BRASIL: RJ: ITABORAÍ:
Igreja de Santo Antônio de Cacerebu -
Church of Saint Anthony of Cacerebu
1 – Localização:
Município de Itaboraí, 2º. Distrito. Porto das Caixas (-22°39'28.11"S;
42°53'24.97"O)
2 – Histórico:
A primitiva ermida foi fundada cerca de
1612, por Manoel Fernandes Ozouro, senhor daquelas terras por compra ao
Jesuítas, com autoridade do prelado Mateus da Costa Aborim.
“Sendo
o territorio desta Freguesia pertencente ao da Candelária desta cidade, e dela notavelmente distante para serem socorridos
com o Pasto Espiritual os Fiéis, que o povoaram, e exerciam cada dia em
número; foi da indispensável vigilância do Revmo. Administrador da Jurisdição
Eclesiástica, que regia esta Capitania de S. Sebastião do Rio de Janeiro, o
usar da Jurisdição, que o Concílio Tridentino na Sessão. 21º Capítulo 4º concede aos Senhores Bispos, e áqueles
Prelados, que ocupam seus lugares. Havia então, pelos anos de 1.612,
neste lugar uma pequena Ermida do termo de S. Antonio, que tinha sido fundada
por Manoel Fernandes Ozouro, Senhor d´aquelas terras,
por compra feita aos Padres da Companhia de Jesus; cujas terras eram anexadas á
Fazenda dos mesmos situada no lugar
da Papocaia, distante 3 leguas [20km] desta Matriz, Vila, e hoje pertencente á
Freguesia da SSma. Trindade. [...] Do dito Miguel de Moira passou a Sesmaria
aos Padres da Companhia de Jesus, por doação
em Escritura de 18 de outubro do dito ano de 1.571; e persuadidos estes que não podiam possuir terras,
sem que S. Mag. houvesse de permitir-lhe
esta faculdade; obtiveram do Sr. Rei. D. Sebastião a confirmação da mesma Sesmaria,
em Carta sua de doação passada em Lisboa aos 6/12/1.571. Feitos Senhores destas
terras, passaram a dividi-las, e fazer vendas á diversas pessoas: entre essas
foi uma o dito Manoel Fernandes Ozouro, que
primeiro comprou 350 braças, e dentro delas fez a Ermida de S. Antonio, para cuja sustentação as hipotecou todas no
ano de 1.612 [...]” (Araújo, 1794)
“[...] o dito
Moura, doou-a aos Padres Jesuitas por Escritura de 18 de Outubro de 1571; e os
novos proprietários naõ se descuidaram de confirma-la por El-Rei D. Sebastião,
em Carta lavrada á 6 de Dezembro do mesmo anno. Parte das terras declaradas
vendeu o Collegio a Manoel Fernandes Ozouro, que, com permissão do Prelado
Aborim , fundou uma Capella em sitio entre os Rios Cassarébu , e Aquápehy-Assu
, dedicando-a à Santo Antonio no anno de 1612 , e hypothecando-lhe trezentas e
cincoenta braças de terra para sua subsistência.” (Araújo, 1820, vol. 2,
pg. 184)
A capela foi doada em 1624 para
ser transformada em cura, mas, provavelmente, esta só se tornou capela curada
em 1640.
