Em 6 de
abril de 1579 (a data é polêmica), o nobre Gonçalo Gonçalves, “O Velho” recebeu,
do governador da Capitania do Rio de Janeiro, a sesmaria do
Suassunhão localizada às margens do rio Imboaçu (entre o rio São Lourenço
e a atual praia das Pedrinhas), com o dever de construir uma capela e um
povoado no período de três anos. Isto o tornou o grande
sesmeiro e proprietário de terras da região. Renomeou a terra para São
Gonçalo e mandou construir uma capela em homenagem ao santo com seu nome e
padroeiro de sua cidade natal, em Portugal,
na fazenda da Bica, na margem direita do rio
Imboaçu, próxima ao Morro da Coruja,
depois Morro da Matriz, São
Gonçalo de Amarante. Presume-se que o local tenha sido onde hoje está a Igreja
Matriz de São Gonçalo, no bairro Zé
Garoto, que seria o marco original da cidade. Ele
também ergueu o casarão da fazenda, entre 1579 e 1601, às margens do atual rio Imboaçu. Alguns autores relatam que
a primeira capela foi construída em Guaxindiba e que, depois de demolida, foi
transferida para o local atual, outros consideram que a Capela em Guaxindiba é
posterior. Gonçalo Gonçalves, “O Velho” tinha dois filhos: Gonçalo Gonçalves o
“moço” e Leonor Gonçalves (fundadora, junto com o marido, da Igreja da
Candelária no centro do Rio de Janeiro). Antônio Lopes Siqueira, genro de Gonçalo
Gonçalves ainda cooperou com a doação de terras para o aumento do cemitério e
construção de casas, em frente à igreja, núcleo primeiro de habitações da sede
da paróquia.
Monsenhor Pizarro afirma que a primitiva
capela foi fundada cerca de 1629, com o termo de S. Gonçalo, por Gonçalo
Gonçalves (o Moço), Senhor daquele terreno e, por causa do nome que se dava
aquele recinto, derivado do Rio, que em curta distância fertiliza as suas
vizinhanças, foi também intitulada a Freguesia de Guaxamdiba; cujo termo foi
mudado depois do estabelecimento da Freguesia, em razão do seu Orago. Em 26 de janeiro de 1645, foi criada
a freguesia, sendo a mesma confirmada em 10 de
fevereiro de 1647, por Alvará Régio: "Vigairaria da Invocação São Gonçalo, nos limites e lugar de Guaxindiba.
“Alvará porq. S. Magestade ha por bem e manda se irija de novo e crie
huã vigairaria da invocação de São Gonçalo sita nos limites e lugar de
Guaxindiba, Capitania do Rio de Janeiro. El Rei, como governador perpetuo
administrador que sou do mestrado para gloria e ordem de Nosso Snr. Jesus faço
saber aos que este meu alvará virem que por Justos respeitos q mensionarão do
serviço de Deus, meu e bem das almas dos moradores da Capitania do Rio de
Janeiro e para que lhe administre os divinos sacramentos e não haja falta
mandei irijir e criar de novo uma Vigairaria da invocação de São Gonçalo sita
em os limites e lugar de Guaxindiba para o q se desmembrará da matriz os
freiguezes e ingenhos de Domingos de faria fernão Rois Ribeiro doutro engenho seu;
Migel aires Maldonado, Antonio lobo freita; Izabel Rios; Matias de Mendonsa;
Bento Pinheiro, João de Seixas, Alvear de Mattos, Antonio Lopes Sergueira [provável
genro de Gonçalo Gonçalves], Sebastião
Pinto, Christovão Vaz, Geronimo Carvalho, Gregorio Lopes, Francisco Barreto,
Thomé Soares; Sebastião de Susena, os coais asima referidos reconhecerão a dita
igreja por sua parochia e ao vigário nella nomeado por seu parocho ao coal
obedecerão e aos mais q por seu oferesimento nella se nomear asi por mais freiguezes
reconhesão aos parochos as suas igrejas por asi convir ao serviço de Deus, meu
e bem das almas dos moradores daquela Capitania e boa administração da justissa
esteja por bem que naquela mesma carta posto que seu efeito haja de durar mais
de um anno sem embargo de qualquer prouvizão ou regimento em contrario e se
cumprirá sendo passado pela chanselaria
da Ordem.
