2 – Histórico:
No século XVII, o Governador Salvador Corrêa de Sá
mandou abrir a estrada de Campos dos Goytacazes a Niterói. Essa estrada passava
pela colina de Itaboraí. No alto da colina, à beira dessa estrada, havia uma
fonte sob um bosque frondoso (ver a postagem Fonte da Carioca). Tornou-se esse
lugar um ponto de parada para as tropas que ali transitavam. Levantaram-se
ranchos ao lado oposto da fonte, esses ranchos foram as primeiras casas
itaboraienses. A fonte dera o nome ao lugar – Itaboraí que quer dizer “Pedra
bonita escondida na água”, e essa denominação nascera de haver no fundo da
fonte, metido na pedra, um pedaço de quartzo que despertara a atenção dos
índios do lugar. Esta fonte ficava na altura da sacristia da futura igreja.
A igreja tem a sua origem em 1627, com a
construção por de João Correia da Silva de uma modesta capela de pau-a-pique
para Nossa Senhora da Conceição e São João Batista na Fazenda que depois foi do
Sargento-mor Francisco Xavier de Azeredo Coitinho em Iguá (Venda das Pedras),
cerca de 1,5km do local da atual igreja. Foi transformada em capela curada em
1679.
“No Bayro, ou
Povoação de Tapacurà há huma fazenda, de que he senhor Julião Rangel, & nella se vé huma Igreja, que seu pai
fundou, & dedicou ao mysterio da puríssima Conceyção da Virgem Maria nossa
Mãy, & Senhora, chamava-se o pay João Correa da Sylva, era homem nobilíssimo,
& sempre em quanto viveo, pela grande devoção, que tinha a esta Senhora,
lhe fazia todos os annos grandes festas, com muyta grandeza, & despeza. Com
o mesmo fervor continua até o presente o seu filho Julião Rangel. Está colocada
esta Santissima Imagem ao Altar mòr daquelle seu Santuario, he formada de rica
escultura de madeyra estofada de ouro. Todos os moradores daquelle distrito tem
também muyto grande devoção com a Senhora da Conceyção, a qual ella lhe paga
muyto bem, [...]” (Santa Maria, 1722, Tomo X, Livro III, Título LXII, pg.
219)
“É bem sabido, que á Freguesia de N. Sra. da Candelária desta Cidade de
S. Sebastião foi sujeito, á princípio, todo o
territorio da banda d´além pelo que pertencia ao pasto espiritual; e que pela extensão, e longitude fazendo-se
impraticável a mesma administração aos Fregueses [...] foi de
necessidade, que se erigissem algumas
Capelas, e nelas houvessem Capelães Curados [...] Taes foram as que se
erigiram [...] de S.
João nesta Itaborahy, ou Tapacorá; [...] consta, que no exercício
de Curada tivera princípio em 1.679.” (Araújo, 1794)
“Por Tradição, consta, que a Capela Curada, depois Igreja Matriz, fôra a
que então havia parece que do termo da Sra. da
Conceição distante ¼ de legoa para o NE , e a mais antiga, na Fazenda, que hoje é
do Sargto. Mór Francisco Xavier de Azeredo Coitinho, do Iguá; a qual apenas
existe reformada em suas paredes, mas não coberta, e com poucas esperanças de
concluir.” (Araújo,
1794)
“[...] principiou à ser Curada a Capella de N.
Senhora da Conceição, sita na Fazenda, que foi de Joaõ Corrêa da Silva, em
Iguá, districto de Tapócorá, cujo estabelecimento se deveu ao Visitador Diogo
de Mendonça, à requerimento do Vigário de Santo António de Sá, como informou o
Doutor Araújo, na Visita em 1737, pelos termos seguintes = Foi esta Freguezia
desmembrada da da Villa de Santo António de Sá à cento e dez annos, pelo
Visitador, que entaõ era Diogo de Mendonça, à requerimento do Vigário da mesma
Villa. Servia n'aquelle tempo de Matriz uma Capella de N. Senhora da Conceição
, que ainda hoje existe sita na fazenda de Joaõ Corrêa ; [...]”
