1 - Localização:
Niterói. Região de Praias da Baía. São
Domingos. Rua Alexandre Moura nº29 (22°54'0.52"S, 43° 7'50.89"O)
2 – Histórico:
A primitiva
Capela de São Domingos foi construída pelo fazendeiro Domingos de
Araújo na área de seu Engenho de açúcar,
em data anterior a 1652.
“2. de S. Domingos, levantada á face do mar da
Enseiada por Domingos de Araujo, antes do mesmo mez de Fevereiro de 1652, como
certifica a Verba testamentária do mesmo Araujo, fallecido no dia ultimo d’esse
mez , que se registrou à f. 63 do Liv. 3 dos Óbitos da citada Freguezia da Sé.”
(Araújo, 1820, vol.
3, pg. 182)
“2ª - de S. Domingos, na Praia do mesmo
nome. Pela Escritura da doação das terras da antecedente Capela, consta que já
existia no ano de 1.671 com o termo de Ermida:
mas os seus documentos ou não existem, ou não fizeram caso de nos apresentar. Dista perto de ½ legoa [3,3km] para o Poente [em relação à antiga Igreja Matriz de São João
Batista em Icaraí]. [...] Seu fundador consta ter sido Domingos d´Araújo.” (Araújo, 1794)
Domingos de Araújo, falecido em 28 de fevereiro de 1652, deixou a
capela, com verba testamentária, à sua mulher, Violante
do Céu Soares de Souza, descendente e
herdeira de Arariboia, com a obrigação de
conservar a imagem de São Domingos existente na fazenda. Das terras, onde havia
o Engenho de açúcar, Domingos de Araújo doou
1.100m de terra em quadra para patrimônio da capela. A capela foi
administrada pela família de Domingos de Araújo até 1740, quando o filho do
casal, Francisco de Araújo Soares, transferiu a administração para Joaquim
Álvares. O Bispo D. Antônio do Desterro criou a Irmandade de São Domingos, nesta capela, pela Provisão de 11 de
maio de 1762, que foi aprovada pela Provisão de 2 de junho de 1762 e confirmada
pela Provisão de 5 de outubro de 1768. A Irmandade
de São Domingos passou a administrar a capela, mas esta existia só de nome e a
capela não tinha uso e os paramentos estavam ruins, apesar dela ter recebido aquela
doação de terras do seu primitivo construtor.
“A sua
administração é por uma Irmandade, de que já falei, do
mesmo termo de S. Domingos: mas ela subsiste somente no nome; por que para se celebrar nesta Capela é preciso, que a bacia
das esmolas renda para isso; aliás nesta Capela não tem uso; e por esta
causa não havendo quem a zéle no seu culto,
não pode conservar-se com asseio, e bem ornada, apesár de ter seu patrimonio
segundo me constou em 50 braças de terras em quadra, que atualmente estão em
rendimento. Achei-a precisada de novo ornamento da cor verde, por que estava em
uso um de lã todo roido: o Ornamento branco
com galões d´oiro, tinha necessidade de novo fôrro: o Missal não tinha
as Missas dos Santos novos, botões e registros. [...] Aquí [na
Sacristia] ví uma Píxide de prata doirada por dentro, que se conserva no
Sacrario também doirado por dentro, fechado
por uma chave de prata igualmente doirada. Do Sacrario constou-me, que se faz uso
em algum tempo, quando se festejava o Santo Padroeiro, e no tempo da Quaresma.
Com que faculdade se fazia este uso, não posso informar, por que não ví
documento algum.” (Araújo, 1794)
“Outra na
Capela de S. Domingos, com autoridade do Ex. Sr. Bispo D. Fr. Antonio do Desterro
em Provisão de 11 de maio de 1.762, e aprovada em Provisão de 2 de junho do
mesmo ano, foi confirmada pela dita Mesa em
Provisão de 5 de outubro de 1.768.” (Araújo,
1794)
“Declarou , ( diz o
Registro da Verba ) que deixa à sua mulher
( Violante Soares ) humas casas de sobrado, que houve de compra de
Antonio Borges , com a obrigação de sustentar a Imagem de S. Domingos , que
está na sua fazenda, de todos os ornamentos , que forem necessários. „ Consta
com certeza por documentos , e a Tradicçaõ constante refere tambem , que houve
alli um Engenho de assucar, de cujas terras foram doadas cincoenta braças para
patrimonio da Ermida ; e o Visitador á pouco referido, disse, que ella tinha de
património 150$ reis, os quaes eram sem duvida os reditos das terras doadas.