“Para aquela fundação havia precedido a autoridade do Rmo. Administrador Mateos da
Costa Aborim; e para a subsistência da mesma
Ermida hipotecou-a seu fundador todas as terras, que alí possuia, e
eram 350 braças [700m]. Por este mesmo Administrador foi depois
resolvido, e assentado criar a Ermida em
Cura: e por esta causa, em Escritura de 11/8/1.628, doou aquele fundador, e Senhor, a Ermida, com todo o seu
recebimento que tinha defronte da Igreja, e Adro, que fôsse necessário
para traz, ornamentos, alfaias digo, Imagens, e todas as suas alfaias e todos
os seus trastes para aquele efeito: outrossim dotou, deu, e largou mais 100 braças [220m] em quadra de traz da mesma
Igreja, para nelas fazer suas casas; e assento o vigário, que o Prelado
posesse, ficando por esta doação desobrigado da hipoteca feita á Ermida. Se com esta doação foi logo criada em Cura a
dita Ermida, ignora-se: mas parece certo,
que não: por que não consta, que ali se fizessem atos alguns paroquianos, como Curada, senão do ano de 1.640
por diante, principalmente batismos; e
também, nessa circunstância não requeria o Povo / pela falta que sentia da administração do pasto espiritual / que se criasse
alí uma Freguesia. [...] Manoel Fernandes Ozouro dotou, deu e largou
mais 100 braças de terras em quadra, de tráz da mesma Ermida, para nelas fazer
suas casas e assento o Vigário, que o
Prelado posesse nesta Igreja, criando-se ela em Cura. [...] e havendo depois maior porção delas em
compra no ano de 1.614, quando se tratou de fazer
criar-se a Cura, ou Freguesia na mesma Ermida, por Escritura de 11/8/1.624
eximindo-se da hipoteca geral, doou / além das 50 braças em quadra na frente da
Ermida, para a Igreja e Fabrica / 100 braças em quadra por trás da
Igreja, para nelas fazer suas casas, e
assento, o Vigário, que o Prelado puzesse nesta Igreja. Desta doação, por dilatados anos viveram
ignorantes os Párocos da mesma Igreja, por que nenhum documento se podia
encontrar, por onde ela constasse, nem no Cartorio
da Câmara, nem nos Livros da Matriz; e nem memoria alguma havia depositada
entre os antigos manuscritos. Por esta causa, tanto das 50 braças da Igreja,
como das 100 dos Pároco estavam Senhoras á Câmara da Vila, e a Irmandade de
Santo Antonio, a quem o mesmo dito Ozouro
também havia feito doação de 100 braças, imediatas aquelas: e ambas estas corporações tem colaborado até o
presente os arrendamentos das mesmas
terras; a Câmara, sem termo algum; e a Irmandade por mistura que fizeram das
que lhe pertenciam, com as da Igreja; por entre ambas se dividirem, e não haverem posto balizas, por onde se
conhece o rumo, ou termo dividente. ” (Araújo, 1794)
“Por utilidade espiritual do Povo residente no districto de Macacu ,
resolveu o mesmo Prelado criar alli um Curato ; e concorrendo para esse fim a
boa vontade do fundador , e de sua mulher Izabel Martins , por ambos foi doada
a Ermida com todo Adro em frente , cem braças de terra em quadra detrás da
mesma , e alfaias que a ornavam , e serviam ao seu uso , em Escritura de 11 de
Agosto de 1624.” (Araújo, 1820, vol. 2, pg. 185-186)
Em 30 de dezembro de
1644 é criada a Freguesia de Santo Antônio do Cacerebu, por desmembramento da
Freguesia da Candelária, por Don
Antônio de Marins Loureiro, sendo confirmada por Don João IV em 10 de fevereiro
de 1647.
“Autorizado d´aquela Jurisdição dita, e atento ás
súplicas do Povo deste territorio, houve por bem o Revmo.
Administrador Dr. Antonio de Marins Loureiro desmembrar aquela parte de
terreno, denominado Casarebú, da Freguesia da Candelária e criar nêle uma nova Paroquia aos 30 dias do mês de dezembro
do ano de 1.644. com o termo de S. Antonio de Casarebú; cuja
desmembração foi depois confirmada pela Magestade do Senhor D. João 4º em seu Alvará de 10 de fev. de 1.647, pelo qual mandou
que o Pároco desta Freguesia venceria a mesma côngrua, que estava concedida aos
mais Párocos das Freguesias Coladas.” (Araújo, 1794)
“Subsistiu Curada , atéque o Prelado António de Marins Loureiro
deliberou eleva-la em Parochia : e precedendo para isso as notificaçoens
precisas aos Párocos Manoel da Nóbrega , da Freguezia de S. Sebastião , e Joaõ
Manoel de Mello , da Freguezia de N. Senhora da Candellaria (cujos territórios
se haviam de dividir, para se criarem outras Parochias), aos 30 de Dezembro de
1644 pôz em pratica o projecto interinamente , em quanto requeria o Conselho ,
e Consenso Régio , sem o qual naõ podia subsistir a nova Parochia , à pesar da
autoridade do Concilio de Trento Sess. 21 Cap. 4 : e por Alvará de 10 de
Fevereiro de 1647 foi Confirmada a sua erecção.” (Araújo, 1820,
vol. 2, pg. 186)
Em 1697 a
igreja é reerguida em pedra e cal.