(Araújo, 1820, vol. 2, pg. 199)
“A do titulo semelhante , sita em Iguá , que serviu
de Matriz l.a, e fundara Joaõ Corrêa da Silva, pai de Juliaõ Rangel,
existia sem uso, por esperar , que se concluísse a obra da sua reedificaçaõ.” (Araújo, 1820, vol. 2, pg. 206)
Por estar aquela capela em ruínas se passou a Matriz
para a Capela de Nossa Senhora da Conceição, construída em 1672 em lugar
próximo a da atual Matriz, na Praça Marechal Floriano, no centro histórico de
Itaboraí.
“Desta [a Capela de Nossa Senhora da Conceição de Iguá], pelas ruínas, em que esteve, se passou a
Matriz para a Capela de N. Sra. da Conceição, colocada no lugar, em que hoje
existe a mesma Matriz [...]” (Araújo,
1794)
“[...] passados alguns annos edificou hum Joaõ Vaz
Pereira huma Capella com o titulo de S. Joaõ Baptista ; e por ser maior , que a
da Conceição referida, passou o Curato para esta [...].” (Araújo, 1820,
vol. 2, pg. 199)
Arruinando-se também esta, por ter sido feita com paredes de pau-a-pique, em 1684 se deu princípio à nova Igreja.
“[...] e arruinando-se também esta por, ter sido
feita com paredes de páo á pique, se deu
princípio a nova Igreja, concorrendo com seu zêlo Domingos Vaz Pereira, e
João Vaz Pereira, além das contribuições com as suas posses, e doações que
fizeram em sua vida, e legados que deixaram por sua morte, muito principalmente
Domingos Vaz; que, segundo consta [...] foi o doador das terras, que hoje possue a
mesma Irmandade, e conseqüentemente todo o terreno para se fundar a Igreja: e [...] que legará a quantia de 300$000Rs, (trezentos mil
réis) para patrimônio da mesma.” (Araújo,
1794)
“[...] [a capela de] de S. Joaõ Baptista [...] a qual arruinada, edificou o mesmo Joaõ Vaz
Pereira outra Igreja no lugar, em que hoje se acha a existente, vinte braças
[22m] distante da primeira, com o
referido titulo de S. Joaõ, para onde se passou o Curato; e no tempo presente
está a dita Igreja reedificada com perfeição, e he das melhores do Recôncavo [...]”. (Araújo, 1820, vol. 2, pg. 200)
“Domingos Vaz Pereira, e Joaõ Vaz Pereira foram os
bemfeitores principaes da Igreja , que contribuindo em vida para a edificação
do novo Templo , deixaram por morte avultadas sommas de dinheiro para se
continuar a obra. O primeiro dos nomeados doou as terras , onde se fundou a
Matriz , e a Irmandade de S. Joaõ estabeleceu o seu património [...]” (Araújo,
1820, vol. 2, pg. 201)
Em 1696 foi criada a Freguesia de São João Batista de Itaboraí,
tornando-se matriz a Capela Curada de São João de Itaborahy.
“[...] Houve o mesmo Senhor [o rei de Portugal]
por bem mandar erigir em Vigararia as
mesmas Capelas ditas [...] pelo seu Alvará de 18 de janeiro de 1.696.
Deste modo foi ereta em Vigararia a Capela Curada de S. João de Itaborahy.” (Araújo, 1794)
“Foi esta
dita Freguezia desmembrada com a sugeiçaõ de filial à da dita Villa [Villa de Santo António de Sá em Porto das Caixas,
Itaboraí]; [...] no anno de 1627 mais, ou
menos, teve principio o Curato no território de Itaboray : [...]
consta , que na Era de 1679 entrara na independência da Matriz de Santo
António. Por Alvará de 18 de Janeiro de 1696 [...] foi criada Parochia de
natureza Collativa.” (Araújo, 1820, vol. 2, pg. 200)
Em 1725, são iniciadas as obras de reconstrução da
Igreja.
“Em janeiro
do ano de 1.725, no dia 20 e tantos se deu princípio á nova obra da Igreja; [...]”