Nicolau Carvalho a fez em S. S.° aos 14 de Outubro de 1647 annos. Mel. preira
de Castro a fiz escrever "Rei" "Alvará por q. S. Magestade pelos
respeitos asima há por bem e manda se irija de novo e crie huã vigairia da
invocação se São Gonçalo sita nos limites do lugar de guaxindiba Capitania do
Rio de Janeiro e se desmembrarão da matriz os freiguezes que no dito lugar e
seus distritos são moradores e valerá como carta na mesma data assinada.” “Por
consulta de S. Magestade de 11 de Fevereiro de 646” [...] (Livro da chanselaria da Ordem de Provisão
334, 1647)
“Tal foi esta, criada no dia 22/1/1.645 pelo
Revmo. Administrador e Prelado, Dr. Antonio
de Marins Loureiro [...], como bem declarou S. Mage o Senhor D. João IVº no seu Alvará de
10/2/1.647 pelo qual confirmou a criação feita, recomendou o aumento dela assim
como das outras criadas no mesmo tempo e mandou dar ao Vigário para sua
sustentação, e mantença, outro tanto Ordenado, como tinham os Vigários das mais
Igrejas das Suas Capitanias, pagos pela S. Real Fazenda, por conta dos Dízimos
das mesmas Capitanias. Existia então fundada neste distrito parece que
pelos anos de 1629 uma Capela Filial á Matriz da Candelária desta
Cidade, com o termo de S. Gonçalo, por Gonçalo Gonçalves, Senhor daquele
terreno: e por causa do nome que se dava aquele recinto, derivado do Rio, que em curta distância fertiliza as suas
vizinhanças, foi também intitulada a
Freguesia de Guaxamdiba, pelo mesmo Alvará dito; cujo termo foi mudado
depois do estabelecimento da Freguesia, em razão do seu Orago, pelos anos posteriores [...]” (Araújo, 1794)
“Não
conta que S. Mag haja concorrido com despesa alguma para esta Igreja;
porque ela assim como todas as outras foi feita á custa ou do Povo, ou do
Senhor que foi do terreno Gonçalo Gonçalves.” (Araújo, 1794)
“Na Capella fundada por Gonçalo Gonçalves
(segundo a Tradição) em sua Fazenda sita no território de Guaxandiba , e
dedicada à S. Gonçalo , criou o mesmo Prelado [Dr. Antônio de Marins Loureiro] a 4.ª Parochia, correndo o dia 22 de Janeiro de 1645, que o Alvará de
10 de Fevereiro de 1647 confirmou sob o titulo Igreja de Guaxandiba , como foi
conhecida n'aquelles tempos primeiros , pela visinhança do Rio Guaxandiba ,
d’onde se derivou o apellido communicado à situaçaõ circunvizinha. Naõ consta ,
se o Templo, que se levantou com paredes de pedra e cal , foi o mesmo erigido
pelo fundador , ou se de novo se construiu.” (Araújo, 1822, vol.3, pg.
18-19)
O
lugar em que se vê fundada a Matriz não era boa
“O lugar, em que se vê fundada a dita
Matriz, em rumo de WSW., é o peior da Freguesia: porque de um lado dela fica um
elevado morro, cujas humidades todas com muita
facilidade se comunicam á este edifício e o tem arruinado notavelmente, como se
vê no seu exterior pela abertura da parede do frontespício; e
internamente, por outra igual ruína na
parede do Arco Cruzeiro desde o seu fundamento, cujo reboque tem caído,
e na da parte do Evangelho [esquerda] que
se vê afastada bastantemente do seu prumo. O pavimento
que é todo ladrilhado de tijolos, pela necessidade que há de se abrirem Sepulturas,
acha-se todos desmantelado, e cavado. [...] Além da má situação, em que se acha fundada a Igreja pela razão dita,
fica também excluída da classe das agradáveis, pela sua suturnidade; que a não
ser a Estrada Geral por onde transitam os moradores desta, e das mais
Freguesias seguintes até a de S. Antonio de Sá [antiga vila em Porto das
Caixas, Itaboraí], com os seus efeitos, até serviria para se exercitar a vida Anacorética.”