“A pouca aptidão da Ermida ao congresso dos Parochianos moveu o Povo à
levanta-la de novo com paredes de pedra e cal em espaço curto , para que
concorreu a Fazenda Real, determinando pela Ordem de 5 de Dezembro de 1697 o
pagamento da metade da importância da despeza da obra , e que os freguezes
concorressem com outra metade.” (Araújo, 1820, vol. 2, pg. 189)
Em 1704 o Padre Luiz Gago
Machado deu maior comprimento e altura às paredes da igreja e iniciou a torre.
“Pelos
anos de 1.704, em que era Vigário o Luiz Gago Maxado e foi visitada esta
Paroquia pelo Ilmo. Sr. Bispo D. Francisco de S. Jerônimo, deu-se maior comprimento á esta Igreja, e altura ás suas
paredes: [...]” (Araújo, 1794)
“O Vigário Luiz Gago Machado deu-lhe
mais comprimento , e altura , correndo o anno de 1704, e principiou afundar a
torre , [...]” (Araújo,
1820, vol. 2, pg. 189)
Em 1710 a comarca da vila de Santo Antônio de Sá pediu
ao rei os ornamentos das quatro cores, de que necessitava para se fazerem os
Ofícios Divinos.
“É bem de ver que o espaço do terreno, em que foi
fundada aquela Ermida, devia ser muito curto para receber em sí o Povo,
depois de erguida a Paroquia; e por esse motivo
foi preciso acrescentar-se, ou fazer-se nova Igreja, á custa do mesmo Povo, como
fez certo á S. Magestade a Comarca desta Vila por Carta de 2/4/1.710 [...]
em que lhe pediu os ornamentos das quatro cores, de que necessitava para se
fazerem com decência os Ofícios Divinos. os ornamentos das quatro cores, de que
necessitava para se fazerem com decência os Ofícios Divinos.” (Araújo, 1794)
Em 1729 o padre Miguel
Antônio Ascoly rebocou a igreja.
“[...]
a torre , que seu Successor Miguel
António Ascoly pretendeu acabar , supplicando à El-Rei uma contribuição pela
Fazenda Real ; mas indeferindo-lhe á rogativa a Provisão de 13 de Maio de 1729,
em que foi declarada a nenhuma obrigação de concorrer a Fazenda Real para essa
obra , e só para as das Capellas Mores das Igrejas das Conquistas , mandou à
penas rebocar a Igreja à custa da mesma Fazenda [...]” (Araújo, 1820, vol.
2, pg. 189-190)
O padre Antonio Vaz Pereira
(ca. 1745) dourou o retábulo da Capela-mor.
“[...] á custa / na maior parte / do R. Vigário
Antonio Vaz Pereira foi doirado o retabulo da Capela Mór, e se fizeram outras mais obras, que importaram em 4$ e tantos
cruzados: [...]” (Araújo, 1794)
Em 1768 foram novamente levantadas as paredes, fez-se
novo frontispício, o teto ficou forrado, e se dividiram as Sepulturas com os
meios fios de pedras lavradas.
“[...] no ano de 1.768, sendo o Vigário o R. José Pereira Távora, [...] novamente
foram levantadas as mesmas paredes, e fez-se novo frontespício; o této ficou
forrado, e se dividiram as Sepulturas com os meios fios de pedras lavradas.” (Araújo, 1794)
“Parecendo ao Vigário Jozé Pereira Bravo mal architectada a obra da
Igreja , ou porque as paredes precisassem de maior altura, ou por motivo do
novo frontispicio , levantou-as no anno de 1768, e reedificou o Templo com
trabalhos novos: [...]” (Araújo, 1820, vol. 2, pg. 190)
O padre Manoel José da Silva
(1787-1793), reformou toda a Capela-mor, fazendo-a mais alta, e funda, forrou de novo
o teto, fez três Altares
laterais, e fundou uma torre.
