçalves (o Moço), Senhor daquele terreno e, por causa do nome que se dava aquele recinto, derivado do Rio, que em curta distância fertiliza as suas vizinhanças, foi também intitulada a Freguesia de Guaxamdiba; cujo termo foi mudado depois do estabelecimento da Freguesia, em razão do seu Orago. Em 26 de janeiro de 1645, foi criada a freguesia, sendo a mesma confirmada em 10 de fevereiro de 1647, por Alvará Régio: "Vigairaria da Invocação São Gonçalo, nos limites e lugar de Guaxindiba.
“Alvará porq. S. Magestade ha por bem e manda se irija de novo e crie huã vigairaria da invocação de São Gonçalo sita nos limites e lugar de Guaxindiba, Capitania do Rio de Janeiro. El Rei, como governador perpetuo administrador que sou do mestrado para gloria e ordem de Nosso Snr. Jesus faço saber aos que este meu alvará virem que por Justos respeitos q mensionarão do serviço de Deus, meu e bem das almas dos moradores da Capitania do Rio de Janeiro e para que lhe administre os divinos sacramentos e não haja falta mandei irijir e criar de novo uma Vigairaria da invocação de São Gonçalo sita em os limites e lugar de Guaxindiba para o q se desmembrará da matriz os freiguezes e ingenhos de Domingos de faria fernão Rois Ribeiro doutro engenho seu; Migel aires Maldonado, Antonio lobo freita; Izabel Rios; Matias de Mendonsa; Bento Pinheiro, João de Seixas, Alvear de Mattos, Antonio Lopes Sergueira [provável genro de Gonçalo Gonçalves], Sebastião Pinto, Christovão Vaz, Geronimo Carvalho, Gregorio Lopes, Francisco Barreto, Thomé Soares; Sebastião de Susena, os coais asima referidos reconhecerão a dita igreja por sua parochia e ao vigário nella nomeado por seu parocho ao coal obedecerão e aos mais q por seu oferesimento nella se nomear asi por mais freiguezes reconhesão aos parochos as suas igrejas por asi convir ao serviço de Deus, meu e bem das almas dos moradores daquela Capitania e boa administração da justissa esteja por bem que naquela mesma carta posto que seu efeito haja de durar mais de um anno sem embargo de qualquer prouvizão ou regimento em contrario e se cumprirá sendo passado pela chanselaria
da Ordem. Nicolau Carvalho a fez em S. S.° aos 14 de Outubro de 1647 annos. Mel. preira de Castro a fiz escrever "Rei" "Alvará por q. S. Magestade pelos respeitos asima há por bem e manda se irija de novo e crie huã vigairia da invocação se São Gonçalo sita nos limites do lugar de guaxindiba Capitania do Rio de Janeiro e se desmembrarão da matriz os freiguezes que no dito lugar e seus distritos são moradores e valerá como carta na mesma data assinada.” “Por consulta de S. Magestade de 11 de Fevereiro de 646” [...] (Livro da chanselaria da Ordem de Provisão 334, 1647)
Tal foi esta, criada no dia 22/1/1.645 pelo Revmo. Administrador e Prelado, Dr. Antonio de Marins Loureiro [...], como bem declarou S. Mage o Senhor D. João IVº no seu Alvará de 10/2/1.647 pelo qual confirmou a criação feita, recomendou o aumento dela assim como das outras criadas no mesmo tempo e mandou dar ao Vigário para sua sustentação, e mantença, outro tanto Ordenado, como tinham os Vigários das mais Igrejas das Suas Capitanias, pagos pela S. Real Fazenda, por conta dos Dízimos das mesmas Capitanias. Existia então fundada neste distrito parece que pelos anos de 1629 uma Capela Filial á Matriz da Candelária desta Cidade, com o termo de S. Gonçalo, por Gonçalo Gonçalves, Senhor daquele terreno: e por causa do nome que se dava aquele recinto, derivado do Rio, que em curta distância fertiliza as suas vizinhanças, foi também intitulada a Freguesia de Guaxamdiba, pelo mesmo Alvará dito; cujo termo foi mudado depois do estabelecimento da Freguesia, em razão do seu Orago, pelos anos posteriores [...]” (Araújo, 1794)
