BRASIL: RJ: RIO DE JANEIRO:
Museu Histórico Nacional (Forte de São Thiago, Casa do Trem e Arsenal de Guerra)
Museu Histórico Nacional (Forte de São Thiago, Casa do Trem e Arsenal de Guerra)
National Historical Museum (Fort Saint James, Military Warehouse and War Arsenal)
1 – Localização: Município do Rio de Janeiro. Ap
1.0. Centro. Praça Marechal Âncora, s/nº
(-22.906021, -43.169342)
2 – Histórico:
O Forte de São Thiago da Misericórdia localizava-se no pontal de Santiago
(depois Ponta do Calabouço) aos pés do Morro do Castelo, entre as praias da
Piaçaba e de Santa Luzia. O complexo de
edifícios que ocupavam a Ponta do Calabouço, abrigou, em etapas
sucessivas de ocupação, o Forte de São Tiago (1567), o Quartel da Guarda do Vice-Rei,
a Casa do Trem de Artilharia (1762), o Arsenal de Guerra (1822) e o
Quartel (1835). Na extremidade leste
ficava o Forte de São Tiago; acompanhando a praia, seguiam-se o Arsenal de
Guerra e a Casa do Trem.
Em 1555, Nicolas Durand de
Villegagnon fundou a França Antártica e construiu um forte na ponta do Calabouço.
“O
sitio que mais visinho do morro do Castello os francezes ocoupárão foi o que
muito mais tarde veio a chamar-se Ponta do Calabouço, e ahi deixárão elles
algumas obras de fortificação....” (Macedo, vol. 2, pg. 213)
“...para
presidiar a Cidade , [Men de Sá] ordenou
a construcçaõ do Forte de S. Tiago, que melhor se conhece agora pelo nòme
vulgar de Calabouço.” (Araújo, vol. 1, pg. 28)
“...o
Forte de S. Thiago ( conhecido hoje com o nome de Forte do Calabouce ) deveu á
Villegaignon os seus primeiros alicerces na Ponta da Misericordia.” (Araújo, vol.
7, pg. 126)
Em 1567,
após a conquista da Ilha de Villegagnon, o governador-geral Men de Sá (1567-68)
ergueu uma bateria na Ponta do Calabouço, talvez sobre as ruínas da
primitiva fortificação francesa. Nesse sentido, tratava-se de uma defesa do
primitivo ancoradouro da cidade, transferida naquele ano para o alto do morro
do Castelo, e que se inseria no conjunto de obras defensivas iniciadas pelo
governador e capitão-general da capitania do Rio de Janeiro, Mem de Sá. Encontra-se identificada no
mapa de Jacques de Vau de Claye ("Le vrai pourtrait de Geneure
et der cap de Frie par Jqz de vau de Claye", 1579), como "le
fort de la [ilegível]", artilhado com duas peças.
Cristóvão
de Barros deu maior solidez ao forte de taipa criado por Men de Sá. Em 1624 o
governador Martim Correa de Sá (1623-1632) reformou o forte de São Thiago e
nomeou como comandante a Jorge de Souza. Souza (1885) refere esta estrutura
como Arsenal de Guerra, atribuindo-a ao governador e capitão-general da capitania do Rio de Janeiro, Martim Correia de Sá (1602-1608), que fez levantar uma
Bateria na base do morro do Castelo para a defesa da praia de Santa Luzia
(1603), sob a invocação de São Thiago (Bateria
de São Thiago, Bateria da praia de Santa Luzia),
cruzando fogos com o Forte de
Villegagnon.
“Com
despeza da sua fazenda construiu mais regularmente ou de novo os Fortes de
Santa Cruz, e de S. Tiago ; e o de S. Sebastião deveu-lhe o seu primeiro fundamento.”
(Araújo, vol. 2, pg.