(Araújo, 1794)
“Para que se
construisse um Templo digno de servir de Matriz, mandou a Carta Regia de 20 de
Dezembro de 1699 contribuir anualmente pela Fazenda Real com duzentos mil réis
, até se acabar a obra , e determinou também aos freguezes, que para ella
concorressem todos os annos com a quantia de cem mil réis, em quanto
continuasse o seu trabalho, He de crer , que a despeza entaõ feita na Capella
antiga , e primeira de S. Joaõ foi de pouco proveito , por naõ se construir com
paredes duráveis , e capazes de resistir ás injurias dos tempos ; o que deu
motivo à traçar-se novo edifício com segurança , como podia só firmar o tecido
de pedra, e cal. Abertos os alicerces em dias de Janeiro do anno 1725, e
concorrendo a Fazenda Real, à titulo de reedificaçaõ , com a quantia de 1:200
réis por Ordem de 14 de Agosto de 1727, [...]”
(Araújo, 1820, vol. 2, pg. 200-201)
Em 1729 só estava feita a Capela-mor,
do Arco-cruzeiro para cima, sem cobertura de telhado, reboque, e ladrilho,
pois se havia parado com essa obra, por falta de dinheiro. A igreja estava
sendo construída com a doação de Domingos Vaz Pereira e esmolas da comunidade.
“[...] e ainda no ano de 1.729 quando a visitou o
dito Senhor Bispo, só estava feita a Capela
Maior, do Arco para cima, á custa do Povo, sem cobertura de telhado, reboque, e
ladrilho: e porque então se havia parado com essa obra, por falta talvez
de dinheiro, e por essa razão estava a
Igreja com pouca decência para se celebrarem os Ofícios Divinos; por essa razão aplicou o dito Sr. Bispo
para a mesma obra os 300$Rs. legados pelo
mesmo Domingos Vaz, e recomendou a sua continuação.” (Araújo, 1794)
“[...] à penas em Outubro de 1729 estavam
concluídas as paredes da Capella Mor ; e para se cobrir essa mesma , rebocar ,
e ladrilhar , foi preciso , que o Bispo D. Fr. António de Guadalupe applicasse
, em Capitulo de Visita , a somma de 300 réis legados à Igreja por Domingos Vaz
Pereira.” (Araújo, 1820, vol. 2, pg. 201)
“Não consta,
que S. Mage haja concorrido para esta Igreja com outra despesa, que não seja as das côngruas para o
Pároco na quantia de 200$Rs., para o Coadjutor, 25$Rs.; e para o
guizamento 23$920Rs., pagas pela S. Real Fazenda: porquanto é bem certo, que
ela foi feita á custa do Povo, e das esmolas dos particulares, que concorreram
com o seu dinheiro, com os seus bens, com os
seus serviços, e com o mesmo terreno para a sua fundação.” (Araújo, 1794)
Com este dinheiro a Irmandade de São João ajustou
com o Capitão Manoel Antunes Ferreira, em 1729 a conclusão da obra, com a condição de ficar ele
sendo Administrador do Altar da Nossa
Senhora do Pilar e de se lhe conceder uma Sepultura para si, sua mulher,
herdeiros, e adjacentes, junto ao mesmo Altar.
“Por efeito dela [o dinheiro legado por Domingos
Vaz Pereira] ajustou a Irmandade de S. João com o Cap. Manoel Antunes Ferreira, em o dia 13/12/1.729 a continuação, e
conclusão da mesma Obra, pela quantia de £: 400Rs. ou de onze mil cruzados, com
a condição de ficar ele sendo Administrador do Altar da Sra. do Pilar,
como se fôra seu, de fazê-lo paramentar á sua custa, e de se lhe conceder uma
Sepultura junto ao mesmo Altar a que se chamou Capela [...] no dia 14 de fev. de 1.748 ou no lugar, que ele elegesse para
sí, sua mulher, herdeiros, e adjacentes. (Araújo,
1794)
“Sobre a obra
d’este Templo de S. Joaõ declarou o Capitão Manoel Antunes Ferreira (em
testamento com que falleceu a 5 de Dezembro de 1734 [...])[...] , fazer a obra da Igreja pelo preço de onze
mil cruzados , com condiçaõ de ficar uma das Capellas , que se fizeraõ na dita
Igreja , sendo minha , para a ornar , e administrar , e ficar também sendo
senhor de uma sepultura na dita Capella , no lugar que eu eleger para mim ,
minha mulher , herdeiros , e descendentes ; a qual obra estivera de todo acabada
, e posta na ultima perfeiçaõ , se naõ fora a duvida , e demora que tem havido
no Juizo dos Residuos Ecclesiastico , em se determinar , e applicar para ella o
resto do legado de Domingos Vaz Pereira , que estava em minha maõ , à conta do
qual tenho feito a Igreja , e já toda coberta de telha van com segurança , que
naõ haveria duvida em se applicar o dito legado para a dita obra , [...]