“Sucedendo na Paroquia o R. Manoel José da Silva, com
igual zêlo, que aquele, reformou toda
a Capela Mór, fazendo-a mais alta, e funda, forrou de novo o této, fez
três Altares laterais, e fundou uma torre, que agora se ia acabar á sua custa,
depois do seu falecimento.” (Araújo, 1794)
“[...]
seu successor Manoel José da Silva
continuando a reforma-lo, deu mais espaço à Capella Mór , dilatando-lhe o fundo
, e proporcionadamente a altura.” (Araújo, 1820, vol. 2, pg. 190)
Entre 1793 e 1796, o Padre Francisco Ferreira de Azevedo, achando
arruinado quase todo o madeiramento da Igreja, e aberto o frontispício todo,
desde o seu cume até a soleira da porta principal, que se via arrebentada, fez meter novo madeiramento, e
acautelar as ruínas, reparando também a abertura da parede em todo o
frontispício, da verga, e soleira, da porta principal, que por causa da obra da torre firmada em alicerce
mais profundo, que o da Igreja, e sobreposta
uma das suas paredes à de um lado da Igreja, fez puxar por esta, e rebentá-la sobre a Porta Principal.
“O
presente e atual Pároco, em nada inferior ao zelo, e atividade d´aqueles achando arruinado quase todo o madeiramento
da Igreja, e aberto o frontespício todo, d´esde o seu cume até á soleira da
porta principal, que se via arrebentada;
não omitiu reparála digo, repará-la, logo que se fez cargo da Igreja; por que metendo os ombros áquela obra bastante árdua, e
que puchava digo, puxava por notável despesa, ao mesmo tempo, que para
ela só possuia a módica quantia de 4$480Rs.; fez meter novo madeiramento, e
acautelar as ruínas, que prometia, reparando também a abertura da parede em
todo o frontespício, da verga, e soleira, da porta principal, que por causa da obra da torre firmada em alicérce
mais profundo, que o da Igreja, e sobreposta
uma das suas paredes á de um lado da Igreja, fez puxar por esta, e rebentá-la sobre a Porta Principal. [...] O R. Francisco Ferreira de Azevedo desde o dia 6/10/1.793. [...] Por que,
achando o frontespício da mesma Igreja rachado desde a soleira da porta principal até o cume da parede, e o madeiramento do seu
Corpo igualmente arruinada, e com perigo notável / pois que nas Simalhas
já descançava todo ele / cheio de louvável resolução,
muito superior as suas forças, e as da Fabrica, meteu-os ombros á reforma de todo
o material; e ajudado pelos seus Fregueses, teve a felicidade de a concluir, e
pô-la em maior perfeição, muito principalmente a entrada até o plumo do côro,
mudando a sua antiga forma, e a casa do
Batistério, que a conserva com muito asseio.” (Araújo, 1794)
“O Vigário Francisco Ferreira de
Azevedo , zeloso da perfeição , e aceio da sua Igreja , além de outras obras ,
reformou-lhe o madeiramento, e o frontispicio , que havia rachado com a
construcçaõ da torre annexa.” (Araújo, 1820, vol. 2, pg. 190)
As
obras foram feitas pelo povo sem ajuda do rei:
“Não
consta, que S.M. haja feito consignação alguma em benefício desta Igreja; porque o povo é que a fundou, como já mostrei
supra, depois que para cômodo do mesmo
Povo foi preciso estender-se a 1ª Ermida, onde se criou a Paroquia: e não
consta também, que em resulta do requerimento, que lhe fez a Câmara,
para se lhe darem os precisos ornamentos,
eles fôssem dados.” (Araújo, 1794)
A igreja tinha sido construída em um lugar
elevado, com frente para sudoeste e media de comprimento total 28m e de largura
na nave 8m.
“Vê-se fundada a dita Igreja em lugar elevado, e com a
sua frente, ou perspectiva para o rumo do SW, tendo de cumprimento desde a
porta principal até o Arco Cruzeiro, 86 palmos [19m];
e de largura 37 [8m]: do Arco dito
até o retabulo da Capela Mór, 41 palmos [9m] de comprimento: e 25 de largura [5,5m]: do
retabulo dito até o fundo para o Consistorio, 27 palmos [6m] de
comprimento com a largura dita.” (Araújo,
1794)
“”O comprimento d'esta Matriz he de
oitenta e seis palmos , desde a porta principal , até o arco cruzeiro, e
largura de trinta e sete ; do arco , ao fundo da Capella , conta sessenta e
oito palmos de comprido [15m], e vinte e cinco de largo.” (Araújo, 1820, vol. 2, pg. 190-191)
Tinha
4 altares: 1º Altar-mor com retábulo dourado, Sacrário e imagem de Santo
Antônio; 2º (Esquerda): Altar do Espírito Santo, com imagens de Nossa Senhora da Boa Morte, de Nossa
Senhora do Terço, de São Francisco, e de São Domingos; 3º (Esquerda): de Nossa
Senhora das Dores; 4º (Direita): do Senhor
dos Passos. No lado direito, em frente ao altar de Nossa Senhora das Dores, se
planejava fazer um altar para Nossa Senhora do Rosário.