214)
“Martim de Sá , ou Martim Correa de Sá adiantou-o [o Forte São Thiago] notavelmente;
mas se á custa da sua própria fazenda , como asseverou Moreri no lugar já
citado , não ha disso outra certeza.” (Araújo, vol. 7, pg. 126)
O seu Successor Martim Corrêa de Sá, herdando todas as
virtudes heroicas de seus progenitores, creadores deste vasto Imperio, levantou
as Fortalezas de Santa Cruz, S. Tiago, e S. Sebastião, feitas unicamente de
barro e madeira, para constituir defensavel e segura a sua Capital. (Lisboa, vol. 1, pg. 348)
“...,
e ahi [na ponta do Calabouço] deixárão
elles [Villegagnon] algumas obras de
fortificação que depois o governador Martim de Sá ou Martim Corrêa de Sá
adiantou notavelmente, e dizem alguns, á custa da própria fazenda, elevando-o á
categoria de forte, que recebeu o nome de S. Thiago.” (Macedo, vol. 2, pg. 213)
“Quando
na segunda governação de Martim de Sá (1624), chegou a noticia de haverem os
Hollandezes invadido a Bahía, tractou aquelle governador de fortificar a
cidade: melhorou o forte de Santiago (hoje Arsenal de
Guerra);...” (Fazenda,
pg. 325)
“[Martim Correa de Sá]...com despeza
da sua fazenda construiu mais regularmente ou de novo os Fortes de Santa Cruz,
e de S. Tiago....
Em 1646,
durante o governo de Duarte
Correia Vasqueanes (1645-1648),
foi construída uma cortina ligando-o à Fortaleza
de São Sebastião do Castelo, no alto do morro do Castelo. Em 06 de abril de
1661, durante a revolta de Jerônimo Barbalho Bezerra, o forte de São Tiago foi
uma das pimeiras fortalezas reconquistadas pelo governador Salvador Benevides. Em 1693, passou a abrigar uma
prisão para escravos, que anteriormente ficava no prédio da Cadeia, localizada
no alto do morro. Daí o nome “calabouço” por designar a fortaleza e a ponta
onde se localizava. A partir de 1696 foi reconstruído pelo governador Sebastião de Castro Caldas (1695-1697).
Quando da
invasão do corsário francês René Duguay-Trouin (setembro de 1711), estava artilhado com uma peça. De
Lagrange, entretanto, indica que se encontrava artilhado com dez peças, e
Duguay-Troin sobe este número para 12 canhões.
“...o de Santiago, situa-se em pequena ponta de terra, proeminente e
estendida par o mar; é abobadado e guarnecido com dez bocas de fogo.” (De
Lagrange, pg. 93)
“... outro forte, chamado de São Jacques (Santiago), da Misericórdia ou do
Calabouço, com 12 canhões...” (Duguay-Troin in De Lagrange, pg. 57)
Por volta
de 1720, contava com 20 canhões, sendo 4 de calibre médio, 2 de calibre 18 e 2
de calibre de 10 libras.
“...conta
sob a fortificação e artilharia e mais fortalezas da praça e armazens do Rio de
Jantiro, enviada pelo governador Antonio de Britto Meneses, o qual dizia em
data de 2 de Março: ...Por este importante documento vemos ainda que: em 1718
as differentes fortalezas estavam guarnecidas do seguinte modo: ...Santiago
(hoje Arsenal de Guerra), 8...” (Fazenda, pg. 339-340)
Em 1738, segundo consta no plano de negociação
das defesas do Brigadeiro Silva Paes, o armamento da fortificação foi
reduzido para 15 peças, duas de grosso calibre e as restantes de pequenos
calibres (CASTRO, 2009: p. 180-181).
Em 1762, Gomes Freire de Andrade, o Conde de
Bobadela (1733-1763), manda erigir a Casa do Trem, ao lado do Forte de São Thiago, destinada à guarda dos
armamentos (trem de artilharia) das novas tropas enviadas por Portugal para
reforçar a defesa da cidade, ameaçada por corsários em busca do ouro vindo das
Minas Gerais. No pátio externo da Casa do Trem, à esquerda, aquartelava-se o
esquadrão da guarda dos Vice-Reis e havia ainda extensas cavalariças. Como o regimento de cavalaria ocupava o
andar térreo da Casa do Trem, este não era adequado para a guarda de material
bélico, sendo necessária sua ampliação. Com a elevação do Rio de janeiro à
condição de capital do Estado do Brasil, em 1764, o Conde da Cunha (1763-1767)
ampliou a Casa do Trem, com um
anexo, o Arsenal do Trem, em direção ao Forte de São Thiago, então desativado, e
construiu o Pátio de Minerva, entrada atual do Museu, com suas arcadas e sala
ao redor. Na nova
edificação foram construidos oficinas de marcenaria, ferraria, funilaria,
depósitos e armazéns. O arsenal foi importante não só na fabricação de munições
e reparo de armas, mas também como fundição de bronzes para chafarizes e esculturas,
como as feitas por Mestre Valentim para o Passeio Público.