(Araújo, 1794)
No entanto,
a igreja era de boas proporções.
“Em 25
braças [55m] de terras está fundada
esta Igreja, que é de pedra e cal, e seu Adro; tendo o material dela, desde a porta principal até o Arco, 108 palmos
[23,8m] de comprimento; do Arco até o fundo da Capela, 22 ditos [4,8m] que
fazem o todo de 130 palmos [28,6m]: e de largura, tem o Corpo 49 palmos [10,8m], e a Capela 27 ditos [5,9m].” (Araújo,
1794)
“Seu Corpo abrangia 108 palmos [23,8m] de comprimento , desde a porta principal ,
até o arco cruzeiro , e largura de 48 [10,6m]: d’ahi , ao fundo da Capella mór , 40 [8,8m] de comprido , e 27 ½ [6,1]; de largo [...]” (Araújo, 1822, vol.3, pg. 19)
A igreja possuía 5 altares.
“5 Altares tem esta Igreja. No 1º - que é o
Maior, está colocado o Sacrario, e a Imagem
do Santo Padroeiro: No que fica 1º ao lado do Evangelho [esquerda]
está colocada a Imagem de N. Sra. do Rosario e S. Benedito dos
Pretos: no 2º, a da Sra. do Rosario dos Homens brancos. Ao lado da Epístola [direita], no 1º a imagem de S.
Miguel; no 2º, a do Espírito Santo: todos eles com pouco asseio, e ornato;
porque as Irmandades, á que eles pertencem, nenhum zelo tem, e cuidado
na satisfação dos seus deveres. Deles mandei retirar
algumas imagens de Cristo, por imperfeitas.” (Araújo, 1794)
“Cinco Altares ornavam o interior d'esse
Templo antigo , no maior dos quaes estava o Sacrário, onde por todo anno se
adora o SS, Sacramento : ultimada porém a nova Paroichia, terá sete.” (Araújo,
1822, vol.3, pg. 19)
A Pia Batismal
era de madeira, estava bastante arruinada, e estava colocada entre grades à
direita; no entanto, a igreja estava bem provida de material litúrgico.
“O Tabernáculo do Sacrario é doirado por
dentro, e ornado com um pavilhão, e cortinas de seda d´oiro nova: a Píxide é de
prata doirada, a mais rica, perfeita, e maior de todas as do Recôncavo: A Pia
Batismal é de madeira, e bastante arruinada, e está colocada entre grades na
forma da Constituição e Pastoraes, da parte da Epístola: as Ambulas dos Santos
Oleos, que foram as maiores, que ví em todo o Reconcavo, são de estanho, e um Vaso de madeira alto, que lhe serve
de Caixa: e além dessas, tem duas de prata para o uso da Pia em caixa de
madeira, e outra mais para Oleo dos Enfermos, em caixa de prata, mandadas fazer pelo atual Vigário. ... Os ornamentos estavam todos perfeitos;
porque uns são novos, e outros foram á pouco renovados: as alfaias brancas também estavam sãs, e feitas, de pouco tempo. Tem
dois Relicários; um antigo, e outro de
feitio de uma pequena Píxide; ambos perfeitos. Tudo enfim achei muito bem preparado,
e tratado com asseio pelo zeloso, e então atual Vigário. [...]” (Araújo,
1794)
“Pratas:
1 Píxide toda doirada, peça muito
perfeita pela sua obra...1 Chave do
Sacrario doirado. 1 Custodia muito antiga. 3 Calix: 1 liso, outro angariado; e outro doirado, e angariado também,
com o letreiro em roda do pé, que
diz: = S. Gonçalo =. 1 Turibulo, e 1
Naveta... a Lampada, e 4 Castiçais
grandes, lisos, 1 Cruz, e 2 Varas. 1
Cruz lavrada. 1 Terno de Ambulas para
os Santos Oleos; e a da Sta. Unção, em caixa também de prata. 1
Purificatório. 1 Resplendor, título,
e cravos do Sto. Crucifixo, .... 1
Par de galhetas com seu prato. 1 Vaso
para a Comunhão. Imagens: 1 do
Santo Crucifixo em Cruz de Jacarandá.” (Araújo, 1794)
As
irmandades da igreja não cuidavam de seus altares e de suas obrigações.