“Tem 4 Altares. No 1º; que é o Maior, está o Sacrario, e
a Imagem do Sto. Padroeiro: o seu retabulo é todo doirado,
mas antiga a sua talha. No 2º / da parte do Evangelho / dedicado ao Espírito
Santo, acham-se também as Imagens da Sra. da Boa Morte, do Terço, de S.
Francisco, e S. Domingos; e está bem preparado, com retabulo novo. No 3º do mesmo lado, a Imagem de N. Sra. das
Dores. No 4º da parte da Epístola, a Imagem do Senhor dos Passos: e
todos eles em termos asseados. Desta mesma parte em frente ao da Senhora das
Dores se diligencía fazer, ou concluir outro para a Sra. do Rosário.”
(Araújo,
1794)
“Ornam
o interior do Templo quatro Altares , com o Maior , onde se collocou o Sacrário
, que perpetuamente conserva em si o Santissimo Sacramento.” (Araújo,
1820, vol. 2, pg. 191)
O sacrário era novo e
a pia batismal era de pedra e se situava num bom batistério.
“O Sacrario que é feito de novo, e todo doirado,
conservava-se com asseio, e decência: a Píxide de prata doirada, estava
perfeita; e os dois Relicários, que tem, igualmente em termos. A Pia
Batismal, que é de pedra, e grande, estava sã: a casa do Batistério, renovada
por este Pároco, e a mais asseada que achei, conserva-se segundo as determinações da Constituição e Pastoraes do
Bispado. As Ambulas dos Santos Oleos são de estanho, e antigas; mais
tratadas com o devido asseio, que é o de seda d´oiro com as cores encarnada, e
branca, tem sofrido muito uso. O que há de Alfaias, consta do Inventário á fl. 239vª.” (Araújo, 1794)
Havia nesta Matriz 4
Irmandades:
“1ª
- de Santo Antonio, que teve Compromisso no princípio da sua fundação, e não existe: depois dêsse foi feito outro, que
sendo mandado para Lisboa á confirmar por S. Magtde., até agora não voltou, nem
há quem o procura. Por isso considera-se sem ele: e nestes termos, não
podendo eu conhecer a sua antiguidade, á juizo ter sido eréta pelo Revmo. Administrador Dr. Antonio de Marins
Loureiro, que foi como disse, quem criou esta Freguesia, pelos anos de 1.644;
ou pelo seu antecessor o Rmo. Dr. Mateos da Costa Aborim, que pelos anos
de 1.612 facultou á ereção da Ermida, e no de 1.624 aceitou a doação de que consta a Escritura referida á
princípio. Á esta Irmandade foi feito o patrimonio pelo mesmo Manoel Fernandes Ozouro, Senhor, como já disse,
destas terras, e fundador da Ermida,
na doação ou legado de 100 braças de terras, que cada uma compreende,
pagam o foro competente, posto que limitado [...] Á Administração dos reditos deste
patrimonio tem sido infeliz, ou porque tenha havido molesa na cobrança deles,
ou porque na aplicação devida, seja haja feito algum desvio: o certo é; que ela nada tem do que necessita para
as suas economias, a satisfação do que deve.