“Para
almazem do armamento militar , guardado antigamente n'uma casa contigua à da
residência dos Governadores , e dos Contos , que ardida na invasão de 1710,
fora reedificada, levantou uma Casa nobre na Fortaleza da Conceição,
estabelecendo n'ella as Officinas necessárias ao trabalho diário dos artífices ,
amieiros, coronheiros , e mais mechanismo competente à construcção das armas ;
e construiu na Ponta da Misericórdia a grande Casa para o parque da Artilharia
, cujas fabricasforam reguladas , e providenciadas pela sua particular
intelligencia , e instrucção. N'esse lugar fez accommodações para Quartel das suas
Companhias de Cavallaria Ligeira, destinadas à servir de guarda aos Vice-Reis ,
por Avizo de 31 de Janeiro de 1765, das quaes só uma levantou.” (Araújo, vol.
5, pg. 179-180)
“...também se deve ao mesmo vice-rei [Conde da Cunha] o principio do nosso arsenal de guerra, na
grande casa que mandou levantar na Ponta da Misericórdia para o parque de
artilharia, cujas fabricas forão reguladas e providenciadas pela sua especial direcção
e fiscalisação.”
(Macedo, vol. 2, pg. 223)
Ao final do século XVIII (c. 1768-1769), foi ligado por uma cortina ao Arsenal do
Trem, segundo risco do Brigadeiro Engenheiro Jacques
Funck. Na mesma época, encontra-se representado em projeto anônimo, atribuído a José Custódio de Sá e Faria (Plano da Cidade do Rio de Janeiro
Capital do Estado do Brazil, 1769) como Forte do Calabouço, com planta no formato de duas meias luas, ligadas
por cortinas. Desse modo, não procede a informação, comumente aceite, de que
essa denominação data do governo do Vice-rei D. Luís de Vasconcelos e Souza (1779-1790). O Marquês do Lavradio
(1769-1778) reformou o Forte São Thiago e a Casa do Trem.
“...os
Redutos de Caraguatá [Forte do Gragoatá, Niterói], e da Boa Viagem [Niterói],
e também o Forte de S. Tiago , ou do Calabouce , assim como outras Praças
pequenas , que á pesar de reformadas pelo Vice-Rei Conde de Cunha, se achavam
decadentes , e arruinadas , tiveram melhoramento.” (Araújo, vol. 5, pg. 193)
“O
Vice Rei Marquez não só o levantou de novo , mas accrescentou-lhe a praça , e aforça.”
(Araújo, vol. 7, pg. 126)
“A do Trem foi fundada pelo Vice Rei Marquez
para resguardar , e arrecadar em si a artilheria , que se achava exposta ao
tempo com gavissimo damno da Fazenda Real , e ruina das suas peças. Perpetuou a
memoria d'essa obra , e do seu autor a Inscripção seguinte alli gravada. “Sendo
Vice Rei , e Capitão General de Mar e Terra dos Estados do Brasil o Illmo
e Ex. mo Senhor D. Luiz de Almeida Portugal , 2.° Marquez de Lavradio
&c. Depois de ter mandado construir as obras de fortificação na marinha ,
fez edificar este armazém de depozito em 1778.” (Araújo, vol. 7, pg. 34)
“O
vice-rei marquez do Lavradio reconstruio este forte, e accrescentou-lhe a praça
e a força. Durante muitos annos chamára-se aquelle sitio Ponta da Misericórdia;
mas acabou por trocar esse nome pelo de Ponta do Calabouço, que ainda conserva,
apezar de haver perdido a triste condição que lh'o fizera
merecer.” (Macedo, vol.
2, pg. 213-214)
O Vice-rei
D. Luís de Vasconcelos e Souza (1779-1790) ali instituiu uma prisão onde eram recolhidos os escravos que oficialmente sofriam castigos
corporais, evitando essa exposição em locais públicos.