“Não conta que S. Mag haja concorrido com despesa alguma para esta Igreja; porque ela assim como todas as outras foi feita á custa ou do Povo, ou do Senhor que foi do terreno Gonçalo Gonçalves.” (Araújo, 1794)
“Na Capella fundada por Gonçalo Gonçalves (segundo a Tradição) em sua Fazenda sita no território de Guaxandiba , e dedicada à S. Gonçalo , criou o mesmo Prelado [Dr. Antônio de Marins Loureiro] a 4.ª Parochia, correndo o dia 22 de Janeiro de 1645, que o Alvará de 10 de Fevereiro de 1647 confirmou sob o titulo Igreja de Guaxandiba , como foi conhecida n'aquelles tempos primeiros , pela visinhança do Rio Guaxandiba , d’onde se derivou o apellido communicado à situaçaõ circunvizinha. Naõ consta , se o Templo, que se levantou com paredes de pedra e cal , foi o mesmo erigido pelo fundador , ou se de novo se construiu.” (Araújo, 1822, vol.3, pg. 18-19)
O lugar em que se vê fundada a Matriz não era boa
“O lugar, em que se vê fundada a dita Matriz, em rumo de WSW., é o peior da Freguesia: porque de um lado dela fica um elevado morro, cujas humidades todas com muita facilidade se comunicam á este edifício e o tem arruinado notavelmente, como se vê no seu exterior pela abertura da parede do frontespício; e internamente, por outra igual ruína na parede do Arco Cruzeiro desde o seu fundamento, cujo reboque tem caído, e na da parte do Evangelho [esquerda] que se vê afastada bastantemente do seu prumo. O pavimento que é todo ladrilhado de tijolos, pela necessidade que há de se abrirem Sepulturas, acha-se todos desmantelado, e cavado. [...] Além da má situação, em que se acha fundada a Igreja pela razão dita, fica também excluída da classe das agradáveis, pela sua suturnidade; que a não ser a Estrada Geral por onde transitam os moradores desta, e das mais Freguesias seguintes até a de S. Antonio de Sá [antiga vila em Porto das Caixas, Itaboraí], com os seus efeitos, até serviria para se exercitar a vida Anacorética.” (Araújo, 1794)
No entanto, a igreja era de boas proporções.
Em 25 braças [55m] de terras está fundada esta Igreja, que é de pedra e cal, e seu Adro; tendo o material dela, desde a porta principal até o Arco, 108 palmos [23,8m] de comprimento; do Arco até o fundo da Capela, 22 ditos [4,8m] que fazem o todo de 130 palmos [28,6m]: e de largura, tem o Corpo 49 palmos [10,8m], e a Capela 27 ditos [5,9m].” (Araújo, 1794)
“Seu Corpo abrangia 108 palmos [23,8m] de comprimento , desde a porta principal , até o arco cruzeiro , e largura de 48 [10,6m]: d’ahi , ao fundo da Capella mór , 40 [8,8m] de comprido , e 27 ½  [6,1]; de largo [...](Araújo, 1822, vol.3, pg. 19)
            A igreja possuía 5 altares.
“5 Altares tem esta Igreja. No 1º - que é o Maior, está colocado o Sacrario, e a Imagem do Santo Padroeiro: No que fica 1º ao lado do Evangelho [esquerda] está colocada a Imagem de N. Sra. do Rosario e S. Benedito dos Pretos: no 2º, a da Sra. do Rosario dos Homens brancos. Ao lado da Epístola [direita], no 1º a imagem de S. Miguel; no 2º, a do Espírito Santo: todos eles com pouco asseio, e ornato; porque as Irmandades, á que eles pertencem, nenhum zelo tem, e cuidado na satisfação dos seus deveres. Deles mandei retirar algumas imagens de Cristo, por imperfeitas.” (Araújo, 1794)
“Cinco Altares ornavam o interior d'esse Templo antigo , no maior dos quaes estava o Sacrário, onde por todo anno se adora o SS, Sacramento : ultimada porém a nova Paroichia, terá sete.” (Araújo, 1822, vol.3, pg. 19)
A Pia Batismal era de madeira, estava bastante arruinada, e estava colocada entre grades à direita; no entanto, a igreja estava bem provida de material litúrgico.