Por uma Escritura celebrada no anno 1740 na Nota , de que foi Tabelliaõ Ignacio
Miguel Pinto Campeio Liv. 82 i. 177 consta igualmente , que Francisco de Araujo
Soares fizera doaçaõ a Joakim Alvares de terras no Saco , e Samagoayá, e da
Administraçaõ da Capella de S. Domingos.” (Araújo, 1820, vol. 3, pg. 182-183)
Possuía 3 altares, tendo no Altar-mor a Imagem de São Domingos e uma
Imagem de Jesus, e em um dos laterais a Imagem de Nossa Senhora do Terço, que
necessitavam de melhoras.
“A Imagem de Cristo, que estava no Altar
Maior, era imperfeitíssima: o Altar lateral da Sra. do Terço, carecia de Pedra
d´Ara: para todos os 3 Altares havia necessidade de toalhas novas, e
purificadores.” (Araújo,
1794)
A janela da sacristia estava com a porta quebrada,
permitindo fácil acesso a estranhos.
“A janela da Sacristia conservava-se com
a porta quebrada, dando fácil entrada aos
insultos: [...]”
(Araújo, 1794)
O pavimento da capela, que era de tijolo, estava
decomposto devido a se escavar o chão para fazer sepultura na capela de
pessoas importantes.
“[...] o pavimento de toda Capela que é de tijolos desmantelado pelo uso de
Sepulturas, uma vez descomposto, nunca mais se consertou.” (Araújo, 1794)
Monsenhor Pizarro deixou a capela
interdita até que se reparassem estas faltas.
“Deixei-a
Interdita, até que se providenciassem as faltas apontadas, e referidas; e determinei,
que se apresentassem os títulos competentes.”
(Araújo,
1794)
Esta igreja,
localizada próxima ao Palacete do capitão
e negociante Thomás Soares de Andrade (doado em 1816 para Don João VI), foi frequentada pela
família real sempre que D. João VI ia a São Domingos. Em 22 de setembro de 1819,
realizou-se nela um Te Deum pela
visita do Rei Dom João à Vila Real da Praia Grande (primitivo nome de Niterói).
Em 1838, celebrou-se ali o velório de
José Bonifácio e seu coração estaria depositado em uma urna na igreja. Foi reformada pelos moradores locais, a partir de
1842, com auxílio provincial concedido, em 1843, pela Assembleia Legislativa e
pelo Presidente da Província do Rio de Janeiro, João Caldas Viana. Em 1849, o
Presidente da Província do Rio de Janeiro, João Pedreira Ferraz, mandou
prosseguir com as obras. O templo foi novamente reformado em 1872. Bastante arruinada, desde 1882, foi reconstruída a
partir de 1897, em terreno ao lado da matriz primitiva, por iniciativa da
Irmandade de Nossa Senhora das Dores e São Domingos de Gusmão, segundo projeto
do arquiteto Bianor de Mendonça. As obras tiveram início em 1898 e
concluíram-se em 1900/1901, sendo a nova capela inaugurada em 1902.
Em uma grande reforma,
em 1907, foram realizados acréscimos na lateral direita e nos fundos. A
caracterização atual da igreja decorre dessa reforma. Em 1914, foi dotada de
iluminação elétrica. Em maio de 1929 foi criada a paróquia de São Domingos por
D. José Pereira Alves. Novas obras de reformas foram realizadas, em 1933, pelo
Vigário Padre Antônio Macedo. Em 1938, o Padre Antônio Macedo, vigário da
Paróquia, substituiu a madeira do piso por granito e mármore. Em 17 de dezembro
de 1939, o bispo de Niterói dom José Pereira Alves, criou a Paróquia de São
Domingos, desmembrando-a da paróquia da Catedral, e a confiou aos Frades
Franciscanos. Chegaram para compor a Fraternidade Franciscana, Frei Álvaro
Machado da Silva e Frei Acúrcio Bolwerk, sendo este empossado como Pároco da recém-criada
paróquia. Com a presença dos frades em São Domingos, a OFS fundada por frei
Inácio e acompanhada por frei Donato na Catedral, muda-se para a paróquia de
São Domingos. A vida dos frades e da nova paróquia foi marcada por
dificuldades humanas e disputas jurídicas em torno de escrituras e posse de
imóveis. Assim, em 15 de abril de 1944, o governo da Província da Imaculada
Conceição houve por bem extinguir a residência franciscana de São Domingos,
retirando os dois frades lá residentes, devolvendo a paróquia à Diocese. A
Província Franciscana comprometeu-se a ajudar enquanto necessário, com a
presença de um frade nos dias de semana e com dois nos domingos e dias santos.