“Em conformidade das Cartas Regias de
20 e 23 de Março de 1688, relativas ao excesso de castigo , que os Senhores
faziam nos Escravos , ( registradas nos Livros do Senado desta Cidade , e no
Livro Verde da Relação da Bahia fl. 87 v. in fine), estabeleceu uma Casa publica
no Calabouce para castigo do)s escravos,
cujos Senhores assás crueis, e demasiadamente severos , costumavam punir os crimes
de seus domesticas com pouco acordo , e excessiva paixão dentro das próprias casas
, expondo se de ordinário ás penas das Leis por estes factos , que em diante se
evitaram.” (Araújo, vol. 5, pg. 251)
“Com o intuito de evitar castigos
crueis por parte dos senhores, tinha o Govêrno estabelecido o calabouço, onde
os delinquentes fossem, com moderação, castigados. O primeiro calabouço
funcionou, por muito tempo, no antigo paiol do forte de Sanctiago (hoje Arsenal
de Guerra na praia de Pina-sape,
Piaçaba, Pirasagua, Cafôfo ou Sancta Luzia.” (Fazenda, pg. 99)
O
Vice-rei D. José Luís de Castro, Conde de Resende (1790-1801),
procedeu-lhe reparos e reforço na estrutura. Suas características e dimensões
permaneceram praticamente as mesmas do século XVII ao XVIII: com 8 lados e uma
planta alongada, 35 metros de comprimento e 18 de largura.
Em 21 de abril de 1792, após sua execução no Campo
de são Domingos, o corpo de Tiradentes foi levado para a Casa do Trem, onde se
procedeu ao desmembramento, salgadura e acondicionamento em surrões para o
transporte para Minas Gerais dos restos dilacerado do supliciado.
“Houve quem
pensasse terem sido os restos do martyr [Tiradentes]
guardados na Cadeia: mas elles o foram na casa do Trem (hoje Arsenal de
Guerra) e convenientemente preparados os metteram dentro de surrões, afim de
seguirem para Minas, levando o destino assignado pela iniqua sentença. Esse
trabalho foi feito durante o dio 22 (domingo), e na segunda-feira 23 a população
viu transitar, pela madrugada, esse lugubre comboio, constante de algumas bestas
de carga, o carrasco, marinheiros escoltados por um piquete de cavalaria, em
direção a Cebolas, onde devia ter logar a exposição de um dos quartos de Tiradentes.” (Fazenda, pg.
209)
Em 1792, o Conde de Resende cria a Real Academia
de Artilharia, Fortificação e Desenho, primeira escola militar das Américas,
nas instalações da Casa do Trem.
A chegada
da família real, a Independência e o estabelecimento do Império transformaram o
conjunto da casa do Trem e do Arsenal de Guerra num grande centro produção e guarda de armas e munições para o Exército
Brasileiro. Com a vinda do Príncipe D. João e a corte portuguesa para o Brasil,
foi inaugurada, em 23 de Abril de 1811, a Academia Real Militar, criada
por "Carta de Lei" de 4 de dezembro de 1810. O primeiro comandante
foi o Tenente-General Carlos Antônio Napion, que a instalou na Casa do Trem. Em
1812, a Academia Real Militar foi transferida para o largo de São
Francisco. O Arsenal de Guerra foi criado em 1811 com a denominação de Arsenal
Real do Exército e construído em 1822; em 1832 passou a chamar-se Arsenal
de Guerra da Corte. O anexo para os quartéis, atrás da Casa do Trem, foi
construído em 1835.
“No fim da rua está o portão do Arsenal, no qual vêem-se sobre a verga a
éra 1835 e as armas do Império. Em seu recinto estão as casas da secretaria, da
agência, do almoxarifado, o quartel de menores, as officinas de instrumentos
mathematicos, de obra branca, de tanoeiros, torneiros machinistas, latoeiros, funileiros,
ferreiros, serralheiros, correeiros, pintores, carpinteiros, alfaiates,
sapateiros e gravadores ; a capella da Conceição, um cáes com guindaste,
trilhos de ferro, e na parede da casa da secretaria esta inscripção: LUSIADUM
PRIMO JOSEPHA SCEPTRA TENENTE / QUI REGUM EXEMPLVM EST MAXIMVS ORBIS HONOR / ET
BOBADELLA COMITI IMPERITANTE SVB AVRAS / HOEC EST MILITIBVS CONFABRICATA DOMUS
/ ANNO DNI MDCCLXII. Na parte inferior do dístico está suspensa uma corôa de
mármore.” (Azevedo, vol. 2, pg. 420)
“Dentro
do mesmo districto [Freguesia de São José] estam ... as Casas do Trem , dos Quartelamentos da Artilharia , e de um
dos Batalhoens destacados de Portugal , occupado antes pelo Regimento 3.° de.