O Tabernáculo do Sacrario é doirado por dentro, e ornado com um pavilhão, e cortinas de seda d´oiro nova: a Píxide é de prata doirada, a mais rica, perfeita, e maior de todas as do Recôncavo: A Pia Batismal é de madeira, e bastante arruinada, e está colocada entre grades na forma da Constituição e Pastoraes, da parte da Epístola: as Ambulas dos Santos Oleos, que foram as maiores, que ví em todo o Reconcavo, são de estanho, e um Vaso de madeira alto, que lhe serve de Caixa: e além dessas, tem duas de prata para o uso da Pia em caixa de madeira, e outra mais para Oleo dos Enfermos, em caixa de prata, mandadas fazer pelo atual Vigário. ... Os ornamentos estavam todos perfeitos; porque uns são novos, e outros foram á pouco renovados: as alfaias brancas também estavam sãs, e feitas, de pouco tempo. Tem dois Relicários; um antigo, e outro de feitio de uma pequena Píxide; ambos perfeitos. Tudo enfim achei muito bem preparado, e tratado com asseio pelo zeloso, e então atual Vigário. [...](Araújo, 1794)
Pratas: 1 Píxide toda doirada, peça muito perfeita pela sua obra...1 Chave do Sacrario doirado. 1 Custodia muito antiga. 3 Calix: 1 liso, outro angariado; e outro doirado, e angariado também, com o letreiro em roda do pé, que diz: = S. Gonçalo =. 1 Turibulo, e 1 Naveta... a Lampada, e 4 Castiçais grandes, lisos, 1 Cruz, e 2 Varas. 1 Cruz lavrada. 1 Terno de Ambulas para os Santos Oleos; e a da Sta. Unção, em caixa também de prata. 1 Purificatório. 1 Resplendor, título, e cravos do Sto. Crucifixo, .... 1 Par de galhetas com seu prato. 1 Vaso para a Comunhão. Imagens: 1 do Santo Crucifixo em Cruz de Jacarandá.” (Araújo, 1794)
As irmandades da igreja não cuidavam de seus altares e de suas obrigações.
[...] consta terem havido as Irmandade seguintes: 1ª - do SSmo. Sacramento, que hoje nada zela a satisfação dos seus deveres. [...] 2ª - do Santo Padroeiro, anexa á do SSmo, que apenas se contenta em fazer a festividade do seu Orago, sem mais se interessar no Ornato de seu Altar [...] o Altar Maior, que está por conta destas 2 Irmandades, conserva-se sem o seu preciso ornato; e a mesma Igreja, tendo necessidade de reparo, não tem quem nele cuide, e trabalhe, antes que a ruína venha a ser mais sensível. 3ª - Da Senhora do Rosario dos Brancos, que subsiste em total decadência; e apenas se descobrem alguns vestígios ainda pela devoção de seu Juiz perpétuo, que anualmente manda fazer uma festa de Missa Cantada, Sermão, e Música, á sua custa; porque nenhuns reditos tem a Irmandade. 4ª - Da Senhora do Rosario dos Pretos, que é zelosa, e cuidadosa do ornato do seu Altar, no modo que lhe é possível, e de sufragar as Almas de seus Irmãos falecidos. [...] 5ª - De São Miguel e Almas, que de todo havia acabado: mas agora, por zêlo de alguns antigos Irmãos, vai querendo resuscitar, tratando do seu Altar como lhe é possível. 6ª - De Santo Antonio. 7ª - Da Senhora do Amparo, ambas estas expiraram á muito tempo mais em lugar delas entrou; 8ª - uma chamada Irmandade do Espírito Santo, a qual podendo conservar com muita decência, e asseio o seu Altar, por que anualmente recebe dos Fiéis muitas ofertas, e esmolas, é a que mais pobremente trata do mesmo Altar, que nem uma toalha teria que o cobrisse, se a particular devoção de algumas pessoas, á instâncias, e clamores do Pároco, não contribuisse com essa dádiva. A principal festividade, ou o objeto dela, é o Senhor Imperador: as ofertas são recebidas por este, e não pelo Pároco; e em que elas se distribuem, não se sabe; porque o Altar conserva-se despido; e os Pobres muito pouca, ou quase nenhuma utilidade percebem: tudo se consome no comer, e beber, e nos divertimentos, que se oferecem ao Público. [...] e para que não incorram em outras semelhante falta, condeno aos Procuradores das ditas Irmandades em duas patacas [...] as hei por privadas das Sepulturas, que á cada uma delas foram concedidas nesta Igreja; por quanto as julgo sem merecimentos para este tão importante benefício, que logram, com manifesto prejuízo da Fabrica desta Igreja.” (Araújo, 1794)
Havia um cemitério anexo à igreja.