2ª - do SSmo. Esta, com a mais
necessária nas Matrizes, foi ereta por autoridade do Rvmo. Administrador
da Jurisdição Eclesiástica o Dr. Antonio de Marins Loureiro, confirmando o seu
Compromisso aos 22/1/1.656, por Provisão, que para esse efeito mandou passar, á
instâncias do R. Vigário, que então era, Bartolomeu Simões Pereira. Em Visita de
6/7/1.704, foi confirmada de novo áquele Compromisso pelo Ilmo. Sr. Bispo D. Francisco
de S. Jeronimo, com exceção somente dos Capítulos 1º e 13º; [...]. É este Compromisso, que aparece: mas é
certo, que por ordem do Exmo. Sr. Bispo. D. Fr. Antonio do Desterro em sua
Visita de 1.754, fêz esta Irmandade novo
Compromisso; o qual por ordem de S.M. foi remetido para Lisboa a
confirmar-se, e lá existe desde o ano de 1.765 sem esperança de tornar, por
incuria e indolência dos Irmãos da mesma. 3ª
- da Senhora do Rosario, e S. Benedicto, que se compõe dos homens pretos. Foi
eréta por autoridade do Ilmo. Sr. Bispo D. Fr. Antonio de Guadalupe em Provisão
de 24/11/1.736; e o seu Compromisso foi
aprovado em Provisão do mesmo Senhor datada aos 23/12/1.738, foi confirmado
pela Mesa da Consciência em Provisão de 30/12/ digo, de maio de 1.769. A princípio foram separadas estas duas
Irmandades; hoje estão unidos n´uma
só. 4ª - da Senhora da Boa Morte,
que se compõe de homens pardos. [...].” (Araújo, 1794)
A
igreja não possuía bens patrimoniais:
“Bens patrimoniais não consta que tenha esta Igreja; bem
que poderá ter, havendo-lhe feito
Manoel Fernandes Ozouro a doação de 50 braças [110m] em quadra na frente da Ermida, cujo
terreno é ocupado pela casa da Câmara, e que outras propriedades, que até
agora tem pagado fóros á mesma Câmara, e á Irmandade de S. Antonio [...].” (Araújo, 1794)
A igreja tinha bons paramentos:
“Pratas: 1 Custodia para a exposição do SSmo. Sacramento. 2 Relicarios. 3
Cálices; 1 todo doirado; e 2 lisos; todos com os seus pertences. 1 Ambula para o Oleo dos Enfermos. 3 Resplendores dos
Stos. Crucifixos. Imagens: 1 de S. Antonio. 1 do Espírito Santo. 1 da Senhora da Boa Morte. 1 de Sra. do Terço. 1 de S. Francisco. 1 de S. Domingos.
1 da Sra. das Dores. 1 do Senhor dos
Passos. 1 da Sra. do Rosario. 4 Crucifixos. Moveis: [...] 1 Pia Batismal de pedra mármore, e 3 ditas de água
benta. 3 Ambulas dos Santos Oleos, de estanho. 1 Dita
para o oleo dos Enfermos. 1 Caldeirinha de estanho. 1 Arcaz de jacarandá, onde se guardam os Ornamentos. (Araújo, 1794)
A freguesia tinha os seguintes
limites:
“Divide-se esta Freguesia pelo N. com o Canta-Galos, até
a distância de 10 legoas [66km],
acompanhando a Serra n´um semi-círculo de modo, que a Freguesia da SSma. Trindade, ficando quase em figura d´uma Península,
da mesma parte do N., vem a distar desta,
pouco mais de 3 legoas [20km]. Pelo S. termina com a de N. Sra. do
Desterro de Itamby, e pelo Rio chamado Casarebú, que não chega a distar desta,
¼ de legoa [1,5km]. Pelo Nascente, finaliza com a de S. João Batista de
Itaborahy, pelo mesmo Rio Casarebú, que em sua subida divide estas duas
Freguesias na distância de duas legoas [13km]. Pelo Poente, faz termo com a de
Aguapehy-Merim na distância de 2 legoas [13km] pouco mais ou menos.” (Araújo, 1794)
“Em
ditancia de 10 legoas termina esta Freguezia , ao Norte, com a do Santissimo
Sacramento de Cantagallo , acompanhando a Serra de Macacú em semi-circulo ,
dentro do qual fica , como n'uma península , a Freguesia da Santíssima Trindade
, com quem se divide também pelo mesmo rumo , na longitude de pouco mais de
três legoas. Finaliza com a de S. Joaõ de Itaborahy , ao Nascente , pelo Rio
Cassarébú , em duas legoas; com a de Nossa Senhora do Desterro de Itamby , ao
Sul , em um quarto de legoa , pelo mesmo Rio de Cassarébú ; e com a de Nossa
Senhora da Ajuda de Aquápey-mirim , ao Poente , em mais , ou menos de duas
legoas.” (Araújo, 1820, vol. 2, pg. 191-192)
No território desta
Freguesia existiam três Capelas:
“1ª
- de Nossa Senhora da Gloria, [...] no Engenho do Sumidouro [...]