“[...] consta terem havido as Irmandade
seguintes: 1ª - do SSmo. Sacramento, que hoje nada zela a satisfação dos
seus deveres. [...] 2ª - do Santo Padroeiro, anexa á do SSmo,
que apenas se contenta em fazer a festividade do seu Orago, sem mais se
interessar no Ornato de seu Altar [...] o Altar Maior, que está por conta
destas 2 Irmandades, conserva-se sem o seu preciso ornato; e a mesma
Igreja, tendo necessidade de reparo, não tem quem nele cuide, e trabalhe, antes
que a ruína venha a ser mais sensível. 3ª
- Da Senhora do Rosario dos Brancos, que subsiste em total decadência; e apenas
se descobrem alguns vestígios ainda pela devoção de seu Juiz perpétuo, que
anualmente manda fazer uma festa de Missa Cantada, Sermão, e Música, á sua
custa; porque nenhuns reditos tem a
Irmandade. 4ª - Da Senhora do Rosario dos Pretos, que é zelosa, e
cuidadosa do ornato do seu Altar, no modo
que lhe é possível, e de sufragar as Almas de seus Irmãos falecidos. [...] 5ª
- De São Miguel e Almas, que de todo havia acabado: mas agora, por zêlo de alguns antigos Irmãos, vai querendo resuscitar,
tratando do seu Altar como lhe é possível.
6ª - De Santo Antonio. 7ª - Da Senhora do Amparo, ambas estas expiraram á
muito tempo mais em lugar delas
entrou; 8ª - uma chamada Irmandade do Espírito Santo, a qual podendo
conservar com muita decência, e asseio o seu
Altar, por que anualmente recebe dos Fiéis muitas ofertas, e esmolas, é a que mais pobremente trata
do mesmo Altar, que nem uma toalha teria
que o cobrisse, se a particular devoção de algumas pessoas, á instâncias, e clamores
do Pároco, não contribuisse com essa dádiva. A principal festividade, ou o objeto dela, é o Senhor Imperador: as ofertas são
recebidas por este, e não pelo Pároco; e
em que elas se distribuem, não se sabe; porque o Altar conserva-se despido; e
os Pobres muito pouca, ou quase
nenhuma utilidade percebem: tudo se consome no comer, e beber, e nos divertimentos, que se oferecem ao
Público. [...] e para que não incorram em outras semelhante falta, condeno aos Procuradores
das ditas Irmandades em duas patacas
[...] as hei por privadas das
Sepulturas, que á cada uma delas foram concedidas nesta Igreja; por quanto
as julgo sem merecimentos para este tão importante benefício, que logram, com
manifesto prejuízo da Fabrica desta Igreja.” (Araújo, 1794)
Havia um
cemitério anexo à igreja.
“Em 19 palmos de terra doada pelo fundador para Cemitério à roda da
Igreja , acham os Cadáveres dos parochianos sua sepultura” (Araújo, 1822,
vol.3, pg. 19)
“Em 50 braças de terra quadrada , que Antonio Lopes Cerqueira (genro de
Gonçalo Gonçalves) doára , ou legára á S. Gonçalo , para servir de Cemitério [...]” (Araújo, 1822, vol.3, pg. 23)
A igreja
possuía bens patrimoniais.