“Em 19 palmos de terra doada pelo fundador para Cemitério à roda da Igreja , acham os Cadáveres dos parochianos sua sepultura” (Araújo, 1822, vol.3, pg. 19)
“Em 50 braças de terra quadrada , que Antonio Lopes Cerqueira (genro de Gonçalo Gonçalves) doára , ou legára á S. Gonçalo , para servir de Cemitério [...](Araújo, 1822, vol.3, pg. 23)
A igreja possuía bens patrimoniais.
“Bens patrimoniais não pode contar outros, além das Casas referidas, e do terreno compreendido em 25 braças [55m], em que se acha fundada a mesma Igreja, e seu Adro, doadas para esse efeito [...] Da Real Fazenda só se contribue com as côngruas de 200$Rs, para o Pároco; de 25$ para o Coadjutor, de 30$Rs. para Canoas quando se for administrar os Sacramentos ás Ilhas Jerobaíbas e de 25$Rs para guizamento. [...] Não há casa própria para residência dos Vigários, nem consta de alguma doação que houvesse, ao menos de terreno para esse fim. [...] Os reditos da mesma Fabrica procedem das Sepulturas, e Cruz: e em diante será mais favorecida em razão dos reditos acrescidos pelo R. Vigário Bento José Caetano, no legado das suas casas de vivenda á pouco tempo feitas, e as melhores que se acham naquele lugar [...](Araújo, 1794)
[...] Padre Bento Jozé Caetano Barrozo Pereira [...] , e por seu falecimento legou á Fabrica da Igreja uma propriedade de Casas , construidas por elle em lugar próximo da mesma Igreja , com a pençaõ annual de 25 Missas.” (Araújo, 1822, vol.3, pg. 20)
            A freguesia tinha os seguintes limites:
A divisa desta Freguesia é para o rumo de E, com a Freguesia de N. Sra. do Amparo de Maricá, na distância de 4. ½ legoas: para o rumo de W. e NW. com o Mar, na distância de ½ legoa, ou pouco mais: para o rumo de N, com a de N. Sra. do Desterro de Itambí na distância de 3. ½ legoas; e o mesmo rumo é com a de N. Sra. da Piedade de Magépí na distância de 2 legoas pelas Ilhas Jerobaíbas: para o S. com a de S. João Batista de Carahy, na distância de 1. ½ legoa: para o rumo de NE. com a de S. João Batista de Itaborahy, na distância de 4. ½ legoas: e deste modo vem a ter de comprimento 5 legoas pouco mais, ou menos: e dentro destes limites se compreendem 12 Ilhas.”  (Araújo, 1794)
Divide-se , ao Norte , com a Freguezia de N. Senhora do Desterro de Itamby , na distancia de 3 ½ legoas , e com a nova Freguezia do Senhor Bom Jezus de Paquatá , em 2 legoas : ao Nordeste , com a de S. Joaõ Baptista de Itaboray , em 4 ½ legoas : e n’outra igual longitude , á Leste , com a de N. Senhora do Amparo de Maricáa : em legoa , ao Sul , com a de S. Joaõ Baptista de Cari-y : e com o mar , á Oeste , e Noroeste , em ½ legoa , comprehendendo 12 Ilhas , [...]” (Araújo, 1822, vol. 3, pg. 20)
No seu território, já tinha havido 15 Capelas, mas na época da visita de Monsenhor Pizarro em 1794 só havia nove, e na visita de 1820, havia 10, pois a de São Thomé que antes estava na lista das ruídas, aparentemente foi reconstruída.