Ambos os frades vinham do Convento de Santo Antônio, do Largo da Carioca do Rio
de Janeiro.
Dois vultos históricos tiveram seus nomes
ligados à Igreja de São Domingos: José Bonifácio de Andrada e Silva, patrono da
Independência, e Frei Francisco de Mont’ Alverne, falecido, este último, em
Niterói, no dia 2 de dezembro de 1858. São Domingos é cultuado a 8 de agosto e
a Igreja é a matriz da Paróquia de São Domingos e é subordinada à Diocese de
Niterói.
3 – Descrição:
A igreja tem uma orientação
geral oeste-noroeste – leste-sudeste, com frente para leste-sudeste e maior
eixo ântero-posterior. A fachada anterior possui 2 andares e mais uma torre
sineira de mais um andar no topo. No centro da fachada há uma porta em arco com
uma coluna coríntia de cada lado e sobre ela um pequeno frontão em 2 águas com
uma cruz em cima. Acima há uma grande porta em vitrô em arco, com uma
balaustrada na frente. Mais acima ficam dois óculos em cruz. De cada lado da
porta há um cunhal e depois uma janela em arco de cada lado no primeiro e
segundo andar. Nas laterais há mais um cunhal de cada lado terminado em um
pináculo. A torre sineira central tem mais um andar com 2 janelas em arco na
frente e uma só de cada lado; acima fica um pequeno frontão triangular e depois
um teto em pirâmide. As fachadas laterais tem a parte inicial proeminente com
uma janela em arco nos dois andares. Depois fica uma seção com uma porta e uma
janela retangulares no 1º andar e 3 janelas em arco no 2º andar. Depois, no
lado direito há uma seção em projeção de um andar com 3 janelas retangulares.
Os fundos têm 2 janelas no 2º andar.
O templo atual possui
nave única com capela-mor mais estreita e sacristia lateral. A ornamentação
interna é caracteristicamente eclética, com influências da linguagem
neobarroca, neoromânica e neogótica. Junto à entrada principal ficam o
batistério e o acesso para o coro e a torre. O páravento, em frente à porta
principal, é composto por um vitral com a imagem de São Domingos e Nossa
Senhora do Rosário. Logo após a entrada há uma câmara de cada lado. No lado
direito há uma escada para o coro no 2º andar e uma imagem de Jesus morto em um
caixão aberto, com Nossa Senhora ao lado. Do lado esquerdo há uma pia batismal
com tampa. Na nave há quatro altares laterais dedicados ao Sagrado Coração de
Jesus (esquerdo posterior), São José (esquerdo anterior), Santa Terezinha
(direita anterior) e outro santo (direito posterior). No arco-cruzeiro há a
inscrição QUI TIMET DOMINUM NIHIL TREPIDAVIT. A capela-mor, mais estreita que a
nave, tem no altar-mor um crucifixo e acima a imagem de São Domingos. À direita
do altar-mor há outra imagem do Sagrado Coração de Jesus e um anjo e à esquerda
há Nossa Senhora da Conceição e outro anjo. À esquerda da nave há um cômodo com
um altar a Nossa Senhora rodeada por um santo e dois anjos.
4 – Visitação:
Tel. 2717-1363. Visitação: De terça a sábado, das 9h às
11h30 e das 14h às 17h
5 – Bibliografia:
- ARAÚJO, José de Souza
Azevedo Pizarro e. Visitas Pastorais de Monsenhor
Pizarro ao recôncavo do Rio de
Janeiro. Arquivo da Cúria e
da Mitra do Rio de Janeiro (ACMRJ), Rio
de Janeiro, 1794.
- ARAÚJO, José de Souza
Azevedo Pizarro e. Memórias Históricas do Rio de Janeiro e das
Províncias anexas à Jurisdição do Vice-Rei do Estado do Brasil, vol. 3. Rio de Janeiro:
Impressão Régia, 1820.
http://www.niteroiturismo.com.br/port/aondeir_igrej_sdomingos.htm
Nenhum comentário:
Postar um comentário