“Bens
patrimoniais não pode contar outros, além das Casas referidas, e do terreno compreendido em 25 braças [55m], em que se acha fundada a mesma Igreja, e seu
Adro, doadas para esse efeito [...] Da Real Fazenda só se contribue com as côngruas de 200$Rs, para o Pároco;
de 25$ para o Coadjutor, de 30$Rs. para Canoas quando se for administrar os Sacramentos ás Ilhas Jerobaíbas e de 25$Rs para
guizamento. [...] Não
há casa própria para residência dos Vigários, nem consta de alguma doação que
houvesse, ao menos de terreno para esse fim. [...] Os
reditos da mesma Fabrica procedem das Sepulturas, e Cruz: e em diante será mais favorecida em razão dos reditos
acrescidos pelo R. Vigário Bento José Caetano, no legado das suas casas
de vivenda á pouco tempo feitas, e as melhores que se acham naquele lugar [...]” (Araújo, 1794)
“[...] Padre Bento Jozé Caetano Barrozo Pereira [...] , e por seu falecimento legou á Fabrica da
Igreja uma propriedade de Casas , construidas por elle em lugar próximo da
mesma Igreja , com a pençaõ annual de 25 Missas.” (Araújo, 1822, vol.3, pg.
20)
A freguesia tinha
os seguintes limites:
“A divisa
desta Freguesia é para o rumo de E, com a Freguesia de N. Sra. do Amparo de Maricá, na distância de 4. ½
legoas: para o rumo de W. e NW. com o Mar, na
distância de ½ legoa, ou pouco mais: para o rumo de N, com a de N. Sra. do
Desterro de Itambí na distância de 3. ½ legoas; e o mesmo rumo é com a de N.
Sra. da Piedade de Magépí na distância
de 2 legoas pelas Ilhas Jerobaíbas: para o S. com a de S. João Batista
de Carahy, na distância de 1. ½ legoa: para o rumo de NE. com a de S. João Batista de Itaborahy, na distância de 4. ½ legoas:
e deste modo vem a ter de comprimento 5 legoas pouco mais, ou menos: e
dentro destes limites se compreendem 12
Ilhas.” (Araújo,
1794)
“Divide-se
, ao Norte , com a Freguezia de N. Senhora do Desterro de Itamby , na distancia
de 3 ½ legoas , e com a nova Freguezia do Senhor Bom Jezus de Paquatá , em 2
legoas : ao Nordeste , com a de S. Joaõ Baptista de Itaboray , em 4 ½
legoas : e n’outra igual longitude , á Leste , com a de N. Senhora do Amparo de
Maricáa : em legoa , ao Sul , com a de S. Joaõ Baptista de Cari-y : e com o mar
, á Oeste , e Noroeste , em ½ legoa , comprehendendo 12 Ilhas , [...]”
(Araújo, 1822, vol. 3, pg. 20)
No seu território, já tinha havido 15 Capelas, mas
na época da visita de Monsenhor Pizarro em 1794 só havia nove, e na visita de 1820, havia 10, pois a de São
Thomé que antes estava na lista das ruídas, aparentemente foi reconstruída.
1ª – da Trindade. [...] na mesma
Fazenda: [...] Dista ½ legoa. 2ª – da Senhora do Rosário,
no Engenho Pequeno do Cap. Joakim de Frias de Vasconcelos. [...] Dista ½
legoa para o S. 3ª – de Nossa Senhora da Conceição, [...] Dista ½
legoa para o N, em caminho para a Capela da Sra. Da Luz. 4ª – da Senhora
da Luz, no lugar assim chamado, [...] Dista 1. ½ égua. 5ª – de S. Ana, no lugar
chamado Paxecos, [...] Dista 2 legoas para ESSE. 6ª – de S. Francisco, em Quibangaça. [...] Dista 2
legoas. 7ª – de S. Ana / antigamente
de N. Sra. Do Monserrate / no Culabandé, [...] Dista 1 legoa. 8ª – De Nossa
Senhora do Desterro, em Piiba Grande, [...] Dista 3 legoas para ESSE. 9ª –
de Nossa Senhora da Esperança, em Piiba Pequena. [...] Dista 2 legoas. Para ESSE.” (Araújo, 1794)
“1.a
de N. Senhora da Luz, fundada no Campo de Itaóca [...] 2.a
de N. Senhora da Esperança , levantada em Piiba pequena, [...] 3.a
de N. Senhora do Rosario, erecta no Engenho Pequeno [...] e talvez com
essa obra se mudou o titulo do primeiro Orago , que consta haver sido N.