1ª – da Trindade. [...] na mesma Fazenda: [...] Dista ½ legoa. 2ª – da Senhora do Rosário, no Engenho Pequeno do Cap. Joakim de Frias de Vasconcelos. [...] Dista ½ legoa para o S. 3ª – de Nossa Senhora da Conceição, [...] Dista ½ legoa para o N, em caminho para a Capela da Sra. Da Luz. 4ª – da Senhora da Luz, no lugar assim chamado, [...] Dista 1. ½ égua. 5ª – de S. Ana, no lugar chamado Paxecos, [...] Dista 2 legoas para ESSE. 6ª – de S. Francisco, em Quibangaça. [...] Dista 2 legoas. 7ª – de S. Ana / antigamente de N. Sra. Do Monserrate / no Culabandé, [...] Dista 1 legoa. 8ª – De Nossa Senhora do Desterro, em Piiba Grande, [...] Dista 3 legoas para ESSE. 9ª – de Nossa Senhora da Esperança, em Piiba Pequena. [...] Dista 2 legoas. Para ESSE.”  (Araújo, 1794)
1.a de N. Senhora da Luz, fundada no Campo de Itaóca [...] 2.a de N. Senhora da Esperança , levantada em Piiba pequena, [...] 3.a de N. Senhora do Rosario, erecta no Engenho Pequeno [...] e talvez com essa obra se mudou o titulo do primeiro Orago , que consta haver sido N. Senhora da Conceição. 4.a de Santa Anna , construída no sitio chamado [...] 5.a de N. Senhora da Conceição , [...] 6.a da Santissima Trindade, [...] 7.a de Santa Anna, em Culabandê, [...] que na sua origem foi dedicada a N. Senhora do Monserrate. 8.a de S. Francisco , estabelecida em Quibangaça [...] 9.a de N. Senhora do Desterro , em Piiba grande [...] 10. a de S. Thomé , feita na Ilha dos Flamengos [...]” (Araújo, 1822, vol. 3, pg. 21-22)
Além destas houveram as seguintes:
“1ª - de S. Thomé, na Ilha chamada do Engenho, [...] Dista 1. ½ legoa para o SE. 2ª - de N. Sra. das Neves; [...] na Fazenda que hoje é do Dr. Antonio Francisco Leal, distante 1 legoa para o SW. 3ª - de Nossa Senhora da Pena, na Fazenda chamada a Pena, [...] Dista 1. ½ legoa para o Nascente. 4ª - Na Fazenda do R. José Leite Pereira, que foi do termo da Sra. da Conceição [...]. 5ª - de Nossa Senhora do Desterro, na Fazenda que foi do Desemb. Roberto Cár Ribeiro de Bustamante em Itaytendiba, [...].6ª - De Nossa Senhora da Madre de Deus, da Fazenda da Ponta [...](Araújo, 1794)
“Além das Capellas referidas , houveram outras no mesmo districto , de que à penas existe a memoria , por faze-las demolir o abandono , e deleixamento de seus administradores , consummindo em si os reditos dos patrimónios , que se lhes estabeleceram.” (Araújo, 1822, vol. 3, pg. 22-23)
Pouco depois de 1796, o R. Antonio Vicente Rodrigues Pereira d’Amorim, renovou as paredes da Sacristia. Em 1806 teve início a primeira grande reforma da paróquia, na qual a igreja foi ampliada, pois seu tamanho não comportava o número de fiéis que crescia de acordo com o aumento da população; a reforma só foi concluída em 1820.
[...]; mas arruinadas , e ja abertas as paredes do Arco Cruzeiro , teve o todo do edifício novo erigimento , em que actualmente se trabalha , desde o anno 1806.” (Araújo, 1822, vol.3, pg. 19)
Originalmente, a fachada da igreja possuía estilo barroco e seu altar-mor de estilo barroco foi todo construído em madeira na data de 1645. Já em 1877 teve início a transferência do Cemitério Paroquial e, em 1911, o prefeito Manoel Penaforte mandou construir a primeira escadaria da Matriz, já que o acesso ao prédio era feito pela Alameda. Em 1940, Palmier relata que o projeto da igreja era monumental, toda de pedra, com preciosos trabalhos de cantaria, duas torres, duas sacristias, quatro altares laterais, coro, púlpitos, pias de mármore, nave e capela-mor de grandes proporções, mas que o projeto não chegou a ser concluído pelos idealizadores de tão grandiosa obra, estando ainda por concluir a outra sacristia, as tribunas e as capelas laterais. A impressão de conjunto na parte interna, era das melhores, mas o mesmo não podia ser dito em relação ao todo.