Infantaria; a prisaõ do Calabouce, a
Fortaleza do mesmo nome , sita na ponta da Misericórdia...” (Araújo, vol.
5, pg. 71-72)
Nesses prédios estavam as primeiras instalações
manufatureiras de grande porte criadas no Brasil, cuja importância manteve-se
por todo o período Imperial, prolongando-se pelos primeiros anos da República,
até a desativação militar do Arsenal, em 1902, que passou para a Praia do Cajú.
Como era uma unidade fabril, o prédio teve durante todo esse período uma
arquitetura sóbria, com apenas pequenas variações perceptíveis no estilo de
alguns dos diversos anexos construídos ao longo dos anos, como as arcadas em
arco pleno (e não mais abatidos) do anexo principal (nos fundos do Arsenal,
construído na década de 1820) e do Pátio dos Menores (atual Pátio dos Canhões,
anexo construído em 1838). Essa relativa sobriedade arquitetônica, que escapou
às mudanças do gosto eclético/neoclássico dominante na segunda metade do século
XIX, viria a sofrer profundas transformações no século XX. Em 1885, o forte estava artilhado
com sete peças em bateria.
“A fortificação contém ainda hoje 7 canhões em
bateria.” (Souza, pg. 109)
Com a transferência do Arsenal para a Ponta do
Caju, a partir de 1902, o imenso conjunto do Arsenal, que se espraiava da Ponta
do Calabouço até o Mercado Municipal, passou a ser visto como um “elefante
branco”, especialmente considerando os projetos de modernização para a área,
decorrentes do arrasamento do Morro do Castelo. A solução que o governo
encontrou foi arrasar boa parte do conjunto (mais ou menos metade dos prédios
foi demolida) e modificar o restante, para adaptá-los para a Exposição
Comemorativa do Centenário da Independência, durante a
qual o complexo de prédios serviu com Palácio das Grandes Indústrias.
Em 12
de outubro de 1922 foi aberto
ao público, o Palácio das Grandes Indústrias, um dos pavilhões mais visitados
da exposição, e duas galerias do Museu Histórico Nacional, criado em agosto
daquele ano pelo então presidente da República, Epitácio Pessoa (1919-1922).
A reforma de 1920-1922, nos padrões do ecletismo do início do século, deu-lhe
uma aparência neo-colonial, sendo suas principais marcas os beirais revestidos
de porcelana. Em 1939, o Forte
Santiago e o Calabouço foram demolidos para o alargamento da Avenida General
Justo. Um pequeno trecho das muralhas foi conservado, na restauração do
edifício da Casa do Trem, atual Museu
Histórico Nacional, ornado com duas peças de artilharia, desmontadas. Do primitivo Forte de São Tiago e
da Prisão do Calabouço, restam apenas
as fundações. Subsistem até aos nossos dias o edifício da Casa do Trem (totalmente
recuperado na década de 1990), o do Arsenal de Guerra (onde
se destaca o imponente Pátio da Minerva), e o Pavilhão
da Exposição de 1922, atualmente ocupado pela Biblioteca. Hoje o museu abrange
uma grande e variada coleção, com peças de numismática, arte sacra, vestuários
históricos, iconografia, veículos antigos, armas e mobiliário histórico. O
acervo é estimado em cerca de 100.000 peças. No pátio dos canhões encontram-se
vários canhões antigos, estátuas, escudos e brasões. Entre os veículos antigos,
o destaque é o automóvel alemão Protos de 1908, que pertenceu ao barão do Rio
Branco e possui apenas um exemplar igual a ele em todo o mundo, exibido
atualmente em um museu de Munique, na Alemanha. Também se deve mancionar os 6
quadros de Leandro Joaquim, originários dos pavilhões do terraço do Passeio
Público (ver postagem), e o frontão da Igreja nova dos Jesuítas (ver postagem)
no Morro do Castelo.