Senhora da Conceição. 4.a de Santa Anna , construída no sitio
chamado [...] 5.a de N. Senhora da Conceição , [...]
6.a
da Santissima Trindade, [...] 7.a de Santa Anna, em Culabandê, [...] que na sua
origem foi dedicada a N. Senhora do Monserrate. 8.a de S. Francisco
, estabelecida em Quibangaça [...] 9.a de N. Senhora do
Desterro , em Piiba grande [...] 10. a de S. Thomé , feita na Ilha dos
Flamengos [...]” (Araújo, 1822, vol. 3, pg. 21-22)
Além destas houveram as seguintes:
“1ª - de
S. Thomé, na Ilha chamada do Engenho, [...] Dista 1. ½ legoa para o SE. 2ª
- de N. Sra. das Neves; [...] na
Fazenda que hoje é do Dr. Antonio Francisco Leal, distante 1 legoa para o SW. 3ª - de Nossa Senhora da Pena, na
Fazenda chamada a Pena, [...] Dista
1. ½ legoa para o Nascente. 4ª - Na Fazenda do R. José Leite Pereira, que foi
do termo da Sra. da Conceição [...]. 5ª - de Nossa Senhora do Desterro, na Fazenda que foi do Desemb.
Roberto Cár Ribeiro de Bustamante em Itaytendiba, [...].6ª - De Nossa Senhora da Madre de Deus, da
Fazenda da Ponta [...]” (Araújo, 1794)
“Além das
Capellas referidas , houveram outras no mesmo districto , de que à penas existe
a memoria , por faze-las demolir o abandono , e deleixamento de seus
administradores , consummindo em si os reditos dos patrimónios , que se lhes
estabeleceram.”
(Araújo, 1822, vol. 3, pg. 22-23)
Pouco depois de 1796, o R. Antonio Vicente
Rodrigues Pereira d’Amorim, renovou as
paredes da Sacristia. Em 1806 teve
início a primeira grande reforma da paróquia, na qual a igreja foi ampliada,
pois seu tamanho não comportava o número de fiéis que crescia de acordo com o
aumento da população; a reforma só foi concluída em 1820.
“[...]; mas arruinadas , e ja abertas as paredes do Arco Cruzeiro , teve o
todo do edifício novo erigimento , em que actualmente se trabalha , desde o
anno 1806.” (Araújo, 1822, vol.3, pg. 19)
Originalmente,
a fachada da igreja possuía estilo barroco e seu altar-mor de estilo barroco
foi todo construído em madeira na data de 1645. Já em 1877 teve início a transferência do Cemitério Paroquial e, em
1911, o prefeito Manoel Penaforte mandou construir a primeira escadaria da
Matriz, já que o acesso ao prédio era feito pela Alameda. Em 1940, Palmier
relata que o projeto da igreja era monumental, toda de pedra, com preciosos
trabalhos de cantaria, duas torres, duas sacristias, quatro altares laterais, coro,
púlpitos, pias de mármore, nave e capela-mor de grandes proporções, mas que o
projeto não chegou a ser concluído pelos idealizadores de tão grandiosa obra,
estando ainda por concluir a outra sacristia, as tribunas e as capelas laterais.
A impressão de conjunto na parte interna, era das melhores, mas o mesmo não
podia ser dito em relação ao todo.
Durante as escavações, em 1959, foram encontrados
ossos humanos e essa descoberta veio comprovar a existência de um antigo
cemitério junto à igreja, o que era comum até o século XVIII. Entre 1960 e 1965
a igreja foi remodelada, sendo calçada e iluminada. A partir de 1970, a igreja
sofreu reformas que, aos poucos, foram descaracterizando sua construção
concluída após quase 100 anos, no século XIX. Na década de 1970, as paredes e
os pisos de madeira, atacados por cupins, foram substituídos por concreto,
ferro e azulejos. O fato de a igreja não ser tombada impediu a permanência de
traços urbanísticos de sua estrutura inicial, contribuindo para que o prédio
tenha passado por tantas mudanças, em nada lembrando o que um dia já foi.