Durante as escavações, em 1959, foram encontrados ossos humanos e essa descoberta veio comprovar a existência de um antigo cemitério junto à igreja, o que era comum até o século XVIII. Entre 1960 e 1965 a igreja foi remodelada, sendo calçada e iluminada. A partir de 1970, a igreja sofreu reformas que, aos poucos, foram descaracterizando sua construção concluída após quase 100 anos, no século XIX. Na década de 1970, as paredes e os pisos de madeira, atacados por cupins, foram substituídos por concreto, ferro e azulejos. O fato de a igreja não ser tombada impediu a permanência de traços urbanísticos de sua estrutura inicial, contribuindo para que o prédio tenha passado por tantas mudanças, em nada lembrando o que um dia já foi. Atualmente, o que mais se aproxima da construção original é o altar e o retábulo. Em 2012, na Semana Santa, foram inauguradas as placas da Via Sacra, que saem do pátio da igreja até o cruzeiro fincado no morro próximo. Com as sucessivas reformas, hoje a igreja exibe estilo neo-clássico. No interior da igreja encontra-se o túmulo do Monsenhor Barenco que ficou à frente da igreja de 1941 à 1965. O teto de madeira foi substituído por uma laje de concreto; o altar principal em estilo barroco, construído de madeira, pouco lembra o original; os altares laterais, totalmente destruídos por cupins, foram revestidos de azulejos decorados; do lustre com pingentes de cristal resta apenas a armação principal; e, do lado de fora, o reboco da fachada foi trocado por azulejos. Entretanto, um detalhe original pode ser observado: o entalhe da porta que leva para a sacristia ainda guarda resquícios de folheamento a ouro. A igreja, atualmente, é a matriz da Freguesia de São Gonçalo e seu padroeiro é festejado em 10 de janeiro.
3 – Descrição:
A igreja tem uma orientação geral norte-sul, com maior eixo ântero-posterior e frente para norte. Tem um formato aproximadamente retangular, estando, no entanto, muito descaracterizada. A fachada anterior apresenta uma nave central e duas torres sineiras. A nave central é separada das torres sineiras por cunhais duplos; há também um cunhal em cada borda das torres. A nave central tem uma porta central de verga reta e, na altura do coro, possui 3 janelas de verga reta, todos com sobreverga. No alto fica um frontispício triangular com a inscrição SÃO GONÇALO DE AMARANTE e 1645; nele, também, há um baixo-relevo central representando São Gonçalo flanqueado por motivos vegetais. As torres sineiras têm no 1º andar um óculo redondo e no 2º andar uma janela retangular com sobreverga; mais acima há uma janela em arco de cada lado da torre, que termina por um teto piramidal. Na fachada lateral direita, após a torre sineira, há uma porta seguida por dois conjuntos de uma porta ladeada por janelas, todas com sobreverga; no 2º andar há 5 janelas de verga curva com sobreverga. A parte final desta fachada e a fachada posterior estão muito descaracterizadas. Na fachada lateral esquerda, após a torre sineira, há uma porta seguida por 6 janelas de verga reta, todas com sobreverga; no 2º andar há 5 janelas de verga curva com sobreverga.
No interior há, logo após a entrada, no 2º andar, o coro com 3 janelas. De cada lado há 2 portas, uma delas com a escada da torre sineira. No lado esquerda, em uma das portas fica a pia batismal. No lado direito há 2 nichos com altares, o 1º de São José e o 2º do Sagrado Coração de Jesus. No lado esquerdo também há 2 nichos com altares, o 1º de Santo Antônio e o 2º de Nossa Senhora. O arco-cruzeiro apresenta pinturas representando Jesus e anjos. A capela-mor é mais baixa e estreita que a nave e apresenta uma porta em arco e um arco de cada lado, tendo acima uma tribuna com 2 janelas com sobreverga em arco e balaustradas. O altar-mor em arco apresenta de cada lado 2 colunas coríntias, tendo no alto, de cada lado, um anjo. Entre as colunas ficam as imagens de Nossa Senhora (esquerda) e São Francisco de Paula (esta dos séculos XIX-XX). No centro do altar-mor há o sacrário e acima São Gonçalo do Amarante de madeira do século XIX e no fundo um crucifixo.