3 – Descrição
O Museu Histórico Nacional (MHN) ocupa
uma área de cerca de 18.000m2. Ele é formado de um conjunto de
prédios em disposição variada e de pátios internos, tendo o conjunto a forma
aproximada de um triângulo retângulo deitada e com a ponta truncada. Sua
direção geral é leste-oeste, com a frente para norte-nordeste. A fachada
anterior (norte-nordeste) é formada de vários edifícios diferentes. O seu
telhamento é em 4 águas. A sua parte mais a oeste (porção mais à direita)
corresponde à antiga Casa do Trem e é formado por um conjunto de dois edifícios
de 3 andares nas pontas com outro edifício mais comprido de dois andares no
centro. Os dois edifícios de 3 andares possuem com cunhais em ambas as
extremidades; no 1º andar há uma janela de verga reta e no 2º e 3º andares há 2
janelas de verga curva; há um entablamento separando o 2º do 3º andares. O
edifício central de 2 andares apresenta de cada lado 3 janelas de verga reta no
1º andar e 3 janelas de verga curva no 2º andar, e no centro, entre 2 cunhais,
uma porta no primeiro andar e uma janela com sacada no 2º andar, sendo encimado
por um frontão triangular de tímpano liso. Ainda na fachada anterior, à
esquerda (leste) da antiga Casa do Trem fica o antigo Arsenal de Guerra,
separado da Casa do Trem por um corredor ao ar livre interno, representado na
fachada externa por um portão. O antigo Arsenal de Guerra é formado por dois
edifícios de 2 andares separados uma vasta área ao ar livre, o Pátio de
Minerva. Os 2 edifícios de 2 andares possuem no 1º andar 2 portas de verga
curva e no centro 2 óculos retangulares; no 2º andar há 4 janelas de verga
reta; há cunhais nas extremidades e um entablamento separando do telhado. O
Pátio de Minerva entre estes dois últimos edifícios é representado na fachada
externa por um muro da altura de um andar e meio, tendo no centro um belo portão,
entrada principal do Museu. O extremo leste da fachada anterior é formado por
um pequeno muro com um portão.
O lado direito (oeste) é formado por
um conjunto de 4 edifícios. O mais próximo da facahada anterior (norte) é
delimitado por um cunhal em cada extremidade, tendo 4 janelas de verga reta no
1º andar, 4 janelas de verga curva no 2º andar e 4 janelas de verga curva no 3º
andar; entre o 1º e 2º andar há um entablamento. Ao sul deste fica o 2º
edifício, da mesma altura que o anterior, mas com apenas uma porta da altura de
um andar e meio, no 1º andar, e, encima, uma janela em varanda. Mais ao sul
fica o 3º edifício, o mais comprido, que corresponde a parede oeste do Pátio
dos canhões. Ele é mais alto que os anteriores e tem nas 2 extremidades 3
janelas, uma encima da outra, com um medalhão entre volutas encima da janela do
2º andar, que é em verga curva; a janela do 3º andar possui sobverga e
sobreverga, com 4 colunas coríntias de fuste torcido entre elas e mais acima
uma decoração em volutas; no alto há um frontão torcido com um pináculo de cada
lado. Entre estas 2 extremidades, fica a parte comprida do edifício, com 5
janelas quadradas no andar inferior, 5 janelas de verga curva com sobverga e
sobreverga no andar do meio e 5 janelas de verga reta com sobverga no andar
superior; há um entablamento abaixo e acima desta janela. Ao sul deste fica o 4º
edifício, da mesma altura que o 1º e 2º edifícios, e quase igual ao 2º
edifício, diferenciado-se daquele por ter uma janela de verga reta no 1º andar
em vez da porta.
O lado esquerdo (leste) apresenta na
sua parte mais ao norte a lateral do edifício mais a leste da fachada anterior,
tendo 2 andares, com cunhais nas extremidades e uma janela de verga reta no
segundo andar. Após vem a parede lateral de um edifício em sentido transverso,
de 3 andares, no qual há uma janela de verga reta no 3º andar. Depois vem um
muro de pedras esquadriadas com ameias e 2 canhões antigos; atrás há um
edifício mais recuado e com 2 andares acima da plataforma que fica atrás do
muro; ele tem em cada canto uma porta de verga curva, acima da qual há uma
janela de verga curva e com sobverga e no alto um frontão curvo com um pináculo
de cada lado; no meio, no 2º andar há 3 janelas de verga reta e um entablamento
separando do telhado. Mais ao sul há um edifício de 3 andares com uma porta com
sobreverga no 1º andar, uma janela em varanda com sobverga e sobreverga no
segundo andar, e no 3º andar uma janela com sobverga e sobreverga, com 4
colunas coríntias com fuste torcido e frontão no alto com pináculos; no alto do
telhado há uma pequena torre octagonal.