Atualmente, o que mais se aproxima da construção original é o altar e o
retábulo. Em 2012, na Semana Santa, foram inauguradas as placas da Via Sacra,
que saem do pátio da igreja até o cruzeiro fincado no morro próximo. Com as
sucessivas reformas, hoje a igreja exibe estilo neo-clássico. No interior da
igreja encontra-se o túmulo do Monsenhor Barenco que ficou à frente da igreja
de 1941 à 1965. O teto de madeira foi substituído por uma laje de concreto; o
altar principal em estilo barroco, construído de madeira, pouco lembra o
original; os altares laterais, totalmente destruídos por cupins, foram
revestidos de azulejos decorados; do lustre com pingentes de cristal resta
apenas a armação principal; e, do lado de fora, o reboco da fachada foi trocado
por azulejos. Entretanto, um detalhe original pode ser observado: o entalhe da
porta que leva para a sacristia ainda guarda resquícios de folheamento a ouro. A
igreja, atualmente, é a matriz da Freguesia de São Gonçalo e seu padroeiro é
festejado em 10 de janeiro.
A igreja
tem uma orientação geral norte-sul, com maior eixo ântero-posterior e frente
para norte. Tem um formato aproximadamente retangular, estando, no entanto,
muito descaracterizada. A fachada anterior apresenta uma nave central e duas
torres sineiras. A nave central é separada das torres sineiras por cunhais
duplos; há também um cunhal em cada borda das torres. A nave central tem uma
porta central de verga reta e, na altura do coro, possui 3 janelas de verga
reta, todos com sobreverga. No alto fica um frontispício triangular com a
inscrição SÃO GONÇALO DE AMARANTE e 1645; nele, também, há um baixo-relevo central
representando São Gonçalo flanqueado por motivos vegetais. As torres sineiras
têm no 1º andar um óculo redondo e no 2º andar uma janela retangular com
sobreverga; mais acima há uma janela em arco de cada lado da torre, que termina
por um teto piramidal. Na fachada lateral direita, após a torre sineira, há uma
porta seguida por dois conjuntos de uma porta ladeada por janelas, todas com
sobreverga; no 2º andar há 5 janelas de verga curva com sobreverga. A parte
final desta fachada e a fachada posterior estão muito descaracterizadas. Na
fachada lateral esquerda, após a torre sineira, há uma porta seguida por 6
janelas de verga reta, todas com sobreverga; no 2º andar há 5 janelas de verga
curva com sobreverga.
No interior
há, logo após a entrada, no 2º andar, o coro com 3 janelas. De cada lado há 2
portas, uma delas com a escada da torre sineira. No lado esquerda, em uma das
portas fica a pia batismal. No lado direito há 2 nichos com altares, o 1º de
São José e o 2º do Sagrado Coração de Jesus. No lado esquerdo também há 2
nichos com altares, o 1º de Santo Antônio e o 2º de Nossa Senhora. O
arco-cruzeiro apresenta pinturas representando Jesus e anjos. A capela-mor é
mais baixa e estreita que a nave e apresenta uma porta em arco e um arco de
cada lado, tendo acima uma tribuna com 2 janelas com sobreverga em arco e
balaustradas. O altar-mor em arco apresenta de cada lado 2 colunas coríntias,
tendo no alto, de cada lado, um anjo. Entre as colunas ficam as imagens de Nossa
Senhora (esquerda) e São Francisco de Paula (esta dos séculos XIX-XX). No
centro do altar-mor há o sacrário e acima São Gonçalo do Amarante de madeira do
século XIX e no fundo um crucifixo.
À direita
da nave fica uma capela com nichos onde se vêm as imagens de Jesus carregando a
cruz, de Jesus morto, Jesus com manto vermelho, e a de uma Santa. Ao lado desta
capela, fica a capela do Santíssimo com um crucifixo circundado por anjos. No
lado esquerdo há outra capela com as imagens de São Gonçalo, Nossa Senhora e
outras. Consta do acervo da igreja um lavabo de pedra do século XVII, uma pia
de água benta de pedra do século XVII, uma pia de água benta de pedra dos
séculos XIX-XX, uma imagem de São Francisco de Assis de madeira dos séculos
XIX-XX
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