À direita da nave fica uma capela com nichos onde se vêm as imagens de Jesus carregando a cruz, de Jesus morto, Jesus com manto vermelho, e a de uma Santa. Ao lado desta capela, fica a capela do Santíssimo com um crucifixo circundado por anjos. No lado esquerdo há outra capela com as imagens de São Gonçalo, Nossa Senhora e outras. Consta do acervo da igreja um lavabo de pedra do século XVII, uma pia de água benta de pedra do século XVII, uma pia de água benta de pedra dos séculos XIX-XX, uma imagem de São Francisco de Assis de madeira dos séculos XIX-XX
4 – Visitação:
Diária de 8:00 às 20:00hs. Tel.: (21) 2712-1000, 2712-1433
5 - Bibliografia
- ARAÚJO, José de Souza Azevedo Pizarro e. Visitas Pastorais de Monsenhor Pizarro ao recôncavo do Rio de Janeiro. Arquivo da Cúria e da Mitra do Rio de Janeiro (ACMRJ), Rio de Janeiro, 1794.
- ARAÚJO, José de Souza Azevedo Pizarro e. Memórias Históricas do Rio de Janeiro e das Províncias anexas à Jurisdição do Vice-Rei do Estado do Brasil, vol. 3. Rio de Janeiro: Impressão Régia, 1820.
- PALMIER, Luiz. São Gonçalo Cinquentenário. São Gonçalo, 1940.

Church of Saint Gonçalo of Amarante: Brazil, State of Rio de Janeiro, City of São Gonçalo, downtown
             The church was founded circa 1629 and became parish church in 1645. A major reform occurred between 1806 and 1820. After 1970 it suffered again a major reform.
Vista do Google Earth
Vista do Google Earth. Detalhe
Frente e lado direito, década de 1920. Observe à esquerda da igreja a casa paroquial
Frente e lado direito, antes de 1941. Observe à esquerda da igreja a casa paroquial
Vista das torres da igreja desde a rua Feliciano Sodré, 1930
Frente, 1930. Observe que o frontão tem o tímpano
liso, sem decoração
Frente e lado direito, foto antiga
Frente. Procissão religiosa
Frente, Foto antiga. Ainda se observa a casa paroquial


Frente, década de 1960
Frente, década de 1970
Frente, 1977. Observe que o tímpano do frontão é liso
Frente e parte do lado esquerdo
Vista do alto, frente e lado esquerdo

Frente. Observe que o tímpano do frontão já tem decoração
Frente
Frente
Frente (foto do autor)
Frente (foto do autor)
Frente (foto do autor)

Frente (foto do autor)
Frente, detalhe do frontão
Frente (foto do autor)
Frente (foto do autor)
Frente (foto do autor)
Frente, torre sineira (foto do autor)
Frente, torre sineira (foto do autor)
Frente, torre sineira (foto do autor)

Frente, torre sineira (foto do autor)
Lado esquerdo, torre sineira (foto do autor)

Lado esquerdo, torre sineira (foto do autor)
Lado esquerdo (foto do autor)
Lado esquerdo (foto do autor)
Lado esquerdo (foto do autor)
Lado esquerdo (foto do autor)
Lado esquerdo e fundos (foto do autor)
Lado esquerdo e fundos (foto do autor)
Lado esquerdo e fundos (foto do autor)
Lado direito (foto do autor)
Lado direito (foto do autor)
Lado direito (foto do autor)
Fundos (foto do autor)
Fundos (foto do autor)
Interior. Nave. Coro (foto do autor)
Interior. Nave. Coro (foto do autor)
Interior. Nave. Coro (foto do autor)
Interior. Nave. Olhando para o Coro (foto do autor)
Interior. Nave. Lado direito (foto do autor)
Interior. Nave. Lado direito. Coro e altar de São José (foto do autor)
Interior. Nave. Lado direito. Altares de São José e do Sagrado Coração de Jesus
(foto do autor)
Interior. Nave. Lado direito. Altares de São José e do Sagrado Coração de Jesus
(foto do autor)
Interior. Nave. Lado direito (foto do autor)
Interior. Nave. Lado direito. Altar de São José
(foto do autor)
Interior. Nave. Lado direito. Altar de São José
(foto do autor)
Interior. Nave. Lado direito. Altar do Sagrado
 Coração de Jesus (foto do autor)
Interior. Nave. Lado direito. Altar do Sagrado
 Coração de Jesus (foto do autor)
Interior. Nave. Arco-cruzeiro direito.