e somente tenho recebido à conta do ajuste a quantia de seiscentos mil reis ,
que foraõ dos que se cobraraõ da Fazenda Real , [...] ; e continuarei com a
dita obra dando-me Deos vida , e saúde , se se applicar o legado sobredito , ou
fazendo segurança a Irmandade [...] depois do primeiro ajuste , e ter já feito
eu a metade da Igreja, e coberto , querendo continuar com ella , achou-se naõ
estar capaz o alicerce , que estava feito da maioria , que se accrescentou da
Igreja à baixo das portas travessas , correndo para a principal , o que naõ
correu por minha conta ; e em presença dos ditos Reverendo Vigário , e Irmaons
se examinou o dito alicerce , e, se adiou incapaz , por estreito , baixo , e
feito sem cal ; e entaõ ajustarão comigo , em que o mandasse fazer todo de novo
, desmanchando-se todo o antigo , e que se me pagaria a braça à razaõ de quinze
mil réis por cada uma , havendo também respeito à pedra , que se achava no
alicerce antigo. Declaro , que me ajustei com o mestre pedreiro Domingos Joaõ
pagar-lhe dous mil réis por cada uma braça de parede de pedra e cal ; sendo ,
como he , estillo de duzentos e cincoenta palmos cada braça; e quando se
determinou fazer-se novo alicerce , ajustei com o dito mestre pedreiro , que no
que respeitava ás braças do dito alicerce lhe havia de pagar por menos dos dous
mil réis , por ser de menos trabalho , e sciencia , e lhe tenho dado à conta de
toda a obra , que está feita , duzentos e quarenta e tantos mil réis [...]
Quanto à dita Capella , que me concede a Irmandade , acabando-se a obra por
minha conta (como deixo dito) peço à minha mulher a queira ornar , tomando
posse della , e lhe applico , e deixo quatrocentos mil réis para a dita Capella
; isto he , para ajuda do seu ornato : mas no cazo que naõ tenha effeito ,
assim como tenho declarado , ordeno que estes quatrocentos mil réis se repartaõ
pelos meus herdeiros.” (Araújo, 1820, vol. 2, pg. 201-203)
Em 1734 faleceu o Capitão Manoel Antunes Ferreira
com a igreja ainda inacabada, de forma que sua mulher, Dona Catharina de Lemos e
Duque-Estrada, acabou-a, gastando, no
entanto, muito mais do que os onze mil cruzados combinados; ela contribuiu na construção com dinheiro, madeira,
pedra, carro e escravos. Como compensação o Bispo D. Antônio do Desterro
concedeu-lhe a graça de Administradora do altar
de Nossa Senhora do Pilar, e sepultura para si, seus filhos, e netos e mais
descendentes.
“Falecendo aquele Cap. Manoel Antunes Ferreira, e não se podendo por
essa causa finalizar a obra principiada; sua mulher D. Caterina de Lemos,
fazendo as suas vezes, acabou-a de todo, gastando
muito mais dos onze mil cruzados, porque foi ajustada. E por todo o excesso dispendido, houve do Exmo. Sr. Bispo D.
Fr. Antonio do Desterro, a graça, de ficar sendo Administradora do Altar
dito, na forma do ajuste de seu marido com a
Irmandade de S. João; cedendo ela, e seus herdeiros de todos o dinheiro,
ou acrescimo da despesa da obra [...]
e ficando aquela Irmandade desobrigada de
qualquer satisfação.” (Araújo,
1794)
Em 1742, a igreja
ainda estava inacabada, sendo recomendado ao Pároco, e à Irmandade de
São João pusessem todo o cuidado em acabar,
cobrando para esse mesmo efeito o resto do legado de Domingos Vaz, que havia sido aplicado pelo Bispo Don Antônio
de Guadalupe.