Dista
da Matriz 2 leguas [13km]. 2ª - de
São José da Boa Morte [Ver
postagem neste blog] sita em
Aguapehy-Asú. [...] Dista da
Matriz por terras 6 legoas [40km]; e
pelo rio, 5 ditas [33km]. 3ª - da Senhora do Monte do Carmo, na
Fazenda da Religião Carmelitana [Ver
postagem neste blog]. [...] Dista da
Matriz 8 legoas [53km].” (Araújo, 1794)
“Tem por Filiaes as Capellas 1.a
de Nossa Senhora da Gloria , fundada no sítio Sumidouro, distante duas legoas, [...] 2.a de S. Jozé da Boa Morte , [...]
distante seis legoas, [...] 3.a de Nossa Senhora de
Monserrate , [...] em sitio distante
oito legoas [...]” (Araújo, 1820, vol. 2, pg. 192-193)
Os párocos não tinham residência
própria.
“[...]
não tinham os mesmo Párocos casa alguma própria para a sua residência; por que aquelas, em que até agora moraram, ou foram
alugadas, ou feitas a sua custa, como particulares e não como Párocos para as
deixarem a seus sucessores.” (Araújo, 1794)
Com as “febres de Macacu” de 1831-1835 a
vila entrou em decadência e junto a igreja. Em 1855 houve uma epidemia de
cólera que aumentou a depopulação da vila, que foi abandonada e extinta em
1868. A igreja entrou em ruínas. Em 1929 ainda se via a fachada principal, o
arco-cruzeiro e partes da nave e da capela-mor. Santo Antônio era comemorado a
13 de junho.
3 –
Descrição:
A igreja ficava ao sul do convento, à direita da estrada
de acesso à vila. Ela tinha uma orientação quase Leste-Oeste com frente para o Oeste. A igreja possuía, outrora, na fachada anterior uma porta central e três
janelas no coro; nas extremidades havia um cunhal e acima uma cimalha com
frontão acima e pináculos dos 2 lados. À esquerda da nave ficava a torre
sineira, única coisa que restou da igreja, com seus cunhais delimitando seus
limites, alguns vãos e parte da cimalha. Alguns vãos que se apresentam são da
parte interna da torre, os quais faziam ligação com a igreja. Também podem ser
vistos vãos externos, como, por exemplo, as janelas sineiras, todas construídas
em arco pleno, uma em cada lado da torre. A nave única terminava em um arco-cruzeiro,
e, após este, uma capela-mor mais baixa e mais estreita.
4 –
Visitação:
Encontra-se em terrenos do COMPERJ
e a visitação é proibida.
5 – Bibliografia:
ARAÚJO, José de Souza Azevedo Pizarro e. Visitas
Pastorais de Monsenhor Pizarro ao recôncavo do
Rio de Janeiro. Arquivo da
Cúria e da Mitra do Rio de Janeiro (ACMRJ), Rio
de Janeiro, 1794.
ARAÚJO, José de Souza Azevedo Pizarro e. Memórias Históricas do Rio de Janeiro e das Províncias anexas à
Jurisdição do Vice-Rei do Estado do Brasil, vol. 2. Rio de Janeiro:
Impressão Régia, 1820.
REZNIK, L. et al. Patrimônio cultural no leste fluminense:
história e memória de Itaboraí, Rio Bonito, Cachoeiras de Macacu, Guapimirim,
Tanguá. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2013.
Ver neste Blog: Vila de Santo Antônio
de Sá e Convento São Boaventura
Church of Saint Anthony of Cacerebu: Brazil, State of Rio de Janeiro, Municipality of Itaboraí, Porto das Caixas.
The Chapel of
Saint Anthony of Cacerebu or Macacu was erected ca. 1612, and, in 1644, it
became a Parish church. In 1697 the church was reconstructed and was reformed
in 1704, 1729 1768 and from 1793 to 1796. But, after 1829, the Village
suffered a series of epidemics of infectious diseases (Macacu fevers), probably
Malaria and/or Yellow Fever, with many deaths. The village became depopulated
and was progressivelly abandoned, and so the church. In 1868, the
semi-abandoned village lost its condition of Village.
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Em primeiro plano a torre sineira da igreja, frente e lado esquerdo (interno) Ao fundo o Complexo Conventual
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Torre sineira
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Torre sineira, lado direito (interior); ao fundo o convento |
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