Imagem  (foto do autor)
Interior. Nave. Lado esquerdo. Portas próximo à entrada (foto do autor)
Interior. Nave. Lado esquerdo. Portas próximo à entrada (foto do autor)
Interior. Nave. Lado esquerdo. Pia próxima à
 entrada (foto do autor)
Interior. Nave. Lado esquerdo. Altares de Santo Antônio e Nossa Senhora
(foto do autor)
Interior. Nave. Lado esquerdo. Altares de Santo Antônio e Nossa Senhora
(foto do autor)
Interior. Nave. Lado esquerdo. Altares de Santo Antônio e Nossa Senhora
(foto do autor)
Interior. Nave. Lado esquerdo. Altares de Santo Antônio e Nossa Senhora
(foto do autor)
Interior. Nave. Lado esquerdo. Altares de Santo Antônio e Nossa Senhora
(foto do autor)
Interior. Nave. Lado esquerdo. Altar de Santo
Antônio (foto do autor)
Interior. Nave. Lado esquerdo. Altar de Santo
Antônio (foto do autor)

Interior. Nave. Lado esquerdo. Altar de Nossa
Senhora (foto do autor)

Interior. Nave. Lado esquerdo. Altar de Nossa
Senhora (foto do autor)
Interior. Nave e Capela-mor (foto do autor)
Interior. Nave e Capela-mor (foto do autor)
Interior. Nave e Capela-mor (foto do autor)
Interior. Nave e Capela-mor (foto do autor)
Interior. Altar-mor (foto do autor)
Interior. Capela-mor (foto do autor)
Interior. Altar-mor (foto do autor)
Interior. Altar-mor (foto do autor)

Interior. Altar-mor. Lado direito.
São Francisco de Paula  (foto
do autor)
Interior. Altar-mor. Lado direito. São Francisco de Paula
Interior. Altar-mor. Lado esquerdo.
Nossa Senhora  (foto do autor)
Interior. Altar-mor. Lado esquerdo.
Nossa Senhora  (foto do autor)
Interior. Capela-mor. Lado direito. Entrada para a capela da direita (foto do autor)
Interior. Capela-mor. Lado direito
 (foto do autor)
Interior. Capela-mor. Lado direito (foto do autor)
Interior. Capela-mor. Lado esquerdo (foto do autor)
Interior. Capela-mor. Lado esquerdo (foto do autor)
Interior. Capela-mor. Lado esquerdo (foto do autor)
Interior. Capela direita. Parede posterior  (foto do autor)
Interior. Capela direita. Parede direita  (foto do autor)
Interior. Capela direita. Parede posterior
Cristo com a cruz (foto do autor)
Interior. Capela direita. Parede posterior
Cristo  (foto do autor)
Interior. Capela direita. Parede posterior. Cristo crucificado (foto do autor)
Interior. Capela direita. Parede posterior  (foto do autor)
Interior. Capela direita. Parede direita
 (foto do autor)
Interior. Capela direita. Parede anterior (foto do autor)

Interior. Capela do Santíssimo. Parede posterior (foto do autor)
Interior. Capela do Santíssimo. Parede anterior
(foto do autor)
Interior. Capela do Santíssimo. Parede anterior (foto do autor)
Interior. Capela do Santíssimo. Parede anterior (foto do autor)
Interior. Capela do Santíssimo. Parede anterior (foto do autor)
Interior. Capela-mor à esquerda. Entrada para a capela esquerda (foto do autor)
Interior. Capela esquerda parede anterior e entrada para a capela-mor
(foto do autor)
Interior. Capela esquerda parede direita, olhando para a capela-mor e capela
direita (foto do autor)
Interior. Capela esquerda parede anterior (foto do autor)
Interior. Capela esquerda parede anterior. Imagem de São Gonçalo (foto do autor)
Interior. Capela esquerda parede posterior (foto do autor)
Interior. Capela esquerda parede posterior
 (foto do autor)
Interior. Capela esquerda parede esquerda
 (foto do autor)
Interior. Capela esquerda Imagem (foto do autor)
Interior. Sacristia (foto do autor)

São Gonçalo

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