“Visitando
esta Matriz o Revmo. Dr. Henrique Moreira
de Carvalho no ano de 1.742, ainda estava por concluir a mesma obra: o
que serviu de motivo para recomendar ao Pároco, e á Irmandade de S. João por quem corria então o fabricá-la puzessem
todo o cuidado em acabar, e aperfeiçoar cobrando para esse mesmo efeito
o resto do legado de Domingos Vaz, que havia
sido aplicado pelo dito Sr. Bispo.” (Araújo, 1794)
Em 1742 são
inaugurados o altar-mor e a nave principal. Parte
da Igreja, principalmente a porta
principal, foi renovada pelos anos de 1767 e o Campamento em 1772. No
período de 1767-1782 foi mandado construir a sacristia, o consistório e o
evangelho. Essa nova intervenção propiciou uma solução arquitetônica pouco
comum à sua cobertura que resultou numa volumetria singular ao conjunto. Em
1782 foram renovados os portais da Porta principal e foram feitas muitas outras obras.
“Parte da Igreja, principalmente a porta principal,
foi renovada pelos anos de 1.767 sendo nela Vigário, o R. Marcelo
Corrêa de Macedo; e assim mais o Campamento, que foi pelo seu imediato sucessor
em 1.772. Este, no ano de 1.782 renovou os portais da Porta principal, faz muitas outras obras, e trastes [...]” (Araújo, 1794)
“Pelos annos
de 1767 , 1772 , e 1782 foi renovada toda Igreja, e afermozeada com particular
aceio , por zelo , e atividade caprichosa dos Párocos Padre Marcello Corrêa de
Macedo e Joakim Nunes Cabral , os quaes também vestiram a Fabrica de alfaias
boas , e ricas , e construiram com 55 ½ [12m]
palmos de comprimento , e 29 ½ [6,4m]
de largura , a melhor , e a mais elegante
das Sacristias das Igrejas , naõ só do Recôncavo , mas das da Cidade.” (Araújo,
1820, vol. 2, pg. 203-204)
A Pia Batismal, de pedra mármore,
veio de Lisboa em 1787.
“A Pia Batismal é de pedra mármore, trabalhada com muita perfeição, e mandada vir de Lisboa pelo Vigário falecido Joakim Nunes
Cabral, no ano de 1.787.” (Araújo,
1794)
A igreja está
construída em um local elevado e é grande.
“Foi fundada
esta Igreja em um lugar alguma coisa elevado, com a frente para o rumo de WSW. Sendo ela esbelta, pelo comprimento
que tem desde a porta principal até o Arco Cruzeiro, pela parte
inferior, 121 palmos [26,5m], e de largura 39 [8,5m]: do Arco até o fundo da Capela 56 [12,5m] de
comprimento, e 26 de largura [5,5m]; sua altura não é correspondente. A
Sacristia tem de comprimento 51 palmos
[11m], e de largura 30 ditos [6,5m].” (Araújo, 1794)
“Concluido o
Templo , depois do anno 1742 , ficou o Corpo no comprimento de cento e dezoito
palmos [26m], e largura de trinta e oito [8,5m], desde a porta principal, até o arco cruzeiro; e a Capella Mor , desde
o arco cruzeiro , até o fundo , com sessenta palmos de comprido [13m], e vinte e cinco [5,5m] de largo.” (Araújo, 1820, vol. 2, pg.
201-203)
“Na frente da mesma Igreja deu-se
princípio a fechar com paredes de pedra e cal o
terreno, que lhe serve de Cemiterio: e por falta de materiais, como declarou o
Vigário falecido nas contas da
Fabrica, ficou parada essa obra até o presente.” (Araújo, 1794)
A igreja possuía 7 altares.