A fachada traseira (sul) é formada
de 3 edifícios. O mais a oeste, o mesmo da fachada direita, possui uma janela
de verga reta no 1º andar, e, encima, uma janela em varanda; no alto fica um
frontão curvo com um óculo. O segundo edifício que é continuação do anterior e
forma a parede sul do Pátio dos Canhões, possui 6 janelas de verga reta no 1º
andar, 6 janelas de verga reta com sobverga e sobreverga no 2º andar, e 6 pequenas
janelas de verga reta no 3º andar; entre o 2º e o 3º andar e entre este e o
telhado, há um entablamento. O terceiro edifício, de 3 andares, o mais
comprido, forma a parede sul do Pátio Triangular, e se projeta para frente
(sul) na fachada; o seu canto mais a oeste possui uma torre octagonal com um
óculo em cada face. Ele possui 13 janelas de verga reta no 1º andar, 11 janelas
de verga reta no 2º andar e mais uma em varanda na parte mais a leste, e 11 janelas
de verga reta no 3º andar, e no canto leste do 3º andar uma janela com sobverga
e sobreverga, com 4 colunas coríntias com fuste torcido e frontão no alto com
pináculos. No interior sobressai o Pátio de Minerva, quadrangular a norte, o
Pátio Triangular ao sul, o maior deles, e o Pátio dos Canhões a oeste, com uma
fonte e vários canhões antigos e brasões; estes pátios tem arcos no 1º andar.
4 – Visitação:
Funcionamento de terça a sexta,
das 10:00h às 17:30h; Sábado, domingo e feriados, das 14:00h às 18:00h.
Tel./ Fax: (21) 2550-9221 /
2220-2328. Entrada R$ 8,00.
5 - Bibliografia:
DE LAGRANGE, Louis
Chancel. A tomada do Rio de Janeiro em
1711 por Duguay-Trouin. Rio de Janeiro: Departamento de Imprensa Nacional,
1967
ARAÚJO,
José de Souza Azevedo Pizarro e. Memórias
Históricas do Rio de Janeiro e das Províncias anexas à Jurisdição do Vice-Rei
do Estado do Brasil, vol. 7. Rio de Janeiro: Impressão Régia, 1820.
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vol 2. Rio de Janeiro: Typ. de Candido Augusto de Mello, 1863.
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http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/modules/fotografico_docs/photo.php?lid=26995
National Historical Museum (Fort Saint James, Military Warehouse and War Arsenal): Brazil, State of Rio de Janeiro, Municipality of Rio de Janeiro, dowtown.
In 1567 was funded Fort Saint James, which was expanded by the governors of Christovão de Barros and Martim de Sá (1624). In 1693, it also included a prision for slaves (Calabouço). In 1763 was created a Military Warehouse as an annex to the fort. in 1822, was created the Military Arsenal. In 1835, was created military barracks. In 1902, the Military arsenal was transfered to another place, and the buildings became almost useless. In 1922 it suffered a great reform to become the Palace of Great Industries in the International Exposition of 1922 (100th anniversary of brasilian independence from Portugal). Afterwards it became the National Historical Museum. In 1939, the Fort Saint James and the Slave Prison was demolished.
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Exposição de 1922, Augusto Malta, 1922. Observe à esquerda o Museu transformado em Pavilhão das Grandes Indústrias, com a característica torre. |
Exposição de 1922. Pavilhão das Grandes Industrias, Augusto Malta, 1922. Ainda se observa o Forte com a torre acima. Ao fundo a cúpula do Pavilhão das Festas.
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Exposição de 1922, Augusto Malta, 1926. Observe à esquerda o Museu transformado em Pavilhão das Grandes Indústrias, com a característica torre. À direita o Pavilhão de Festas e ao fundo (acima) o aterro onde será o futuro Aeroporto Santos Dumont |
Exposição de 1922, Augusto Malta, 1922. Observe à esquerda o Museu transformado em Pavilhão das Grandes Indústrias, com a característica torre. Ao fundo (acima) o aterro onde será o futuro Aeroporto Santos Dumont. Observe que só há o mole do aterro. |
Exposição de 1922, Augusto Malta, 1922. Observe o Museu transformado em Pavilhão das Grandes Indústrias, com a característica torre. Em primeiro plano o Pátio Triangular |
Museu Histórico Nacional, 1922. Interior.
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