“Tem 7 Altares com o Maior. Neste, que é o 1º, está colocado o Sacrario,
e a Imagem do Santo Padroeiro [São João Batista]: da parte do Evangelho [esquerda], 1º - De S. Miguel: - 2º - De N. Sra. do Amparo, em
que também está colocada a Imagem de S. Francisco de Paula: 3º - Da Senhora do Rosario e S. Benedicto. Da parte da
Epístola [direita], 1º - Da Senhora da Conceição; 2º - Da Senhora do
Pilar; onde também se vê a da Sra. das Dores: 3º - De Santo Antonio, em
que se colocou a Senhora do Terço. Todos eles conservam-se asseados, e bem paramentados, muito principalmente o de Santo
Antonio, por um particular devoto, que o trata, além do asseio, com
riqueza. Os retabulos destes, da parte da Epístola [direita], são novos;
e os daquele, assim como o da Capela Maior, antigos, mais doirados.” (Araújo, 1794)
“Ornam o
interior da Matriz sete Altares , que se conservam mui decentes , e
paramentados ; e no Maior delles se adora o Santissimo Sacramento , collocado
ahi perpetuamente desde o anno 1743, ou pouco antes.” (Araújo, 1820, vol. 2, pg. 204)
“O Sacrario é doirado por dentro, e ornado com cortinas de seda d´oiro:
a Píxide é de prata doirada, e perfeita, e seu pavilhão é da
mesma seda. Tudo achei em termos. [...] parece, que foi aquí colocado o SSmo. Sacramento no ano de 1.743. [...] A casa do batistério é defendida por grades
na forma da Constituição e Pastoral [...]” (Araújo, 1794)
A igreja tinha 5 irmandades.
“Irmandades
tem 5, e todas sem Compromissos aprovados por S.Mag; por que havendo-se mandado
recolher á Mesa da Consciência no ano de 1.765 todos os que existiam, nunca
mais o procuraram seus Irmãos, talvez por não quererem, dispender coisa alguma, ou por que não diligenciaram a sua
falta. A primeira é - do SSmo., que só poderia
ser ereta pelos anos de 1.743 como disse, depois da colocação do SSmo. Sacramento. 2ª - De S. João Batista, ereta
pelos anos de 1.689 [...] 3ª -
Da Senhora do Amparo [...] que teve
origem na fundação da Matriz: porque
requerendo o Ilmo. Sr. Bispo D. Fr. Antonio de Guadalupe 5 Covas, disse,
que delas havia gozado desde o princípio da criação da dita Irmandade, concedidas,
ou facultadas pelo seu 1º Vigário Lucas Vieira Galvão. É contudo mais certo,
que então só haveria algum ajuntamento de devotos da Senhora do Amparo, que ilegitimamente chamaram de Irmandade; e muito
principalmente, quando, digo, Irmandade;
por que só depois que os Fregueses da mesma Freguesia requereram ao dito Sr.
Bispo esta criação que lhes foi facultada por Provisão de 11/12/1.736, em
virtude do Despacho de 25/8/1.733; é
que se podia dizer, e intitular Irmandade: e muito principalmente,
quando em virtude do Despacho de 15 de dez. de 1.736, foi servido o mesmo Senhor confirmá-la em sua Provisão de
23/2/1.737. 4ª - De São Miguel e
Almas. 5ª - Da Senhora do Rosario. Todas,
ou quase todas, subsistem muito decadentes, e quase em termos de sofrerem a sua extinção, depois que foram
sujeitas nas suas contas ao Juizo Secular [...]” (Araújo, 1794)
Os párocos tinham casa própria.
“Bens patrimoniais só pode contar com o terreno, que lhe foi doado por Domingos Vaz Pereira para a fundação da Igreja: e além disso, com a
moradas de casas, que tem, feitas á custa da Fabrica pelo Revdo.
Fabriqueiro José Rodrigues Paixão, no ano
de 1.751 pela residência dos Vigários. É de saber, que a terra, em que acha
fundada esta propriedade, pertenceu á
Irmandade de S. João, pela doação que lhe fez o dito Domingos Vaz, na
porção de 4. ½ braças de testada, e 9 de fundo, de que se pagava á mesma
Irmandade 360Rs. á razão de 80Rs. para cada braça... arrendamento feito pela dita Irmandade aos 21 de set. de 1.751 [...] e a casa subsiste
para residência dos Párocos: bem que estivesse arrendada aos Coadjutores, por haver feito uma, propriamente sua, o R. Vigário
Joakim Nunes Cabral, que por seu falecimento deixou á Fabrica. Deste
modo é Senhora esta Fabrica de duas moradas, ou propriedades, ambas muito boas
e duráveis.” (Araújo, 1794)
Para a
residência dos Párocos há uma casa feita á custa da Fabrica, como disse [...] (Araújo, 1794)
Os limites da igreja
eram:
“Tem esta Freguesia de longitude 5 leguas, principiando do Poente para o
Nascente; e 3 de latitude, do N. para o S. Pelos limites do S. divide-se com as
Freguesias
de Marica, S. Gonçalo, em distância de 1. ½ legoa: pelo Poente, com a de Itamby, na distância de 1 legoa até o Rio
d´Aldêa: e pelo mesmo Poente, e N. com a de Santo Antonio de Sá, e Vila
de Macacú, em distância de 1. ½, e 3 legoas. ultimamente pelo Nascente termina com as do Rio Bonito, e
Saquarema, em distância de 4 legoas.” (Araújo, 1794)
Em distancia de 1 ½ legoa se limita
esta Freguezia , ao Norte , com a de Santo António de Sã , pelo Rio Macacú : em
4 , ao Nascente , com a de N. Senhora da Conceição do Rio Bonito, pelo Rio
Tanguá , e também com a de N. Senhora de Nazareth de Saquarema : em 1 3/4, ao Sul, com as de S. Gonçalo, e de N. Senhora
do Amparo de Maricáa : em 1 ½, ao
Poente , com as de N. Senhora do Desterro de Itamby , pelo Rio da Aldêa de S.
Barnabé , e de Santo António de Sá , [...]” (Araújo,
1820, vol. 2, pg. 205)
As capelas filiais eram:
“1ª - Da Senhora da Conceição, no lugar chamado Lobos, ou Macáco, [...] Dista 1 e 1;2 legoa. para o SE. 2ª - da Sra. da Soledade. [...] Dista da Matriz 1 legoa. [...] 3ª - Da Senhora da Piedade. [...] Dista da Matriz 1 legua para o Nascente, no lugar chamado = Pico =.
4ª - Da Senhora do Pilar, no lugar chamado Engenho Novo. [...] Dista 1 legoa para
o Nascente. 5ª - Da Senhora do Desterro, no lugar chamado =
Pachecos =. [...]
Dista da Matriz 2 legoas. 6ª - Da
Senhora da Conceição do Porto das Caixas [atual Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Porto das Caixas, vide
postagem].” (Araújo, 1794)
“l.a de N. Senhora da Piedade, [...] 2.a de N, Senhora do Desterro , fundada no lugar conhecido
pelo nome de Pacheco, [...]. 3.a
de N, Senhora do Pilar , levantada no Engenho Novo , [...]. 4.a de N. Senhora da Soledade ,
fundada em Tapócorá [...]. 5.a
de N. Senhora da Conceição , erigida no Porto das Caixas [...]. 6.a de N. Senhora da Conceição,
criada no sitio dos Lobos , ou do Macaco , [...]. A do titulo semelhante , sita em Iguá , que serviu de Matriz l.a,
[...]” (Araújo, 1820, vol. 2, pg. 205-206)
A igreja possuía um adro murado
que posteriormente foi eliminado. Em 1955,
foram feitas reformas no telhado, substituindo as telhas originais (feita nas
coxas dos escravos) por telhas canal industrializadas. Também o forro de
madeira foi substituído por uma laje de concreto. Em 1969, as diversas
sepulturas que ocupavam o piso da nave e da capela, originalmente cobertas de
madeira, são substituídas por marmorite. Em 1972 e 1973 os altares foram
restaurados, assim como as imagens de Santana Mestra, Nossa Senhora Menina e a
cabeça de São João Batista. Em 2009 e 2010 seu telhado lateral esquerdo foi
reformado. Recentemente foram restauradas as imagens sacras e iniciada a
restauração dos seis belos altares laterais, cujas talhas representam
importante exemplo do mais puro barroco brasileiro. No entanto, a restauração
não foi concluída. A igreja é a igreja matriz da paróquia de São João Batista
de Itaboraí, dependente da Diocese de Niterói, e seu padroeiro é comemorada em 24 de junho (nascimento) e 29 de
agosto (martírio), sendo o único santo católico do qual se festeja o nascimento
e martírio.